O oídio é uma doença causada por fungo e é preocupante em
dezenas de culturas. O controle normal é feito através da aplicação de
fungicidas, mas os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente descobriram uma forma
mais ecológica, eficiente e barata de combater o oídio: o leite. A bebida deve
ser misturada à água em concentrações que vão de 5% a 10%, dependendo da
intensidade da doença, e pulverizada semanalmente desde o início do surgimento
do fungo na plantação. Além de não contaminar o solo e os cultivos e ser seguro
para os trabalhadores que fazem a aplicação, o uso do leite no controle do
oídio pode custar até a metade do que o agricultor gasta com fungicidas.
O leite tem três ações diferentes contra o fungo da doença.
Na pulverização, ele forma uma camada na superfície das plantas como se fosse
um biofilme de película bem fina. Isso forma uma camada protetora que impede a
germinação e penetração do fungo, além disso, como ele é rico em nutrientes,
aqueles microorganismos que vivem na superfície da folha crescem mais e se
colonizam pela superfície. Segundo o engenheiro agrônomo e pós-graduado em fitopatologia Wagner
Bettiol , pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, outra
característica positiva é que o leite tem, naturalmente, uma ação germicida
contra os fungos que são estranhos ao leite. O terceiro benefício com o uso do
leite é que ele é rico em sais que induzem a resistência ao oídio nas plantas.
A aplicação semanal deve ter de 5% da bebida na calda,
quando a doença está amena, e de 10% quando ela está mais intensa. Bettiol diz
que fazer a mistura é simples. Basta colocar 5 litros de leite para
cada 95 litros
de água ou 10 litros
de leite para 90 litros
de água e não importa o tipo de leite utilizado pode ser tipo A, B ou C e até o
cru, que não é processado e é mais barato do que os outros. Algumas
propriedades, que criam gados, já têm a produção pronta para a utilização.
— Existe uma tendência, no mundo todo, de reduzir os
fungicidas aplicados nas culturas. O que o leite faz é substituir o fungicida
porque fazendo a aplicação recomendada o leite funciona de forma similar ao
fungicida. Da última vez que nós fizemos o levantamento, o leite custava metade
do preço de um fungicida e se nós considerarmos o enxofre como fungicida padrão
do oídio, o leite custa 70% do valor dele, ou seja, redução de 30% do custo, em
relação ao enxofre. O agricultor pensa em gastar menos, mas existe ainda o
aspecto ambiental e a segurança do aplicador, que não vai ser contaminado com
um produto químico. É importante como um todo para o agricultor não apenas
pensar em substituir o leite pela fungicida, mas sim pensar na agricultura como
um todo. Os agricultores devem fazer o manejo correto para que as plantas não
fiquem doentes e, dessa forma, utilizem o mínimo possível de produtos químicos
na agricultura — explica Bettiol.
A doença
O oídio pode chegar a danificar 100% a produção e é
encontrado em diversas culturas como abobrinha, pimentão, tomate, feijão,
soja, manga, abacate, caju e trigo. O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente diz
que os agricultores podem identificar a doença quando a planta fica
esbranquiçada como se tivesse caído algodão em cima dela. Em algumas culturas
os danos são menores, como no caso das flores em que o visual esbranquiçado
compromete a comercialização. Mas existem casos mais graves. Na abobrinha e
pepino, por exemplo, o oídio faz com que as culturas produzam por menos tempo
e, consequentemente, gerem menos frutos, reduzindo a produção em até 30%. Já
nos cultivos de manga, abacate e caju, o fungo ocorre no período da
inflorescência e impede a formação dos frutos, prejudicando 100% da produção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário