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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Envenenados: agrotóxicos contaminam cidades, intoxicam pessoas e já chegam às mesas dos brasileiros

Reportagem publicada originalmente na REVISTA GALILEU

Todos os anos, milhares de habitantes do campo são intoxicados. Alunos atingidos por pesticidas, resíduos no leite materno e alta em taxas de câncer acendem um alerta entre pesquisadores sobre falta de controle das substâncias no Brasil.


Editora Globo

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DESCAMINHO DA ROÇA: Após a escola ter sido banhada por agrotóxicos, Iturival Cruvinel e sua filha, Sara, apresentaram problemas de saúde

Lorrana, 9 anos, brincava no balanço. Sua prima Luana, 11, no gira-gira. Outras crianças lanchavam galinhada com milho verde; um grupo jogava bola na quadra. Às 9 e 15 da manhã de 3 de maio, boa parte dos alunos da escola do assentamento rural Pontal dos Buritis, em Rio Verde (GO), estava na hora do recreio. O sol era forte, como sempre, até uma estranha garoa cair sobre o local. Pelo alto, um avião agrícola despejava o agrotóxico Engeo Pleno, usado para matar insetos, sobre o colégio. Alunos e professores foram atingidos pela substância. Trinta e sete foram parar no hospital com dor de cabeça intensa, falta de ar, vômito, náusea e alergia. Todos intoxicados. 


O episódio jogou luz em denúncias sobre falta de controle no uso de pesticidas feitas nos últimos dois anos por pesquisadores de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Universidade de Brasília (UnB). Em documento recente, eles compilaram indícios de contaminação ambiental em diversas regiões do Brasil — do Ceará ao Rio Grande do Sul. Aumento nas incidências de câncer, de depressão e de suicídios foram identificados em estudos epidemiológicos.

 Para muitos dos examinadores, a presença dos agrotóxicos estaria relacionada a esses — e outros — males. Por isso, muitos se aproximaram da Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida, criada em 2011 por movimentos sociais para pressionar pelo banimento de substâncias proibidas em outros países. 

GALILEU esteve em áreas rurais com registros de mau uso das substâncias em Goiás, Mato Grosso e Rondônia e constatou uma série de problemas relacionados aos pesticidas empregados na produção da nossa comida. Conversamos com pessoas afetadas diretamente por eles, com pesquisadores, membros da Anvisa e representantes da indústria química. As histórias a seguir são uma pequena parte dos percalços passados no Brasil pela falta de controle apropriado dos agroquímicos. 

Editora Globo
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 CONTAGIOSO: Lorrana e Luana com sua avó, Arlete Borges, que passou mal ao ver as duas no hospital


OS “ENVENENADOS” DE RIO VERDE 

Quando o avião passou pela primeira vez sobre a escola, a aula de Geografia do primeiro ano do Ensino Médio estava no fim, e Talya Faria, 15 anos, ouvia o professor explicar o trabalho pra casa. “Ele dividiu a sala em dois grupos. Um ia defender o uso de agrotóxicos, outro ia argumentar que era ruim.” Talya estava no primeiro grupo. Após o barulho do avião cessar, o professor terminou a explicação.


domingo, 29 de setembro de 2013

Os perigos da uva - Pesquisadores constatam elevado nível de intoxicação em vinicultores gaúchos



Por: Henrique Kugler

Um estudo inédito sobre o efeito de agrotóxicos em vinicultores do Rio Grande do Sul revelou altos índices de intoxicação. Análises feitas em 108 trabalhadores rurais da região nordeste do estado mostraram que todos apresentam danos em seu material genético. A pesquisa, que resultou de uma parceria entre a Universidade de Caxias do Sul (UCS) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi publicada recentemente na revista internacional Mutagenesis.

“Selecionamos para o estudo agricultores que trabalhavam com agrotóxicos há cerca de 30 anos”, diz a primeira autora do estudo, a geneticista Juliana da Silva, atualmente no Programa de Pós-graduação em Genética e Toxicologia da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas (RS). A ideia era estudar os efeitos dessa exposição e avaliar os danos celulares que os trabalhadores vêm sofrendo.

Para isso, os pesquisadores analisaram o perfil genético de cada um dos produtores rurais. Foram utilizados três tipos de testes: o de mutagênese (para detectar lesões permanentes no DNA), o de estresse oxidativo (para detectar lesões oxidativas no DNA) e o de genotoxicidade (para detectar danos genéticos causados por fatores externos).

Os resultados não foram animadores. “Constatamos que, em média, 11% das células de cada agricultor apresentavam algum tipo de lesão no material genético”, conta Silva. Além disso, quase todos tinham cerca de seis vezes mais lesões no DNA do que os indivíduos do grupo controle (que não estiveram expostos à ação de agrotóxicos). “Por meio de análises sanguíneas, observamos que 51% dos produtores rurais apresentavam valores de estresse oxidativo acima dos padrões normais”, acrescenta. Problemas reprodutivos também foram identificados em cerca de 18% dos indivíduos testados.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Homeopatia é alternativa a agrotóxicos




O uso da homeopatia vegetal iniciou há sete anos como uma alternativa para evitar o uso de agentes químicos em plantações.

Primeiro, o uso era em pessoas. Depois, passou para os animais. Agora, a homeopatia, que por definição significa um tratamento de doenças com agentes capazes de produzir sintomas semelhantes aos dessas doenças, está sendo usada também para a agricultura. Os resultados obtidos até o momento têm sido excelentes, pois a planta respondem rapidamente ao tratamento e tem substituído o uso de agrotóxicos nas lavouras.

De acordo com o agrônomo e professor do setor do departamento de biologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Carlos Moacir Bonato, um dos responsáveis pelo programa, o uso da homeopatia vegetal iniciou há sete anos, como uma alternativa para evitar o uso de agentes químicos em plantações. "Fizemos isso para diminuir ao máximo o impacto ambiental.

Os resultados têm se mostrado positivo e a homeopatia se transformou em uma ferramenta importante nesse trabalho. Além disso, tem ajudado a equilibrar o solo, fazendo com que os microorganismos sejam mais ativos", explica.

Bonato revela ainda que as plantas apresentaram aumento no seu crescimento, mais resistência à pragas e doenças e aumento na produção. "O produtor rural que adere à homeopatia vai ter uma lavoura mais saudável e, ao mesmo tempo, vai diminuir drasticamente os custos de produção em relação ao uso do agrotóxico comum.

Se o produtor tiver boas condições do solo, tempo, etc., ele pode conseguir um aumento de 30% a 40%. Também foi verificado um aumento no chamado óleo essencial, que trabalha como uma defesa da planta em 114%, o que nos surpreendeu bastante", afirma.

Outra vantagem apontada pelo professor ao uso de homeopatia reside no fato de que esse produto tem um impacto quase nulo na natureza. Em contrapartida, Bonato revela que os agrotóxicos, mesmo que resolvendo um determinado problema, acaba gerando outro.


"Um bom exemplo disso é o inseticida conhecido como Fipronil, que possui uma toxicidade alta. Ele resolve problemas ligados às formigas, contudo, também está ligado ao desaparecimento de abelhas. Com a homeopatia, o combate às formigas nocivas para planta não afeta em nada as abelhas. Ela também é regulamentada pela instrução normativa número 64, de 2008. Ou seja, trata-se de um procedimento legal", diz.

O professor comemora o interesse dos agricultores em saber mais sobre a homeopatia. Para melhorar, ele informa que o governo aprovou um projeto de R$ 140 mil para equipar um laboratório na UEM para desenvolver mais pesquisas. Para conseguir esse benefício, ele vai ministrar palestras para os interessados.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Bancada ruralista, quer tirar da ANVISA o registro dos agrotóxicos e eternizar uso de agrotóxicos

A questão é a seguinte: o Brasil é o maior exportador de soja, de carnes, de açúcar, de suco de laranja e de café. Somos o número um no mundo. E temos uma estrutura de vigilância, de fiscalização e de estruturação de apoio aos setores de saúde quase zero.


Não é uma metáfora, apenas o prazo de validade que estes produtos químicos usados intensivamente na produção de alimentos usufruem no Brasil, o maior consumidor mundial – um milhão de toneladas ou um bilhão de litros. Nos Estados Unidos o prazo é de 15 anos, na União Europeia 10 anos e no Uruguai quatro anos. Entre 2006 e 2011, época da implantação dos transgênicos o volume consumido aumentou 72% de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas. A área de lavouras aumentou 19% de 68,8 milhões de hectares para 81,7 milhões. E o consumo médio por hectare passou de 7 kg em 2005 para 10,1kg em 2011. 

Neste mês de setembro o assunto voltou à tona. Em uma matéria na revista Galileu, a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), por intermédio do presidente, Eduardo Dahler, desqualificou o dossiê dos agrotóxicos lançado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Em uma nota, assinada em conjunto com o Instituto Nacional do Câncer e a Fundação Oswaldo Cruz, desqualificaram as declarações do representante das corporações que dominam o setor:


Maior exportador e zero

O dossiê da Abrasco têm 472 páginas, dividida em três partes. A segunda foi lançada durante a Rio+20, e a última no final do ano passado. É um levantamento nacional baseado em várias pesquisas de profissionais das universidades federais do Ceará, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e de Pelotas, além dos pesquisadores da Fiocruz, do INCA e de outras entidades. Traz dezenas de relatos, inclusive uma série de cartas depoimentos de representantes de comunidades atingidas pelo impacto dos agrotóxicos, ou que estão cercadas por projetos de irrigação – caso do nordeste-, ou do Centro-oeste, caso do Mato Grosso. Faz uma análise detalhada dos efeitos de vários dos produtos usados pelo agronegócio no país.


A questão é a seguinte: o Brasil é o maior exportador de soja, de carnes, de açúcar, de suco de laranja e de café. Somos o número um no mundo. E temos uma estrutura de vigilância, de fiscalização e de estruturação de apoio aos setores de saúde quase zero. Exemplo: 46 técnicos para avaliar agrotóxicos contando ANVISA, Ministério da Agricultura e IBAMA. A Divisão de Agrotóxicos da EPA, Agência Ambiental dos EUA tem de 90 a 100 apenas no registro, na reavaliação de 180 a 240 e no impacto ambiental de 80 a 90 técnicos especializados. Neste quesito não podemos dizer que não há comparativo, porque há e muitos. Os profissionais da saúde não tem capacidade de diagnosticar as pessoas intoxicadas com agrotóxicos. Os registros, que são espontâneos no SINITOX – Sistema Nacional de Informação Toxicológica- na maioria dos casos só contabilizam os casos de intoxicação aguda e nunca as crônicas.

Tentativas de suicídio

Num trabalho de pós-graduação do curso de Geografia Humana, da USP, a pesquisadora Larissa Mies Bombard avaliou as estatísticas do SINITOX de 1999 a 2009 – 62 mil intoxicações por agrotóxicos. A Organização Mundial da Saúde calcula que para cada registro outros 50 não ocorreram. Ou seja, poderiam ser 3,1 milhões de intoxicações. Também foram registradas 25.350 tentativas de suicídios, com 1.876 mortes. Cabe ressaltar que no nordeste, principalmente Ceará e Pernambuco, tentativas de suicídios abarcaram 75% dos casos notificados. Relação direta com as áreas de irrigação onde se cultivam frutas para exportação –melão, abacaxi e banana, manga, entre outras. Não há novidade neste quesito. Os agrotóxicos, venenos descobertos e testados na época da II Guerra Mundial tinham por objetivo principal matar pessoas. No caso dos organofosforados – produtos do fósforo-, testaram os gases Sarin, Soman e Tabun. Entre os sintomas mais conhecidos nos intoxicados é a depressão. O veneno atinge o sistema nervoso dos humanos, dos insetos e de qualquer outro ser vivo.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sumiço das abelhas derruba exportações de mel do Brasil



País perdeu cinco posições no ranking mundial. Abandono das colmeias nos estados nordestinos chegou a 60%. Taxa de desaparecimento de abelhas chegou a 90% em outros estados brasileiros.

O Brasil caiu da 5ª para a 10ª colocação mundial em exportação de mel nos últimos dois anos. O motivo foi o abandono das colmeias na região produtora mais importante do país, o Nordeste. Em 2012, alguns estados registraram queda de 90% na produção e o abandono de colmeias chegou a 60%. "A queda no Nordeste reflete diretamente nas exportações nacionais de mel. A região é uma das maiores produtoras e exportadoras do país" explica Maria de Fátima Vidal, coordenadora de estudos e pesquisas do Etene (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste).

Cerca de 46 mil pequenos apicultores em nove estados nordestinos vivem da atividade e, juntos, respondem por 40% da produção de mel no país – em épocas com índice normal de chuva. Por trás do sumiço das abelhas está a seca que atinge a região há pelo menos 24 meses.

Além das alterações climáticas, bactérias e uso de agrotóxicos são citados como causas da mortalidade das abelhas no Brasil. Mas a falta de documentação sobre o desaparecimento de enxames dificulta o trabalho de controle e monitoramento da situação.

O Banco do Nordeste prevê que o problema não deve melhorar até 2015. Neste ano, as perspectivas de pouca chuva estão se confirmando e, para o próximo, mesmo que haja precipitação normal, a recuperação das colmeias deve ser lenta. "Isso ocorre porque o período de chuvas no Nordeste é curto sendo que, quando ocorrem as floradas, os novos enxames primeiro puxam cera e fortalecem as famílias e, somente depois, no final do período chuvoso, é que começam a produzir mel", afirma Vidal, em artigo assinado pela Etene, órgão do Banco do Nordeste.

Santa Catarina bate recorde depois de perda histórica


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Parlamento de El Salvador proíbe uso de 53 agrotóxicos e fertilizantes químicos



Com o objetivo de proteger a saúde da população e fomentar práticas agropecuárias sadias, o parlamento salvadorenho aprovou, no dia 04 de setembro, uma reforma na legislação que regulamenta a produção, comercialização e uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos. Para alguns a proibição é imediata. Em outros casos, o banimento definitivo acontecerá no prazo de um ou dois anos.

Com a medida, foi proibido o uso de 53 produtos, entre eles o glifosato, o paraquat e o endossulfam. O deputado salvadorenho Mario Ponce chegou a solicitar que esses três produtos fossem excluídos da lista dos banidos, afirmando que eram indispensáveis para a agricultura do país. A proposta, entretanto, não teve os votos necessários para a aprovação.

Foram proibidos também o clorpirifós, o paration metílico e o metamidofós, todos de amplo uso agrícola no país, entre outros que fazem parte da lista de agrotóxicos altamente perigosos elaborada pela Rede Internacional de Pesticidas (PAN International, na sigla em inglês). Foram ainda oficialmente banidos outros agrotóxicos que já não eram usados em El Salvador e que constam do Convênio de Estocolmo sobre Contaminantes Orgânicos Persistentes, como o DDT, endrin, dieldrin, aldrin, heptacloro, clordano, hexaclorobenzeno e toxafeno. O decreto inclui ainda as dioxina e furanos, que não são agrotóxicos, mas são contaminantes gerados de maneira não intencional e que também estão no Convênio de Estocolmo.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Uma verdade cientificamente comprovada: os agrotóxicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente

  



Historicamente, o papel da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de Câncer
José Alencar Gomes da Silva (Inca) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é de
produção de conhecimento científico pautado pela ética e pelo compromisso com a sociedade
e em defesa da saúde, do ambiente e da vida. 

Essas instituições tiveram e têm contribuição
fundamental na construção e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde.
Quando pesquisas desenvolvidas nas referidas instituições contrariam interesses de negócios
poderosos, incluindo o mercado de agrotóxicos, que movimenta anualmente bilhões de reais,
eventualmente elas sofrem ataques ofensivos que, transcendendo o legítimo debate público e
científico, visam confundir a opinião pública utilizando subterfúgios e difamações para a
defesa e manutenção do uso de substâncias perigosas à saúde e ao meio ambiente.

A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não se eximem de seus papéis perante a sociedade e cumprem a
missão de zelar pela prevenção da saúde e proteção da população. Por esta razão têm se
posicionado claramente no que diz respeito aos perigos que os agrotóxicos e outras
substâncias oferecem à saúde e ao meio ambiente. Desde 2008, o Brasil lidera o ranking de
uso de agrotóxicos, o que gera um contexto de alto risco e exige ações prementes de controle
e de transição para modelos de produção agrícola mais justos, saudáveis e sustentáveis.
As pesquisas sociais, clínicas, epidemiológicas e experimentais desenvolvidas a partir de
pressupostos da saúde coletiva, em entendimento à complexa determinação social do
processo saúde-doença, envolvem questões éticas relativas às vulnerabilidades sociais e
ambientais que necessariamente pertencem ao mundo real no qual as populações do campo e
das cidades estão inseridas.

Neste sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco estão seguros do cumprimento de seu papel.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Defensivos Agrícolas: vendas batem novo recorde em 2012 e segue em ritmo forte em 2013

Em 2012, as quantidades totais vendidas de defensivos agrícolas no Brasil cresceram quando comparadas com aquelas contabilizadas no ano anterior. Observou-se que, em termos de produto comercial, foram transacionadas 823.226 t (acréscimo de 12,7% em relação a 2011), correspondendo a 346.583 t de princípio ativo (incremento de 0,5%), de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG) (Figura 1).



Comparativamente com o ano anterior, o incremento na comercialização em 2012 resultou de melhores vendas, em quantidade de produto comercial, para importantes culturas como: soja (20,8%), cana-de-açúcar (15,4%), milho safrinha (24,0%) e milho safra (14,7%), que exibiam nesse ano relação de troca favorável para os agricultores. Outros produtos que também tiveram crescimento da demanda de defensivos agrícolas foram: café (43,9%), feijão (38,5%), arroz irrigado (29,0%), amendoim (27,2%), pastagem (24,0%), reflorestamento (9,2%), fumo (8,2%) e culturas de inverno (3,1%). Em contrapartida, outras importantes culturas registraram retração, por exemplos: citros (32,8%), uva (23,4%), maçã (20,2%), algodão (20,0%) e batata inglesa (5,5%).


Multinacionais do veneno fazem oligopólio bilionário no Brasil

Nove fabricantes multinacionais faturam US$ 8,9 bilhões em vendas no País e não concorrem entre si



Fortaleza. Foi mais de 1 milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras agrícolas do Brasil na safra 2011/2012, uma boa parte com uso proibido nos Estados Unidos e nos países da União Europeia. Outra parte proibida aqui mesmo, dependendo da cultura em que seja aplicado. Para os fabricantes desses produtos químicos, isso representou um faturamento de US$ 8,9 bilhões somente no Brasil em 2011- em 2000 foi de US$ 2,5 bilhões, tornando o mercado da produção/comércio de veneno um dos mais rentáveis do Brasil. A falta de informação e fiscalização faz com que, em muitos campos agrícolas, o próprio comerciante indique e receite qual veneno o agricultor deve usar. A venda compete diretamente com os riscos.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio (5,73% em 2011) e da participação deste no PIB nacional comprovam a importância do setor que, para produzir, precisa dos agrotóxicos. O setor da agricultura teve alta de 5,57%, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).

O que espanta muitos especialistas é a intensidade no uso dos produtos químicos. Em 2002, o Brasil consumiu 599,5 milhões de litros de agrotóxicos. Em 2011, a quantidade foi de 852,8 milhões de litros. Na média nacional, aumentou de 10,5 l para 12 l por hectare. E não só a quantidade, mas a toxicidade também tem aumentado.


domingo, 1 de setembro de 2013

Lobby por agrotóxico na Anvisa é um inferno, diz ex-gerente


Editora Globo


Luiz Cláudio Meirelles, ex-gerente de toxicologia da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi exonerado do cargo em novembro de 2012 quando denunciou um esquema de corrupção para aprovar 7 princípios ativos de agrotóxicos mais rapidamente. Nesta entrevista, ele relata como era a abordagem para que se apressasse as aprovações e diz que vê sua saída como algo já desejado há muito tempo pela bancada ruralista do congresso.

GALILEU: Quanto tempo você ficou na Anvisa?

Treze anos e meio. Peguei lá em fevereiro de   1999 e sai de lá em novembro de 2012.

Como as coisas funcionavam lá?

A Anvisa estava para ser criada em 1999 e eu fui convidado pra organizar a gerência de toxicologia [que cuida da avaliação de agrotóxicos] ,ela não existia ainda. O nosso olhar sobre essa questão era uma avaliação preventiva. Você vê os problemas relacionados àquela substância antes de ela ir pro mercado, e evitar que exista algum risco ou algum dano saúde da população, e também pensa em questões de controle. Por exemplo, monitorar os resíduos de agrotóxicos em alimentos, melhores informações sobre os agravos provocados por esses produtos, melhoria da notificação de intoxicações, rever substancias autorizadas no passado que já estavam no mercado quando a gente chegou.

Você organizou esse setor lá.

Sim. E o objetivo era uma ação dinâmica. Quando você fala de substância química, elas estão sendo estudadas permanentemente. E às vezes uma coisa que era considerada segura no passado, dependendo dos estudos que apareçam, pode não ser mais considerada segura e você ter que mudar a decisão. Por exemplo, o DDT. Quando foram lançados ali pela década de 1970 eram a maravilha do mundo. E depois eles passam a ser hoje, combatidos no mundo inteiro. Descobrimos que causam câncer, se acumulam no tecido adiposo, que contaminam o lençol freático. Por isso temos nessa área constantemente de rever nossas decisões. Mesmo porque quem avalia as substancias são as empresas, né, elas são donas das moléculas, elas que apresentam estudos, e nesse início da entrada de molécula em qualquer país, os pesquisadores independentes não tem acesso àquela substancia pra desenvolver estudo. Então o trabalho da gente tinha esse escopo de prevenção com base em dados.

Essa prevenção é bem feita hoje?

A gente sabe que no Brasil a produção de dados em relação a essas contaminações da população ainda é extremamente precária. Pouco se investiga, poucos são os programas de monitoramento que temos operando, como o PARA [Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos]. Existe monitoramento de água potável, mas a gente não encontra os dados. Devia existir pra todo tipo de alimento. Processado, de origem agropecuária, água de ambiente, agua potável, pra que pesquisadores e gestores pudessem tomar sua decisão. Muitas vezes você se depara com uma substância química nova e o estudo não te dá clareza sobre produção de câncer ou alteração de embrião. Enquanto o órgão avaliador e de proteção sanitária você deve impedir a exposição até que isso se esclareça, mas essa é uma questão muito polêmica no país.Tem essa questão do poder de fogo que as empresas do agronegócio têm. Aos olhos deles, a precaução é tida como algo xiita, ideólogo, radical.


Húmus líquido

O húmus líquido é também uma excelente opção para adubação de plantas em vasos.

A busca por insumos eficientes para uma agricultura de base ecológica também é um propósito da Embrapa Clima Temperado,


Esse tipo de adubo é uma opção para o cultivo de hortaliças, sendo obtido pela simples dissolução de húmus sólido de minhocas em água. Sua produção é fácil, tem baixo custo e requer pouco tempo do produtor para seu preparo. Em geral, são usados entre 10kg e 20kg de húmus sólido em 100L de água. O sistema de produção usual é o manual, mas também pode ser feito com auxílio de aeradores. Nessa forma de produção o húmus líquido fica pronto em 24 horas, enquanto na forma manual são necessários no máximo três dias, com pelo menos uma agitaçao por dia, para que a maior parte dos nutrientes e microorganismos do húmus seja transferida à água.