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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Transformação Agroecológica Colaborativa

                                  

SOBRE O PROJETO por Susana Prizendt

Nossa Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida surgiu em abril de 2011 após muitos representantes de movimentos sociais, ambientais, estudantis e pesquisadores na área da nutrição e saúde manifestarem sua preocupação e indignação com o fato de o Brasil ter se tornado o campeão mundial absoluto no uso de agrotóxicos!

Vejam o que iremos fazer se contarmos com a contribuição de vocês e entendam porque isso é tão importante lendo o texto abaixo:

- Seminários para colaboradores ( eles irão multiplicar nosso trabalho!);

- Sessões de cine-debate com o filme O Veneno Está na Mesa, palestras e cursos em comunidades, escolas e ONGS; panfletos informativos;

- Criação, impressão e distribuição gratuita de cartilhas, cartazes e panfletos 

- Produção de um vídeo de curta metragem para sensibilizar o público; 

- Realização de ações junto ao poder público e propostas legislativas;

- Apoio a criação e manutenção de hortas orgânicas comunitárias;

- Manutenção de um canal de comunicação constante com a sociedade, fornecendo orientação e convidando para ações!

Quanto mais doações tivermos, mais ações e materiais faremos!
Porque realizar essas ações é algo fundamental? Confiram os dados:

mais de 1 bilhão de litros de agrotóxicos por ano 5 litros por brasileiro cerca de 20% do consumo no mundo!
O sistema produtivo que gera esse quadro alarmante está provocando o aumento de doenças como o câncer; a contaminação do solo e da água e a redução da biodiversidade. São efeitos dramáticos que atingem os camponeses nas plantações e todos nós consumidores.

Já estamos estruturados nacionalmente e em comitês estaduais e municipais, trabalhando para mostrar que existem alternativas a esse uso absurdo de agrotóxicos. Para isso, promovemos debates, seminários e encaminhamos aos poderes governamentais propostas de políticas públicas para reduzir o uso dos venenos nos alimentos e abrir espaço para a produção agroecológica.

Criamos e distribuímos gratuitamente materiais importantes para informar e mobilizar as pessoas do campo e da cidade. Atuamos, também junto à mídia, para denunciar as ameaças das empresas multinacionais de pesticidas sobre nossas terras, nossas sementes e nossa população.

Mas, precisamos intensificar nossas ações e ter o apoio de toda a sociedade. Colaborem conosco para que possamos realizar essas atividades tão necessárias.

Contamos com a sua ajuda para que a Campanha se fortaleça e possa ter uma ação vigorosa para fazer com que a sua mesa e as mesas de todos os brasileiros contenham alimentos seguros e nutritivos para o consumo de adultos e crianças!

Colaborem, apreciem nossas retribuições e divulguem para os seus contatos.
Façam parte das boas mudanças. Alimentem a VIDA!
E seguiremos juntos rumo a uma produção agrícola saudável e equilibrada!


COMO PARTICIPAR?


Para saber mais:

Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/05/um-terco-dos-alimentos-consumidos-pelos.html

Ibama reavalia substâncias de agrotóxicos nocivos a abelhas



Após restringir o uso de quatro tipos de agrotóxicos no País, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inicia processo de reavaliação das substâncias imidacloprido, tiametoxam, clotianidina e fipronil, apontadas em estudos e pesquisas realizadas nos últimos anos pelo instituto como nocivas às abelhas. O estudo deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema.

O desaparecimento de abelhas em várias partes do Brasil começou a ser constatado há cerca de quatro anos e foi atribuída ao uso de alguns tipos de agrotóxicos usados, principalmente, em culturas como as de algodão, soja e trigo.

Os agrotóxicos que estão sendo reavaliados pelo Ibama respondem por cerca de 10% dos inseticidas no País. O trabalho está sendo feito em parceria do instituto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Agricultura. "Vamos levar em consideração todas as variáveis que dizem respeito à saúde pública e ao impacto econômico sobre o agronegócio, sobre substitutos e ver se há resistência de pragas a esses substitutos e seus custos", explica o coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, engenheiro Márcio Rodrigues de Freitas.

"O processo de reavaliação vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada", acrescenta Freitas em entrevista à Agência Fapesp.
A decisão de reavaliar as substâncias presentes em agrotóxicos não foi baseada apenas na preocupação com a prática apícola, mas, principalmente, com os impactos sobre a produção agrícola e o meio ambiente. Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), mostra que as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das culturas e plantas. "Algumas culturas, como a do café, poderiam ter perdas de até 60% na ausência de agentes polinizadores", ressalta o engenheiro.

A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no País.

A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas.


Notícia relacionada:

Ibama estuda proibir agrotóxicos nocivos às abelhas

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Entenda por que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo




O Brasil é campeão mundial de uso de agrotóxico, embora não seja o campeão mundial de produção agrícola. O País ainda é o principal destino de agrotóxicos barrados no exterior. Para entender por que isso acontece, entrevistamos o pesquisador do assunto, Wanderley Pignati, doutor em Saúde Pública e professor da Universidade Federal de Mato Grosso. Confira abaixo:


Por que o Brasil lidera o ranking de uso de agrotóxicos? Temos mais pragas que os demais países?
É uma somatória de razões. A mais óbvia é que somos um dos maiores produtores agrícolas do mundo, de soja principalmente. Uma outra é que nossas sementes melhoradas já são pensadas para usar agrotóxicos. São selecionadas até um certo ponto em que, realmente, dependem destes produtos. E, para dar a produtividade que se espera, demandam grandes quantidades. Em terceiro lugar, não temos mais pragas, mas, por usarmos agrotóxicos há tantos anos, nossas pragas ficaram mais resistentes. É um espiral que vai aumentando.

Como outros países evitam o uso de agrotóxicos?

Eles limitam o uso de agrotóxicos mais tóxicos. Aqui usamos agrotóxicos que foram proibidos em 1985 na União Européia (UE), Estados Unidos e Canadá. No Brasil, estamos tentando revisar o uso de 14 tipos há dois anos e não conseguimos, porque dependemos do parecer do Ministério da Agricultura, do Ministério do Meio Ambiente e o parecer do próprio sindicato dos produtores.


Na UE existe uma fiscalização mais rigorosa. Aqui aplicamos dezenas de agrotóxicos por avião, coisa que é proibida lá. Jogamos agrotóxicos por avião perto de casas, animais, gado, nascentes de rios e córregos. Outro fator importante é a conscientização da população europeia, que cobra este tipo de cuidado do governo e dos produtores.


Agrotóxico faz mal mesmo se for usado corretamente?

Não existe uso seguro. Isso é uma fala dos produtores de agrotóxico. Por exemplo, se o trabalhador que aplica estiver como um astronauta – isolado com todos os equipamentos de proteção (EPI), inclusive para respirar – ele é menos prejudicado, mas não existe uma proteção 100% dos trabalhadores. E qual a proteção ao ambiente? Isso vai sempre deixar resíduos em alimentos, contaminar rios, ar, lençóis freáticos. Que segurança é essa?

E se formos mais a fundo nessa discussão, veremos que é uma contaminação intencional. Em termos jurídicos, fala-se em crime culposo quando a pessoa não teve a intenção de cometê-lo e doloso quando teve. Aqui não é um crime culposo. Não é culpa do vento que mudou o agrotóxico de direção, mas do agricultor que cometeu um ato inseguro e intencional. Existe a intenção de poluir para atingir o alvo dele – no caso, os insetos, as pragas. Ele aceita conscientemente essa consequência.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as intoxicações por agrotóxicos são três milhões anuais. 

Destes, 2,1 milhões de casos acontecem nos países em desenvolvimento. Mais de 20 mil pessoas morrem no mundo, 14 mil estão nas nações do terceiro mundo. 

Existe alguma razão para que essas mortes concentrem-se nestes países?

Utiliza-se mais agrotóxico, em primeiro lugar, porque se produz mais alimentos em países em desenvolvimento. Muitas dessas lavouras usam agrotóxicos proibidos na União Europeia, EUA e Canadá. Ora, se são mais tóxicos e proibidos lá, naturalmente acontecerão mais mortes aqui na América Latina e na África. E quer saber mais? Muitos desses agrotóxicos são produzidos no primeiro mundo e vendidos para o terceiro.

Como um agrotóxico provoca a morte de uma pessoa? Que outros males eles podem causar à saúde?

Depende do agrotóxico. Aqui no Mato Grosso, por exemplo, já vimos caso de trabalhador que estava no trator com o ar condicionado ligado, jogando agrotóxico. Como o filtro de ar estava vencido, e ele não usava máscara dentro do trator, morreu de intoxicação aguda. Alguns agrotóxicos também causam câncer, problemas neurológicos, má formação fetal e desregulação endócrina. São extremamente prejudiciais à saúde humana. Estão na água, no ar, na chuva.

Os defensivos agrícolas demoram de três a quatro anos para degradar e o produto é tão prejudicial quanto a substância inicial. Um grande problema são doenças crônicas que acontecem durante anos de uso continuado de níveis baixos de agrotóxicos. Existe hoje a determinação de um limite máximo de resíduo por alimento. Esse limite não deveria existir, é absurdo. Cada pessoa tem uma sensibilidade diferente ao produtos. Sabe como esse limite é determinado? A partir da média da sensibilidade das pessoas, são medidas arbitrárias. No Brasil, por exemplo, um quilo de soja pode ter 10 miligramas de glifosato [princípio ativo de um agrotóxico famoso]. Nos EUA o limite é de 5 mg, na Argentina 5 mg, mas na Europa é 0,2 mg.

Qual a punição dada ao agricultor que permite que seus funcionários ou clientes sejam intoxicados no Brasil?
 
Primeiro ele vai responder ao Ministério do Trabalho, porque será notificado como um acidente de trabalho. Depois, podem entrar com uma ação de crime doloso [intencional] contra ele. Porque se contratou, tem que dar toda a proteção ao trabalhador. A punição depende muito da força do Sindicato.

Na sua opinião, os alimentos transgênicos são uma solução para o uso de agrotóxicos?

Pelo contrário. Alguns transgênicos são feitos para ser mais resistentes aos agrotóxicos, por isso se usa ainda mais, como a soja resistente ao glicosato.

Quais são as lavouras que mais usam agrotóxicos no Brasil?

Por hectare é o algodão. Logicamente não comemos algodão, mas sua semente é usada para fazer ração de gatos e outros animais. Outras lavouras que usam muito agrotóxico são as de tomate, morango, hortaliças em geral, soja e milho.

Como se proteger? Basta lavar bem as verduras e legumes?

Não. O consumidor deve também consultar os dados do PARA [Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos] da Anvisa. Nos dados de 2009, ele descobrirá os alimentos que têm problemas e poderá evitá-los. Mas é preciso ainda pressionar a Secretaria de Saúde e do Meio Ambiente para que façam uma vigilância mais dura.


Fonte: Revista Galileu

Para saber mais:

Estudo mostra que uso de agrotóxicos pode mudar o comportamento de gerações futuras


terça-feira, 24 de julho de 2012

Ibama estuda proibir agrotóxicos nocivos às abelhas



Daniele Bragança*
O Ibama deu um passo inicial para uma política de proteção às abelhas comunicando que reavaliará 4 agrotóxicos associados a efeitos nocivos aos polinizadores: : Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil. A redução na quantidade das abelhas preocupa governos, cientistas e produtores rurais, pois tem efeito direto na produção dos alimentos: as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das plantas, de acordo com estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004.

A decisão do Ibama se baseou em pesquisas científicas e em decisões adotadas por outros países. Na França, o pesticida Fipronil está proibido desde 2004. Por toda a Europa há movimentos para a proibição ou restrição do uso de Imidacloprido.

O comunicado dessa quinta-feira (19/07), no Diário Oficial, segue as diretrizes de políticas públicas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) voltadas para a proteção de polinizadores. O problema é mundial. Os cientistas chamam o fenômeno de desaparecimento das abelhas de Desordem de Colapso da Colônia (em inglês, de Colony Collapse Disorder - CCD), quando as abelhas não conseguem voltar para as colmeias e simplesmente desaparecem no caminho. O fenômeno é catastrófico não apenas para a produção de alimentos, mas para a biodiversidade como um todo.

O primeiro a passar pelo processo de reavaliação pelo Ibama será o inseticida Imidacloprido, que representa 60% da quantidade total comercializada das 4 substâncias sob exame. Segundo informações divulgadas pelo Ibama, só no ano de 2010, 1.934 toneladas de Imidacloprido foram comercializadas.

Como medida preventiva, os 4 agrotóxicos, Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil, não podem mais ser aplicados por aviões em qualquer tipo de cultura. A aplicação aérea desses inseticidas é associada a morte de abelhas em diferentes regiões do país.

Foi estabelecido um prazo de 90 dias para as empresas produtoras de agrotóxicos incluírem nas bulas das embalagens a mensagem-padrão: “Este produto é tóxico para abelhas. A aplicação aérea NÃO É PERMITIDA. Não aplique esta produto em época de floração, nem imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura. O descumprimento dessas determinações constitui crime ambiental, sujeito a penalidades.”

Ao final da avaliação, medidas mais severas poderão ser aplicadas, caso os estudos indiquem sua necessidade para conter o desaparecimento das abelhas.


Para saber mais:

Documentário: O Silêncio das Abelhas
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/01/documentario-o-silencio-das-abelhas.html

Trabalho das abelhas ...


Notícias relacionadas:

Abelhas desaparecem no sul


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Golfinhos brasileiros estão contaminados por compostos usados em inseticidas




Um estudo realizado pela pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mariana Alonso, chegou à conclusão de que os golfinhos brasileiros estão contaminados por piretroides. Os compostos são utilizados em diversos produtos, a exemplo dos inseticidas. Os produtos são usados tanto na área urbana, quanto em atividades rurais.

Segundo Mariana, anteriormente se pensava que os piretroides se decompunham, porém, o composto foi encontrado no fígado, leite e placentas da espécie Pontotoria Blainvillei (conhecida como Toninha), que está ameaçada de extinção.

A análise foi feita em exemplares que ficaram presos, acidentalmente, em redes de pesca no litoral de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Os filhotes possuíam maior concentração da substância. “Eles recebem uma carga muito alta nos primeiros estágios da vida”, ponderou Mariana.

A pesquisadora explicou que o golfinho está no topo da cadeia alimentar, que é composta por outros seres vivos, que também devem estar contaminados pelo composto, a exemplo da alga, do camarão e do peixe. As consequências da presença da substância no organismo dos golfinhos ainda são desconhecidas.

domingo, 15 de julho de 2012

'Há muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde'




Em entrevista, a pesquisadora Lia Giraldo explica como os agrotóxicos foram introduzidos no Brasil a ponto de o país ser hoje o campeão mundial no uso de venenos. Lia é pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva do Laboratório Saúde, Ambiente e Trabalho da Fiocruz Pernambuco. Ela coordena um grupo de pesquisadores responsáveis por revisar os estudos científicos existentes sobre 11 agrotóxicos que estão em processo de revisão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O uso de agrotóxicos no Brasil vem crescendo ano após ano. O país lidera o ranking dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo. Por que consumimos tanto veneno?

Lia Giraldo: Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os governos, por meio das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico. E também com muita rapidez foi formatado um modelo tecnológico de produção que ficou dependente desses insumos, e isso aliado ainda a uma concentração de terras, mecanização, com a utilização de muito menos mão de obra. Tivemos um grande êxodo rural: de lá para cá o Brasil mudou completamente, era um país rural e virou um país urbano, seguindo um fenômeno que aconteceu também em outros países. Então, o Brasil se rendeu às pressões econômicas internacionais na defesa desse modelo.

Depois disso houve muito lobby político, e, inclusive, tivemos ministro ligado a empresas produtoras de agrotóxicos. E isso fez com que o Brasil não só passasse a ser consumidor, mas também produtor desses produtos. As cinco maiores produtoras de agrotóxicos tem fábricas no Brasil - Basf, Bayer, Syngenta, DuPont e Monsanto. E depois, dentro dessa linha, e associado ao ciclo de algumas monoculturas como a soja, o algodão, o café e a cana de açúcar, esse modelo casou bem com o modelo de produção de monocultura extensiva , demandando cada vez mais terras, cada vez mais expulsando o pessoal do campo para a cidade. Na divisão internacional do capital, o Brasil ficou com esse perfil de exportador de commodities , com um modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e essa é a explicação para sermos os campeões no uso de agrotóxicos.

A pressão para que os agricultores passassem a usar agrotóxicos também foi colocada em prática nos outros países do Hemisfério Sul?

Lia: Sim. Se analisarmos países da América Latina, como a Argentina e o Uruguai, cada um com suas características, perceberemos que isso se repete. Mas no Brasil esse quadro ganha proporções maiores com o nosso gigantismo territorial e também facilidades e estratégias de abertura para o capital externo, com um governo absolutamente permeável. O Brasil estranhamente tem dois ministérios da agricultura, um para o agronegócio, que é o "gordão", com bastante dinheiro, e outro para a agricultura familiar, que é magrinho e com pouquinho dinheiro. São dois ministérios da agricultura com políticas completamente divergentes. E por onde a bancada ruralista consegue pressionar a Casa Civil? Por dentro. Criaram uma estrutura por dentro do governo, que é o Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento], onde passam os interesses do agronegócio. A bancada ruralista tem total trânsito no governo através do Mapa. E a agricultura familiar fica na depêndencia do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MDA. Isso é uma boa evidência para mostrar como tem sido a política do Brasil: uma política ambígua para dar resposta às pressões da globalização.

E quais são as características destes agrotóxicos hoje. Eles são mais tóxicos do que nos anos 70?

Lia: A evolução da toxidade tem mais a ver com a resistência das pragas aos produtos. A motivação da evolução não é para produzir produtos menos tóxicos para a saúde ou o meio ambiente. Mas sim porque a natureza reage e as pragas se tornam mais resistentes, e as empresas são obrigadas a produzir novas moléculas para os agrotóxicos serem efetivos. Isso está aliado também com o aumento da quantidade de uso, porque enquanto eles não conseguem produzir uma nova molécula a qual a praga seja mais sensível, eles aumentam a carga de agrotóxico. Então, existe uma toxidade e um perigo com a introdução de novas moléculas, que são mais tóxicas para os seres vivos, portanto para nós, seres humanos também - para as células, para o DNA, para as estruturas biológicas. Mas também há um grande perigo quando se aumenta a concentração de um produto que está tendo baixa eficácia e se aplica esse produto sozinho ou associado a outro ou a um coquetel de outros produtos tóxicos. Se, aumentando a concentração de determinado produto, ele já começar a ameaçar a saúde pública, esse produto já não pode mais ser usado. Aí inventam uma outra molécula, e assim vai.

Como as experiências feitas para o registro são baseadas apenas em efeitos agudos - ou seja, a morte - e não há testes de longo prazo principalmente para a saúde humana, a nova molécula é registrada. Mas uma coisa é ver se um ratinho desenvolve câncer em seis meses ou um ano e outra coisa é uma pessoa ficar exposta durante muitos anos. Então, esses aspectos não são levados em consideração para o registro de novos produtos e, com isso, eles têm conseguido registrá-los, até que nós comecemos a registrar novamente danos à saude e ao meio ambiente e uma série de efeitos negativos que vão então permitir que a agência reguladora casse o registro ou restrinja os produtos.

E quais as consequências disso para o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais e também para a população de modo geral?

Lia: Muitas vezes tudo é feito para ocultar o risco. Se a saúde pública não tem um sistema de informação capaz de monitorar as populações expostas, sejam elas de trabalhadores que trabalham com os produtos, sejam elas de consumidores que consomem os produtos com resíduos, acaba-se não tendo a informação que permitiria a restrição do uso. Então, a falta de informação muitas vezes tem sido utilizada para manter os produtos no mercado. Não existe, portanto, um monitoramento adequado. O Brasil investe muito pouco em monitoramento e essa falta de informação é o grande álibi das indústrias. As consequências vistas em estudos experimentais são evidências importantes, mas não são suficientes. Porque pode-se alegar que foi em determinado contexto, que é para uma determinada espécie e não para outra, então cria-se sempre uma flexibilidade na hora de extrapolar os dados para a sáude humana.

É muito dificil estabelecer essas regras de consumo e de proteção baseando-se nos parâmetros que são adotados, porque eles são criados justamente para proteger o capital. É necessário, portanto, que tenhamos outros indicadores de vigilância da saúde que não sejam apenas esses restritos a estudos experimentais animais, mas sim baseados em estudos clínicos e epidemiológicos. Há uma resistência quanto a esses estudos serem internalizados como parâmetros para tomar as decisões de registro ou de captação de uma molécula, porque ou os estudos não existem, ou são muito restritos. O governo, as universidades e mesmo as empresas não incentivam esses estudos e a falta desse tipo de informação é uma politica para manter a outra política, porque obviamente favorece a manutenção do modelo. Mas existem muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde, só que, infelizmente, pelos protocolos que são estabelecidos, esses danos não são reconhecidos para a tomada de decisão.

Como aparecem essas evidências?

Lia: São evidências clínicas através de doenças, agravos, sintomas, efeitos como abortamento, distúrbios cognitivos, de comportamento, morte, manifestações de neoplasias, tumores, distúrbios endócrinos. E muitas vezes os médicos não associam essas evidências com a exposição aos agrotóxicos, não registram isso, não informam, e os sistemas de informação não incentivam e não capacitam os profissionais. Então, há todo um sistema de ocultamento de risco. Dessa forma, quando se consegue fazer o diagnóstico e documentar, acaba ficando como um caso isolado. O próprio pessoal da saúde pública chama veneno de remédio, "remédio para barata, para mosquito", quando, na verdade, remédio é um conceito farmacológico de cura e não para ser utilizado no lugar da palavra veneno, veneno é para matar uma praga que está atrapalhando a lavoura, não tem nada que ver com a sáude. Então, as confusões conceituais fazem parte desse processo de ocultamento de risco.

Antigamente esses produtos todos vinham com uma caveirinha para mostrar que era perigoso, hoje as embalagens vêm com mensagens ecológicas, um bulário com uma linguagem muito sofisticada e de difícil interpretação que as pessoas não conseguem entender. Boa parte dos nossos trabalhadores rurais é analfabeta ou semi-analfabeta e não tem capacidade de entender o que está escrito. Tudo isso faz parte também desse modelo de favorecimento dessa tecnologia que gera muito dinheiro para as empresas produtoras.

Recentemente a Anvisa decidiu pelo banimento de dois agrotóxicos - o Endosulfan e o Metamidofós. Como a senhora avalia a atitude do país no monitoramento desses agrotóxicos?

Lia: Ambos são muito toxicos, têm efeitos adversos muito importantes e esses efeitos são proibitivos. A nossa legislação é muito clara: se o produto tiver evidências de efeitos carcinogênicos, mutagênicos, que podem afetar o desenvolvimento embrionário, etc, tem que ser proibido. Então, o que fazemos é buscar se existem essas evidências para poder manter ou não o produto autorizado.

E hoje há muita pesquisa sobre os efeitos dos agrotóxicos?

Lia: A maior parte dos estudos são experimentais, em laborátorios, com animais, com os protocolos que são estabelecidos pelas agências internacionais, e com esses estudos as evidências são muito fortes. Agora, também procuramos levantar evidências clínicas e epidemiológicas, que embora em menor quantidade, também encontramos bastantes informações que mostram efeitos em populações expostas, em situações de pessoas que tiveram agravos e, nesses casos, o profissional que atendeu conseguiu estabelecer relações entre o agravo e a exposição ao agrotóxico. Esse material foi todo usado para orientar a decisão da Anvisa de propor o banimento do Endossulfan e do Metamidofós.

E em que aspectos é preciso avançar para que se tenha mais pesquisa e se consiga avaliar melhor os efeitos desses produtos?

Lia: Primeiro, as empresas não poderiam ter o registro apenas com estudos dirigidos pela empresa, porque a maioria desses estudos tem conflitos de interesse. Deveria haver um fundo setorial dessas empresas para que o governo induzisse pesquisas nas universidades públicas; para que as universidades e os institutos de pesquisa públicos pudessem ampliar a capacidade de pesquisas nestas áreas, porque a maior parte das pesquisas que as empresas colocam para defender o interesse da molécula [componente base do agrotóxico], são os estudos que eles promoveram e que não tiveram o controle do setor público.

A autorização dos agrotóxicos é feita apenas com base nesses estudos?

Lia: As moléculas que estão em processo de reavaliação pela Anvisa hoje, no passado foram autorizadas apenas com base nesses estudos das empresas. Hoje já temos um papel um pouco mais cuidadoso das agências, basicamente da Anvisa, porém quem ainda tem a obrigação de apresentar as evidências de que a molécula não traz agressividade à saúde é a empresa. Portanto, não temos contra-povas e poderíamos ter contra-provas feitas por órgãos públicos. A reprodução da pesquisa poderia ser feita por um instituto de pesquisa público, com uma certificação de que de fato aquele resultado foi obtido. E não ser baseado apenas em estudos experimentais, mas também de ordem clínica e epidemiológica, porque não se reproduzem os mesmos efeitos de uma espécie para outra.

Mas e no caso de produtos novos, já que não haveria ainda evidências clínicas?

Lia: Por serem novos teriam que passar por todos os estudos experimentais os mais precaucionários possíveis, inclusive utilizando células humanas experimentalmente, por exemplo. Isso se pode fazer com amostras de sangue, não precisa explorar a pessoa, pode-se fazer cultura de células humanas para fazer certos testes. E depois, se não tiver nenhuma evidência de mutagenicidade nem outras evidências, a molécula deveria ser utilizada com muita parcimônia, de forma que as pessoas que fossem expostas no trabalho pudessem ser acompanhadas com o tempo, para ver se de fato não houve nenhum problema. Porque após a concessão do registro, não há a previsão de nenhuma reavaliação periódica. A molécula deveria passar a cada cinco anos obrigatoriamente por uma reavaliação a partir de dados coletados em função de monitoramento, mas não há monitoramento nenhum. É questão de ter uma política para isso, que implicaria novos procedimentos dos três orgãos - Anvisa, Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente -, porque o registro passa pela concordância dos três orgãos.

E a política existente hoje foi concordada com os três órgãos?

Lia: Os órgãos são mais ou menos independentes, mas quem faz o registro é o Ministério da Agricultura, com base nos pareceres da Anvisa e do Ibama e no seu próprio. Mas do ponto de vista legal, quem dá o registro para a utilização é o Ministério da Agricultura. Mas a Anvisa pode pedir a reavaliação no caso de danos à saúde. Mas a saúde teria que ter não só esse processo. Se os estudos mostram, depois de comprovados, que foram bem feitos, que não há nenhum efeito proibitivo, então, o produto deveria entrar numa quarentena e ficar sob observação. Ao mesmo tempo a população potencialmente exposta deveria ser monitorada e, a cada cinco anos, reveríamos o registro. Essa seria a conduta certa da saúde, mas não existe isso. Cada vez que a Anvisa chama um produto para reavaliar porque na literatura internacional aparecem publicações afirmando que o produto é toxico para a saúde humana, o lobby econômico tenta impedir. Por isso todo o processo é judicializado e o Ministério da Agricultura está direto contra a reavaliação e a favor da manutenção da molécula. Então, é difícil porque além do lobby do agronegócio, há também a própria parte do governo que pressiona a favor de manter a molécula no mercado.

A senhora considera que este lobby seria dificultado com os estudos mais eficientes?

Lia: O conflito de interesses existe, mas o que não pode é esse escancaramento das agências governamentais em receber e aceitar esse tipo de pressão. As empresas têm o direito de defender os seus negócios, mas sem que obviamente a saúde pública e o meio ambiente sofram danos. Elas têm que provar que não causam danos para saúde, mas elas não só não provam que não causam danos, como também usam de artícficios cientificistas para obter o registro. Por outro lado, as instituições públicas de pesquisa não estudam, então fica difícil. O governo deve ter uma política de ciência, tecnologia, inovação tecnológica e de resguardo da saúde e do meio ambiente contra a introdução de novas tecnologias que não estão devidamente asseguradas.

E de que forma podemos pensar no fim do uso dessas substâncias tóxicas?

Lia: Essa é uma pergunta que fazemos o tempo todo. Até o final da década de 60, a produção agrícola era feita sem o uso dessas substâncias. Na história da humanidade, a agricultura é a primeira grande revolução produtiva e a maior parte do tempo foi feita sem isso. E existe toda uma ciência da tecnologia, do que chamamos hoje de agroecologia, que é o que o pessoal fazia antigamente. Agora, na medida em que se muda o modelo de produção na base da monocultura extensiva e em agroquímico, se condiciona e se cria um empobrecimento do solo. E à medida que existem mais agroquímicos, mais pragas resistentes exigem mais química, e, assim, cria-se um círculo vicioso de dependência química. E aí é preciso desmamar, como acontece com uma pessoa com dependência química, mas para desmamar é preciso primeiro garantir aos produtores que passarão para uma agricultura tipo agroecológica ou orgânica, incentivos e segurança, para que eles possam produzir. Como aconteceu antes, quando o crédito rural foi condicionado ao uso do agrotóxico, agora pode acontecer o contrário: ser dado o crédito para aqueles que não usarão agrotóxicos, fazer o inverso e criar uma nova escola de agricultura. As indústrias de agrotóxicos ganharam as universidades e as escolas de agronomia, que passaram a ensinar os agrônomos a só produzirem com química. Então, é preciso reformular o ensino da agronomia também.

E a sociedade em geral e os trabalhadores rurais estão convencidos da importância desta mudança?

Lia: Eu acho que a consciência cresceu muito, porque esse modelo é insustentável e se torna cada vez mais caro e cada vez mais dependente de tecnologias pelas quais se terá que pagar royalties e etc. Com isso, a soberania alimentar e a soberania produtiva também vão se perdendo. Esses conflitos permitem espaço para que essas outras alternativas se coloquem. Hoje no Brasil está muito vivo o movimento pela agroecologia, cada vez mais está havendo espaço e interesse por esse outro modelo. Mas não é facil porque não há incentivo por parte do governo. Então, precisaríamos politizar mais essa discussão para que possamos ter, por parte do Estado, outra postura pública perante essas questões.

Ainda existem muito agrotóxicos que são proibidos em outros países e ainda permitidos no Brasil?

Lia: Há vários. Esses 11 agrotóxicos que estamos no processo de revisão junto à Anvisa estão sendo revistos justamente porque já foram denunciados os efeitos proibitivos deles. E a Anvisa tem uma lista de cerca de 60 produtos já proibidos em outros países. É muito lento esse processo porque infelizmente não temos uma conjuntura política e jurídica favorável à proteção da sáude, mas sim favorável à produção.


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Natureza e espiritualidade

sábado, 14 de julho de 2012

Brasil tem o equivalente a duas Franças em áreas degradadas




Se o Brasil recuperasse suas áreas degradadas – terras abandonadas, em processo de erosão ou mal utilizadas – não seria preciso derrubar mais nenhum hectare de floresta para a agropecuária. A avaliação é de técnicos e pesquisadores reunidos hoje (11), durante o 9º Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas (9º Sinrad), que ocorre no Rio até dia 13.

O diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fernando Tatagiba, estimou em até 140 milhões de hectares o total de terras nessa situação no país, área superior a duas vezes o tamanho da França. O ministério está finalizando seu novo plano plurianual, que dará grande importância à recuperação da terra como forma de evitar o empobrecimento das populações e prevenir a derrubada de mais áreas de florestas.

“Neste plano está estabelecida uma meta de elaborar, até 2015, um plano nacional de recuperação de áreas degradadas, que necessariamente deve ser feito com políticas integradas com outros setores da sociedade. Não existe um número preciso [de terras degradadas], mas gira em torno de 140 milhões de hectares. É um grande desafio que temos pela frente, de superar esse passivo, pois essas áreas geram prejuízos enormes para o país e trazem pobreza para o produtor rural”, disse Tatagiba.

Segundo o diretor, existem áreas degradadas em todos os biomas e regiões do país. “Obviamente, onde a ocupação humana é mais antiga, existem áreas mais extensas, como é o caso da Mata Atlântica. Mais recentemente, temos o Cerrado. Na Amazônia, as áreas degradadas estão localizadas em locais de mineração e no chamado Arco do Desmatamento [faixa de terra de pressão agrícola marcada por queimadas e derrubadas, ao sul da Amazônia, do Maranhão ao Acre]”, explicou.

Tatagiba considerou que se as áreas degradadas forem recuperadas, não seria preciso derrubar mais nenhum hectare de floresta para agricultura e pecuária, ainda que na prática nem toda área possa ser totalmente recuperada.

“Para reduzir a pressão sobre florestas, há necessidade de se recuperar pastagens degradadas, que são em torno de 15 milhões de hectares. Se você recupera a capacidade produtiva dessa pastagem, elimina a necessidade de suprimir uma área equivalente em florestas. Além disso, é preciso aumentar a produtividade da pecuária, pois não tem cabimento um boi por Maracanã [equivalente a um hectare]”, comparou Tatagiba.

Para o chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agrobiologia), Eduardo Campello, o Brasil já detém tecnologia própria para reverter a degradação das terras, por meio de processos de seleção e manejo e trocando produtos químicos por insumos biológicos. Com isso, ele considera ser possível reduzir ou até reverter a derrubada de florestas para a agropecuária.

“Várias dessas áreas podem se tornar mais rentáveis, tirando a pressão sobre as florestas e os remanescentes nativos. Já tivemos avanços incontestáveis com o plantio direto [técnica em que se roça a terra e se semeia em seguida, evitando a erosão]. É preciso integrar lavoura, pecuária e floresta, usando mecanismos naturais, como fixação biológica de nitrogênio, evitando o uso de adubo químico. Já temos áreas abertas suficientes, o que precisamos é recuperar o solo.”

Fonte:

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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Campanha pela criação do dia nacional de combate ao uso de agrotóxicos





Brasil é desde 2008 o pais que mais usa agrotóxico no planeta  chegando em 2009 a marca de mais  um bilhão de litros de  agrotóxicos aplicados  dando o equivalente a uma consumo médio de 5,2 Kg de agrotóxico por habitantes LONDRES (2011 pág  19), mas se olharmos mais especificamente para  o Mato Grosso o  estado consome  150 milhões de litros de agrotóxicos por ano dando o  equivalente a 50 litros por habitante OSAVA (2011)   e se a aproximarmos ainda mais os dados  a cidade de Lucas de Rio Verde – MT  a exposição média anual de agrotóxicos por morador chega a 136 litros por habitante  conforme notícia veiculado no portal VIOMUNDO.

O trecho acima faz parte do meu TCC que estou desenvolvendo sobre o tema - Agrotóxicos e seus impactos e é bastante chocante porque a informação do consumo médio de 5,2 kg  por habitante choca - mas, ao olharmos melhor os números que a média encobre a situação acaba sendo estarrecedora.



A notícia boa  é que a sociedade tem reagido frente aos uso abusivo dos agrotóxicos e alguns passos inicias tem sido tomado, como a criação da  Campanha Permanente contra os Agrotóxicos pela Vida como podemos ver no link abaixo:



Podemos destacar também a criação da Lei da Agroecologia e da Merenda Orgânica no estado do Paraná como importante mecanismo de incentivo a alternativas ao uso de agrotóxicos:

A Lei da Agroecologia

A Lei da Merenda Orgânica



Uma importante contribuição ao debate foi dado por Silvio Tendler com seu filme - O Veneno esta na Mesa.


Susana  Prizendt do comitê paulista da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos pela Vida  esta  articulando com a AAO uma carta de compromisso dos candidatos com a agroecologia e  ela informa que a carta de compromisso que a Campanha Contra os Agrotóxicos tá fazendo sobre o combate aos venenos já está quase pronta e poderá ser usada no país todo.

Outra iniciativa muito interessante foi tomado pelo estado da Paraíba ao criar o dia estadual de combate ao uso de agrotóxico, conforme podemos ver abaixo:

A Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou no último dia 31 a criação do dia estadual de combate ao uso de agrotóxico. O projeto, de autoria do deputado estadual Frei Anastácio, institui a data e foi aprovado por unanimidade pela Assembleia.
De acordo com o deputado, “o país já ultrapassou a marca de um milhão de toneladas de agrotóxicos vendidas. Isso representa cinco quilos e duzentos gramas de veneno por habitante no Brasil”.

Ele explica que o dia 19 de março tem como representação simbólica o dia de São José – dia que os agricultores do Nordeste aguardam chegar para começar a plantar, coincidindo com o início das chuvas na região. “Dessa forma, existe toda uma mística de esperança, envolvendo a data, e por isso será oportuna para o dia de combate à intoxicação por agrotóxicos”, afirma o parlamentar.

O projeto determina que as escolas públicas estaduais poderão promover atividades culturais e debates, tendo em vista o incentivo à agricultura orgânica, divulgação de métodos alternativos que combatam as pragas prejudiciais à lavoura.

Fonte: Com informações do Gabinete do Deputado Estadual Frei Anastácio (Paraíba)


Vamos recordar que já existe o dia Internacional do não uso de Agrotóxicos:

A Susana ainda nos informa:

Já existe um projeto de lei na assembléia paulista sobre o dia de combate aos venenos, mas não há previsão de ser votado. Sem a mobilização social a parte legislativa não anda, é por isso que nossa campanha é tão importante, tamos levando informação pras pessoas e fazendo com que se manifestem. Aí sim, vamos ver as coisas melhorarem.

Tomará que os demais estados também tomem iniciativas semelhantes e que possamos ter em breve um dia nacional de combate ao uso de agrotóxicos; apesar dessas datas ter um sentido simbólico - elas servem para chamar a atenção sobre o problema.


Referências

LONDRES, F. Agrotóxicos no Brasil: um guia para a ação e defesa da vida. Rio de Janeiro: AS-PTA. Assessoria  e serviços a projetos em agricultura alternativa,2001. 190 p.: il., 23cm.

OSAVA, M. A ameaça do veneno que chega do campo. Envolverde Jornalismo e Sustentabilidade. Disponível em: <http://envolverde.com.br/noticias/a-ameaca-do-veneno-que-chega-do-campo/>. Acesso em: 03 de julho de 2012.

AZENHA, M. Exclusivo: A pesquisadora que descobriu veneno no leite materno.VIOMUNDO. Disponível em: < http://www.viomundo.com.br/denuncias/exclusivo-a-pesquisadora-que-descobriu-veneno-no-leite-materno.html> Acesso em : 01julho de 2012.


ORTIZ, F. Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos. Portal UOL. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/05/01/um-terco-dos-alimentos-consumidos-pelos-brasileiros-esta-contaminado-por-agrotoxicos.htm> Acesso em: 01 de julho de 2012.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Estudo acha Cafeína, herbicida e laxante na água potável


Um estudo coordenado pela Universidade de Campinas (Unicamp) na água potável de 16 capitais do Brasil, onde vivem 40 milhões de pessoas, indicou a presença de substâncias químicas não legisladas, principalmente a cafeína, em 92% das amostras coletadas. Apesar de não apontar riscos claros à saúde humana, os pesquisadores envolvidos garantem que os resultados indicam deficiência no tratamento da água e que o efeito nocivo desses compostos ainda está por ser definido.

De acordo com a pesquisa, coordenada pelo Instituto Nacional de Ciências e Tec­­nologias Analíticas Avan­­çadas (INCTAA), sediado no Instituto de Química da Unicamp, foram encontradas concentrações consideráveis de cafeína nas 49 amostras realizadas, além de concentrações do herbicida atrazina, do laxante fenolftaleína e da substância triclosan, encontrada em produtos de higiene.
Nenhuma dessas substâncias está presente na Portaria 2.914, publicada pelo Ministério da Saúde em dezembro do ano passado para definir critérios de segurança para a distribuição da água. Por isso, o resultado da pesquisa e os riscos dos compostos à saúde humana dividem especialistas.

Responsável por comandar os estudos na Região Sul, o químico Marco Tadeu Grassi reconhece que a constatação da cafeína na água potável das capitais brasileiras não deve causar um alarme na população, mas criar um sinal de alerta nas distribuidoras de água.

“A cafeína, por si só, não é um risco para a saúde pública, porque a concentração dela em um cafezinho é muito maior. Mas a presença dela na água é um indicativo de que o processo de tratamento de água não está conseguindo remover outros compostos”, diz Grassi, coordenador do grupo de Química Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A opinião, porém, é ponderada por Delmo Vaitsman, coordenador do Laboratório de Desenvolvimento Ana­­lítico do Instituto de Quí­­mica da Universidade Fe­­deral do Rio de Janeiro (UFRJ). “As estações de tratamento estão voltadas para a eliminação de metais pesados e substâncias inorgânicas. Precisaríamos de muito mais estudos científicos para caracterizar um composto como contaminante”, diz o químico.

Em entrevista ao portal da Unicamp, o coordenador do estudo, o químico Wilson Jardim, lembra que já existem tecnologias disponíveis para remover contaminantes não legislados da água, mas admite que o processo é oneroso. “É claro que um investimento desse tipo pode encarecer o custo de produção da água potável, mas temos que considerar que essas substâncias podem trazer sérias sequelas não apenas ao ser humano exposto, com também aos seus descendentes”, afirmou em entrevista à universidade.

Caso Jardim esteja certo, as populações que mais devem se preocupar com o estudo do INCTAA estão em Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte, capitais que apresentaram índices de contaminação por cafeína entre 32 e 166 nano gramas por litro de água.

De acordo com Grassi, a atrazina foi detectada em amostras de 14 das 16 capitais, mas em concentrações menores do que a cafeína: de 0,6 a 6 nano gramas por litro. O valor máximo do hormônio apareceu justamente em umas das amostras coletadas em Curitiba. Já a fenolftaleína e o triclosan foram detectados em baixas concentrações em duas capitais, respectivamente, Palmas e Porto Alegre.

Consumidora só bebe água da torneira

Enquanto boa parte da po­­­pulação mundial adere à água mineral para matar a sede, uma argentina de Buenos Aires, radicada em Curitiba há seis anos, decidiu beber apenas água potável. Alheia ao estudo que indica a presença de substâncias não legisladas na bebida, ela deixou de comprar as garrafinhas plásticas por não confiar nos sistemas de controle de qualidade das empresas do setor.

“A indústria da água mineral cobra, pelo menos, R$ 1,20 por uma água que tem menos controle de qualidade do que aquela da torneira”, defende Natalia Gavotti, 35 anos, que trabalha na área de tecnologia da informação em uma fábrica automotiva de Curitiba. Ela se refere à garrafinha de 510 ml.

Apesar da resistência de Natalia, dados da Associação Brasileira de Indústria de Águas Minerais (Abinam) mostram que o mercado da água mineral cresce em ritmo acelerado. A produção de água engarrafada no Brasil passou de 1,5 bilhão de litros em 1995 para 9 bilhões em 2011 – um crescimento de 500% que levou o setor a arrecadar mais de R$ 2 bilhões apenas no ano passado.

Apesar dos altos números, o consumo per capita do produto no país ainda é baixo em relação a outros centros do mundo. Em 2010, os franceses beberam 132 litros per capita de água mineral enquanto no Brasil essa conta não passou de 45 litros. A Abinam estima que os brasileiros devam chegar ao mesmo patamar do atual consumo da França em dez anos.

Entre esses consumidores está Neide Fiani de Assis Batista, 72 anos, que há dez anos deixou de beber água da torneira por julgá-la contaminada. Ela reconhece, porém, não saber de onde veio essa informação. “Devo ter lido ou ouvido alguém falar, mas sempre achei que fosse [contaminada]”, diz a aposentada, que tanto na sua casa, no bairro Mercês, em Curitiba, quanto na rua, só bebe água mineral.

Argumentos que Natalia rebate: “Larguei a água mineral logo que cheguei a Curitiba e nunca passei mal”, diz a argentina, que ainda ressalta outro problema da água engarrafada. “No Atlântico Norte há uma ilha de plástico por que o lixo sai da sua frente, mas não do mundo”. De acordo com a Abinam, 43% da produção brasileira ainda são distribuídos em embalagens descartáveis.

Fonte: http://www.cheida.com.br/noticia.php?idnoticia=1058

Notícia relacionada:

Cheida quer protocolo sobre qualidade da água
http://cheida.com.br/noticia.php?idnoticia=1059


Para saber mais:

Tempestade química em copo d’água
http://conectarcomunicacao.com.br/blog/111-tempestade-qumica-em-copo-dgua/

Pesquisa diz que água tem agrotóxicos
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/05/pesquisa-diz-que-agua-tem-agrotoxico.html

Estações de tratamento não retiram agrotóxicos da água
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2012/05/estacoes-de-tratamento-nao-retiram.html


Até 13 metais pesados, 13 solventes, 22 agrotóxicos e 6 desinfetantes na água que você bebe
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/12/que-agua-estamos-bebendo.html

Estudo mostra que o Aquífero Guarani está contaminado por agrotóxicos
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/12/estudo-mostra-que-o-aquifero-guarani.html

A ameaça do veneno que chega do campo
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/2011/12/ameaca-do-veneno-que-chega-do-campo.html