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sábado, 30 de junho de 2012

Uso de agrotóxicos segue descontrolado



As políticas públicas de fiscalização do comércio e uso consciente de agrotóxicos não estão atingindo o resultado desejado na agricultura brasileira. Apesar dos programas federal e estaduais para o controle do produto nas lavouras, o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. De acordo com informações da Associação Nacional de Defesa de Vegetal (Andef), que representa os fabricantes, o setor movimentou US$ 8,4 bilhões em 2011, crescimento de 16,3% em relação a 2010 – US$ 7,3 bilhões. O fator preocupante é que parte do comércio é inadequado e indiscriminado.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os índices de monitoramento do uso do agroquímico no país se mantiveram constante nos últimos anos. Cerca de 30% dos alimentos analisados apresentam indicações de que o produto foi utilizado fora das normas da bula. Além disso, em média, cinco mil pessoas apresentam intoxicação anualmente. Resultados que provam que as políticas públicas não estão atingindo os resultados desejados.

“As coisas não mudaram muito nos últimos anos. Durante o monitoramento, nós encontramos agrotóxicos não autorizados e acima da média nos alimentos”, lamenta Luis Eduardo Pacifici Rangel, coordenador geral de agrotóxicos do Mapa. “Estamos construindo novos programas com participação dos estados para punir o agricultor que utilizar de forma incorreta.”

O coordenador aponta a enorme quantidade de propriedades rurais no país – oito milhões - como um dos principais desafios da fiscalização. “Nós não temos pessoal suficiente. Então, contamos com o processo de denúncia da sociedade”, aponta.

Para o fiscal do Departa­men­­­to de Fiscalização Sa­­nitária (Defis) da Secretaria da Agricultura e do Abas­­tecimento (Seab) do Paraná João Miguel Tosato existe a necessidade imediata da padronização do sistema de fiscalização. Atualmente, cada um dos 27 estados tem uma forma distinta de realizar o controle da venda e uso do produto. “A discrepância é muito grande e os estados estão em descompasso”, diz o fiscal.

Uso familiar

Apesar do grande número de propriedades rurais no Brasil, o problema do uso indevido dos agrotóxicos está concentrado nas pequenas lavouras, principalmente as familiares. De acordo com o coordenador do Mapa, os grandes agricultores, que consomem 80% do produto colocado no mercado, fazem de forma correta e consciente, até porque contam com a assessoria de profissionais e técnicos capacitados. “Cerca de 20% do mercado [pequenas propriedades] causam 70% do problema”, aponta Rangel.

Fonte: http://www.dihitt.com.br/barra/agrotoxicos-ligados-a-suicidios-de-agricultores-em-ms

Para saber mais:

Estudo mostra que uso de agrotóxicos pode mudar o comportamento de gerações futuras
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/05/estudo-mostra-que-uso-de-agrotoxicos.html

Não temos laboratórios para verificar toxicidade dos agrotóxicos, diz Anvisa
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/06/nao-temos-laboratorios-para-verificar.html

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Lei da Merenda Orgânica





O Paraná tem inovado e saindo a frente em algumas leis voltado a preservação ambiental e a saúde da população em geral através de iniciativa como a que prevê a proibição do amianto no estado, a proibição do uso de Bisfenol A em produtos infantis, a logística reversa de medicamentos , auto-denúncia para a localização e quantificação de BHC e demais agrotóxicos proibidos no Estado do Paraná, a lei da agroecologia e a lei da merenda orgânica.

A lei da merenda orgânica de iniciativa dos LUIZ EDUARDO CHEIDA,Deputado Estadual – PMDB, ELTON WELTER, Deputado Estadual – PT e LUCIANA RAFAGNIN Deputada Estadual – PT é uma iniciativa que deveria ser copiadas pelos demais estados porque visa a proteger uma parcela da população que é mais vulnerável que são as crianças.

Segue abaixo a justificativa apresenta no projeto de lei Institui no âmbito do sistema público estadual de ensino fundamental e médio do Paraná a Merenda Escolar Orgânica.

Na infância e na adolescência o corpo humano se forma. Todos os nossos órgãos, como os rins, fígado, pulmões, tiram de nossa alimentação e de nossos hábitos de vida os nutrientes e as condições para toda a vida. Quanto melhor forem as condições neste período de vida, melhor será nossa saúde na vida adulta e principalmente na velhice.

Inúmeros estudos clínicos e científicos demonstram que uma nutrição de baixa qualidade ou que contenha inúmeras substâncias tóxicas, repletas de aditivos químicos e hormônios sintéticos propiciam ou estimulam o aparecimento de doenças degenerativas. O consumo de carnes com hormônios e antibióticos em excesso já é considerado um fator de risco para o aparecimento de neoplasias (cânceres).


Atualmente, apesar dos esforços meritórios das Secretarias de Estado da Educação e do Meio Ambiente, a merenda escolar continua sendo ofertada com agrotóxicos, antibióticos, hormônios, etc. A Secretaria de Estado da Saúde já despende enormes quantias para o tratamento de doenças degenerativas, que com certeza poderiam ser evitadas, ou ao menos minimizadas, caso a população não consumisse alimentos contaminados.

O único argumento que poderia ser contrário à merenda orgânica seria a comparação do preço do alimento orgânico em relação ao convencional. Entretanto, com a elevação do consumo deste tipo de produto, e o conseqüente aumento da demenda, seus preços irão baixar e certamente deverão se aproximar dos produtos convencionais.

No entanto, em que pese a superficial argumentação atinente ao preço, questiona-se: quanto vale investir na promoção da saúde de nossos filhos? Quanto custa para o Estado do Paraná os inúmeros casos de intoxicação por agrotóxicos? Quanto custa ao Estado do Paraná as inúmeras doenças decorrentes do uso dos agrotóxicos?

De acordo com o Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotoxicos da Organização Pan-Americana da Saúde [1], a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram no mundo cerca de três milhões de intoxicações agudas por agrotóxicos, com 220 mil mortes por ano. Dessas, cerca de 70% ocorrem em países do chamado Terceiro Mundo. Além da intoxicação de trabalhadores que têm contato direto ou indireto com esses produtos, a contaminação de alimentos tem levado a grande número de intoxicações e mortes.

Conforme o Centro de Epidemiologia (CEPI) da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA-PR), os agrotóxicos aparecem em segundo lugar como causa de intoxicação humana. Nos anos de 1993 e 1994 foram registrados 1.141 e 1.059 casos, respectivamente. A circunstância profissional aparece em primeiro lugar, correspondendo a 53,4% dos casos em 1993, e a 63,2% em 1994. Em seguida aparece o suicídio com 25,6% e 21,2% dos casos, respectivamente. A circunstância acidental aparece em terceiro lugar, com 19,2% e 11,8% dos casos, respectivamente.

Os principais sintomas da intoxicação por agrotóxicos são dores de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos, dificuldades respiratórias, paralisias, dermatites de contato, formação de catarata e atrofia do nervo óptico, lesões cerebrais irreversíveis, pancitopenia (redução das células sanguíneas), neurites periféricas (inflamação dos nervos), diplopias (visão dupla), tremores, aumento da pressão arterial, pendências ao suicídio, tumores malignos, morte fetal, hemorragias, coma e a morte.

Não bastasse o forte argumento de economia que o Estado terá evitando problemas causados à saúde pública, também se economizará devido ao fato de os produtos serem adquiridos diretamente dos produtores orgânicos locais.

Segundo o Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura – SEAB, existem no Paraná 5.300 produtores de orgânicos no Estado. A safra de 2006/2007 foi de 107.230 toneladas, sendo que na safra de 1996/1997 foram produzidas 4.000 toneladas, ou seja, houve o aumento de 103.230 toneladas em dez anos! Seguindo-se esta projeção, o Estado do Paraná poderá ter um aumento, nos próximos dez anos, de 2.680,75% a mais de produtos orgânicos no ano de 2016, chegando a produzir 2.980.994 toneladas de produtos orgânicos!!!

O presente Projeto de Lei beneficiará em sua plenitude 2.110 escolas estaduais, mais de meio milhão de pessoas. Mas isso ocorrerá de forma gradual, para que não haja impacto financeiro no Orçamento do Estado.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 24, aduz que é competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar sobre produção e consumo; conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor; educação e cultura. Assim, não há que se falar em incompetência legislativa para a proposição do presente Projeto de Lei.

Ademais, o artigo 225 da Constituição da República preconiza que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações"; e o texto da Constituição do Estado do Paraná, em seu artigo 207, complementa o texto constitucional, incluindo a "garantia à proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais".
Está nas mãos da Assembléia Legislativa do estado do Paraná dizer sim à saúde de nossas crianças, dizer não às intoxicações e às inúmeras mortes decorrentes dos agrotóxicos e proteger o meio ambiente para uma vida futura com qualidade para todos. Conto com o apoio dos nobres pares para dizer sim à vida!

O lado bom de tudo isto já que no Brasil infelizmente tem-se a cultura que uma lei pega ou não pega é que esta lei pegou... e o resultados podemos ver abaixo:


O Paraná triplicou a quantidade de escolas que oferecem alimentos orgânicos na merenda: o número passou de 140 no ano passado para 414. A quantidade de alimentos orgânicos oferecidos também aumentou de nove para 660 toneladas no mesmo período. O que impulsionou este quadro foi a Lei da Merenda Escolar Orgânica, sancionada em 2010. “Estamos protegendo nossas crianças. Agrotóxicos causam doenças, inclusive o câncer. A merenda sem agrotóxico cuida dos alunos e introduz um novo conceito na escola: o de que é possível e preciso ter uma vida saudável”, comenta o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB), autor do projeto, que foi escrito em conjunto com os deputados Luciana Rafagnin e Elton Welter, do PT.

A lei, de número 16751/2010, estabelece adoção gradativa da merenda orgânica, até que 100% das escolas sejam contempladas. “Tivemos a preocupação de fixar a implantação gradual, justamente prevendo adequações necessárias“, ressalta Cheida.

Márcia Cristina Stolarski, diretora da Superintendência de Desenvolvimento Educacional, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Educação, avalia que os agricultores familiares têm vantagens ao se especializarem na produção de alimentos orgânicos para a merenda escolar: “O edital para a compra de alimentos dá prioridade à agricultura familiar e esses produtos costumam ser mais valorizados no mercado”.

Atualmente, 87% das escolas estaduais adquirem gêneros alimentícios da agricultura familiar para composição da alimentação escolar. São 1.807 estabelecimentos de educação básica que compram alimentos frescos direto de pequenas propriedades. O valor investido aumentou de R$ 2,5 milhões para R$ 23 milhões no último ano.


Aos deputados que fizeram a lei e a todos que aprovaram fica o nosso reconhecimento!

Fonte: 

Não temos laboratórios para verificar toxicidade dos agrotóxicos, diz Anvisa




Para Heloísa Rey Farza, médica especialista em toxicologia e técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a legislação permissiva à entrada de agrotóxicos e o sucateamento da agência, que conta com poucos profissionais e nenhum laboratório, permitem a liberação desses venenos no mercado.

“O governo não tem laboratório público para fazer os mesmos testes que exigimos da indústria, que pode apresentar os resultados que quiser. Muitas vezes pegamos fraudes nos estudos e pedimos que sejam refeitos. Mas muitas vezes não pegamos, porque não vimos o teste acontecer”, denuncia.

Confira a entrevista de Heloísa à Página do MST.

Quantos técnicos a Anvisa tem?

Atualmente temos 22 técnicos, encarregados de fazer a avaliação toxicológica dos agrotóxicos, entre outras coisas . Nós não registramos agrotóxico. Quem registra é a área a qual o agrotóxico vai servir. Se é para tratamento de florestas, águas superficiais, é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Se for para a agricultura, quem registra é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ibama, Anvisa e MAPA recebem três dossiês. O nosso é toxicologia, saúde. Se faz mal ou não à saúde, e é nessa base que fazemos nosso trabalho.

Agora, quando nós dizemos que determinado produto pode ser utilizado para agricultura ou meio ambiente, opinião que deve coincidir com a dos outros dois órgãos, nós nos baseamos na legislação atual, que não protege a saúde da população. Pelo contrário, ela é permissiva.

Por exemplo, a legislação só permite tirar um produto cancerígeno do mercado se ele for cancerígeno para dois tipos de animais nos testes. E quem fornece para nós os documentos de testes em animais?

A indústria.

O que o governo pode fazer para atestar?

O governo não tem laboratório público para fazer os mesmos testes que exigimos da indústria, que pode apresentar os resultados que quiser. Muitas vezes pegamos fraudes nos estudos e pedimos que sejam refeitos. Mas muitas vezes não pegamos, porque não vimos o teste acontecer. Se o agrotóxico é cancerígeno para uma espécie, mas não para outra, estamos de punhos amarrados e temos que liberar, mesmo se soubermos que provavelmente houve fraude. Nós é que temos de provar que o produto é cancerígeno, não a indústria. Na realidade, o que acontece é essa inversão de provas, com o governo tendo de provar que faz mal à saúde e não a indústria tendo que provar que não faz mal á saúde. Por conta dessa legislação antiga, acabamos obrigados a liberar muita coisa que não queremos.

Por que a Anvisa não tem uma estrutura maior?

Não podemos contratar funcionários via concurso público por causa do inchamento do setor público. Fizemos uma contratação para a Anvisa em 2005, mas muitos do que entraram já saíram, pois o salário é muito baixo. Médicos, por exemplo, não param na Anvisa por causa do salário. Com isso, a equipe vai empobrecendo, porque tem que ser multidisciplinar. A Agência de Proteção Ambiental (EPA, sigla em inglês), órgão semelhante à Anvisa nos Estados Unidos, conta com 500 funcionários que fiscalizam as empresas e analisam os agrotóxicos . Eles consomem menos agrotóxicos que nós.

Como é feita a análise toxicológica?

Nós temos um arcabouço que dá segurança na análise. A Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD, sigla em inglês) estabeleceu parâmetros para estudos de laboratório. Criou documentos que guiam as formas pelas quais os testes devem ser feitos. O que nós não temos como controlar é se tudo o que está dito no dossiê das empresas realmente foi feito. Por isso, não há como saber se os resultados apresentados são reais. Temos mecanismos para impor algumas regras na análise, como seguir à risca a legislação e as regras da OECD, mas não podemos garantir que o resultado apresentado pela indústria seja verídico.

A nossa atividade é controlar para ver se não há inverdade no que nos escrevem. Se houver alguma dúvida, pedimos para que refaçam. Além disso, comparamos os dados que nos são enviados com o que tem na literatura sobre toxicologia. Eventualmente, consultamos também agências reguladoras de outros países, como a Alemanha, para ver a situação desses produtos a nível internacional.

Tomamos todas as medidas possíveis para não deixar passar inverdades, mas se tivéssemos laboratórios públicos para fazer testes – não todos, porque sairia muito caro, mas pelo menos para refazer aqueles dos quais duvidamos – seria uma grande diferença. Se tivéssemos também mais gente na equipe para analisar de uma maneira mais profunda, avançaríamos mais.

O que nós temos feito para melhorar a análise são cursos de formação para os técnicos da área de gerência em toxicologia. Todos nossos técnicos são especialistas em toxicologia. Estamos terminando agora um curso de mestrado no tema, que a metade da nossa equipe fez e esperamos conseguir fazer para a outra metade. Depois dos cursos, houve uma melhora nítida na qualidade das análises. O senso crítico é maior, a percepção das inverdades é maior, as decisões são ponderadas de forma mais científica, sem achismos ou consulta à literatura externa.

Qual a sua avaliação da Campanha contra os agrotóxicos?



São nossos parceiros, porque tanto eles quanto nós temos o interesse de que a população seja preservada dos efeitos nocivos dos agrotóxicos. Nós temos contribuído fornecendo subsídios e informações, que são o nosso papel. Fornecemos toda informação em toxicologia que é solicitada. Sempre participamos de palestras sobre agrotóxicos quando nos pedem.

Qual a sua opinião sobre a questão do agronegócio começar a adotar o discurso da agricultura sustentável?

O agronegócio não tem muita escolha. Produzir novos agrotóxicos está saindo muito caro. Gasta-se bilhões de dólares. Além do mais, não é possível inventar moléculas infinitamente. Há poucos átomos existentes na natureza que possam ser combinados. Há 30 ou 40 anos para achar um ingrediente ativo que fosse eficaz do ponto de vista agronômico, era preciso pesquisar em torno de 1300 moléculas novas. Atualmente, para achar um ingrediente ativo novo, é preciso pesquisar 200.000 moléculas novas. Isso custa muito caro.

Não é mais rentável?

Não é mais rentável produzir agrotóxicos novos. As seis grandes indústrias de agrotóxicos têm pesquisado muito pouco os ingredientes ativos, tanto que nos apresentam pouca coisa. A própria indústria química, a de agrotóxico em particular, está reduzindo seu investimento. Aí surge a apropriação do discurso da agricultura sustentável, que é um discurso que mostra como essas corporações vão evoluir.

Daqui há pouco, eles próprios vão começar a falar mal de agrotóxico. O interesse das corporações está se voltando para a compra de sementes. Elas estão comprando sementeiras no mundo inteiro, de tudo. Não é apenas de soja, algodão, cana ou milho. Todo tipo de semente está sendo comprada. Se essas empresas mudarem uma vírgula na composição genética dessas sementes, elas passam a ser patenteadas. Esse é o nível em que a agricultura está chegando. O pagamento de royalties pelas sementes vai fazer com que se pague cada vez mais caro para produzir alimento.

E o que fazer para evitar este quadro?

A primeira coisa é a população se dar conta do que está acontecendo. No caso dos agrotóxicos, a sociedade acordou para o problema quando o investimento neles está praticamente no fim da linha. Agora, é preciso intervir antes que a situação se instale de uma vez por todas. Cabe à população agir. E a população organizada é a primeira a se movimentar.

Os pequenos agricultores e as associações de agricultores devem começar a levantar este problema e fazer com que as pessoas ouçam, mostrando que estamos correndo um novo risco. Não só o de continuar consumindo agrotóxico, que serão produzidos até o último suspiro dessa indústria em particular, mas também prevenir que mais tarde sejamos obrigados a comprar sementes patenteadas de todos os alimentos.


Noticia relacionada;

“A legislação não protege a saúde da população. Pelo contrário, ela é permissiva. Por exemplo, a legislação só permite tirar um produto cancerígeno do mercado se ele for cancerígeno para dois tipos de animais nos testes, e quem fornece para nós os documentos de testes em animais? A indústria. O governo não tem laboratório público para fazer os mesmos testes que exigimos da indústria.”
http://www.radioagencianp.com.br/node/10860


Para saber mais:

Estudo mostra que uso de agrotóxicos pode mudar o comportamento de gerações futuras
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/05/estudo-mostra-que-uso-de-agrotoxicos.html

Uso abusivo de agrotóxicos: ameaça à saúde e ao meio ambiente
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/05/uso-abusivo-de-agrotoxicos-ameaca-saude.html

terça-feira, 26 de junho de 2012

Coca-Cola vendida no Brasil tem maior concentração de substância potencialmente cancerígena


A Coca-Cola comercializada no Brasil contém a maior concentração do 4-metil-imidazol (4-MI), subproduto presente no corante Caramelo IV, classificado como possivelmente cancerígena. A análise foi realizada no Centro de Pesquisa CSPI (Center for Science in the Public Interest), de Washington D.C. Eles testaram a quantidade da substância nas latas de Coca-Cola também vendidas no Canadá, Emirados Árabe, México, Reino Unido e nos Estados Unidos. As informações sobre o estudo foram divulgadas pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

A pesquisa que apontou os riscos do Caramelo IV à saúde das pessoas foi feito pelo Programa Nacional de Toxicologia do Governo dos Estados Unidos e fez com que a Iarc (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer), da OMS (Organização Mundial da Saúde), incluísse o 4-MI na lista de substâncias possivelmente cancerígenas.
Contatada pelo UOL, a assessoria de imprensa da Coca-Cola ainda não se pronunciou a respeito do estudo.

Concentrações

De acordo com o Centro de Pesquisa CSPI, o refrigerante vendido no Brasil contém 263 mcg (microgramas) do corante cancerígeno em 350 ml, cerca de 267mcg/355ml. Essa concentração é muito maior em comparação com a Coca-Cola vendida no Quênia, que ficou na segunda posição, com 170 cmg/355ml.


PaísQuantidade de 4-MI por 355 ml de refrigerante
Brasil267 mg
Quênia177 mg
Canadá160 mg
Emirados Árabes Unidos155 mg
México147 mg
Reino Unido145 mg
Estados Unidos (Washington)144 mg
Japão72 mg
China56 mg


A Coca-Cola do Brasil fornece nove vezes mais o limite diário de 4-MI estabelecido pelo governo da Califórnia, que estipulou a quantidade máxima de 39 ml do refrigerante por dia e nenhum outro produto que possui o corante Caramelo IV em sua composição.

Como nos últimos 30 anos o consumo de refrigerante quintuplicou no Brasil, o Idec ressalta que, independentemente da presença do corante, todas as bebidas que contêm açúcar devem ser evitadas, pois se consumidas em excesso podem aumentar o risco de diabetes, obesidade e doenças associadas aos cânceres de esôfago, rins, pâncreas, e


À Anvisa, o Idec questionou a base científica para permissão do uso do Caramelo IV no Brasil (estudos que garantem a segurança do aditivo), e se a agência monitora as quantidades de Caramelo IV e 2-metilimidazol e 4-metilimidazol presentes nos produtos alimentícios brasileiros. O Idec exigiu que a agência adotasse providências imediatas, tendo em vista a proteção à saúde do consumidor.

As empresas e a Anvisa terão o prazo de 10 dias para responder aos questionamentos do Idec.



Notícia relacionada:

Substância comum em refrigerantes seria cancerígena, diz pesquisa
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/03/substancia-comum-em-refrigerantes-seria-cancerigena-diz-pesquisa.html

domingo, 24 de junho de 2012

Curta Agroecologia: vídeos multiplicadores de experiências que dão certo




A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) lançou na Cúpula dos Povos na Rio+20 o projeto Curta Agroecologia, com pequenos documentários em vídeo retratando experiências em Agroecologia no Brasil. A ideia é dar visibilidade às iniciativas que vem dando certo em diversas regiões do país, e fomentar, nos diferentes setores da sociedade, o debate em defesa da mudança no modelo de desenvolvimento agrário brasileiro. É fundamental que as pessoas do campo e da cidade tenham clareza da importância da agricultura familiar camponesa e da alimentação saudável, bem como outros benefícios e avanços civilizatórios da agroecologia, pois só assim mudanças estruturais poderão ocorrer.

Na primeira fase do Curta Agroecologia foram produzidos quatro vídeos de aproximadamente 7 minutos. Cada um deles foi filmado numa região diferente, de modo a mostrar a eficiência da agroecologia na diversidade nacional. Quebradeiras – a resistência extrativista retrata a vida das quebradeiras de côco babaçú no Maranhão; Água boa é uma experiência de preservação de nascentes através da mobilização da agricultura familiar e da implantação de sistemas agroflorestais em Araponga, Zona da Mata de Minas Gerais; Redes auto-sustentáveis: alimentos agroecológicos no litoral norte do RS mostra agricultores/as agroecológicos/as produzindo alimentos saudáveis comercializados para a merenda escolar local, feiras e mercados próximos e contribuindo para a preservação do meio ambiente e o consumo consciente; o quarto vídeo, em fase de finalização, foi filmado no agreste da Paraíba, e mostra como o enfoque agroecológico viabiliza a convivência com o semiárido. Os vídeos foram realizados pelas produtoras Cipó Caboclo, Coletivo Catarse, Olhar Electromatto e Txai Filmes. O projeto contou com apoio da Oxfam, ActionAid, Misereor, Heifer e EED.

Os vídeos mostram como a agroecologia é capaz de recuperar os solos, cuidar das águas, promover a produção de um alimento saudável, a qualidade de vida para o agricultor familiar no campo, etc. São mensagens curtas, de fácil entendimento para o grande público. Esse material está sendo apresentado durante as atividades da ANA na Cúpula dos Povos e divulgado em mídias parceiras. Com o lançamento desse projeto, jovens, cineastas, pessoas interessadas em documentar experiências agroecológicas, poderão aderir à iniciativa. São as primeiras de uma série de outras que a gente quer mostrar daqui para frente. O objetivo desse projeto é que as pessoas apoiem a agroecologia, estreitem laços com agricultores e agricultoras, reivindiquem do estado políticas públicas e defendam a agricultura familiar, e uma forma de produzir alimentos saudáveis em harmonia com a natureza. Queremos promover alianças entre quem está no campo produzindo, os agricultores, e o pessoal das cidades. É mais uma iniciativa em busca do avanço da agroecologia no Brasil e no mundo, em contraponto ao modelo agrícola industrial.

É possível fazer o download gratuitamente dos vídeos na página da ANA no vimeo. Em breve estarão disponíveis versões legendadas em espanhol e inglês. Nossa meta é divulgar ao máximo as experiências, contando com a ajuda de todos em suas redes e organizações, seja promovendo sessões e debates, levando para universidades, sindicatos, grupos, espaços de trabalho, dentre outros espaços, seja no boca a boca, para a sociedade ficar cada vez mais consciente que existe outro modelo de desenvolvimento em curso e vem dando certo.

Assista:


Redes auto-sustentáveis: alimentos agroecológicos no litoral norte do RS


Redes auto-sustentáveis: alimentos agroecológicos no litoral norte do RS from AGROECOLOGIA on Vimeo.

Água Boa



Transição: Experiências agroecológicas na Paraíba from AGROECOLOGIA on Vimeo.

Quebradeiras




Fonte: http://www.agroecologia.org.br/index.php/noticias/233-curta-agroecologia-videos-multiplicadores-de-experiencias-que-dao-certo

Horta orgânica





Assunto relacionado:

Alternativa urbana aos agrotóxicos

http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/03/alternativa-urbana-aos-agrotoxicos.html

Hortas em pequeno espaço
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/11/hortas-em-pequeno-espaco.html

Aprenda a cultivar um pomar em casa

http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/11/aprenda-cultivar-um-pomar-em-casa.html

Conheça ideias para montar uma horta sustentável


http://g1.globo.com/videos/sao-paulo/bom-dia-sp/t/quadro-verde/v/conheca-ideias-para-montar-uma-horta-sustentavel/2006417/

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Por que os inteligentes também são estúpidos ?



Esta é mais uma história sobre como a gente se conhece pouco. E começa com uma pergunta aritmética simples: se um taco e uma bola custam um real e dez centavos, quanto custa a bola, sabendo que o taco custa um real a mais que a bola? Se você deu dez centavos como o preço da bola, você deu a resposta óbvia e errada.

Propondo este tipo de pergunta para centenas de pessoas, durante cinquenta anos, o professor e ganhador do Prêmio Nobel Daniel Kahneman demonstrou que o homem só acha que é racional, mas quando confrontado com uma situação de incerteza, ele não avalia cuidadosamente as alternativas, e sim apenas toma um atalho, que na maioria das vezes resulta em um erro.

O problema é que as pessoas tem viés de decisões, ou seja, elas tendem a pensar e agir de certa forma. E saber que tem este viés não ajuda a evitar o mesmo, disse Kahneman. Após tantos anos estudando os viés do pensamento, ele não conseguiu se livrar dos próprios.

Um dos viés pode ser demonstrado de forma simples: em um lago existe uma “ilha” de aguapés, e a cada dia esta ilha dobra. Em 48 dias, o lago é coberto completamente pelo aguapé. Quando é que o lago estava coberto pela metade? A tendência das pessoas é dividir 48 dias por dois, e dar a resposta errada, 24 dias, quando o certo é 47 dias.

O curioso é que pessoas mais inteligentes (segundo a avaliação do SAT, exame padronizado dos EUA) são mais vulneráveis a estes erros. Mais de metade dos estudantes de Harvard, Princeton e do MIT (universidades conceituadas americanas) deram respostas erradas para o teste da bola e do taco. E mais, os estudos do professor Kahneman mostram que geralmente somos mais capazes de perceber estes erros e viéses nos outros, em vez de em nós mesmos. Identificamos prontamente excesso de autoconfiança, predições extremas e a falácia do planejamento – a tendência de subestimar a duração de um projeto -, nos outros, mas somos cegos a estes mesmos problemas em relação a nós mesmos.

E fazer uma introspecção não ajuda nada. Você entra em uma ego-trip, tentando se conhecer, mas o problema é que um exame consciente não vai encontrar a raiz do problema, que é inconsciente. Você parte para uma busca do autoconhecimento, e acaba não se conhecendo.

A propósito, a bola custa cinco centavos. Mas isto você já sabia, não sabia?

domingo, 17 de junho de 2012

"Cidade dos Meninos" tem mais de 90% de moradores contaminados por pesticida




Marco Antônio Teixeira/UOL(*)


A quase 131 km do principal palco da Conferência Rio+20, o Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro, cerca de duas mil pessoas lutam desde a ECO92 para inverter a imagem de "terra amaldiçoada" --forma como muitos se referem ao local-- atribuída à Cidade dos Meninos, no distrito de Campos Elíseos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 97,2% dos moradores estão contaminados por substâncias como HCH e DDT (compostos utilizados na produção de pesticidas).

A aposentada Lourdes da Silva, 79, que vive na região há 58 anos, foi uma das primeiras moradoras a sofrer a contaminação. Ela afirma que foram muitas as promessas do Ministério da Saúde a respeito da necessidade urgente de descontaminação da localidade. Porém, na maioria das vezes, a resposta dada foi a de que seria "mais barato" retirar a população do que implementar uma política adequada.

"É duro chegar aos 61 anos com um alto nível de HCH no sangue. E o mais duro é chegar num hospital público e não encontrar um médico que possa me atender", disse.

"Minha tristeza não é apenas pela minha condição, e sim pelos meus filhos e netos que também estão contaminados. Ouvimos várias vezes o pessoal do Ministério da Saúde dizer que seria mais barato tirar o povo daqui do que ter o trabalho de descontaminar a região", completou a aposentada, que recebeu em sua casa, neste sábado (16), a visita de ambientalistas, pesquisadores e jornalistas que participam da "Rio+Tóxico" --evento paralelo à Rio+20.

O chamado "pó de broca" é a herança deixada por uma antiga Fábrica de Produtos Profiláticos, desativada em 1960, onde se utilizava como matéria-prima o benzeno --substância altamente tóxica que, transformado em HCH ou DDT, pode provocar câncer, má formação congênita, entre outras doenças. Como a área pertence ao governo federal, o conflito ambiental da Cidade dos Meninos acaba envolvendo uma série de questões políticas, o que faz com que os moradores sejam vistos como posseiros a rigor da lei.

O Ministério da Saúde, responsável pelo terreno, enviou notificações aos moradores em 2005, depois de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz que indicou que cerca de 30% da população apresentava níveis críticos de contaminação: quase duas vezes mais em relação aos demais. Desde então, não foram feitos estudos sobre o conflito ambiental, e o tão desejado projeto de descontaminação, cercamento e impermeabilização do solo nunca saiu do papel.

De acordo com a associação de moradores, pelo menos 50 pessoas já morreram em função de complicações causadas pelo HCH e DDT. Ainda há grandes quantidades de pó de broca armazenados na Cidade dos Meninos. Segundo informações dos moradores, costumava-se encontrar a substância sendo livremente comercializada em feiras e mercados populares --o que agravou a contaminação em massa.

A retirada dos moradores do local já foi discutida no Congresso e na Justiça, em uma ação civil pública protocolada pelos moradores, que estão sendo representados pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Maurício Guimarães.

"Em 2008, conseguimos um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] assinado pelo Ministério da Saúde e pela Petrobras, que assumiram o compromisso de investir na região, resolver uma parte do problema dessas pessoas custeando a remediação de toda a rodovia Washington Luís. Com isso, o potencial de contaminação seria reduzido", disse o advogado

"Essa área possui 19 milhões de metros quadrados, o que corresponde a duas Nilópolis, é maior do que Nova Iguaçu [os dois municípios citados também ficam na Baixada Fluminense]. Não pode ser simplesmente esquecida. Mas eles [Petrobras] vieram aqui, concluíram a instalação dos dutos [a estrutura faz parte do gasoduto Japeri-Reduc], e foram embora", completou.


PARA ENTENDER O CASO:

Em 1961, a fábrica cessou definitivamente suas atividades, deixando um estoque de 240.760 de iscas rodenticidas (valor estimado segundo registros de produção / consumo); 112.407 litros de Triton X-151, um detergente potentíssimo; 109 tambores de Xilol, e “grande quantidade de resíduos de produção”, sendo estes Pó anti-Culex (“BHC”). Tais quantitativos encontram-se contidos no Relatório final de gestão, elaborado pelo Sr. Diretor, o então Brigadeiro médico Dr. Bijos, apud MELLO, 1999).
Um estudo da FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - estipulou em 300 toneladas a quantidade de resíduo direto.

Segundo relato dos moradores, a fábrica abandonada foi sendo depredada com o tempo e os tonéis de papelão nos quais o chamado BHC estava acondicionado se romperam e o pó foi se infiltrando pelo solo onde os animais pastavam. A população local deu diferentes usos ao material abandonado: Foi usado domesticamente para matar piolhos e como inseticida de casas e quintais; foi também utilizado como pavimentação da estrada interna; o pó-de-broca era também recolhido do chão pelos moradores e vendido nas feiras livres locais.

VEJA O TRABALHO COMPLETO ACESSANDO O LINK ABAIXO:
http://pedacosdanossahistoria.blogspot.com.br/2008/11/p-de-broca-e-destruio-da-cidade-dos.html


Uma pergunta - Na "Cidade dos Meninos" sobre a responsabilidade do governo federal aconteceu e continua acontecendo sem conseguir reverter a situação o que será que não aconteceu e continua acontecendo com toneladas de organoclorados que estão nas propriedades brasileiras - que ao ser proibido  em 1985 não foi realizado nenhum programas para recolhimento e somente agora -  2011-2012 que esta ainda sendo estudado medidas para recolhimento?


Onde esta a verdade científica por de trás das decisões das empresas e governos para liberar esses produtos para ampla utilização na agricultura e depois descobrir que:


O uso do DDT começou a ser proibido em diversos países por volta dos anos 70, em virtude de seu efeito acumulativo no organismo, dentre os malefícios causados por ele está o enfraquecimento das cascas de ovos das aves, envenenamento de alimentos como carnes e peixes. Alguns estudos sugeriram que é cancerígeno, provoca partos prematuros, causa danos neurológicos, respiratórios e cardiovasculares.

Será que isto não continua ainda hoje acontecendo?

PARA APROFUNDAR:

Mais do que um exemplo isolado de irresponsabilidade, fragmentação administrativa, incompetência, fragilidade dos órgãos oficiais responsáveis pelo meio ambiente, este caso ilustra a gigantesca e perene negligência com a qual se trata a criança pobre brasileira e como se aceita como natural que os riscos da poluição e da contaminação por produtos químicos recaiam sobre a população pobre. O caso também é um exemplo das disputas em torno das verdades científicas: o HCH faz mal aos humanos? Quantas toneladas foram mesmo abandonadas? Qual seria o melhor processo de descontaminação? Quantas pessoas foram contaminadas? Que uso dar à área?


Para ver o trabalho completo acesse:

ORGANOCLORADOS: UM PROBLEMA DE SAÚDE PUBLICA


Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos



Estudo mostra que uso de agrotóxicos pode mudar o comportamento de gerações futuras


sábado, 16 de junho de 2012

Entenda a Rio + 20


A Rio+20 é Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorre de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Não é uma reunião para discutir meio ambiente, mas sim como as esferas sociais e ambientais, além da econômica, também devem ser consideradas no desenvolvimento de um país.

Para tentar explicar melhor o que é Conferência, a ONG Oxfam fez um diagrama em rosquinha. Ele mostra que a vida humana existe entre um piso e um teto. O piso é a necessidade social de viver, de ter acesso a alimentação, água e conforto. Mas o teto é o quanto o ambiente pode fornecer, sem afetar as gerações futuras. Veja abaixo a imagem.

Repodução
A rosquinha mostra que a vida humana é possível entre o piso das necessidades sociais e o teto da capacidade do ambiente


Acessando o link abaixo você terá acesso acesso a continuidade dessa reportagem com os principais objetivos, desafios e discussões da conferência como: sustentabilidade, economia verde, novo indicador para medir o desenvolvimento de um país etc.




Veja Também:

Clique no link abaixo e tenha acesso a uma breve explicação do que é a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável e os principais temas que estão sendo discutido.


Entenda a Rio + 20:

'via Blog this'


Para saber mais :




O desafio de garantir riquezas e recursos para as próximas gerações
http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/06/edicao-verde-o-desafio-de-garantir-riquezas-e-recursos-para-proximas-geracoes.html

ONU diz que 1 bilhão de pessoas podem migrar por mudança climática
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/06/onu-diz-que-1-bilhao-de-pessoas-podem.html

Projeto vai explorar biodiversidade para difundir novos alimentos
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/06/projeto-vai-explorar-biodiversidade.html

G1 - RIO+20 - Notícias
http://g1.globo.com/natureza/rio20/





quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Drama dos albatrozes ou o drama da nossa civilização?



Segue abaixo um pequeno filme que todo o mundo deveria ver...

O pequeno vídeo que vocês vão ver (3:05min.) foi feito em uma ilha no Oceano Pacífico, à 2000 km da costa.

Não vivem pessoas nesta ilha, apenas aves, e ainda assim……vejam o que acontece...

CREPÚSCULO DE UMA CIVILIZAÇÃO EM DEGRADAÇÃO ACELERADA. PERDIDA EM SEUS
REFERENCIAIS......

Colaboração: Agustavo Caetano dos Reis


MIDWAY : trailer : a film by Chris Jordan from Midway on Vimeo.

Mais informações acesse:
http://vimeo.com/midway


Para quem quiser compreender mais essa situação que já foi abordado nesse blog, segue o link abaixo:

Cerca de 70% do lixo dos oceanos é formado por plástico



Para refletir:




Pai o que vocês usavam antigamente?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vaca transgênica


Uma vaca clonada por cientistas argentinos com genes bovinos e humanos começou a produzir leite similar ao materno como forma de contribuir na luta contra a mortalidade infantil, informou nesta segunda-feira (11) a universidade responsável pelos estudos.

Pesquisadores da Universidade Nacional de San Martín (Unsam) e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) inseriram dois genes humanos codificadores de duas proteínas presentes no leite humano em "Issa", uma vaca clonada no ano passado.

As proteínas são lactoferrina e a lisozima, incorporadas no DNA da vaca, também conhecida como "Rosinha". "Esta é uma maneira de contribuir com a luta contra a mortalidade infantil, já que uma proteína permite evitar doenças infecciosas do aparelho digestivo e evitar anemia nos recém-nascidos", explicou o reitor da Unsam, Carlos Rota.

De acordo com o investigador Germán Kaiser, do Grupo de Biotecnologia da Reprodução do Inta, a pesquisa não pretende substituir o vínculo mãe-filho durante a lactação, mas é destinada aos bebês que, por distintas razões, não têm acesso ao leite de suas mães, acrescentou.

Os cientistas conseguiram assim incluir na vaca transgênica dois genes humanos no genoma bovino, o que permitiu que as duas proteínas estivessem presentes na glândula mamária durante a amamentação, indicou a universidade.

"Issa", nascida em abril de 2011 no Inta, foi apresentada em junho do ano passado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Na ocasião, Cristina garantiu que a vaca se transformaria na "primeira no mundo capaz de produzir leite materno".

Argentina entrou no clube da clonagem destinada a criar vacas transgênicas com fins medicinais em agosto de 2002, com o nascimento de "Pampa", fruto de uma clonagem realizada por analistas do laboratório local Bio Sidus com o intuito de obter leite bovino com a proteína de crescimento humano "hGH".

Os descendentes de "Pampa", a primeira bezerra clonada na América Latina, produzem leite do qual é extraída essa proteína para produzir remédios para crianças com problemas de crescimento com menor custo.

Nos últimos anos, cientistas argentinos clonaram cavalos e touros a fim de obter exemplares de melhor rendimento.

sábado, 9 de junho de 2012

Seminário discute agrotóxicos e os impactos na saúde

Agrotóxicos e os impactos na saúde e ambiente foi o tema da primeira mesa-redonda realizada na terça-feira (5/6) no Seminário de Enfrentamento aos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Ambiente, coordenada por Rosany Bochner, pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, e composta com a presença dos pesquisadores da Fiocruz e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). 'Esse encontro é contra-hegemônico. Estamos vivendo o pacto das elites da economia política com o Executivo, o Legislativo, a Mídia, a Ciência e a Justiça. Um pacto que não pensa na vida, mas no capital.' Assim, o palestrante Fernando Carneiro, do Grupo de Trabalho Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), abriu sua apresentação. Confira o áudio das palestras na Biblioteca Multimídia da ENSP.

Carneiro pontuou sete lições que podem ser apreendidas das discussões e artigos produzidos pela Abrasco. A primeira é que a relação agrotóxicos-saúde deve ser estudada no contexto da modernização agrícola conservadora. “Somos um celeiro do mundo, mas os donos das sementes no Brasil são os grupos internacionais.” Outra questão necessária e urgente é o desocultamento dos agravos da saúde relacionado aos agrotóxicos, e, portanto, a maior relevância à caracterização dos riscos. A terceira lição é a significativa eficácia do Estado no apoio ao agronegócio e sua expansão. “São R$107 bilhões para o novo plano agrícola e agropecuário”, disse ele, e perguntou: “Quanto a saúde recebe para fiscalizar essas ações?”

A campanha Agrotóxico mata já foi lançada em 48 cidades, e 173 entidades participam das ações. “Isso demonstra que os setores da sociedade ligados a organizações do meio rural é que vêm desempenhando papel importante nas políticas públicas de combate aos agrotóxicos e em defesa da saúde”, assinalou Carneiro como a quarta lição apreendida. A quinta é a importância dos estudos sobre o tema, no sentido de contribuir para a desconstrução dos mitos que sustentam o modelo de Revolução Verde.

Para Carneiro, “a ciência está diante do desafio de contribuir para a construção do paradigma emergente fundado no compromisso ético-político com os mais vulneráveis e , por isso”, disse ele, “a pesquisa também tem de fazer campanha, poesia em cordel, almanaques instrutivos”. E a última lição, concluiu, são as alternativas agroecológicas de vida que as comunidades camponesas vêm construindo no semiárido brasileiro.



Karen Friedrich, pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, informou que a ingestão diária aceitável de agrotóxicos nos alimentos segue um modelo linear de dose e efeito, mas esse paradigma é rompido pelos carcinógenos genotóxicos presentes no defensivo agrícola, para os quais não existe limite seguro.

 Segundo Karen, estudos recentes têm comprovado que a exposição humana a baixas doses de agrotóxicos causa desregulação endócrina e imunotoxidade. A desregulação endócrina gera efeitos como alterações nas funções hormonais, responsáveis pelos processos neurocomportamentais, reprodutivos, nas funções cardiovasculares, renais, intestinais, neurológicas e imunológicas.

No caso da imunotoxidade, disse ela, podem ocorrer reações alérgicas e de hipersensibilidade ou imunossupressão, tornando as pessoas mais suscetíveis ao aparecimento de tumores ou à infecção por patógenos. Os períodos mais críticos são o pré-natal e pós-natal, quando se desenvolvem os sistemas nervoso, endócrino e imunológico.

A pesquisadora da área de Vigilância do Câncer relacionado ao Trabalho e ao Ambiente do Inca, Márcia Sarpa de Campos Mello, trouxe dados sobre a mutagênese e a carcinogênese em relação aos agrotóxicos. Em sua palestra, falou do aumento rápido da incidência de câncer nos últimos anos. O Inca estima, para 2012, 518 mil novos casos da doença no Brasil, classificando-a como a segunda causa de morte no mundo, ficando atrás somente das doenças cardiovasculares. Ela concordou com a palestrante Karen Friedrich e reafirmou que os agrotóxicos podem exercer efeitos carcinogênicos como a genotoxidade, promoção de tumor, ação hormonal e imunotoxidade. Também citou alguns exemplos de alimentos com potencial mutagênico e carcinogênico, como maçã, cenoura, pimentão, pepino, abacaxi, laranja, alface e beterraba, assim como aumento de leucemia, câncer de próstata, pulmão, linfoma não Hodgkin e melanoma cutâneo, doenças observadas em agricultores americanos expostos a agrotóxicos.

 
Por fim, considerou que a maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao ambiente (água, terra e ar, alimentos, medicamentos, estilo e hábitos de vida, indústrias químicas, agricultura e afins), no qual é encontrado grande número de fatores de risco.

O último palestrante foi o pesquisador Jorge Machado, da Fiocruz Brasília, que expôs a relação do uso intensivo de agrotóxicos com o padrão de acumulação insustentável, com a articulação da saúde e os pilares econômico, social, ambiental e desenvolvimento sustentável, com a construção de políticas públicas de vigilância em saúde, com o padrão de exploração capitalista (economia verde), e com a transição agroecológica/novo campesinato. Quanto aos eixos de intervenção, Machado considera como importantes a atenção à saúde da população exposta, promoção da saúde, agenda integrada de estudos e pesquisas, bem como a participação e controle social.

O Seminário de Enfrentamento aos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Ambiente foi promovido pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), pela Escola Nacional de Saúde Pública o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre outras instituições. Seu objetivo foi compartilhar experiências e formar uma rede em defesa da segurança e soberania alimentar e proteção ao trabalhador contra os impactos dos agrotóxicos, para a promoção da saúde ambiental e humana.

Fonte: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/30423


Se olharmos o acompanhamento que faz a ANVISA sobre os resíduos dos alimentos que tem provocado muita polêmica - ao informar que determinados alimentos estão acima DO LIMITE PERMITIDO .

http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/12/agrotoxico-irregular-aparece-em-28-dos.html



Vejamos que nesta matéria o limite permitido (ingestão diária aceitável) é questionado porque também não é seguro, destaco abaixo um trecho:


Karen Friedrich, pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, informou que a ingestão diária aceitável de agrotóxicos nos alimentos segue um modelo linear de dose e efeito, mas esse paradigma é rompido pelos carcinógenos genotóxicos presentes no defensivo agrícola, para os quais não existe limite seguro.


O que a pesquisadora coloca no parágrafo acima vem de encontro com outra fonte:


A documentarista Marie-Monique Robin em seu novo filme – O VENENO NOSSO DE CADA DIA denúncia:


(...) apenas 10% das substâncias que estão presentes no nosso dia-a-dia foram testadas. E mesmo assim, esses testes sempre foram feitos com forte influência dos fabricantes. Representantes da indústria química chegaram a dizer que seu “o livro envenena a indústria química”.


Ela ainda vai além...


Ingestão diária aceitável – IDA – é um valor numérico, medido em mg/kg, que determina a quantidade que se pode consumir de uma substância durante todos os dias, com segurança, por toda a vida.[1] Na prática, para os agrotóxicos por exemplo, determina qual limite máximo de resíduo aceitável em um alimento. Era de se esperar que este índice fosse calculado com um alto grau de rigor científico, para que em nenhum momento colocasse a vida dos consumidores em risco.


Mas Marie-Monique nos mostra justamente o contrário. No mesmo estilo investigador de “O Mundo Segundo a Monsanto”, a diretora percorre centros de pesquisa e agências reguladoras em vários países tentando descobrir como este índice é definido. E ela não deixa dúvidas: através de estudos científicos pagos pelas empresas, e com a ajuda diretores de agências reguladoras com ligações com a indústria, os próprios fabricantes das substâncias é que definem o nível aceitável.


http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/11/sistema-de-producao-agroecologica-e.html


Enfim... o  limite de ingestão diária de agrotóxicos que dizem ser seguro é questionado, ou seja, o que já é ruim pode ser pior.


Para aprofundar:

Estudo mostra que uso de agrotóxicos pode mudar o comportamento de gerações futuras