Seguidores

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Agrotóxicos podem ser a causa de casos de câncer e malformação?

Repórter Brasil
Por Luana Rocha - Repórter Brasil / Agência Pública | 02/05/19

Essa é a pergunta estudada por pesquisadores do Brasil e do mundo. Casos envolvendo crianças no Mato Grosso, maior consumidor de agrotóxicos do país, chamam a atenção pela alta incidência de doenças nas regiões de maior produção agrícola.

O menino Kalebi Luenzo tinha pouco mais de dois anos quando, de repente, começou a andar com dificuldade. Preocupada, Elisângela, sua mãe, levou a criança ao médico: ele tinha leucemia. Kalebi cresceu próximo a uma plantação de algodão, em Lucas do Rio Verde, conhecida no Mato Grosso como capital da agroindústria.

O mecânico de tratores Antonio Correa mudou-se para Tangará da Serra em busca de oportunidade de emprego no crescente setor agropecuário mato-grossense. Depois de dois anos trabalhando em fazendas de soja, teve sua primeira filha, Emanuelly, que nasceu com espinha bífida – tipo de malformação congênita que provoca problemas motores e compromete o funcionamento da bexiga e do intestino.

Giovana Carvalho trabalhava como coordenadora do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador de Sinop, também no Mato Grosso, quando começou a sentir dores na região da lombar e nas costas. Cerca de um mês depois, descobriu um tipo raro de câncer no pulmão: que acomete mulheres não fumantes entre 30 e 39 anos.

Brinquedos na associação onde crianças com espinha bífida recebem tratamento em Cuiabá. Segundo o pai de Emanuelly, os médicos da filha falam sobre a ligação entre a malformação e os agrotóxicos (Foto: Lunaé Parracho).


Os três casos têm muito em comum. Primeiro, ocorreram na zona rural de alguns dos mais ricos municípios do estado que é líder na produção de grãos do Brasil, assim como no consumo de agrotóxicos. Outro ponto que as histórias têm em comum é que essas famílias estiveram expostas a diferentes pesticidas, incluindo o glifosato e a atrazina. Embora estejam entre os mais consumidos no país, essas substâncias estão associadas ao desenvolvimento de câncer e à malformação fetal por pesquisas no Brasil e no mundo.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Estudo encontra resíduos de agrotóxicos na água de 22 municípios de SC


Resultado de imagem para veneno na agua

Foram analisadas amostras de 90 cidades. Foram achadas até substâncias banidas na União Europeia.

Republicado do site: G1 SC


Um estudo feito a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) encontrou resíduos de agrotóxicos em amostras de água do abastecimento público de 22 municípios do estado. Foram achadas até substâncias banidas na União Europeia. O estudo contemplou 100 coletas em 90 cidades catarinenses.

A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) diz em nota que "nenhuma amostra de água coletada na saída de suas estações de tratamento, em todo o Estado de Santa Catarina, apresenta qualquer inconformidade. Todas as amostras coletadas atendem à Consolidação Número 5 do Ministério da Saúde, portaria que define os padrões de potabilidade da água. Sendo assim, a Companhia reitera que a água distribuída nos municípios do Sistema Casan está completamente dentro dos níveis de potabilidade exigidos".

A coleta e análise das amostras foi feita entre março e outubro de 2018. O parecer técnico foi feito pela professora Sonia Corina Hess, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ela explicou que as amostras foram coletadas pelo MPSC, que mandou os resultados para que ela fizesse a análise.

sábado, 23 de março de 2019

Solo brasileiro contém mistura complexa de agrotóxicos, aponta estudo realizado em Rio Grande

Pesquisa indica que território contém inclusive produtos proibidos no país

Resultado de imagem para Solo brasileiro contém mistura complexa de agrotóxicos, aponta estudo realizado em Rio Grande
GAÚCHA ZH



Biólogo e professor de Toxicologia da Furg; bióloga e doutoranda em Ciências da Saúde da Furg

Falar sobre agrotóxicos passou a ser um assunto corriqueiro para os brasileiros. Na mesa de jantar ou de um bar, hoje comenta-se muito sobre seus riscos à saúde humana ou mesmo a aniquilação de populações de abelhas em várias partes do mundo. Dentre todos os poluentes ambientais, os agrotóxicos talvez sejam os mais controversos, pois envolvem, muitas vezes em lados opostos, forças poderosas do agronegócio e ambientalistas. Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e, no ambiente, o solo é um dos principais depósitos desses compostos.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Glifosato: decisão da justiça americana associa agrotóxico liberado no Brasil a câncer

O grupo alemão Bayer, que comprou a Monsanto, rejeitou fortemente as acusações de que o herbicida Roundup, à base de glifosato, seja cancerígeno.

Por BBC e G1
Herbicidas Roundup, da Monsanto — Foto: Arquivo/Mike Blake/Reuters
Um júri de San Francisco, nos Estados Unidos, decidiu na terça-feira (19) que o agrotóxico mais usado do Brasil e no mundo foi um "fator importante" no desenvolvimento do câncer de um homem.




Trata-se do herbicida Roundup, à base de glifosato, principal ingrediente ativo de diversos pesticidas usados em plantações e jardins.

domingo, 3 de março de 2019

Glifosato: mitos e verdades sobre um dos agrotóxicos mais usados do mundo

Por G1 e BBC News
Imagem relacionada

Seguro ou cancerígeno? Substância continua sendo usada mundo afora enquanto agências de regulação e instituições de pesquisa divergem sobre sua toxicidade.



Comercializado para agricultores desde 1974, o glifosato é hoje o herbicida mais comum do mundo, mas a discussão científica sobre sua segurança ainda não chegou a uma conclusão clara.

Herbicidas são agrotóxicos que matam ervas daninhas que prejudicam a monocultura produzida em uma fazenda.

Até pouco tempo atrás, o glifosato era considerado um dos agrotóxicos menos problemáticos, explica o agrônomo Luiz Claudio Meirelles, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.

Princípio ativo de centenas de herbicidas no mercado, ele age inibindo a ação de uma enzima usada pelas plantas invasoras para realizar fotossíntese. Os animais não possuem essa enzima, então, em tese, não deveriam ser afetados pela substância.

Essa suposta segurança, aliada ao desenvolvimento de soja geneticamente modificada resistente aos efeitos do glifosato, fez com que ele se espalhasse rapidamente pelo mundo e se tornasse amplamente usado.

No entanto, em 2015, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc), parte da Organização Mundial de Saúde, concluiu com base em centenas de pesquisas que o glifosato era "provavelmente cancerígeno" para humanos.


No Brasil, o glifosato também é permitido, mas está sob reavaliação da Anvisa — Foto: Divulgação
No Brasil, o glifosato também é permitido, mas está sob reavaliação da Anvisa — Foto: Divulgação


Já a EPA (agência de proteção ambiental americana) continua a insistir que o glifosato é seguro quando usado corretamente. Na Europa, a agência ambiental alemã corroborou essa avaliação da EPA. E os últimos estudos da EFSA (Autoridade Europeia de Segurança Alimentar) e da ECHA (Agência Europeia de Produtos Químicos) foram positivos para a substância.


Por causa disso, a Comissão Europeia autorizou o uso do glifosato no continente até 2022, quando voltará a fazer uma avaliação.

No Brasil, o glifosato também é permitido, mas está sob reavaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2008.

Mas qual das entidades afinal está certa sobre o glifosato? Por que as instituições dão informações tão discrepantes sobre a segurança do uso? Ele causa câncer ou não?

Objetivos distintos



A diferença entre as análises existe pois as instituições usam metodologias diferentes.

Elas não baseiam suas conclusões em experimentos próprios, mas sim em pesquisas científicas já publicadas sobre o assunto, explica Letícia Rodrigues, especialista em toxicologia, regulação e vigilância sanitária, e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná.

Ela afirma que há muitos critérios diferentes para determinar quais estudos são levados em consideração para que aquela instituição chegue a uma conclusão.

E há bastante diferença entre ciência acadêmica - produzida nas universidades, com as últimas descobertas - e a ciência regulatória - das agências de regulação, que segue uma série de portarias e protocolos estabelecidos em lei para avaliar os estudos.

"O Iarc e a EPA são instituições com objetivos diferentes", afirma Luiz Claudio Meirelles, da Fiocruz. "O Iarc é ligado à OMS, está preocupado com as últimas descobertas na proteção da saúde. Enquanto a EPA e as outras agências têm fins de registro e podem ter um viés econômico muito forte."

A possibilidade de que pressões econômicas tenham tido influência na decisão do órgão foi levantada por ativistas nos Estados Unidos, e alguns deputados democratas chegaram a pedir que o Departamento de Justiça investigue se há relações entre funcionário do governo e indústrias de agrotóxicos.


Maioria das pesquisas sobre o glifosato não se baseia em experimentos próprios, mas em outras pesquisas já publicadas — Foto: Unplash
Maioria das pesquisas sobre o glifosato não se baseia em experimentos próprios, mas em outras pesquisas já publicadas — Foto: Unplash


Defensores da avaliação das agências afirmam que os resultados são diferentes porque a EPA teve um rigor maior no filtro para os estudos e pesquisas científicas analisados - selecionando apenas estudos nos quais havia peer-review (revisão feita por outros cientistas), credenciamento em boas práticas de laboratório etc. Dizem também que o Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer) não detalhou os critérios usados para a análise dos estudos.

Mas especialistas em agrotóxicos têm confiança na conclusão do órgão.

"A OMS tem um perfil até conservador e o Iarc é muito responsável na sua análise", diz Meirelles. "Os estudos (que apontam que o glifosato é provavelmente carcinogênico para humanos) foram feito por pesquisadores relevantes, publicados em revistas internacionais respeitadas."

'Caminho sem volta'

Segundo Luiz Claudio Meirelles, da Fiocruz, o entendimento de que o glifosato é uma substância prejudicial é um "caminho sem volta".

"Se você olha como algumas substâncias foram tratadas historicamente, percebe semelhanças. O DDT (pesticida muito usado na segunda metade do século passado), por exemplo. Quando começou a se descobrir seus efeitos cancerígenos, quem tinha interesse econômico fez de tudo para negar", afirma ele.

"Mas a ciência independente foi avançando, comprovando que os malefícios eram verdadeiros, e não havia mais como negar. Hoje, o DDT é proibido mundialmente. O glifosato é o DDT de hoje, vai passar pelo mesmo processo."

E, de fato, o entendimento de que o glifosato é perigoso à saúde, mesmo quando usado corretamente, está se ampliando cada vez mais.

No ano passado, a Monsanto foi condenada pela Justiça americana a pagar US$ 289 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) a Dewayne Johnson, que afirma que o câncer que teve em 2014 foi causado pelo uso de um dos agrotóxicos que contêm glifosato da empresa. A Monsanto nega que a substância cause câncer e afirma que vai recorrer da decisão.

O processo foi o primeiro alegando que agrotóxicos com glifosato causam câncer a ir a julgamento e gera precedente para centenas de processos parecidos na justiça americana.

Na França, o presidente Emmanuel Macron havia prometido acabar com o uso do glifosato até 2021, mas voltou atrás em janeiro deste ano após protestos de fazendeiros e agricultores. "Não é mais viável, vai matar nossa agricultura", disse Macron.

O argumento usado pelos agricultores franceses e por outras pessoas contrárias ao banimento da substância é que os agrotóxicos substitutos podem ser piores e menos estudados.

Mas, para especialistas como Meirelles, essa é uma forma muito simplista de pensar. "O controle de pragas nem sempre precisa ser feito com substâncias químicas agressivas", diz ele.

O fato de informações conflitantes virem de instituições confiáveis cria uma confusão no público sobre os efeitos da substância — Foto: Pexels
O fato de informações conflitantes virem de instituições confiáveis cria uma confusão no público sobre os efeitos da substância — Foto: Pexels


"Há várias formas de resolver esse problema. Você tem inimigos naturais, permacultura, uma série de soluções. Hoje a gente usa muito pouco a tecnologia para tentar reduzir o consumo de agrotóxicos. É preciso substituir tecnologias prejudiciais por tecnologias mais avanças, menos nocivas".

A questão das abelhas

É um fato científico conhecido que alguns pesticidas são responsáveis pela morte de abelhas. As substâncias chamadas neonicotinoides, por exemplo, estão relacionadas ao desaparecimento de colônias nos EUA e na Europa - tanto que muitos produtos com esse princípio ativo foram proibidos na União Europeia.

Não havia, no entanto, uma ligação clara entre a morte desses insetos - essenciais para polinização das plantas - e o glifosato.

Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences expôs as abelhas a níveis da substância encontrados em jardins e plantações e descobriu que, quando ingerido pelas abelhas, o glifosato afeta o micribioma intestinal dos insetos e diminuiu sua capacidade de combater infecções.


Pesquisas apontam que glifosato também afeta as abelhas — Foto: Unplash
Pesquisas apontam que glifosato também afeta as abelhas — Foto: Unplash


Após a contaminação, as abelhas expostas a um parasita comum morreram com muito mais frequência do que as que tinham um microbioma saudável por não terem sido expostas ao herbicida.

"Precisamos de diretrizes melhores para o uso do glifosato, porque no momento as regras supõem que as abelhas não são prejudicadas pelo herbicida. Mas nosso estudo prova que isso não é verdade", disse Erick Motta, um dos líderes da pesquisa.

Confusão e desinformação

Apesar de a substância estar sendo cada vez mais pesquisada e entendida no meio cientifico, o fato de informações conflitantes virem de instituições confiáveis cria uma confusão no público sobre os efeitos da substância e abre um espaço propício para a disseminação de desinformação.

Nos últimos tempos, dezenas de informações falsas têm sido espalhadas nas redes sociais sobre o glifosato. Foi muito compartilhado, por exemplo, que glifosato causa autismo - informação para a qual não há nenhuma evidência científica.

A mentira começou quando Stephanie Seneff, pesquisadora da área de Ciência da Computação no MIT (Massachusetts Institute of Technology), disse em um evento que "o glifosato causará autismo em 50% das crianças até 2025".

Tanto o uso do glifosato quanto os índices de autismo aumentaram nos últimos anos, mas não há nenhuma prova de que exista uma relação de causa e efeito entre ambos, segundo médicos e pesquisadores.

"O autismo tem sido muito estudado e não tem relação nenhuma com glifosato", explica Ana Arantes, professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), pesquisadora do Instituto LAHMIEI/Autismo e BCBA (certificada internacionalmente para trabalhar com a condição). "Não há nenhuma pesquisa científica que relacione glifosato com a condição."

Seneff não usou estudo ou pesquisa como base, apenas mostrou um gráfico com o uso de glifosato no mundo e outro com o número de registros de autismo. Segundo a agência Drops, de checagem de informações médicas, ela deduziu sozinha, sem apresentar nenhuma evidência, que um causava o outro.

"A cada uma dessas teorias malucas sobre o autismo está atrelado um tratamento, que custa caro e pode ser perigoso", diz Arantes.





quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Estudo inédito identifica 60 substâncias tóxicas em fraldas descartáveis

Nas amostras foi encontrado até glifosato, o agrotóxico mais usado no mundo

Fonte da imagem : L'Anses
A Agência Nacional de Segurança Sanitária da Alimentação, do Meio Ambiente e do Trabalho (Anses), da França, publicou nesta quarta-feira (23) um relatório alarmante sobre a presença de substâncias tóxicas em fraldas descartáveis para bebês.

 Nas amostras, foi encontrado até glifosato, o agrotóxico mais usado no mundo, fabricado pela Monsanto e apontado como causador de câncer no seu uso contínuo na agricultura.

O estudo constatou que, em diversos casos, as marcas ultrapassam os limites máximos autorizados de elementos químicos, na fabricação de um produto para um público tão sensível quanto os bebês.