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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Praga ‘importada’ se alastra por 12 estados e prejudica lavouras - Jornal O Globo




BRASÍLIA E RIO — O governo acionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e demais órgãos de inteligência da esfera federal para investigar a origem de uma praga devastadora que colocou o país em uma inédita situação de alerta fitossanitário. A helicoverpa armigera, que está fora de controle, é uma espécie de mariposa que foi trazida do exterior recentemente e já causou prejuízo de R$ 1,5 bilhão apenas nesta safra de algodão no oeste da Bahia, onde foi vista pela primeira vez no país. A praga causa estragos também no cultivo de milho, soja, sorgo, feijão e tomate, e já afetou 12 estados brasileiros.
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terça-feira, 30 de julho de 2013

Comissão define rótulo sobre agrotóxicos




Fonte: http://www.camara.gov.br/internet/jornal/JC20130709.pdf

Aprovada pulverização aérea de agrotóxicos vetados pelo Ibama

Comissão aprova liberação de agrotóxicos vetados pelo Ibama.

A Comissão de Agricultura aprovou proposta que libera a pulverização aérea de quatro substâncias proibidas pelo Ibama por suspeita de afastar abelhas. O relator do projeto diz que não há provas.

Os autores do projeto, Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) e Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), consideram,no entanto, que não há estudos
no Brasil que comprovem o risco iminente à flora, à fauna ou a seres humanos com o uso desses agrotóxicos.

Segundo o Ibama, o objetivo da proibição é evitar os efeitos adversos a abelhas associados a agrotóxicos, observados em estudos científicos e em diversas partes do mundo. As abelhas são responsáveis pela polinização de plantas utilizadas na alimentação.

“Este produto é tóxico para abelhas. A aplicação aérea não é permitida. Não aplique este produto em época de floração, nem imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura.”

Infelizmente a comissão preferiu ignorar as provas apresentadas pelo IBAMA.

Veja a notícia completa na página 4 do informativo abaixo:



sábado, 27 de julho de 2013

Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica


O desenvolvimento de modelos de produção agrícola de base ecológica tornou-se necessário para suprir a necessidade crescente de alimentos livres de resíduos tóxicos e ao mesmo tempo, respeitar os preceitos da sustentabilidade, da conservação do meio ambiente e do bem-estar do ser humano. A produção orgânica de hortaliças se enquadra neste contexto e no Brasil, cada vez mais, vem conquistando simpatizantes tanto na agricultura familiar como no seguimento empresarial formado por médios e grandes produtores rurais. Também é preconizada por políticas públicas direcionadas a hortas urbanas e periurbanas.

A transição agroecológica refere-se a um processo gradual de mudança na forma de manejo do agroecossistema, que envolve a passagem de um modelo agroquímico de produção, de alta dependência de insumos externos (fertilizantes e agrotóxicos) para outro modelo de agricultura que incorpore princípios, métodos e tecnologias de base ecológica. As mudanças podem ocorrer em vários níveis: começando pela redução no uso de insumos convencionais; passando para a substituição de práticas e insumos convencionais por técnicas e insumos alternativos; e por fim, pela remodelagem de toda a propriedade conforme os princípios agroecológicos, com elevado aproveitamento dos processos naturais e interações ecológicas. Isto pode levar algum tempo, dependendo do tipo de manejo utilizado anteriormente na propriedade, das condições edafoclimáticas locais e das estratégias agroecológicas adotadas para construção do novo modelo de produção agrícola



Veja também:



terça-feira, 23 de julho de 2013

Hungria destrói todas as plantações da Monsanto



A Hungria deu uma machadada no tronco infectado da gigante Monsanto e as suas modificações genéticas destruindo quase 500 hectares de culturas de milho plantadas com sementes geneticamente modificadas.


De acordo com o o secretário de estado húngaro e Ministro do Desenvolvimento Rural Lajos Bognar, ao contrário de muitos países europeus (como Portugal) a Hungria é uma nação onde as sementes geneticamente modificadas estão banidas e proibidas, tomando uma posição semelhante ao Peru que instituiu uma lei que bane e proibe as sementes e alimentos geneticamente modificados por pelo menos 10 anos.

Os quase 500 hectares de milho destruídos estavam espalhados pelo território húngaro e haviam sido plantados há pouco tempo, explica o Ministro Lajos Bognar, o que quer dizer que o pólen venenoso do milho ainda não estava a ser dispersado.

Ao contrário dos membros da União Europeia, a Hungria baniu todas as sementes OGM. As buscas continuam pois como disse Bognar os produtores são obrigados a certificarem-se que as sementes que usam não são geneticamente modificadas. Durante a investigação os fiscais descobriram que a Monsanto havia injectado produtos da Pioneer Monsanto entre as sementes a plantar, possivelmente com o intuito de disseminar aquela cultura.

O movimento de livre trânsito de produtos dentro dos estados da União Europeia impede que as autoridades investiguem como estas sementes chegaram à Hungria, mas doravante irão certificar-se da validade das culturas em solo húngaro, assegurou o ministro. Uma rádio regional revelou que as duas maiores produtoras de sementes geneticamente modificadas foram afectadas com este acto mas que existem milhares de hectares nestas condições.

Os agricultores defenderam-se com a ideia de que não sabiam tratar-se de sementes OGM. Com a estação já a meio, é tarde demais para plantarem novas sementes por isso a colheita deste ano foi completamente perdida. E para piorar o cenário aos agricultores, a companhia que distribuiu estas sementes no condado de Baranya abriu falência o que impede que recebam compensação.



Noticia relacionada:


Monsanto consegue a patente do brócolis


Em junho, o Escritório Europeu de Patentes, em Munique, concedeu uma patente sobre o cultivo convencional de brócolis. Seminis, uma empresa que é de propriedade da Monsanto, recebeu a patente (EP 1597965) do brócolis derivado do melhoramento convencional. As plantas, que se supõe que tenham as colheitas melhoradas, derivam do cruzamento e seleção tradicional. A patente abrange as plantas, as sementes e a “cabeça de brócolis cortada”.


A reportagem é publicada pelo sítio La Radio del Sur, 16-07-2013. A tradução é do Cepat.

Além disso, abrange uma “pluralidade de plantas de brócolis... cultivadas em um campo de brócolis. “O Parlamento Europeu e o Parlamento alemão foram muito críticos com este tipo de patente. Recentemente, dois milhões de assinaturas foram coletadas numa petição em favor da proibição das patentes sobre o cultivo convencional. A organização Não às patentes sobre sementes! está iniciando uma oposição contra esta última patente da Monsanto.

“Fazemos um chamado para demonstrar oposição contra a patente sobre o brócolis. O Escritório Europeu de Patentes e a Monsanto estão em um caminho de confronto com a sociedade europeia”, disse Christoph Then da organização Não às Patentes sobre Sementes!. “Temos a intenção de transmitir um claro sinal de que não vamos deixar que nossa comida seja monopolizada”.

Todas as organizações que também estão fazendo exigências aos políticos europeus, motivam para que estes assumam o controle do Escritório Europeu de Patentes, com a finalidade de mudar a interpretação da lei atual de patentes por meio do Conselho de Administração do Escritório Europeu de Patentes, que é o conjunto dos Estados membros.

Como se desprende de um documento de trabalho publicado pela Organização Mundial de Alimentos da FAO, a indústria está planejando explorar as patentes sobre o cultivo convencional. Segundo os números, as vendas globais de plantas patenteadas, derivadas da reprodução convencional, aumentarão de cerca de 700 milhões de dólares para 3 bilhões de dólares estadunidenses, em 2020. Estes números se baseiam também nas patentes concedidas pelo Escritório Europeu de Patentes.

As organizações que integram a coalizão Não às Patentes sobre Sementes! estão muito preocupadas com o fato de que este tipo de patente fomentará ainda mais a concentração do mercado, tornando os agricultores e outros atores da cadeia de fornecimento de alimentos ainda mais dependentes de algumas poucas empresas internacionais e, finalmente, reduzindo as opções dos consumidores. A coalizão Não às Patentes sobre Sementes! é organizada por Bionext (Países Baixos), Declaração de Berna (Suíça), GeneWatch (Reino Unido), Greenpeace (Alemanha), Misereor (Alemanha), o Fundo de Desenvolvimento (Noruega), Não às Patentes sobre a vida (Alemanha), Rete Semi Rurali (Itália), Rede de Sementes Camponesas (França) e Swissaid (Suíça). Todas elas estão pedindo uma revisão da Lei de Patentes Europeia. A coalizão conta com o apoio de várias centenas de outras organizações.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521977-monsanto-consegue-a-patente-do-brocolis

Mesa de Contovérsias sobre Transgênicos – CONSEA, Julho de 2013



Abaixo um resumo do documento acima:

Na prática, as vantagens das PGMs (Plantas Geneticamente Modificadas) vêm se mostrando frágeis ou mesmo enganosas nos EUA, na Argentina e no Canadá. Naturalmente, a situação se repete no Brasil.

O argumento de que a fome do mundo será superada pelos ganhos de produtividade oferecidos pela engenharia genética permanece como uma promessa não realizada. Nesses 20 anos de desenvolvimento dos transgênicos, a quase totalidade das PGMs envolve tecnologias BT e HT não são desenvolvidas para obter ganhos de produtividade.

A utilização massiva de herbicidas com o mesmo princípio ativo está provocando o surgimento e a expansão no número de plantas espontâneas tolerantes. Esta situação exige novas aplicações de agrotóxicos e aplicações de outros herbicidas. Como os grãos GM caem nas lavouras durante a colheita, o próprio Milho GM se torna inço para cultivos posteriores na mesma área de lavouras de soja e algodão. Isto acaba exigindo aplicações adicionais de herbicidas de folha estreita.

O mesmo ocorre com a soja (exigindo aplicação de herbicidas de folhas largas nas lavouras de milho). Em sucessão de lavouras envolvendo cultivos de algodão e soja, essa solução não é viável. Para resolver este problema, a solução é arrancar manualmente as plantas indesejáveis ou apressar a liberação de novas plantas geneticamente modificadas. Como as empresas tendem a dar preferência a essa segunda opção, já existem variedades de milho e soja com gene de tolerância ao herbicida 2,4-D sob avaliação pela CTNBio. A nova geração de PGMs trará aplicações massivas do 2,4D-- herbicida extremamente tóxico.

O crescimento do número de lagartas resistentes que não morrem comendo o milho e o algodão Bt, o surgimento de novas pragas e a ampliação no número de insetos que eram pragas de pequena importância e que agora causam danos sérios, apontam no sentido de redução na eficácia desta tecnologia. Existem registros importantes de migração de pragas do milho para outras culturas e vice-versa. Lagartas, percevejos e pulgões causando danos sem precedentes no milho, soja e algodão e o surgimento de pragas, que não eram registradas no Brasil (caso da Helicoverpa armigera), vem exigindo novas e maiores aplicações de inseticidas.

Recentemente, o governo autorizou importação e aplicação do benzoato de emamectina-- produto que a ANVISA condena por ser neurotóxico. O MAPA quer que as secretarias estaduais se responsabilizem pela aplicação. Até agora, apenas a Bahia, onde os prejuízos nesta safra superaram os R$ 1 bilhão, parece disposta a assumir essa responsabilidade. Também neste caso, se esse produto for aplicado por avião, alguns problemas poderão aparecer futuramente-- inclusive em crianças que ainda não nasceram.

Além dos elementos discutidos anteriormente, cabe considerar a condição de ilegalidade que envolve todas as PGMs comercializadas no Brasil. Esta ilegalidade associa-se ao descumprimento das normas legais. Fundamentalmente, cabe dizer que nenhum dos processos até aqui aprovados pela CTNBio incorpora estudos exigidos pela norma legal.

O Arroz GM – Deve voltar em breve à pauta da CTNBio. Não foi aprovado porque a empresa, atendendo a pressões dos orizicultores brasileiros retirou o pedido de Liberação Comercial. Independente dos argumentos técnicos, a decisão se deu a partir de questões comerciais. O mercado europeu rejeita o arroz transgênico e a impossibilidade de segregação no Brasil comprometeria exportações. O processo aguarda que para evitar riscos de desabastecimento, a União Europeia admita consumir Arroz GM.

O Feijão GM – Aprovado com base em estudos insuficientes com destaque para aspectos nutricionais. Foram avaliados 10 ratos que comeram ração com feijão GM durante algumas semanas. Conforme revelado pelo parecer divergente, foram dissecados apenas três ratos. Nestes, foram identificados problemas que deveriam exigir novos estudos, mas que foram assumidos como irrelevantes.

As Vacinas GM – Não dispomos nenhuma espécie de monitoramento; não sabemos o que está acontecendo.

Os Mosquitos MG – Existem testes a campo, em bairros de cidades do nordeste. Pouco se sabe a respeito do desenvolvimento destes testes.

O consumo pode estar causando problemas para a saúde pelos seguintes motivos:

- Nas PGMs tecnologia BT existem resíduos de herbicidas em volumes desconhecidos – todos os testes apresentados na CTNBio foram realizados envolvendo a ingestão de grãos que não receberam banhos dos agrotóxicos que justificaram sua criação;

- Os impactos de longo prazo não são avaliados. Todos os testes apresentados para avaliação da CTNBio examinam reações de curto prazo. Os mais longos são de 90 dias-- não permitindo identificar danos cumulativos;

- Os testes de intoxicação aguda, envolvendo proteínas associadas aos transgenes, não são realizados com as proteínas existentes nas plantas. Os testes são realizados com proteínas “quase iguais” extraídas das bactérias e não com as proteínas transgênicas produzidas nas PGMs em função da modificação genética. As duas proteínas (das PGMs e das Bactérias) possuem a mesma sequência de aminoácidos, mas possuem propriedades diferentes. No caso Bt, enquanto na bactéria a proteína só se torna ativa no intestino dos insetos, a do milho é tóxica o tempo todo, em todas as partes da planta.

As plantas com a proteína Bt apresentam diferenças em relação às Plantas Não Modificadas:

- Estudos independentes apontam maior teor de lignina nas PGMs. Por isso, elas levariam mais tempo para se decompor no solo. A proteína inseticida continuaria ativa no solo por tempo variável. Em solos argilosos por até 230 dias. Não existem estudos convincentes de impacto sobre insetos de solo.

- Alguns estudos sobre insetos que atuam como predadores de outros insetos se baseiam em uma espécie de inseto do gênero Chrysophea que não existe no Brasil. Existem diferenças na composição das plantas GM para alguns elementos e alguns aminoácidos. Estas diferenças podem ter impacto na formulação de rações. No caso de pelo menos um algodão, há um maior teor de gossipol. O gossipol altera a produção de espermatozoides, reduz a fertilidade de machos e está presente nos caroços utilizados para alimentação animal no nordeste.

- Estudos mostram impacto sobre joaninhas que atacam pulgões e sobre alguns besouros que atuam na reciclagem de nutrients-- coisa que não acontece no milho não modificado.

Breve resumo destacando os principais pontos deste artigo.

As promessas de maior produtividade, como elemento para vencer a fome no mundo, de menor impacto ambiental (com redução no uso de agrotóxicos), de proteção à saúde humana e animal como consequência de processos científicos e rigorosos ainda não foram cumpridas. As promessas de PGMs tolerantes à seca, a solos ácidos e salinos, qualitativamente superiores, até o momento também não o foram. Os transgênicos disponíveis se limitam a ampliar e consolidar processos oligopolísticos nos mercados de agrotóxicos e sementes. É expressiva a redução no número de empresas, a simplificação no leque de variedades ofertadas e os impactos sobre a biodiversidade. Cresce o número de pragas e plantas adventícias de difícil controle; amplia-se o grau de toxicidade e periculosidade dos agroquímicos associados ao plantio de OGMs.

As normas não estão sendo respeitadas, as restrições estabelecidas para controle da contaminação são ineficazes, a convivência com lavouras tradicionais se mostra impraticável. Os agricultores familiares estão perdendo o controle e o domínio sobre conhecimentos, sementes e tecnologias tradicionais, socialmente construídas e historicamente adaptadas aos diferentes ambientes. Boa parte das avaliações realizadas no Brasil, atestando segurança ao consumo e ao ambiente são frágeis e insuficientes. Isso pode ser verificado através de exame dos processos, cotizando as deliberações com argumentos expostos nos pareceres contraditórios, que são públicos e estão disponíveis na CTNBio.

Foi liberada (meados de junho de 2013) uma nova variedade de milho GM7. Boa parte dos argumentos apresentados nos pareceres sustentando insuficiência de dados para atestar a segurança ambiental e nutricional daquele Milho GM se mostra válido para a maioria das PGMs cultivadas no Brasil e podem ser resumidos como segue:

-Estudos insuficientes e elaborados pelos próprios interessados – a maior parte dos argumentos apresentados está contida em relatórios técnicos da própria empresa

-Estudos inadequados de curto prazo e apoiados em métodos estatísticos mal documentados.

Dados toxicológicos envolvendo apenas avaliações de intoxicação aguda e realizados com proteínas extraídas da bactéria e não da PGM. A avaliação de consumo de grãos, rações e forragens envolvendo tecnologia HT, que existe apenas em função da aplicação em cobertura de seus herbicidas associados, é realizada na ausência dos agrotóxicos-- falsificando -nos testes- a situação encontrada no mundo real. A mostragens não representativas, número insuficiente de repetições, alterações nos dados não justificadas. Em muitos casos, essas transformações ampliam a probabilidade de erro Tipo II (não encontrar diferenças onde elas existem) contribuindo para atestar a segurança das PGMs (sua equivalência com parentais não modificados). Avaliações de populações de insetos são realizadas de forma inadequada, desprezando a importância ecológica dos mesmos.

--Desprezo a informações problemáticas contidas nos processos.

Circunstâncias onde os estudos encaminhados pelas empresas revelam diferenças significativas entre teste e controle (na perspectiva dos testes estatísticos utilizados pelas proponentes) são desprezadas com o argumento de irrelevância biológica (não comprovada) ou ainda com o argumento de que as se devem a outros fatores.

--Desprezo as normas da CTNBio– não apresentação de estudos de longo prazo por duas gerações com animais consumindo os transgênicos em questão. Não apresentação de estudos com animais em gestação. Não apresentação de estudos em todos os biomas. Não apresentação de informação sobre uso de herbicidas nos estudos de nutrição; não apresentação de dados de resíduos nos grãos; não apresentação de estudos com organismos não alvo presentes nas regiões onde as PGM serão cultivadas; não apresentação de estudos de impacto sobre ambientes aquáticos.

- Omissão de dados necessários para conferência dos resultados apresentados. As avaliações da CTNBio se baseiam em dados médios apresentados pelas empresas. Em muitos casos, estas médias envolvem dados de safra e safrinha obtidos em regiões distintas. Essa composição amplia a variância dos resultados conjuntos e inflaciona a possibilidade de falsos negativos-- situações onde não são percebidas diferenças que de fato existem e que seriam percebidas nos dados individualizados para safras ou safrinha nas diferentes regiões. Quando solicitados, os dados originais não são disponibilizados.


sábado, 20 de julho de 2013

Consea pede proibição de agrotóxicos vedados em outros países



O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) encaminhou à presidenta da República, Dilma Rousseff, Exposição de Motivos (EM) com as propostas elaboradas pela Mesa de Controvérsias sobre Agrotóxicos, realizada em Brasília, nos dias 20 e 21 de setembro de 2012. A EM foi aprovada na Plenária do Conselho de junho deste ano, depois de ter sido discutida nas Comissões Permanentes.

O documento é uma crítica ao processo de “modernização” agrícola conhecido como “Revolução Verde”. Esta “modernização” transformou o modelo de produção agrícola e o país em uma grande fazenda monocultora e dependente de insumos químico-industriais. O governo de Ernesto Geisel estimulou a “Revolução Verde” e esse padrão se mantém, sendo a diretriz das políticas agrícolas governamentais.

Em 2007, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) realizou a Conferência Internacional sobre a “Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar” e concluiu que a agricultura convencional esgotou sua capacidade de alimentar a população global e que existe a necessidade de substituição pela agricultura ecológica.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), realizada em 2010, recomendou que os governos estimulassem o uso de diferentes formas de agricultura sustentável, entre elas a orgânica. Por sua vez, o Relator Especial sobre o Direito Humano à Alimentação, Olivier de Schutter, afirmou na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que a agroecologia é um novo paradigma de desenvolvimento agrícola que pode efetivar rapidamente o direito humano à alimentação adequada.

O Brasil tornou-se o maior consumidor de agrotóxicos do mundo com 19% do mercado mundial. A taxa de crescimento do mercado brasileiro de agrotóxicos, entre 2000 e 2010, foi de 190% contra 93% do mercado mundial. A evolução da taxa de consumo de agrotóxicos, em 2005, cresceu de 7,5 quilos por hectare para 15,8 quilos por hectare em 2010. O percentual mais elevado se encontra entre os estabelecimentos com mais de 100 hectares dos quais 80% usam agrotóxicos

A Exposição de Motivos avalia o peso dos agrotóxicos nos custos de produção, os incentivos e das isenções tributárias aos produtos químicos que reduziu a zero as alíquotas, o impacto agroquímico dos produtos transgênicos. O documento coloca em dúvida a legitimidade dos estudos que são feitos pelas próprias empresas solicitantes, para o registro de produtos agrotóxicos.

O Consea apresentou à presidenta Dilma Rousseff uma série de propostas, entre as quais se podem destacar a de:

Proibir no Brasil os agrotóxicos já vedados em outros países;
Proibir as pulverizações aéreas de agrotóxicos;
Definir metodologia única de monitoramento em todos os órgãos ambientais nas três esferas federativas;
Criar penalidades, incluindo o pagamento de ressarcimento financeiro, para os responsáveis pela contaminação por agrotóxicos e por transgênicos de sistemas agroecológicos, entre outras.

O INESC faz parte da coordenação da Comissão Permanente 1 do Consea, que trata do Sistema e da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O Instituto contribuiu para a elaboração da Exposição de Motivos e tem se posicionado nos diversos espaços institucionais contra a maciça utilização de agrotóxicos e sementes transgênicas.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Monsanto e Dow Chemicals são condenadas por uso de agente laranja


Agente laranja, produto químico utilizado na Guerra do Vietnã produzido pelas multinacionais, causou doenças em ex-combatentes

Comentário: A mesma empresa Dow quer liberar aqui no Brasil variedades de soja e milho transgênicos resistentes ao veneno 2,4-D, justamente um dos ingredientes do agente laranja. O 2,4-D, quando no ambiente, libera dioxinas, produto sabidamente cancerígeno, além de ser altamente volátil e queimar lavouras e matas vizinhas. Os doutores da CTNBio estão a um passo de consumar mais essa imoralidade.

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Seul – A Justiça sul-coreana deu razão nesta sexta-feira a 39 ex-combatentes que afirmaram terem ficado doentes devido ao agente laranja, um produto químico utilizado pelos americanos na Guerra do Vietnã, e ordenou que as multinacionais Monsanto e Dow Chemicals os indenizem.

O Tribunal Supremo sul-coreano considera demonstrada a correlação epidemiológica entre este desfolhante e as doenças de pele desenvolvidas por estes ex-militares que combateram junto aos americanos contra o Vietcongue.

O Tribunal ordenou que a Monsanto e a Dow Chemicals, produtoras do agente laranja, indenizem os demandantes com um total de 466 milhões de wons (315 mil euros), somas que certamente não receberão nunca.

A Dow Chemicals anunciou que rejeita a sentença da justiça sul-coreana e invocou decisões anteriores nos Estados Unidos, segundo a agência de notícias Yonhap.

No entanto, o alto tribunal sul-coreano invalidou um recurso apresentado por outros milhares de veteranos.

Um total de 16.000 ex-combatentes demandaram individualmente em 1999 as empresas americanas e exigiram o equivalente a 3,4 bilhões de euros de indenizações.

A Coreia do Sul mobilizou 300.000 combatentes nas fileiras americanas na guerra do Vietnã.

Por sua vez, Hanoi afirma que até 3 milhões de vietnamitas foram expostos à dioxina que o agente laranja contém, um milhão dos quais sofre com graves problemas de saúde. Entre eles encontram-se 150.000 crianças que nasceram com deformações.

Mitos transgênicos



por César Borges de Sousa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) e vice-presidente da Caramuru Alimentos.

Em outubro de 2010, a Embrapa, maior centro de pesquisa agropecuária do mundo tropical, lançava um programa denominado “Soja Livre” no Mato Grosso, maior produtor brasileiro do grão. Menos de dois anos depois, o programa, conduzido em parceria com a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) e com a Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), é uma das principais conquistas da agricultura brasileira.

Explica-se: os produtores que a ele aderiram estão operando com grandes vantagens sobre os agricultores que formam suas lavouras com variedades transgênicas: economizam no pagamento de royalties pagos às empresas produtoras de sementes geneticamente modificadas, operam com menor custo de produção e registram alta produtividade.

De quebra, ainda obtêm maior remuneração, como resultado do prêmio que os consumidores europeu e asiático – que têm aversão a produtos transgênicos – dispõem-se a pagar, de forma a garantir o suprimento de produtos certificadamente não geneticamente modificados.

Na ponta do lápis, somente os agricultores que participam do programa “Soja Livre” instalados no Mato Grosso embolsaram receita adicional de R$ 235,3 milhões na última safra. Adicionalmente, ao não terem que recolher taxas de royalties para as empresas produtoras de sementes transgênicas, economizaram R$ 47,4 milhões.

Mais valorizada pelo mercado, a soja não transgênica é também mais competitiva. É o que mostra estudo da Embrapa Agropecuária Oeste sobre a safra 2010/11. O custo de produção da soja transgênica situou-se em R$ 1.219,86 por hectare, enquanto o da soja convencional ficou em R$ 1.187,60, uma economia de R$ 32,20 por hectare.

Já pelos cálculos da Embrapa e de estudo do Instituto Matogrossense de Economia Agrícola (Imea) realizado na safra 2009/10, a vantagem da soja convencional é ainda maior. Esse trabalho apontou o custo de produção de R$ 440,26 para a soja transgênica, enquanto o da soja não transgênica ficou em R$ 380,75 – o que significa um ganho de R$ 51,51 por hectare.

Os produtores que participam do “Soja Livre” também não conhecem o preocupante aumento da resistência de plantas daninhas ao glifosato, o herbicida utilizado nos pacotes tecnológicos de lavouras geneticamente modificadas associado com o uso de herbicidas convencionais que voltaram com força total para proporcionar um manejo mais efetivo.

O insuspeito Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) calcula que a área infestada por plantas invasoras e resistentes ao agroquímico já soma mais de 10 milhões de hectares. No Brasil, os campos de produção de soja estão sendo tomados por invasoras como o capim amargoso, buva, corda de viola, trapoeraba e o próprio milho transgênico, resistente ao glifosato. São plantas de rápida disseminação e difícil controle, o que deve ser realizado com aplicações posteriores de outras famílias de defensivos, acarretando custos adicionais de produção.

O Brasil, a propósito, assumiu a liderança mundial no consumo de agrotóxicos. As vendas de defensivos em 2010 somaram US$ 8 bilhões, movimentando 1 milhão de toneladas, o que representa o consumo de 5 quilos de agroquímicos por brasileiro, conforme dados da Associação Nacional de Defesa Vegetal. Ou seja, a propalada redução da utilização de defensivos que a transgenia proporcionaria ao meio ambiente não passa de mais um mito.

Finalmente, é preciso que se diga com clareza que, não fosse o pioneirismo do programa “Soja Livre”, garantindo a oferta de sementes convencionais de alto desempenho, o produtor estaria à mercê do monopólio da transgenia – fato que, infelizmente, pode estar ocorrendo no mercado de milho. Trata-se, como se vê, de uma questão de soberania nacional.

Diante desse quadro, soa risível o bordão “a Embrapa perdeu o bonde”, escrito e multiplicado por chamados analistas de mercado para apontar o que pretensamente seria um ponto fraco da entidade: seu suposto atraso tecnológico na pesquisa e desenvolvimento de produtos transgênicos.

A Embrapa, detentora de um dos maiores bancos genéticos públicos do planeta, não apenas investe na pesquisa de produtos transgênicos como vem registrando conquistas que colocam o trabalho de investigação científica brasileira na linha de frente da pesquisa mundial. Como exemplo, cite-se o feijão transgênico resistente a vírus, um feito que constitui pioneirismo mundial.

Responsável pela proeza de desenvolver a tecnologia de produção que permitiu a exploração dos Cerrados brasileiros, a Embrapa também deu a maior contribuição para colocar o Brasil nas primeiras posições do ranking internacional de produção e exportação de soja, ao aclimatar a cultura originária da China às condições tropicais.

Perfeitamente sintonizada com a modernidade, a empresa desenvolve variedades de soja transgênica e de outras culturas. É o caso da alface-vacina, que incorpora uma proteína que atua como antígeno do protozoário que provoca a leishmaniose (lepra). Uma vez desenvolvida tal tecnologia, podermos nos imunizar contra a doença com o prosaico ato de consumir alfaces (!).

Mais ainda: a empresa também investe no desenvolvimento de variedades transgênicas de batata resistentes aos vírus do enrolamento das plantas e do mosaico; na obtenção de plantas de mamão das variedades formosa e papaia resistentes ao vírus da mancha anelar e de tomates resistentes ao geminivírus, uma das piores pragas da cultura.

Finalmente, a Embrapa é um dos principais pilares da política de segurança alimentar do país, ao garantir o suprimento de material genético de alta performance de produtos de importância socio-econômica, como o são os alimentos básicos: mandioca, arroz, feijão, trigo, leite, carnes e outros. Vale lembrar que as empresas de transgenia não manifestam o menor interesse por este mercado de produtos básicos. O material genético desenvolvido pela instituição só interessa às empresas de sementes quando se trata de grandes culturas.

Tudo considerado, a afirmação de que a “A Embrapa perdeu o bonde” constitui, pois, evidente descalabro ou – mais grave -, dissimulada divulgação de interesses comerciais de empresas às quais a empresa brasileira é indevidamente comparada.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Instituto Europeu de Patentes concede patentes da Monsanto sobre sementes de brócolos

Monsanto recebe brócolis patente | ECOagricultor: "Em junho, o Instituto Europeu de Patentes (EPO) em Munique, concedeu uma patente sobre criação de brócolis convencional.  Seminis, uma empresa detida pela Monsanto , recebeu a patente (EP 1597965) em brócolis derivado de melhoramento convencional."

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terça-feira, 16 de julho de 2013

Itália proíbe milho geneticamente modificado



ROMA, ITA (ANSA) - A ministra italiana para as Políticas Agrícolas e Alimentares, Nunzia De Girolamo assinou, junto com os ministros da Saúde, Beatrice Lorenzin, e do Meio Ambiente, Andrea Orlando, o decreto que veta de forma exclusiva a cultivação do milho geneticamente modificado MON810 em território italiano.

O impacto negativo que este tipo de plantação pode ter na biodiversidade do país justifica a medida.

"[A proibição de cultivar este tipo de milho] é motivado pela preocupação cada vez maior de um estudo do Conselho para a pesquisa e a experimentação na agricultura, realizada pelo Instituto Superior para a Proteção e a Pesquisa Ambiental, que mostra o impacto negativo sobre a biodiversidade, não excluindo riscos sobre organismos aquáticos, já evidenciados pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar apresentado em dezembro de 2011", informou a ministra.

"É um procedimento que protege nossa especificidade, que protege a Itália da homologação. A nossa agricultura se baseia na biodiversidade, na qualidade e é sobre estas [bases] que devemos continuar apontando, sem aventuras que também do ponto de vista econômico não nos veriam competitivos", destaca ela.

"O decreto de hoje é apenas o primeiro elemento, o mais urgente, de uma série de outras iniciativas, com as quais definiremos uma nova legislação em matéria de cultivação de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) em nosso país", disse Girolamo.

FONTE: http://www.oreporter.com/Italia-proibe-milho-geneticamente-modificado,10430498970.htm



Veja também:

Monsanto desiste de transgênicos na União Europeia

União Europeia financiará estudos de longo prazo sobre milho da Monsanto

Enquanto isso no Brasil:

FIM DA ROTULAGEM DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS: DIGA NÃO

MAIS SOBRE O TEMA ACESSE:

http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/search/label/Transg%C3%AAnicos

sábado, 13 de julho de 2013

Consea divulga documento com propostas para enfrentar agrotóxicos

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional enviou no dia 1o de julho uma exposição de motivos à presidenta Dilma Rousseff sobre a agenda de enfrentamento ao uso de agrotóxicos no Brasil. Esta exposição de motivos foi fruto de um importante debate realizado por uma Mesa de Controvérsia sobre Agrotóxicos e Segurança Alimentar e Nutricional.

Veja um pequeno trecho da carta:

No campo da saúde humana, é importante destacar que os agrotóxicos podem ser absorvidos pela pele, por ingestão e por inalação e causam dois grandes grupos de efeitos: os efeitos agudos, que são as intoxicações com uma dose elevada dos agrotóxicos e que acontecem logo após a exposição por um curto período de tempo e os efeitos crônicos que são aqueles relacionados à exposição diária a pequenas doses por um longo período de tempo.

Estes efeitos surgem após um intervalo de tempo variável, e podem causar diversas alterações crônicas de saúde nos grupos humanos tais como dermatites, câncer, neurotoxicidade retardada, desregulação endócrina, efeitos sobre o sistema imunológico, efeitos na reprodução como infertilidade, malformações congênitas, abortamentos, efeitos no desenvolvimento da criança, doenças do fígado e dos rins, doenças do sistema nervoso, doenças respiratórias, distúrbios mutagênicos, neurológicos e psiquiátricos, que levam a ocorrência de óbito, inclusive por suicídio.

De acordo com o Relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) de 2010, 28% das amostras de alimentos analisadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estavam com resíduos insatisfatórios ou acima do limite permitido ou de agrotóxicos não permitidos.

Contudo, essa definição de quantidade de resíduos permitidos para consumo humano possui a limitação de não considerar o efeito sinérgico, aditivo e complementar na existência de diferentes ingredientes ativos utilizados em uma mesma cultura. Segundo dados da ANVISA, 434 ingredientes ativos estão registrados e são permitidos no Brasil.

Como exemplo, pode-se mencionar o caso do estado de Pernambuco que identificou 17 diferentes agrotóxicos na mesma amostra de pimentão, e também o caso do estado do Paraná que identificou 14 diferentes ingredientes ativos na mesma amostra de maçã.

Ainda que esses limites de resíduos estejam dentro de todas as margens de segurança que foram estabelecidas, são desconhecidos os impactos que podem ser gerados pela exposição a múltiplos ingredientes ativos. Além disso, o ser humano corre também riscos agregados que são advindos de diferentes tipos de exposições. Os limites de ingestão diária aceitável de resíduos na água não são somados aos limites que permanecem nas culturas, assim como não são somadas às contaminações ambientais.

Outra questão preocupante é que os estudos para o registro de produtos agrotóxicos são feitos pelas próprias empresas solicitantes, o que pode gerar o conflito de interesses e a ingerência do patrocinador na condução dos estudos. Ademais, as empresas detém a propriedade dos dados dos estudos por 10 anos, conforme estipula a Lei 10.603/2002, o que impede que os órgãos públicos divulguem essas informações antes desse prazo.

Portanto, esses estudos não são de acesso público, sendo permitido somente depois de vencido o prazo de proteção dos dados.

Tenha acesso ao conteúdo completo da carta abaixo:



Monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano no Brasil







Deve ser lembrado que no Brasil estão autorizados 497 princípios ativos de agrotóxicos. 

O Ministério da Saúde apresenta este monitoramento mas deixa de dizer como fica os outros 495 princípios ativos que não estão normalizados.

 Por quê os demais 495 p.a. não se normaliza? 

Por quê a água está sob controle do Ministério da Saúde diretamente e não sob os regulamentos da ANVISA. Água não é alimento???? 

Pois então, alguém dirá, mas é um começo, ou melhor isso do que nada. Balela o Ministério da Saúde tá enrolando com essa questão há anos. 

Detectar veneno na água vai ser uma bomba maior que os venenos que estão sendo detectados no alimentos e, pior, 40 a 60% da água que pode ser própria para o consumo humano está armazenada nos solos, sendo assim solo contaminado com agrotóxicos é igual a água contaminada com agrotóxicos.

 São 497 e não 22 somente. Solo contaminado é igual a água contaminada, portanto, se água é alimento, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da ANVISA deve começar a analisar água urgente para que se possa ter um mínimo de credibilidade naquilo que nos é mostrado como o estudo abaixo.

Comentário Alfredo Benatto

Para Aprofundar:

Wanderlei Pignati: Até 13 metais pesados, 13 solventes, 22 agrotóxicos e 6 desinfetantes na água que você bebe




sexta-feira, 12 de julho de 2013

FIM DA ROTULAGEM DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS: DIGA NÃO

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A pesquisa do Idec avaliou se o direito à informação ao consumidor está sendo cumprido em relação à presença de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) nos alimentos, principalmente em relação ao acesso à informação correta nos rótulos e se os estabelecimentos comerciais cumprem a legislação estadual de São Paulo sobre a disposição de alimentos transgênicos. Confira os resultados aqui.

Confira aqui a cartilha sobre alimentos transgênicos que o Idec lançou em 2010.

Uma importante conquista da população brasileira está ameaçada. O projeto de lei de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze pode ir à votação em caráter de urgência nesta semana. Esse PL prevê a não obrigatoriedade de rotulagem de alimentos que possuem ingredientes trangênicos, independentemente da quantidade.

Caso o projeto de lei seja aprovado, corremos sério risco de saúde, pois compraremos alimentos como óleos, bolachas, margarinas, enlatados e papinhas de bebê sem saber se são seguros ou não. Atualmente, cerca de 80% da soja e 56% do milho do País são de origem transgênica. É essa produção crescente e acelerada que leva para a mesa do consumidor um alimento disfarçado ou camuflado que não informa sua real procedência. Nós, consumidores, temos o direito à informação (artigo 6º do CDC) sobre o que estamos adquirindo ao comprarmos e consumirmos um produto.

A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores.

Precisamos que o maior número possível de mensagens contra esse PL cheguem à Câmara dos Deputados. Eles precisam saber que nós não queremos ser enganados e iludidos. Os consumidores têm o poder de escolha e o direito à informação.

Envie uma mensagem agora usando nossa ferramenta!

Saiba mais:







Divulgue essa campanha  e assine a petição no link abaixo:


Mais sobre o tema acesse:

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Coleta de medula óssea de trabalhadores rurais constatou alterações que podem levar a vários tipos de câncer



 A relação causal entre o uso de agrotóxicos no campo e casos de câncer teve mais um fundamento apresentado detalhadamente na noite da última segunda-feira na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. O "Estudo das alterações citogenômicas da medula óssea de trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos" foi apresentado pelo médico hematologista Luiz Ivando, em defesa de sua dissertação de mestrado. Na prática, demonstrou alterações genéticas em trabalhadores rurais da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte.

A série de reportagens Viúvas do Veneno, publicada nos dias 17, 19 e 20 de abril, trouxe o estudo da UFC e vários relatos de contaminação e morte no Nordeste

Iniciado dois anos e meio atrás, o estudo foi defendido no auditório Paulo Marcelo, da Faculdade de Medicina da UFC, e se soma a outras pesquisas realizadas nos últimos dez anos sobre o impacto na saúde dos trabalhadores e do meio ambiente pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. "O trabalho foi motivado pelo excessivo número de pacientes com doenças hematológicas que nos procuram com história de exposição a agrotóxicos no passado", explica o médico Luiz Ivando.

Veja abaixo um vídeo com a reportagem que sai no Globo Rural:



Há vários anos, o Diário do Nordeste tem acompanhado e publicado, com exclusividade, os diversos estudos relacionados ao impacto dos venenos em áreas agrícolas do Vale do Jaguaribe. "Quando vimos na mídia os trabalhos do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), coordenado pela professora Raquel Rigotto, resolvemos procurá-la", afirma Luiz, acreditando que só aumentava a hipótese que relaciona agrotóxicos e neoplasias (câncer).

Medula

A partir da coleta de medula óssea de trabalhadores que atuam na aplicação de agrotóxico, constatou-se a alteração de genes. De 43 dessas amostras, 11 apresentaram importantes alterações cromossômicas. "Elas são muito frequentes em doenças hematológicas como Leucemia Mielóide Aguda e Síndromes Mielodisplásicas. Precisamos ficar vigilantes com esses trabalhadores. Eles devem ser afastados do veneno. O câncer precisa de várias etapas para o aparecimento e, nestes casos, a primeira etapa apareceu", afirmou Luiz Ivando. O trabalho, que terá continuidade, foi orientado pelo professor e também hematologista Ronald Pinheiro. Do Laboratório de Citogenômica do Câncer da UFC, participaram a bióloga Juliana Cordeiro e as graduandas em Ciências Biológicas Roberta Germano (técnica do laboratório), Izabele Farias e Marília Braga (ambas da UFC) e Júlia Duarte (Uece), alunas de iniciação científica. O estudo será publicado em revista científica internacional e será divulgado no Congresso Brasileiro de Hematologia, em novembro próximo.

Mais Informações:
Faculdade de Medicina da UFC
Avenida da Universidade, 2853
Benfica, Fortaleza
Telefone: (85) 3366-7300
www.ufc.br

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER


Notícia Relacionada:

Produção Agroecológica Integrada e Sustentável


terça-feira, 9 de julho de 2013

[ESTUDO Glifosato] Causa Câncer de Mama em Níveis Inferiores aos Permitidos no Brasil



Estudos recentes mostram que o limite em água potável para o glifosato, o herbicida para transgênicos mais utilizado no Brasil, podem aumentar a chance de câncer de mama em até 1300%.

 O glifosato foi desenvolvido pela Monsanto, mas a patente expirou e agora várias empresas vendem os produtos com esse componente.

Como se já não houvesse inúmeros argumentos contra os transgênicos. Na semana passada um estudo revelou que o glifosato – o nome químico do herbicida Roundup – multiplica a proliferação de células de câncer de mama de 500% até 1300%… mesmo em exposições de apenas algumas partes por trilhão (ppt).

O estudo, publicado na Food and Chemical Toxicology, é intitulado “O glifosato induz crescimento de células de câncer de mama em humanos por meio de receptores de estrogênio“. 

Você pode ler o resumo do estudo aqui.

Há muito mais nesta história, mas no entanto para segui-la, você precisa entender os seguintes termos:
ppm = partes por milhão = 10 (-6) = número de partes em um milhão
ppb = partes por bilhão = 10 (-9), que é 1000 vezes menor do que ppm
ppt = partes por trilião = 10 (-12), que é 1000 vezes menor do que ppb e 1.000.000 de vezes menor do que ppm

A medida mg/L, ou miligramas por litro, pode ser equivalente ao ppm em se tratando de água.
O estudo constatou que a proliferação das células do câncer de mama é acelerada pelo glifosato em concentrações extremamente baixas: de ppt para ppb. O maior efeito foi observado no intervalo de ppb, incluindo ppb de um dígito, como um ppb (1000 vezes menor que 1 ppm).

Esta notícia, por si só, enviou ondas de choque através da net todo fim de semana. As mulheres estavam perguntando coisas como: “Você quer me dizer que os resíduos de glifosato em lavouras nas concentrações de apenas alguns ppt ou ppb pode me dar câncer de mama?” Não é exatamente traduzido assim. Depende de quanto você come versus sua massa corporal (nanogramas de glifosato por quilo de peso corporal). Mas com ridiculamente pequenas quantidades deste produto químico sendo correlacionada com a proliferação de células de câncer, você não tem que comer muito para colocar-se em risco.

Mas não é apenas comer glifosato que é o problema. Você também está bebendo ele!

Glifosato na água potável dos brasileiros

No Brasil, o limite de glifosato para água potável (definido pela PORTARIA Nº 518/GM de 25/03/2004) é de 500 µg/L, 0,5 mg/L ou 0,5 ppb (partes por bilhão). Isto quer dizer, baseado no estudo acima citado, que o limite máximo de glifosato no Brasil é o suficiente para causar a proliferação das células do câncer de mama!

Estou fazendo o orçamento para fazer a análise de algumas amostras de água potável e pretendo em breve divulgar aqui. Vou aproveitar a chance e fazer uma análise quanto ao nível de flúor.

PL 4412/2012 – Reavaliação do Glifosato, possível banimento em breve

Artigo abaixo foi retirado do site Diário Popular-RS:

Ingrediente ativo dos principais herbicidas utilizados no controle de ervas daninhas nas lavouras, o glifosato entra na mira da Câmara dos Deputados, em Brasília. Se aprovado um projeto de lei do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a substância será avaliada durante 180 dias e poderá ter, inclusive, a comercialização cancelada após a conclusão do estudo.

Para que o projeto de lei 4.412/12 entre em vigor falta apenas a votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). A proposta original já teve parecer favorável do relator Pedro Uczai (PT-SC). O projeto prevê que os produtos que tenham o glifosato como ingrediente ativo sejam reavaliados em até 180 dias após a publicação da nova lei. Durante a análise dos possíveis danos causados pela substância, os produtos serão reclassificados como extremamente tóxicos ou altamente perigosos, com consequentes restrições de uso.

Caso a reavaliação não se conclua dentro do prazo de 180 dias, os registros existentes poderão ser suspensos e a comercialização do agrotóxico proibida. Se a reavaliação apontar danos ao solo e à saúde dos agricultores, há até mesmo o risco de suspensão efetiva das licenças de produção e comercialização dos agrotóxicos.

A Carcinogenicidade do Glifosato foi documentada anos antes

A autoridades já estava ignorando deliberadamente o crescente conjunto de evidências científicas que documentam a toxicidade do glifosato. Por exemplo, um estudo publicado em 1995 – no Journal of Pesticide Reform (Volume 15, Número 3, Fall 1995), escrito por Caroline Cox concluiu:

Produtos à base de glyphosate são altamente tóxicos para os animais, incluindo os seres humanos. 
… Em estudos com animais, alimentando-se de glifosato por três meses causou redução no ganho de peso, diarréia e lesões de glândulas salivares. Alimentação pela vida inteira com glifosato causou excesso de crescimento e morte das células do fígado, catarata e degeneração lentes oculares, além de aumento na freqüência de tumores na tireóide, pâncreas e no fígado.
Produtos à base de glyfosato causaram danos genéticos em células sanguíneas humanas … contagem reduzida de espermatozóides em ratos machos… um aumento na perda fetal …
Em outras palavras, os vários governos que estabeleceram o alto limite do glifosato sabiam – ou deveriam saber – que o glifosato é prejudicial aos seres humanos. Mas o governo brasileiro, assim como americano (que mantém o limite em 700 ppb, ainda mais alto que no Brasil) deliberadamente ignorou esta prova, permitindo assim que mil vezes os níveis mais elevados de glifosato em água potável do que sabemos agora que é o suficiente para causar a proliferação de células cancerígenas.

O texto abaixo é um trecho do Journal of Pesticide Reform de 1998, também de Caroline Cox, traduzido por Nicoleta T.N. Sabetzki:
Carcinogenicidade: Todos os estudos disponíveis sobre a capacidade do glyphosate provocar o cancer foram conduzidos pelo fabricante deste produto2. O primeiro estudo sobre a carcinogenicidade submetido ao EPA (1981) detectou aumento no índice de tumores testiculares em ratos machos e na incidência de cancer de tiróide em fêmeas, sob as dosagens mais elevadas. Ambos os resultados ocorreram sob a dosagem mais alta (30 mg/kg de peso por dia)75,76. O segundo estudo (1983) detectou uma crescente tendência na frequência de tumores raros no rim em camundongos machos77. Já o estudo mais recente (1990) demonstrou maior incidência de tumores no pâncreas e fígado em ratos machos e do mesmo tipo de cancer da tiróide em fêmeas, detectado em 1983.78. De acordo com o EPA, todos estes aumentos na incidência de tumores ou de cancer ”não podem ser associados ao composto”. (Isto significa que EPA não responsabilizou o glyphosate pela ocorrência dos tumores). No caso dos tumores de testículo, o EPA acatou a interpretação do patologista da indústria que afirmou que a incidência de cancer nos grupos tratados (12%) foi similar à incidência observada (4.5%) nos ratos não tratados com glyphosate. 78 Com relação ao cancer de tiróide, o EPA atestou ser impossível distinguir entre cancer e tumor da tireóide, de modo que os dois deveriam ser considerados juntos. Todavia, a combinação dos dados não é estatisticamente significante 76. No caso dos tumores de rim, o fabricante re-examinou o tecido e descobriu tumor adicional nos camundongos não-tratados, anulando a significância estatística. Isto apesar do laudo do patologista do EPA afirmando que a lesão em questão não era realmente tumor77 . Quanto aos tumores pancreáticos, o EPA declarou que não estavam relacionados às dosagens. Com referência aos tumores de fígado e tiróide, o EPA afirmou que as comparações entre animais tratados e não-tratados não foram estatisticamente significantes78 O EPA concluiu que o glyphosate deve ser classificado como Grupo E, “evidência de não- carcinogenicidade para pessoas”78 , mas que esta classificação “não deve ser interpretada como definitiva”78 Os testes de cancer deixaram muitas perguntas sem respostas. Com relação a um dos estudos sobre carcinogenicidade, um estatístico do EPA afirmou: “O ponto de vista é aspecto crítico. O nosso ponto de vista visa proteger a saúde pública quando se trata de dados suspeitos.”79 Já infelizmente o EPA não adotou o mesmo ponto de vista quando avaliou a carcinogenicidade do glyphosate. … Efeitos reprodutivos A exposição ao glyphosate foi associada a problemas reprodutivos nos seres humanos. Um estudo em Ontario, Canadá, detectou que o uso de glyphosate pelos pais acarretou aumento no número de abortos e nascimentos prematuros nas famílias rurais.87(ver Figura 5). Além disso, um relatório da Universidade da Califórnia discutiu o caso de uma atleta que apresentava redução dos intervalos menstruais sempre que competia em raias tratadas com glyphosate88. Estudos laboratoriais também demonstraram inúmeros efeitos do glyphosate sobre a reprodução. Em ratos, o glyphosate reduziu a população espermática sob as duas concentrações maiores utilizadas (ver Figura 5). Em coelhos, o glyphosate, em concentrações de 1/10 e 1/100 de LD50 , aumentou a incidência de espermatozóides anormais e mortos. 89 Nas coelhas.
o glyphosate provocou uma redução do peso fetal em todos os grupos tratados. 90.

Existem muitos outros estudos e artigos sobre o tema, mas gostaria de apresentar um trecho deste outro artigo:

Doença renal misteriosa da américa central pode estar ligada a agrotóxicos

Uma doença renal misteriosa que atinge camponeses em El Salvador e outros países da América Central mobiliza os ministérios de saúde da região. No dia 27 de abril, foi assinada em El Salvador uma declaração conjunta qualificando o combate da doença como de alta prioridade para a saúde pública e definindo uma série de ações nesse sentido… “Essa é uma doença de pessoas pobres”, diz Rodriguez. “Uma doença de pessoas que trabalham nos campos e tem condições de vida muito ruins”…. Dois produtos químicos, em particular, entraram na mira dos pesquisadores tanto em El Salvador quanto no Sri Lanka, o 2,4-D e o glifosato. 2,4-D é um herbicida comum usado para controlar ervas e o glifosato é o ingrediente ativo do herbicida mais popular do mundo, o Roundup. Ambos são usados no mundo inteiro, inclusive em inúmeras áreas não afetadas por essa forma estranha de doença renal crônica… Os testes com pacientes em El Salvador, na Ciudad Romero — a comunidade contaminada por metais pesados — revelou que 100% e 75% dos pacientes, respectivamente, relataram usar 2,4D e glifosato. No Sri Lanka, resíduos de ambos os produtos foram encontrados em amostras de urina de alguns pacientes doentes.

O glifosato é o novo DDT

Baseado no que estamos vendo agora, acredito que o glifosato é o produto químico mais tóxico que já foi amplamente implantado em toda a nossa cadeia alimentar. O glifosato é o novo DDT, e está contaminando nossas águas, solos, alimentos e corpos.
Fontes:



Para aprofundar:

domingo, 7 de julho de 2013

Sindicância na Anvisa vê irregularidade em mais 23 agrotóxicos


BRASÍLIA - Além dos seis agrotóxicos autorizados irregularmente pela Anvisa em 2012, a sindicância da estatal nos demais processos concluiu que outros 23 produtos começaram a ser vendidos sem passar por todas as etapas da análise regulamentar, que identificam, por exemplo, se o defensivo representa risco à saúde dos consumidores.

Segundo a Anvisa, a auditoria criada a pedido de seu diretor-presidente para auditar os processos da agência relativos aos Informes de Avaliação Toxicologica avaliou 205 processos, sendo que em 23 foram identificados problemas relativos à incorreção processual, além dos seis detectados no fim do ano passado. À época, o então gerente-geral de Toxicologia, Luiz Cláudio Meirelles, denunciou que seis agrotóxicos receberam autorização para serem comercializados mesmo sem receberem todos os pareceres exigidos pela área.

A Anvisa informou que o relatório foi encaminhado para a Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público Federal (MPOF) e Polícia Federal. O nome dos produtos ou os fabricantes não serão divulgados neste momento até deliberação da diretoria da Anvisa.

(Tarso Veloso | Valor)



VALOR ECONÔMICO, 25/06/2013

Além dos seis agrotóxicos autorizados irregularmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano passado, sindicância da estatal nos demais processos de aprovação concluiu que outros 23 produtos começaram a ser vendidos no país sem passar por todas as etapas da análise regulamentar – que identificam, por exemplo, se o defensivo representa risco à saúde dos consumidores.

De acordo com informações da Anvisa, a auditoria criada a pedido de seu diretor-presidente para auditar os processos da agência relativos aos Informes de Avaliação Toxicológica avaliou 205 processos, sendo que em 23 foram identificados problemas envolvendo incorreções processuais, além dos seis detectados no fim do ano passado.

À época, o então gerente-geral de Toxicologia da agência, Luiz Cláudio Meirelles, denunciou que seis agrotóxicos receberam autorização para serem comercializados no mercado brasileiro mesmo sem receberem todos os pareceres exigidos pela área.

A Anvisa informou, ainda, que o relatório foi encaminhado para a Controladoria-Geral da União (CGU), para o Tribunal de Contas da União (TCU), para Ministério Público Federal (MPOF) e para Polícia Federal. Os nomes dos produtos ou dos fabricantes não serão divulgados até deliberação da diretoria da Anvisa.

Quando Meirelles fez sua denúncia, no fim do ano passado, os três órgãos responsáveis pela regulamentação desses produtos no país – Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura – divulgaram nota conjunta defendendo seu sistema de avaliação. (TV)


Papo com feirante - O veneno nosso de cada dia, continua na mesa ...


Google imagem

Jales é uma cidade do noroeste paulista.

Sábado, dia de feira dos produtores. Normalmente as 3h30min da madrugada, já estão montando as barracas

Gosto de comprar na feira,  é uma oportunidade de conversar com os produtores, que sempre tem uma lição de vida a dar e  além do mais, é uma forma de saber quando foi feito a última aplicação de agrotóxicos; quando compramos no supermercado, não temos a garantia  por parte de ninguém, que o período de carência foi observado.

Recentemente, um colega comprou tomate em um supermercado da cidade e ao chegar em casa, sentiu um cheiro  forte de veneno e mesmo lavando o cheiro não saia e acabou jogando os tomates no lixo.

O trabalho agrícola é a atividade de maior risco econômico e especialmente para o pequeno produtor rural , que produz a maior parte dos alimentos que consumimos.

Seo Benedito,  tem uma pequena chácara e é um dos vários feirantes.

Pessoa simples e sincera e sempre que se pergunta responde:

Essa couve faz 15 dias que já apliquei e é um produto que pode aplicar de manhã e colher a tarde, fique tranquilo.

Mas, que veneno é esse que o Sr. aplicou ?

Malathion

Mas, quem disse que esse produto pode aplicar de manhã e colher a tarde?

O vendedor da casa agropecuária que comprei o produto. Pode ficar tranquilo, esse produto usamos  no milho pipoca e depois só damos uma abanada e colocamos para estourar, é fraquinho

O argumento do Seo Benedito continuou.

Olha tem uma pessoa que só pega couve de mim. Ela disse - que há um tempo atrás, comprou couve no supermercado, mas ao chegar em casa percebeu que ela tinha um cheiro muito forte de veneno  e  não teve coragem de comer e deu as folhas para um passarinho e sabe o que aconteceu?

O que?

A tarde o passarinho estava morto.

Sério?

Estou te falando! Que coisa... ele comprou a couve para fazer remédio. Eu não faço isso não... sempre passo uma dose mais fraca  e espero 15 dias para colher.

Em uma dia desses... conversando com Sr. Arlindo  outro produtor rural e ao comentar essa história, do Seo Benedito,  ele me fez uma outra narrativa:

(...)
Conheço uma pessoa que comprou almeirão na feira para tratar os canários, e morreram os 10 pássaros que ele tinha,  ele foi até a feira e ameaçou a pessoa que vendeu, dizendo  que iria denunciar e o feirante disse que ele apenas revendia e que as verduras  vinham de outra cidade.

Seo Benedito continuou...

Esses dias uma pessoa comprou uma alface do meu vizinho, era uma alface muito bonita, mas a alface fez mal a ela – deu dor de barriga.

Fui conversar com o vizinho, para saber o que ele aplicava para deixar alface bonita. Ele me disse  que aplica um veneno, que coloca na uva para a baga crescer. Pode uma coisa dessa? Uva leva 90 dias para colher e a alface colhe rapidinho...

Seo Benedito que produto é?

È um veneno bravo  que aplica na uva o nome não sei não.

Seo Benedito, continuou com suas explicações e depois veio uma outra história...


Fulano ... aplicou um veneno de amendoim na couve no sábado e na segunda-feira, ele colheu a couve para comer. Após o almoço, o filho dele passou mal e ele levou para o pronto socorro e no caminho a mulher dele  passou mal e durante o atendimento dos dois, ele também passou mal.

O médico, quis saber o que eles tinham comido. Ele contou, que tinham comido  couve e que no sábado  havia passado Hamidop. O Doutor colocou-  que eles deveriam ter esperados pelo menos 15 dias e que correram grandes riscos.

Toda a história,  foi para ilustrar que ele tem medo de veneno e que somente usa porque precisa – mas, sempre espera 15 dias.

Chegando em casa,  fui pesquisar sobre os produtos que Seo Benedito falou.

Começando pelo Matathion, aquele produto fraquinho, que se pode aplicar de manhã e colher a tarde. Fui ver do que se trata...

Um dos trabalhos que encontrei sobre esse produto, foi uma revisão bibliográfica  que se chama: a atuação do enfermeiro na prevenção dos efeitos nocivos causados pelo uso indiscriminado do inseticida malation.

(...)
Através desta pesquisa verificamos que o malation é um agrotóxico organofosforado que, no organismo humano, age inibindo a acetilcolinesterase, interferindo no mecanismo de transmissão neural e conseqüentemente, ocasionando diversos efeitos danosos como: visão borrada, tosse, anorexia, náuseas, vômitos, dores abdominais, aumento da amplitude das contrações e do peristaltismo gastrintestinal, diarréia, sudorese excessiva, sialorréia, dispnéia, cianose, acúmulo de secreções brônquicas, lacrimejamento, miose, midríase, tremores de língua, olhos e pálpebras, cãibras, paralisia, fraquezas musculares, cefaléia, tontura, tremores, ataxia, distúrbios da palavra, sonolência, disartria, rigidez de nuca, depressão do centro respiratório e do vasomotor, rigidez na nuca, convulsões e coma.
Além dessas manifestações, verificamos que o malation pode ocasionar efeitos imunossupressores em diversos níveis, gerar manifestações tardias e neuropatia tardia, tem capacidade de alterar o DNA de uma célula e de estimular a célula alterada a se dividir de forma desorganizada, revelando uma possível capacidade de desenvolvimento do câncer e associam-se sua ação a Arteriosclerose, Parkinson, Alzheimer, malformação congênitas, infertilidade e esterilidade.

O trabalho completo pode ser consultado no link abaixo:



Depois pesquisei, sobre o “veneno bravo que se utiliza na uva”, que o seu vizinho usa para crescer o alface e como não ele não sabia o nome do produto, a pesquisa ficou um pouco prejudicada.

Normalmente o que se utiliza na uva, é um regulador de crescimento conhecido como ácido giberélico, que também é liberado para a cultura do alface, conforme podemos ver abaixo:


Na literatura o ácido giberélico é classificado como mutagênico e cancerígeno ( Bedor, 2009 pág 63)

Será que não passou da hora da ANVISA,  rever a liberação do ácido giberélico para cultura do alface?

Conclui a pesquisa procurando sobre o hamidop, inseticida usado no amendoim,  mas que foi usado na couve. É importante lembrar, que essa pratica é um tanto comum entre os agricultores e já foi identificada pela ANVISA, que iniciou em 2001,  um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), com o objetivo de avaliar,  os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam á mesa do consumidor.

O hamidop é inseticida Acaricida, sistêmico do grupo dos organofosforados e tem como principio ativo o METAMIDOFÓS e desde junho de 2012 esta proibido no Brasil.

O intervalo de segurança para as principais culturas que ele era registrado é de 21 dias.


Vamos recordar que : esse intervalo de segurança, é para que os resíduos presentes nos alimentos estejam dentro do limite máximo permitido, limite este, que é contestado por muitos especialistas.

Para quem não esta familiarizado com os termos, vamos a algumas definições

Limite máximo de resíduo - quantidade máxima de resíduo de agrotóxico legalmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde sua produção até o consumo, expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes de alimento (em peso) (ppm ou mg / kg).
 Intervalo de segurança ou período de carência - intervalo de tempo entre a última aplicação do agrotóxico e a colheita ou comercialização


Podemos tirar algumas conclusões sobre esse último caso:

O agricultor não tinha percepção do risco que ele estava correndo e colocou em risco a saúde de sua família e  coloca em riscos muitas famílias;
Mostra que ele não leu o rótulo e tão pouco sabe o que é intervalo de segurança;
O uso de produtos registrado para uma cultura e usado para outra, é um problema muito grave - por não ter estudo do intervalo de segurança, e tão pouco estabelecido o limite máximo de resíduos.

A entrada dos agrotóxicos no Brasil, foi praticamente imposto pelo governo na época e se nos dias atuais acontece, o que podemos ver nos relatos acima e abaixo, com certeza os governos são responsáveis por essa situação de descaso e mal uso dos agrotóxicos, que além de afetar diretamente a saúde dos agricultores também afeta ao dos consumidores.

Muita vezes, o pequeno produtor mal saber ler , não foi treinado para utilizar de uma forma “segura” esses produtos e não tem qualquer tipo de assistência, ficando nas mãos de pessoas que apenas tem o interesse em vender .

" O estado não tem política pública que coloca os extensionistas, através de concurso público, dentro das áreas de produção"  afirmou a engenheira florestal Denise Batista Alves, vice presidente da associação dos engenheiros florestais do Rio de Janeiro, durante o evento "Impactos dos agrotóxicos: alternativas e posicionamentos dos engenheiros agrônomos e florestais" realizado pelo clube de engenharia e que poderá ser acessado no link abaixo:

Agrotóxicos e saúde: questões urgentes

Infelizmente as história não terminam por ai...

Dona Ana vende frutas. Segundo ela, o produto que vende é confiável e que seu marido, pega de um mesmo produtor há 10 anos e quando ele aplicou alguma coisa – avisa.

Ela comenta que tem uma boa clientela ...

- A banana, o mamão e a manga que vendo, não é amadurecida a força com carbureto, porque essas frutas amadurecida a força não tem gosto e faz mal a saúde.

Dona Ana, comentou algo que a deixou  indignada.

Olha sabe o que estão fazendo agora? Estão aplicando Etrel na manga já colhida... para amadurecer, pode uma coisa dessa?

Outro dia ao comentar isso com um colega de trabalho ele disse:

Isso é verdade! Fulano … vendeu as mangas no pé e a pessoa que comprou, passou ethrel e em seguida colheu.

Houve-se  falar, no uso de ethrel na laranja e para dar mais cor na uva ...

Fui pesquisar sobre o ethrel na manga e encontrei o arquivo abaixo:


Etrel - Classe toxicológica II – ALTAMENTE TÓXICO e na cultura da manga é indicado para indução de florescimento e não existe indicação desse produto para aplicação no pós colheita para acelerar a maturação …. e como podemos ver no link acima – intervalo de segurança, não determinado devido à modalidade de emprego.

Na cultura da uva o ethrel ao consultar o AGROFIT – sistema de agrotóxico fitossanitário do Ministério da Agricultura, encontramos: A aplicação deverá ser de 15 a 20 dias antes da realização da poda de frutificação. Única aplicação.

Não existe recomendação para utilização para dar cor na uva.

No citrus? Não existe registro.

Então? Se não existe recomendação do ethrel para maturação da manga, do citrus e para melhorar a coloração da uva – isto significa, que não existe estudo e se não existe estudo, não existe intervalo de seguração estabelecido e tão pouco limite máximo de ingestão diária.

Quando existe intervalo de segurança e limite máximo de resíduos estabelecidos, mesmo assim, muitos especialistas tem vindo a público,  para dizer que o limite máximo de resíduos é arbitrário e não é confiável - e quando não existe? O problema é maior ainda!

Infelizmente esse é um pequeno retrato do que acontece no dia a dia com a agricultura brasileira que descobri com uma pequena conversa … e a fiscalização como é que fica?

Se pegarmos a história da entrada dos agrotóxicos na agricultura, podemos ver, que tudo começou com o apoio oficial, vamos dar uma breve recordada:

A política de crédito adotado pelo governo brasileiro foi bastante decisiva e ao mesmo momento impositivo para que o novo modelo de produção fosse implantado conforme podemos observar abaixo:
Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico ( GIRALDO, 2011).

Corraborando a citação anterior (FLORES, 2004) vai mais além ao mostrar a irresponsabilidade do governo brasileiro ao ceder as pressões internacional e obrigar os agricultores a adotar tecnologias desnecessária que não condizia com a realidade e necessidade da agricultura.

No Brasil, a partir de 1970, a produção agrícola sofreu grandes transformações. A política de estímulo do crédito agrícola, associada às novas tecnologias, impulsionou várias culturas, principalmente destinadas à exportação. Pacotes tecnológicos ligados ao financiamento bancário obrigavam os agricultores a adquirir insumos e equipamentos, muitas vezes desnecessários. Entre os insumos, estavam os pesticidas, que eram recomendados para o controle de pragas e doenças, como método de resguardar o potencial produtivo das culturas. Esse método obrigava aplicações sistemáticas de pesticidas, mesmo sem ocorrência das pragas, resultando em pulverizações excessivas e desnecessárias (RUEGG et al., 1991 apud Flores et all 2004 pág. 113).


Sem dúvidas, o governo e responsável pelo quadro acima e não é a toa que desde 2008 ,  somos o país que mais utiliza agrotóxicos e já passou da hora da sociedade, exigir uma resposta responsável a esse quadro de uso abusivo,  que já vem se alastrando por muitos anos e sem ação efetiva, para que sejam controlados e os produtores efetivamente orientados.

Existe muitas técnicas desenvolvidas que se fossem amplamente utilizadas, contribuiria e muito para a redução do uso de agrotóxicos, como por exemplo o manejado integrado de pragas e doenças.

Vejamos uma nota da EMBRAPA sobre o MIP.

O MIP – Soja é uma tecnologia que utiliza um conjunto de técnicas econômicas e ambientalmente sustentáveis para o manejo eficiente de insetos pragas que atacam as lavouras de soja. Nos últimos anos, infelizmente, os princípios do MIP não tem sido adotados, gerando desequilíbrios e contribuindo para um crescente aumento de uso de agrotóxicos.

Inseticida são usados de forma abusiva, com base em calendário, aproveitamento de operações, ou seja, junto com herbicidas e/ou fungicidas, sem considerar a presença efetiva das pragas. Isso provoca a eliminação precoce de inimigos naturais e forte desequilíbrios ambiental nas propriedades, podendo favorecer a seleção de insetos resistentes a determinados ingredientes ativos

Fonte: Folder 04/2012-Janeiro 2012 - Embrapa Soja

Infelizmente, em muitas regiões a assistência técnica oficial não é suficiente para atender toda a demanda, e os agricultores ficam, muitas vezes , apenas nas mão de vendedores que tem interesse em comercializar seus produtos e não tem interesse em técnicas para reduzir o uso de agrotóxicos.

A agricultura convencional, se for bem feita,  daria uma contribuição grande para redução do uso de agrotóxicos e isto deve ser um dever a ser garantido pelo estado, que deveria tomar medidas urgentes para garantir a redução dos usos de agrotóxicos e garantir a sociedade alimentos livres de resíduos.

O Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica que esta em fase final de estudo, será sem dúvida , uma importante resposta a sociedade- no sentido de oferecer alternativas tanto aos produtores, como aos consumidores – desde que, sai do papel e chegue  até aos produtores com assistência técnica efetiva.

Grande parte dos pequenos agricultores ou os agricultores da agricultura familiar como um todo, no geral, não tem instrução e nem preparo para utilizar os agrotóxicos de uma forma mais "segura"; não utilizam EPI e quando utilizam, utilizam parcialmente ou de forma errada, o que aumentam o risco de intoxicação , isto sem falar do período de reentrada nas áreas e outras normas de segurança ambiental e pessoal que são ignoradas.