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sábado, 29 de novembro de 2014

As leis não garantem segurança para consumir alimentos transgênicos", diz ativista americano

 

As leis não garantem segurança para consumir alimentos transgênicos", diz ativista americano
Fonte: O Globo e IDEC

Jeffrey Smith, diretor do Instituto de Responsabilidade Tecnológica dos EUA, diz que brasileiros estão expostos aos efeitos nocivos destes organismos geneticamente modificados, que segundo ele vão de problemas na digestão a tumores

RIO - Considerado um dos maiores ativistas mundiais da propagação do riscos à saúde humana associados ao consumo de organismos geneticamente modificados, o americano Jeffrey Smith esteve no Brasil na última quinta-feira para participar de um seminário internacional sobre segurança alimentar, em São Paulo, e de um bate-papo promovido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Por telefone concedeu entrevista ao GLOBO, na qual criticou a liberalidade dada por governos e reguladores à produção de transgênicos sem estudos que comprovem a inexistência de impactos aos consumidores.

Smith também afirmou que os brasileiros estão expostos aos efeitos nocivos desta produção, que segundo ele, vão de problemas na digestão a tumores, já que o país é o segundo maior produtor mundial de organismos geneticamente modificados e o com maior crescimento anual em área plantada de sementes transgênicas. Smith é também diretor do Instituto de Responsabilidade Tecnológica americano, onde dirige a “Campanha por uma Alimentação mais Saudável na América”.

O GLOBO - Qual é o risco dos transgênicos para o consumidor?

Jeffrey Smith - O problema está principalmente na ração animal feita com transgênicos. Há impactos nos animais que as consomem e em quem consome esses animais, que vão desde problemas com a digestão, reprodução e sistema imunológico a tumores e altos índices de mortalidade infantil, além de aceleração do envelhecimento. Há relatos de pessoas que, quando param de consumir alimentos com transgênicos sentem melhorias na digestão e no sistema imunológico. Quando os fazendeiros deixam de alimentar seu animais com transgênicos, os animais também melhoram nessas áreas. Além disso, estes mesmos problemas aumentaram expressivamente na população americana quando os transgênicos foram introduzidos, apesar dessa correlação não ser comprovada. Fato é que o aumento dessas doenças combina com o aumento do uso e inserção dos organismos geneticamente modificados. Uma das principais causas desses efeitos é que essas sementes são cultivadas com herbicidas agressivos.

O senhor defende que as empresas de biotecnologia enganam os governos não demonstrando esses riscos aos consumidores. Como elas fazem isso?

Primeiramente a Food and Drug Administration ( FDA - órgão governamental responsável pelo controle de alimentos nos EUA) declarou em 1992 que a agência não via nenhuma diferença entre organismos geneticamente modificados e os convencionais. Com base nesse argumento, disseram que nenhum teste seria necessário, inclusive deixaram de criar regras de rotulagem para informar os consumidores a respeito da presença de trans. Coisa que aqui no Brasil e na Europa existe.

Qual é o interesse da indústria em adotar esses organismos?

As indústrias conseguem as patentes das sementes e podem controlar toda a produção de alimentos. As sementes interagem diretamente com os produtos químicos necessários na plantação. Aí, determinada semente só pode ser usada com determinado herbicida. O que ocorreu foi um casamento dessas duas indústrias, resultando num monopólio que aumentou os preços das sementes. Dois terços da variedade de sementes foram eliminadas do mercado americano com a inclusão dos organismos transgênicos. E eles podem aumentar drasticamente o preço das sementes.

Qual é a relação entre a semente e o agrotóxico?

Normalmente se você coloca o herbicida glifosato na soja ele mata a produção. Nessas sementes transgênicas eles inseriram um gene de bactéria que permite a plantação ser trabalhada com o glifosato sem matá-la. Isso também facilita a produção, porque jogam esse agrotóxico mais facilmente sobre ela, inclusive com avião, reduzindo o custo da produção e as perdas de 5 a 10%. Mas, ao mesmo tempo, ficamos muito mais expostos aos agrotóxicos. Inclusive nos EUA as agências regulatórias tiveram de aumentar o percentual permitido de agrotóxicos.

Os consumidores têm informação suficiente para fazer uma escolha consciente?

A maioria dos cientistas está ligada às indústrias de biotecnologia e não estão nem aí para os riscos. Eles simplesmentes aprovam o uso dos transgênicos. As leis não garantem aos consumidores segurança para consumir alimentos transgênicos. O mais longo estudo conduzido pela indústria de alimentos de ração só durou nove dias. Quando cientistas independentes estenderam essa pesquisa por dois anos verificaram que os ratos alimentados com ração transgênica desenvolveram tumores absurdos. E morreram cedo. Na Europa e no Brasil há leis de rotulagem que obrigam as indústrias a informarem a presença de transgênicos no alimento. Nos EUA não. Mas acredito que muitas companhias não praticam essa lei. É fato que quanto mais as pessoas sabem sobre os produtos geneticamente modificados, menos elas confiam nesses alimentos. Nos EUA, estamos educando os consumidores por mais de 10 anos. E o número de americanos que diz evitar esses produtos é de 40%.

O Brasil é o segundo maior produtor de transgênicos e tem a área plantada que mais cresce no mundo. Somos mais expostos do que outros povos?

Há duas formas de exposição. Uma é pela comida e outra pelo agrotóxico usado na lavoura. Um estudo conduzido na Argentina mostrou que nas áreas próximas à produção de transgênicos houve um aumento absurdo de incidência de câncer nas pessoas. Outro aspecto é a comida. A comida é consumida de três maneiras, direto, pela alimentação animal ou pelo mel. Então os consumidores brasileiros estão expostos, mas depende muito de quanto se consome desses alimentos. Na África do Sul, as pessoas comem milho três vezes ao dia, então o risco é muito maior. Eu não sei muito sobre a dieta do brasileiro, mas a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está fazendo pesquisa em feijão e isso vai aumentar os riscos para os brasileiros.

Por que não se investe em pesquisas para comprovar esses malefícios?

Quando um cientista descobre algum problema relacionado aos transgênicos ele é atacado. Tenho documentos que mostram cientistas sendo demitidos e não conseguindo mais emprego por causa desses trabalhos. Isso levou à negação de financiamento de pesquisas do tipo e convenceu muitos cientistas a não tocarem nessa área. As sementes são patenteadas e é preciso ter permissão para pesquisar. Um grupo de 26 cientistas escreveu uma carta para a agência ambiental dos EUA reclamando que nenhuma pesquisa independente poderia ser feita por falta de acesso às sementes. Mas se eles conseguem as sementes não obtêm financiamento. E se conseguem os recursos, não conseguem publicar os resultados porque as revistas são ligadas à indústria e não aprovam pesquisas negativas ao setor.

As ONGs têm conseguido cumprir o papel de fiscalizadoras e pesquisadoras sobre esse tema?

Elas fazem um bom trabalho, mas não são financiadas suficientemente para atuar nesse tema. Eu tenho uma ONG e estamos fazendo uma pesquisa para saber das pessoas quais são os sintomas quando param de se alimentar de transgênicos. Isso não é competência dessas organizações, mas do governo. Só que, como existe esse gargalo, temos de atuar.


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

7 Milhões de Abelhas Morrem após o Plantio de Milho Transgênico no Canadá



Dezenas de milhares de abelhas morreram em Ontário desde que o milho transgênico foi plantado há algumas semanas. Um dos produtores locais de mel, Dave Schuit, denunciou ao site ‘Organic Health‘ que somente a sua granja perdeu 600 colmeias, o que equivale a 37 milhões de abelhas.

Os criadores de abelhas culpam a morte de suas colônias aos neonicotinoides, especialmente o Imidacloprid e a Clotianidina (ambos da Bayer), que são inseticidas geralmente aplicados tanto em sementes como em tratamentos foliares e que penetram no pólen e no néctar.

Enquanto a metade dos países da União Europeia, incluindo a Alemanha, limitam legalmente o uso dos neonicotinóides por preocupações ambientais depois que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos definiu os riscos relacionados, nos EUA continuam sendo um dos mais usados.

No passado, muitos cientistas se esforçaram para encontrar a causa exata da enorme mortandade, um fenômeno que eles chamam de “desordem de colapso de colônia” (DCC). Nos Estados Unidos, por sete anos consecutivos, as abelhas estão em declínio terminal.

O colapso na população mundial de abelhas é uma grande ameaça para as culturas. Estima-se que um terço de tudo o que comemos depende da polinização das abelhas, o que significa que as abelhas contribuem com mais de 30 bilhões de dólares para a economia global.

Um novo estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, revelou que os pesticidas neonicotinoides matam as abelhas por danificar o seu sistema imunitário e as tornam incapazes de combater doenças e bactérias.

Após relatar grandes perdas de abelhas após a exposição ao Imidacloprid, foi proibido o seu uso em plantações de milho e girassol, apesar dos protestos da Bayer. Em outra jogada inteligente, a França também rejeitou a aplicação da Clotianidina pela Bayer, e outros países, como a Itália, também proibiram certos neonicotinoides.

Após o recorde de mortes de abelhas no Reino Unido, a União Europeia proibiu vários pesticidas, incluindo os pesticidas neonicotinóides.

Leia mais: http://www.noticiasnaturais.com/2014/11/37-milhoes-de-abelhas-morrem-apos-o-plantio-de-milho-transgenico-no-canada/


Fonte: Segundo Sol

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Intoxicação por agrotóxicos ainda faz vítimas no campo

Marcos Zanutto
O médico me disse que ou eu parava com a atividade ou morria de intoxicação", lembra o ex-produtor rural Expedito de Souza
 
Expedito Pereira de Souza é ex-produtor rural. Durante anos se dedicou à produção de tomate, pepino e uva no distrito de Guaravera, zona sul de Londrina. Mas há 18 anos foi forçado a deixar a propriedade aos cuidados de familiares para tratar da saúde.

Souza foi uma das vítimas de intoxicação por agroquímicos, produtos que eram aplicados para livrar a lavoura de pragas e doenças.

O último levantamento realizado em 2011 pelo Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que 5.075 pessoas foram intoxicadas com defensivos agrícolas naquele ano, representando 4,79% do total de casos de intoxicação registrados no Brasil.

 O número é ligeiramente menor se comparado ao levantamento de 2001, quando o volume de casos por intoxicação com agrotóxicos no País chegou a 5.384. Ainda que menor, preocupa as autoridades de saúde.

O número de intoxicações por agroquímicos nas lavouras brasileiras pode ser bem maior, já que os dados da Fiocruz só computam casos de pessoas que recebem atendimento médico imediato, ou seja, quando a intoxicação é aguda. Casos crônicos não são computados.

"É difícil conseguir ver os efeitos crônicos de exposição ao agrotóxico durante 20, 30 anos", revela Luiz Claudio Meirelles, pesquisador da área de saúde pública do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fiocruz. Segundo ele, as pessoas não têm consciência de que uma doença pode aparecer ocasionada pela exposição a esses produtos. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que de cada 100 casos de intoxicação por agroquímicos ocorridos nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, apenas em torno de 5% são notificados.

domingo, 16 de novembro de 2014

É seguro, ingerir diariamente resíduos de agrotóxicos?




A ANVISA,  divulgou na sexta feira dia 14/11,  um novo estudo, sobre a análise de resíduos de alimentos que você poderá conferir AQUI.

Abaixo, estou reproduzindo, uma análise que fiz - referente a uma divulgação anterior que foi feito pela ANVISA,  mas, que continua atual porque nada tem mudado nos últimos anos.

Na verdade a situação dos agrotóxicos é mais grave do que os dados conseguem detectar, se quiser ter uma ideia melhor, clique no link abaixo:

Papo com feirante - O veneno nosso de cada dia, continua na mesa ...

A ANVISA iniciou em 2001 um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) com o objetivo de avaliar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam á mesa do consumidor. O PARA monitorou em 2010 (ANVISA,2001) dezoito alimentos: abacaxi, alface, arroz, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango, pepino, pimentão, repolho e tomate.

Dos 400 ingredientes ativos registrados, foram pesquisados 235 e o glifosato um dos mais utilizados- não foi incluído na pesquisa.
 

sábado, 15 de novembro de 2014

Anvisa aponta irregularidades em uso de agrotóxicos

 

Levantamento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostra que 25% de amostras de abobrinha, alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva apresentavam irregularidades relacionadas ao uso de agrotóxicos em 2012. 

O estudo, divulgado nesta sexta-feira, 14, revela que, de um total de 1.397 amostras, 347 foram consideradas insatisfatórias.

Dois problemas foram identificados: o uso de substâncias proibidas para determinada cultura ou alto grau de resíduos de agrotóxicos no alimento.

 Não foram encontrados indícios de usos de substâncias agrotóxicas proibidas no País.

"Mas é preciso investigar mais, dar continuidade às análises e expandir cada vez mais o número de culturas para verificar se tais produtos não estão presentes no País", afirmou a superintendente de toxicologia da Anvisa, Sílvia Cazenave.

A cultura com maior índice de irregularidades foi a abobrinha. Foram consideradas insatisfatórias 48% das 229 amostras analisadas em todo o País.
 
 Em seguida, vem a alface, com índice de 45% de reprovação. 

As análises integram o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), criado em 2001 pela Anvisa. O trabalho é feito de forma conjunta com Estados e municípios. Para o monitoramento, são escolhidos alimentos que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são os mais consumidos pelo brasileiro. Também é levada em consideração o perfil do uso de agrotóxicos nestes alimentos. A lista é alterada a cada três anos.

Esta é a segunda etapa da análise do PARA de 2012. Na primeira fase, divulgada em 2013, foram analisadas outras culturas: abacaxi, arroz, cenoura e pepino. Para essas culturas, o porcentual de amostras insatisfatórias havia ficado em 29%. "Não há como dizer se a situação no País melhorou, está igual ou piorou", resumiu Sílvia.

Veja a primeira etapa divulgada em 2013 clicando AQUI

 Ela afirma que, para fazer tal comparação, seria necessário observar um grupo de culturas durante um período determinado, ao longo dos anos. "Vamos chegar a isso", disse.


Em 2012, o pimentão, uma das culturas que se destacaram ao longo dos últimos anos pelo alto índice de irregularidades, ficou de fora. A decisão de retirar o produto da análise, de acordo com a gerente geral de toxicologia da Anvisa, Ana Maria Vekic, foi tomada em razão de dois fatores: necessidade de se variar os produtos analisados e de concentrar um olhar mais cuidadoso para produtos que brasileiro consome com mais frequência. 

De acordo com a equipe da Anvisa, o pimentão, comparativamente, é menos consumido do que as culturas analisadas em 2012.

"Os consumidores não estão correndo risco em consumir produtos da lista", garantiu Sílvia. Ela, no entanto, emendou dizendo que o ideal é procurar variar ao máximo o tipo de alimento consumido. Ana contou ser raros os casos de intoxicações agudas pelo consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos. "Os problemas são verificados a longo prazo.   Podem trazer problemas neurológicos, aumentar o risco de câncer", disse. Isso acontece porque diversos agrotóxicos aplicados nos alimentos agrícolas e no solo penetram nas folhas e polpas. A lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas podem contribuir para redução dos resíduos de agrotóxicos, ainda que sejam incapazes de eliminar aqueles contidos em suas partes internas.

Nota do blog: a afirmação acima é no mínima contraditória e uma desinformação a sociedade em um primeiro momento, mas, qualquer pessoa que tem a capacidade de analisar, pode ver a contradição na afirmação da superintendente de toxicologia da Anvisa. Em um primeiro momento ela afirma que os consumidores não estão correndo risco em consumir produtos acima e depois coloca os problemas são verificados a longo prazo e podem  trazer problemas neurológicos, aumentar o risco de câncer ... no mínimo esta subestimando nossa inteligência.


Ana explica que, quando o agrotóxico é registrado no País, é indicado para quais culturas ele pode ser adotado. Muitas vezes, um produto indicado para lavouras de feijão, por exemplo, pode ser proibido para o cultivo de tomates. Assim como, em anos anteriores, foi identificado um porcentual significativo de lavouras tratadas com agrotóxicos que não foram registrados para este fim. "Isso pode levar, indiretamente, a um consumo maior de agrotóxicos do que o desejado", disse Ana.

 "Passamos a perder o controle do que está sendo consumido e isso, claro, não é algo a ser desejado."

A superintendente da Anvisa chama a atenção também para o risco a que trabalhadores das culturas estão submetidos. "Daí a necessidade de formação de produtores rurais. Eles são as principais vítimas do uso indevido de agrotóxicos", completou.


A partir dos resultados, a Anvisa deve desencadear uma série de medidas. Laudos dos resultados do PARA serão encaminhados para supermercados e locais onde amostras foram retiradas para a análise.

 Um mapeamento das culturas mais críticas para o emprego irregular dos agrotóxicos será realizado.

domingo, 9 de novembro de 2014

A falta da água

Foto: O que adianta ser líder mundial na exportação de laranja, soja e café se a população não tem água?  União para proteger todas as florestas e mais, precisamos correr contra o tempo no reflorestamento das áreas de mananciais (nascentes dos rios). "São Paulo não tem esse colchão verde de amortecimento. Está a mercê de todas as influências externas", disse professor Antonio Nobre. A falta de água no estado de São Paulo é só o começo da tragédia.

Árvore, ser Tecnológico



O que mais se vê, são discussões - como se a falta da água fosse de competência de São Pedro e que logo, chove e tudo estará resolvido, quando que a verdadeira causa não é discutida.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Exposição a agrotóxicos pode causar alterações no DNA, mostra pesquisa

Trabalho analisou 108 produtores rurais de Caxias do Sul (RS)

Valquíria Vita
Divulgação
Os resultados de uma pesquisa apresentada na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), pela bióloga geneticista Juliana da Silva, professora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) reforçam um aviso sempre necessário: os agricultores devem utilizar equipamentos de proteção (EPIs) para lidar com os agrotóxicos.

A pesquisa, realizada pela Ulbra, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), analisou, de 2001 a 2003, as células de 108 viticultores da cidade de Caxias do Sul (RS), todos homens, expostos a agrotóxicos há cerca de 30 anos. Foram detectadas lesões no DNA de todos os produtores, sendo que eles apresentaram aproximadamente seis vezes mais lesões no DNA do que um grupo de pessoas não expostas aos agrotóxicos.

A geneticista explica para os leigos:

– Alteração no DNA significa que a célula avaliada possui quebras. Muitas vezes as células não conseguem consertar essas quebras e acabam morrendo. Se ela morrer, o organismo tem que produzir mais células, e, nesse sistema de morre e produz, a célula pode ter algum problema e começar a se dividir sem parar. É aí que pode surgir um tumor.

Os danos das células, segundo Juliana, podem se acumular no sistema de uma pessoa, causando, no caso dos expostos aos pesticidas, não somente câncer, mas outras doenças, como Alzheimer.

– Alegaram ter incidência de câncer na família 40% dos entrevistados. Ainda foram observados problemas reprodutivos em aproximadamente 18% deles – afirma Juliana.