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sábado, 27 de dezembro de 2014

Agricultura urbana ganha importância na alimentação mundial



Plantações ganham espaço dentro das cidades. Total de áreas cultivadas, no mundo, equivale a mais da metade do tamanho do território brasileiro.



Uma pesquisa internacional mostrou que as plantações estão ganhando espaço dentro das cidades. E aqui no Brasil não é difícil encontrar exemplos disso.

Dois mil pés de uva, 40 de abacaxi e 90 de laranja. Não estamos no campo. A plantação do agricultor Sebastião Padovani fica em um bairro de Jundiaí, no interior de São Paulo. Aos 83 anos, ele faz questão de cuidar de tudo. “Antigamente, a cidade era a 7 quilômetros de distância. Hoje, a gente já está enxergando a cidade aqui. Nós estamos envolvidos com a cidade, no meio”, diz.

Um estudo feito por pesquisadores britânicos mostrou que essa agricultura urbana ganha cada vez mais importância na alimentação mundial. O total de áreas cultivadas hoje, no mundo, equivale a mais da metade do tamanho do território brasileiro.

De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar, o perfil do agricultor urbano no Brasil é muito diversificado. Pode ser uma dona de casa que cultiva um pomar no quintal ou ainda agricultores que plantam legumes e verduras em terrenos. São plantios pequenos, mas que servem para alimentar muita gente. Tudo que é plantado em uma dessas hortas, por exemplo, vai para a merenda de mais de 200 escolas da cidade.

Uma outra horta já foi bem maior, mas ainda resiste no meio da cidade. Em um pedacinho do campo, tem verduras de todo o tipo, tudo cultivado sem agrotóxicos. “Para eles é muito mais perto. E o preço é o mesmo”, afirma o agricultor João Garcia Marin

Para os clientes que moram nos prédios em volta é só descer e comprar. “Frutas fresquinhas, verduras fresquinhas é muito bom. Para mim, meus filhos e para toda a minha família”, conta dona de casa Gisele Pereira.

(*) Edição do dia 26/11/2014 Acesse e veja o vídeo com a reportagem

sábado, 20 de dezembro de 2014

Periquitos mortos no AM ingeriram agrotóxico, aponta laudo do Ipaam

Caso ocorreu na manhã desta quinta-feira (27) (Foto: Patrick Mota/Amazonas FM)
Periquitos foram encontrados mortos em avenida de Manaus (Foto: Patrick Mota/Amazonas FM)


Notícia publicado originalmente em G1 Amazonas


O laudo que apurou a morte de 200 periquitos em Manaus apontou que não houve uso de veneno de ratos ou chumbinhos para matar os animais. A informação foi divulgada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) na manhã deste sábado (20). De acordo com o órgão, a análise não é conclusiva e deve ser realizado um estudo mais profundo para averiguar o caso. O laudo, realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica que foram encontrados agrotóxicos nos corpos dos animais. Os órgãos ambientais querem saber agora a quantidade necessária destes agrotóxicos para matar os animais, para concluir se a contaminação foi acidental.


Em novembro, cerca de 200 pássaros da espécie brotogeres versicolurus, mortos na Avenida Efigênio Sales, situada na Zona Centro-Sul da capital. Corpos de 40 aves foram recolhidos, e a principal suspeita era de envenenamento.

De acordo com o instituto, 20 espécimes recolhidos no local foram analisados. O estudo procurou mais de 150 agrotóxicos, e foram identificados "níveis residuais" de ciromazina, um agrotóxico comumente utilizado para matar moscas em frutas. O Ipaam informou que a doutora Marilia Martins Melo, responsável pela análise na UFMG, destacou que a presença deste agrotóxico pode significar contaminação por alimento como fruta, grão ou outro produto agrícola onde possam ter sido utilizados tais produtos.

Ainda segundo o Ipaam, o laudo deu negativo pra uso de veneno de ratos e chumbinhos. A UFMG se dispôs a prosseguir pesquisando outras amostras para avaliar diferentes doenças e também a presença de metais pesados, como mercúrio, chumbo e arsênio.

"O laudo diz que as aves não tinham resquício de veneno de rato. De agrotóxicos são resíduos, então são níveis que podem ser resultantes da alimentação das aves. Precisa ser investigado se seriam capazes de matar os animais. Eles são livres, então podem se alimentar em outros locais também, como fazendas, que teriam esse agrotóxico", afirmou o presidente do Ipaam, Antonio Ademir Stroski.

Como ainda não foi identificada a quantia da substância necessária para matar os animais, a hipótese de envenenamento proposital ainda não foi descartada. A Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) deve continuar as investigações do caso. "É necessário prosseguir nas investigações. O Ipaam tem três linhas de condução: envenenamento, doença de ordem microbiológica e o atropelamento. Ainda não dá pra estabelecemos causas, apenas descartamos esses tipos de veneno", explicou.

"A partir de janeiro essas linhas vão ser mais investigadas. Existe um estudo na Universidade de Campina Grande que pode nos dar uma ideia do que causou essa morte desses animais. O laudo não é conclusivo. A gente precisa saber com especialistas se esses níveis de agrotóxico seriam capazes de influenciar a morte desses animais, que são pequenos e de peso leve", destacou a gerente de fauna do Ipaam, Sônia Canto.

O titular do Ipaam afirmou ainda que a UFMG se comprometeu a fazer investigações mais profundas. O órgão deve agora iniciar ações para diminuir as mortes por atropelamento de pássaros na Avenida Efigênio Sales. "Temos o dever de dar uma resposta e dizer o que de fato aconteceu. Temos que atribuir responsabilidade a quem couber. Estamos adotando um manejo pra aquela área. Temos que realizar medidas de proteção", ressaltou o presidente.

Texto completo: G1 AM

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Os 7 alimentos que contêm as maiores quantidades de pesticidas


maça-toxica 



Há uma boa razão para as pessoas que estão preocupadas com a sua saúde a longo prazo e que estão cada vez mais comprando produtos orgânicos.

A maioria das frutas e legumes, que são vendidos em supermercados hoje têm sido convencionalmente cultivadas e são aquelas mais expostas a aplicações pesadas de pesticidas e herbicidas cujos resíduos podem entrar na cadeia alimentar de quem os consome e causar problemas para as pessoas quando essas frutas e vegetais são digeridos.

Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Os 7 alimentos que contêm as maiores quantidades de pesticidas

Por Rosalina, Postado 4 de dezembro, 2014 às 11:44 am EST-EUA


Esses problemas de saúde incluem doenças com a fertilidade, defeitos congênitos, ADHD (Attention Deficit Hyperactivity Disorder – Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) em crianças que são expostas a esses produtos químicos e até mesmo algumas formas de câncer.

Abaixo estão relatados sete dos alimentos vegetais que geralmente contêm as maiores quantidades de pesticidas e venenos usados na agricultura convencional e de larga escala de produção e que você definitivamente deveria procurar compra-los cultivados como alimentos orgânicos e produzidos por pequenos agricultores.1995 --- Snake and Forbidden Fruit --- Image by © Don Mason/CORBIS

MAÇÃS (parece que sempre teremos problemas com esta fruta, desde o Éden…)

Convencionalmente as maçãs são produzidas com altos índices de contaminação, contendo os resíduos de até 42 pesticidas, em média.

Dos produtos químicos em questão, 7 são conhecidos como agentes cancerígenos suspeitos, outros 10 são neurotoxinas, 19 são disruptores endócrinos e 6 podem afetar de algum modo a reprodução e desenvolvimento. Além disso, 17 foram demonstrados ser tóxicos também para as abelhas.

CEREJAS

As cerejas são cultivadas com forte aplicação de pesticidas e também como as maçãs têm cerca de 42 resíduos de pesticidas. Os números aqui não são melhores do que eram com as maçãs, com a cereja contendo em torno de 7 agentes cancerígenos conhecidos ou suspeitos, 22 disruptores hormonais, 7 neurotoxinas e 8 toxinas que afetam a desenvolvimento e a reprodução humana. Neste caso, 18 das toxinas são conhecidos para afetarem também as abelhas.
cereja

VAGENS

Os Feijões verdes,ou as vagens, também são cultivados de forma convencional (não orgânico) e podem ter cerca de resíduos de 44 pesticidas diferentes no momento em que ele é posto cozido sobre a mesa do jantar. Destes, oito agentes cancerígenos são conhecidos, 22 disruptores endócrinos, 11 são neurotoxinas, 8 elementos que afetam a reprodução e desenvolvimento humano e 18 são conhecidos por também serem tóxicos para as abelhas.

COUVE

Estas folhas verdes podem ser muito saudáveis, mas couve convencionalmente cultivada pode ter sido afetada com até 46 resíduos de pesticidas 9 sendo cancerígenos, 25 são desreguladores endócrinos, 10 neurotoxinas, 8 componentes que afetam a reprodução e desenvolvimento do ser humano e 25 produtos químicos que podem eliminar as abelhas.

ESPINAFRE

O espinafre é definitivamente um superalimento, se cultivado sem venenos e pesticidas, devido a todos os seus nutrientes que esse alimento oferece, mas se esse vegetal não for cultivado organicamente, ele pode conter até 48 resíduos de pesticidas, incluindo 8 agentes cancerígenos conhecidos, 25 produtos químicos que perturbam o sistema endócrino, 8 neurotoxinas, 6 toxinas que afetam o desenvolvimento e o sistema reprodutivo e 23 produtos químicos que são tóxicos para as abelhas.

vagens

PIMENTÃO DOCE

Não há nada de doce sobre os cerca de 49 resíduos de pesticidas que estas pimentas podem trazer para a sua mesa, se cultivados de forma convencional, incluindo 11 agentes cancerígenos, 26 conhecidos ou suspeitos, desreguladores endócrinos, 13 neurotoxinas, 10 toxinas que afetam o desenvolvimento e sistema reprodutivos e 19 toxinas tóxicas para as abelhas.

ALFACE

Este componente aparentemente inocente da salada pode conter uma colossal quantidade de até 51 resíduos de pesticidas, dos quais 12 são agentes cancerígenos conhecidos ou suspeitos, 29 são disruptores endócrinos, 9 são neurotoxinas, 10 afetam a reprodução ou o desenvolvimento humano e 21 são tóxicos para as abelhas.
abelhas-x-veneno
Parece que o sistema também esta firmemente comprometido em ACABAR com as abelhas e desta forma afetar severamente a produção de alimentos, nesse caso, convencionais e orgânicos


Mesmo que você não possa se dar ao luxo de comprar tudo que consome de vegetais como produto orgânico, você deve tentar, se possível, pelo menos, comprar os sete produtos apontados cultivados de forma orgânica, se você verdadeiramente quiser limitar sua exposição a alimentos muito tóxicos que afetam em muitos aspectos da saúde humana e que também podem acabar com as abelhas.

Saiba mais sobre SAÚDE em:


Permitida a reprodução desde que mantida a formatação original e mencione as fontes.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Prefeitura investiga a morte misteriosa de milhares de abelhas

Abelhas começaram a aparecer mortas na semana passada (foto: Divulgação/Secom/PMI)


A Secretaria Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar de Irati, nos Campos Gerais, investiga a denúncia sobre a morte de 130 enxames de abelhas ocorrida na semana passada. 

O engenheiro agrônomo da Prefeitura, Marcelo Campello, esteve no local constatando o extermínio quase completo dos enxames.

“O fato é muito preocupante, já que os enxames foram completamente dizimados, com milhares de abelhas mortas dentro e fora das caixas, uma perda patrimonial considerável, já que cada caixa representa em média R$ 200,00 por ano num total de R$ 25.000,00 que dificilmente serão indenizados. 

Outros casos similares vêm ocorrendo em todo o mundo, alertando toda a comunidade científica internacional, que relaciona essas mortes ao uso indiscriminado e incorreto dos agrotóxicos”, conta Marcelo.

sábado, 29 de novembro de 2014

As leis não garantem segurança para consumir alimentos transgênicos", diz ativista americano

 

As leis não garantem segurança para consumir alimentos transgênicos", diz ativista americano
Fonte: O Globo e IDEC

Jeffrey Smith, diretor do Instituto de Responsabilidade Tecnológica dos EUA, diz que brasileiros estão expostos aos efeitos nocivos destes organismos geneticamente modificados, que segundo ele vão de problemas na digestão a tumores

RIO - Considerado um dos maiores ativistas mundiais da propagação do riscos à saúde humana associados ao consumo de organismos geneticamente modificados, o americano Jeffrey Smith esteve no Brasil na última quinta-feira para participar de um seminário internacional sobre segurança alimentar, em São Paulo, e de um bate-papo promovido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Por telefone concedeu entrevista ao GLOBO, na qual criticou a liberalidade dada por governos e reguladores à produção de transgênicos sem estudos que comprovem a inexistência de impactos aos consumidores.

Smith também afirmou que os brasileiros estão expostos aos efeitos nocivos desta produção, que segundo ele, vão de problemas na digestão a tumores, já que o país é o segundo maior produtor mundial de organismos geneticamente modificados e o com maior crescimento anual em área plantada de sementes transgênicas. Smith é também diretor do Instituto de Responsabilidade Tecnológica americano, onde dirige a “Campanha por uma Alimentação mais Saudável na América”.

O GLOBO - Qual é o risco dos transgênicos para o consumidor?

Jeffrey Smith - O problema está principalmente na ração animal feita com transgênicos. Há impactos nos animais que as consomem e em quem consome esses animais, que vão desde problemas com a digestão, reprodução e sistema imunológico a tumores e altos índices de mortalidade infantil, além de aceleração do envelhecimento. Há relatos de pessoas que, quando param de consumir alimentos com transgênicos sentem melhorias na digestão e no sistema imunológico. Quando os fazendeiros deixam de alimentar seu animais com transgênicos, os animais também melhoram nessas áreas. Além disso, estes mesmos problemas aumentaram expressivamente na população americana quando os transgênicos foram introduzidos, apesar dessa correlação não ser comprovada. Fato é que o aumento dessas doenças combina com o aumento do uso e inserção dos organismos geneticamente modificados. Uma das principais causas desses efeitos é que essas sementes são cultivadas com herbicidas agressivos.

O senhor defende que as empresas de biotecnologia enganam os governos não demonstrando esses riscos aos consumidores. Como elas fazem isso?

Primeiramente a Food and Drug Administration ( FDA - órgão governamental responsável pelo controle de alimentos nos EUA) declarou em 1992 que a agência não via nenhuma diferença entre organismos geneticamente modificados e os convencionais. Com base nesse argumento, disseram que nenhum teste seria necessário, inclusive deixaram de criar regras de rotulagem para informar os consumidores a respeito da presença de trans. Coisa que aqui no Brasil e na Europa existe.

Qual é o interesse da indústria em adotar esses organismos?

As indústrias conseguem as patentes das sementes e podem controlar toda a produção de alimentos. As sementes interagem diretamente com os produtos químicos necessários na plantação. Aí, determinada semente só pode ser usada com determinado herbicida. O que ocorreu foi um casamento dessas duas indústrias, resultando num monopólio que aumentou os preços das sementes. Dois terços da variedade de sementes foram eliminadas do mercado americano com a inclusão dos organismos transgênicos. E eles podem aumentar drasticamente o preço das sementes.

Qual é a relação entre a semente e o agrotóxico?

Normalmente se você coloca o herbicida glifosato na soja ele mata a produção. Nessas sementes transgênicas eles inseriram um gene de bactéria que permite a plantação ser trabalhada com o glifosato sem matá-la. Isso também facilita a produção, porque jogam esse agrotóxico mais facilmente sobre ela, inclusive com avião, reduzindo o custo da produção e as perdas de 5 a 10%. Mas, ao mesmo tempo, ficamos muito mais expostos aos agrotóxicos. Inclusive nos EUA as agências regulatórias tiveram de aumentar o percentual permitido de agrotóxicos.

Os consumidores têm informação suficiente para fazer uma escolha consciente?

A maioria dos cientistas está ligada às indústrias de biotecnologia e não estão nem aí para os riscos. Eles simplesmentes aprovam o uso dos transgênicos. As leis não garantem aos consumidores segurança para consumir alimentos transgênicos. O mais longo estudo conduzido pela indústria de alimentos de ração só durou nove dias. Quando cientistas independentes estenderam essa pesquisa por dois anos verificaram que os ratos alimentados com ração transgênica desenvolveram tumores absurdos. E morreram cedo. Na Europa e no Brasil há leis de rotulagem que obrigam as indústrias a informarem a presença de transgênicos no alimento. Nos EUA não. Mas acredito que muitas companhias não praticam essa lei. É fato que quanto mais as pessoas sabem sobre os produtos geneticamente modificados, menos elas confiam nesses alimentos. Nos EUA, estamos educando os consumidores por mais de 10 anos. E o número de americanos que diz evitar esses produtos é de 40%.

O Brasil é o segundo maior produtor de transgênicos e tem a área plantada que mais cresce no mundo. Somos mais expostos do que outros povos?

Há duas formas de exposição. Uma é pela comida e outra pelo agrotóxico usado na lavoura. Um estudo conduzido na Argentina mostrou que nas áreas próximas à produção de transgênicos houve um aumento absurdo de incidência de câncer nas pessoas. Outro aspecto é a comida. A comida é consumida de três maneiras, direto, pela alimentação animal ou pelo mel. Então os consumidores brasileiros estão expostos, mas depende muito de quanto se consome desses alimentos. Na África do Sul, as pessoas comem milho três vezes ao dia, então o risco é muito maior. Eu não sei muito sobre a dieta do brasileiro, mas a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está fazendo pesquisa em feijão e isso vai aumentar os riscos para os brasileiros.

Por que não se investe em pesquisas para comprovar esses malefícios?

Quando um cientista descobre algum problema relacionado aos transgênicos ele é atacado. Tenho documentos que mostram cientistas sendo demitidos e não conseguindo mais emprego por causa desses trabalhos. Isso levou à negação de financiamento de pesquisas do tipo e convenceu muitos cientistas a não tocarem nessa área. As sementes são patenteadas e é preciso ter permissão para pesquisar. Um grupo de 26 cientistas escreveu uma carta para a agência ambiental dos EUA reclamando que nenhuma pesquisa independente poderia ser feita por falta de acesso às sementes. Mas se eles conseguem as sementes não obtêm financiamento. E se conseguem os recursos, não conseguem publicar os resultados porque as revistas são ligadas à indústria e não aprovam pesquisas negativas ao setor.

As ONGs têm conseguido cumprir o papel de fiscalizadoras e pesquisadoras sobre esse tema?

Elas fazem um bom trabalho, mas não são financiadas suficientemente para atuar nesse tema. Eu tenho uma ONG e estamos fazendo uma pesquisa para saber das pessoas quais são os sintomas quando param de se alimentar de transgênicos. Isso não é competência dessas organizações, mas do governo. Só que, como existe esse gargalo, temos de atuar.


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

7 Milhões de Abelhas Morrem após o Plantio de Milho Transgênico no Canadá



Dezenas de milhares de abelhas morreram em Ontário desde que o milho transgênico foi plantado há algumas semanas. Um dos produtores locais de mel, Dave Schuit, denunciou ao site ‘Organic Health‘ que somente a sua granja perdeu 600 colmeias, o que equivale a 37 milhões de abelhas.

Os criadores de abelhas culpam a morte de suas colônias aos neonicotinoides, especialmente o Imidacloprid e a Clotianidina (ambos da Bayer), que são inseticidas geralmente aplicados tanto em sementes como em tratamentos foliares e que penetram no pólen e no néctar.

Enquanto a metade dos países da União Europeia, incluindo a Alemanha, limitam legalmente o uso dos neonicotinóides por preocupações ambientais depois que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos definiu os riscos relacionados, nos EUA continuam sendo um dos mais usados.

No passado, muitos cientistas se esforçaram para encontrar a causa exata da enorme mortandade, um fenômeno que eles chamam de “desordem de colapso de colônia” (DCC). Nos Estados Unidos, por sete anos consecutivos, as abelhas estão em declínio terminal.

O colapso na população mundial de abelhas é uma grande ameaça para as culturas. Estima-se que um terço de tudo o que comemos depende da polinização das abelhas, o que significa que as abelhas contribuem com mais de 30 bilhões de dólares para a economia global.

Um novo estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, revelou que os pesticidas neonicotinoides matam as abelhas por danificar o seu sistema imunitário e as tornam incapazes de combater doenças e bactérias.

Após relatar grandes perdas de abelhas após a exposição ao Imidacloprid, foi proibido o seu uso em plantações de milho e girassol, apesar dos protestos da Bayer. Em outra jogada inteligente, a França também rejeitou a aplicação da Clotianidina pela Bayer, e outros países, como a Itália, também proibiram certos neonicotinoides.

Após o recorde de mortes de abelhas no Reino Unido, a União Europeia proibiu vários pesticidas, incluindo os pesticidas neonicotinóides.

Leia mais: http://www.noticiasnaturais.com/2014/11/37-milhoes-de-abelhas-morrem-apos-o-plantio-de-milho-transgenico-no-canada/


Fonte: Segundo Sol

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Intoxicação por agrotóxicos ainda faz vítimas no campo

Marcos Zanutto
O médico me disse que ou eu parava com a atividade ou morria de intoxicação", lembra o ex-produtor rural Expedito de Souza
 
Expedito Pereira de Souza é ex-produtor rural. Durante anos se dedicou à produção de tomate, pepino e uva no distrito de Guaravera, zona sul de Londrina. Mas há 18 anos foi forçado a deixar a propriedade aos cuidados de familiares para tratar da saúde.

Souza foi uma das vítimas de intoxicação por agroquímicos, produtos que eram aplicados para livrar a lavoura de pragas e doenças.

O último levantamento realizado em 2011 pelo Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que 5.075 pessoas foram intoxicadas com defensivos agrícolas naquele ano, representando 4,79% do total de casos de intoxicação registrados no Brasil.

 O número é ligeiramente menor se comparado ao levantamento de 2001, quando o volume de casos por intoxicação com agrotóxicos no País chegou a 5.384. Ainda que menor, preocupa as autoridades de saúde.

O número de intoxicações por agroquímicos nas lavouras brasileiras pode ser bem maior, já que os dados da Fiocruz só computam casos de pessoas que recebem atendimento médico imediato, ou seja, quando a intoxicação é aguda. Casos crônicos não são computados.

"É difícil conseguir ver os efeitos crônicos de exposição ao agrotóxico durante 20, 30 anos", revela Luiz Claudio Meirelles, pesquisador da área de saúde pública do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fiocruz. Segundo ele, as pessoas não têm consciência de que uma doença pode aparecer ocasionada pela exposição a esses produtos. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que de cada 100 casos de intoxicação por agroquímicos ocorridos nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, apenas em torno de 5% são notificados.

domingo, 16 de novembro de 2014

É seguro, ingerir diariamente resíduos de agrotóxicos?




A ANVISA,  divulgou na sexta feira dia 14/11,  um novo estudo, sobre a análise de resíduos de alimentos que você poderá conferir AQUI.

Abaixo, estou reproduzindo, uma análise que fiz - referente a uma divulgação anterior que foi feito pela ANVISA,  mas, que continua atual porque nada tem mudado nos últimos anos.

Na verdade a situação dos agrotóxicos é mais grave do que os dados conseguem detectar, se quiser ter uma ideia melhor, clique no link abaixo:

Papo com feirante - O veneno nosso de cada dia, continua na mesa ...

A ANVISA iniciou em 2001 um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) com o objetivo de avaliar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam á mesa do consumidor. O PARA monitorou em 2010 (ANVISA,2001) dezoito alimentos: abacaxi, alface, arroz, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango, pepino, pimentão, repolho e tomate.

Dos 400 ingredientes ativos registrados, foram pesquisados 235 e o glifosato um dos mais utilizados- não foi incluído na pesquisa.
 

sábado, 15 de novembro de 2014

Anvisa aponta irregularidades em uso de agrotóxicos

 

Levantamento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostra que 25% de amostras de abobrinha, alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva apresentavam irregularidades relacionadas ao uso de agrotóxicos em 2012. 

O estudo, divulgado nesta sexta-feira, 14, revela que, de um total de 1.397 amostras, 347 foram consideradas insatisfatórias.

Dois problemas foram identificados: o uso de substâncias proibidas para determinada cultura ou alto grau de resíduos de agrotóxicos no alimento.

 Não foram encontrados indícios de usos de substâncias agrotóxicas proibidas no País.

"Mas é preciso investigar mais, dar continuidade às análises e expandir cada vez mais o número de culturas para verificar se tais produtos não estão presentes no País", afirmou a superintendente de toxicologia da Anvisa, Sílvia Cazenave.

A cultura com maior índice de irregularidades foi a abobrinha. Foram consideradas insatisfatórias 48% das 229 amostras analisadas em todo o País.
 
 Em seguida, vem a alface, com índice de 45% de reprovação. 

As análises integram o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), criado em 2001 pela Anvisa. O trabalho é feito de forma conjunta com Estados e municípios. Para o monitoramento, são escolhidos alimentos que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são os mais consumidos pelo brasileiro. Também é levada em consideração o perfil do uso de agrotóxicos nestes alimentos. A lista é alterada a cada três anos.

Esta é a segunda etapa da análise do PARA de 2012. Na primeira fase, divulgada em 2013, foram analisadas outras culturas: abacaxi, arroz, cenoura e pepino. Para essas culturas, o porcentual de amostras insatisfatórias havia ficado em 29%. "Não há como dizer se a situação no País melhorou, está igual ou piorou", resumiu Sílvia.

Veja a primeira etapa divulgada em 2013 clicando AQUI

 Ela afirma que, para fazer tal comparação, seria necessário observar um grupo de culturas durante um período determinado, ao longo dos anos. "Vamos chegar a isso", disse.


Em 2012, o pimentão, uma das culturas que se destacaram ao longo dos últimos anos pelo alto índice de irregularidades, ficou de fora. A decisão de retirar o produto da análise, de acordo com a gerente geral de toxicologia da Anvisa, Ana Maria Vekic, foi tomada em razão de dois fatores: necessidade de se variar os produtos analisados e de concentrar um olhar mais cuidadoso para produtos que brasileiro consome com mais frequência. 

De acordo com a equipe da Anvisa, o pimentão, comparativamente, é menos consumido do que as culturas analisadas em 2012.

"Os consumidores não estão correndo risco em consumir produtos da lista", garantiu Sílvia. Ela, no entanto, emendou dizendo que o ideal é procurar variar ao máximo o tipo de alimento consumido. Ana contou ser raros os casos de intoxicações agudas pelo consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos. "Os problemas são verificados a longo prazo.   Podem trazer problemas neurológicos, aumentar o risco de câncer", disse. Isso acontece porque diversos agrotóxicos aplicados nos alimentos agrícolas e no solo penetram nas folhas e polpas. A lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas podem contribuir para redução dos resíduos de agrotóxicos, ainda que sejam incapazes de eliminar aqueles contidos em suas partes internas.

Nota do blog: a afirmação acima é no mínima contraditória e uma desinformação a sociedade em um primeiro momento, mas, qualquer pessoa que tem a capacidade de analisar, pode ver a contradição na afirmação da superintendente de toxicologia da Anvisa. Em um primeiro momento ela afirma que os consumidores não estão correndo risco em consumir produtos acima e depois coloca os problemas são verificados a longo prazo e podem  trazer problemas neurológicos, aumentar o risco de câncer ... no mínimo esta subestimando nossa inteligência.


Ana explica que, quando o agrotóxico é registrado no País, é indicado para quais culturas ele pode ser adotado. Muitas vezes, um produto indicado para lavouras de feijão, por exemplo, pode ser proibido para o cultivo de tomates. Assim como, em anos anteriores, foi identificado um porcentual significativo de lavouras tratadas com agrotóxicos que não foram registrados para este fim. "Isso pode levar, indiretamente, a um consumo maior de agrotóxicos do que o desejado", disse Ana.

 "Passamos a perder o controle do que está sendo consumido e isso, claro, não é algo a ser desejado."

A superintendente da Anvisa chama a atenção também para o risco a que trabalhadores das culturas estão submetidos. "Daí a necessidade de formação de produtores rurais. Eles são as principais vítimas do uso indevido de agrotóxicos", completou.


A partir dos resultados, a Anvisa deve desencadear uma série de medidas. Laudos dos resultados do PARA serão encaminhados para supermercados e locais onde amostras foram retiradas para a análise.

 Um mapeamento das culturas mais críticas para o emprego irregular dos agrotóxicos será realizado.

domingo, 9 de novembro de 2014

A falta da água

Foto: O que adianta ser líder mundial na exportação de laranja, soja e café se a população não tem água?  União para proteger todas as florestas e mais, precisamos correr contra o tempo no reflorestamento das áreas de mananciais (nascentes dos rios). "São Paulo não tem esse colchão verde de amortecimento. Está a mercê de todas as influências externas", disse professor Antonio Nobre. A falta de água no estado de São Paulo é só o começo da tragédia.

Árvore, ser Tecnológico



O que mais se vê, são discussões - como se a falta da água fosse de competência de São Pedro e que logo, chove e tudo estará resolvido, quando que a verdadeira causa não é discutida.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Exposição a agrotóxicos pode causar alterações no DNA, mostra pesquisa

Trabalho analisou 108 produtores rurais de Caxias do Sul (RS)

Valquíria Vita
Divulgação
Os resultados de uma pesquisa apresentada na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), pela bióloga geneticista Juliana da Silva, professora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) reforçam um aviso sempre necessário: os agricultores devem utilizar equipamentos de proteção (EPIs) para lidar com os agrotóxicos.

A pesquisa, realizada pela Ulbra, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), analisou, de 2001 a 2003, as células de 108 viticultores da cidade de Caxias do Sul (RS), todos homens, expostos a agrotóxicos há cerca de 30 anos. Foram detectadas lesões no DNA de todos os produtores, sendo que eles apresentaram aproximadamente seis vezes mais lesões no DNA do que um grupo de pessoas não expostas aos agrotóxicos.

A geneticista explica para os leigos:

– Alteração no DNA significa que a célula avaliada possui quebras. Muitas vezes as células não conseguem consertar essas quebras e acabam morrendo. Se ela morrer, o organismo tem que produzir mais células, e, nesse sistema de morre e produz, a célula pode ter algum problema e começar a se dividir sem parar. É aí que pode surgir um tumor.

Os danos das células, segundo Juliana, podem se acumular no sistema de uma pessoa, causando, no caso dos expostos aos pesticidas, não somente câncer, mas outras doenças, como Alzheimer.

– Alegaram ter incidência de câncer na família 40% dos entrevistados. Ainda foram observados problemas reprodutivos em aproximadamente 18% deles – afirma Juliana.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Trabalho envenenado


Viviane Tavares - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

Uso de agrotóxicos afeta diretamente os trabalhadores rurais que sofrem com intoxicação e outras doenças mais graves.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Embora trágico, isso já não é mais novidade. No entanto, recentes pesquisas latino-americanas mostram que, além da intoxicação via alimentos, os trabalhadores também tem sofrido com esse impacto.

 E essa realidade está longe de ser mudada. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na safra 2010/2011, o consumo foi de 936 mil toneladas de agrotóxicos, movimentando US$ 8,5 bilhões entre dez empresas que controlam 75% desse mercado no país.

No artigo "Uso de agrotóxicos no Brasil e problemas para a saúde pública", publicado na última edição dos Cadernos de Saúde Pública, as autoras Raquel Maria Rigotto, Dayse Paixão e Vasconcelos e Mayara Melo Rocha afirmam que entre 2007 e 2011, de acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), houve um crescimento de 67,4% novos casos de acidentes de trabalho não fatais devido aos agrotóxicos. No mesmo período, as intoxicações aumentaram 126,8%. Entre as mulheres, o crescimento foi ainda maior, 178%.

Para as pesquisadoras, os agrotóxicos constituem hoje um importante problema de saúde pública, "tendo em vista a amplitude da população exposta nas fábricas de agrotóxicos e em seu entorno, na agricultura, no combate às endemias e outros setores, nas proximidades de áreas agrícolas, além de todos nós, consumidores dos alimentos contaminados", explicam no artigo.

Agrotóxicos no trabalho

O pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pedro Henrique de Abreu, em sua pesquisa "O agricultor familiar e o uso inseguro de agrotóxicos no município de Lavras, em Minas Gerais", afirma que "não existe viabilidade de cumprimento das inúmeras e complexas medidas de uso seguro de agrotóxicos no contexto socioeconômico destes trabalhadores rurais." Pedro visitou 81 unidades de produção familiar em 19 comunidades no município de Lavras (MG). Ele usou como referência os manuais de segurança da indústria química e do Estado e tentou verificar a viabilidade do cumprimento dessas normas na agricultura familiar.

Em sua pesquisa, Pedro utilizou manuais de segurança elaborados pela associação das indústrias químicas no Brasil e por instituições públicas de saúde, agricultura e trabalho. "Os resultados apontaram que a aquisição de agrotóxicos é feita sem perícia técnica para indicar a real necessidade de utilização desses produtos, que a receita agronômica é predominantemente fornecida por funcionários dos estabelecimentos comerciais e que os agricultores não recebem informações e instruções adequadas sobre medidas de segurança no momento da compra", explica a pesquisa.

 Além disso, segundo o texto, o transporte de agrotóxicos é realizado nos veículos disponíveis, como caminhonetes e caminhões, que são não adaptados aos requerimentos de segurança. A questão do armazenamento também é crítica, pois os agricultores utilizam as construções que dispõem para o estoque dos agrotóxicos, independente das condições estruturais e da proximidade das mesmas com residências ou fontes de água.

 Além disso, o tamanho das propriedades, em grande parcela próxima das residências dos agricultores, impossibilita que o preparo e a aplicação sejam realizados a uma distância que impeça que os agrotóxicos atinjam residências.

 A falta de informação e de assistência técnica no que diz respeito aos EPIs e outras medidas de segurança necessárias, como o descarte nessas atividades também carecem de atenção.

 "As dificuldades criadas pelos estabelecimentos comerciais, assim como os custos envolvidos na atividade são os principais motivos para a não devolução das embalagens vazias; e que, por carência de informação, a lavagem das vestimentas e EPIs contaminados por agrotóxicos é entendida como atividade doméstica comum, sendo, portanto, realizada sem a observação de medidas de segurança", explica o estudo, que completa: 

"Conclui-se que a tecnologia agroquímica não pode ser utilizada sob os conceitos de controle de riscos na estrutura geral das unidades produtivas de agricultura familiar. Não existindo, desta forma, viabilidade de cumprimento das inúmeras e complexas medidas de uso seguro de agrotóxicos no contexto socioeconômico destes trabalhadores rurais".

Consequências mais graves
Recentemente publicado em sites de movimentos contra o agrotóxicos, o Grupo de Genética e Mutagêneses Ambiental (GEMA), formado por pesquisadores da Universidade Nacional de Río Cuarto (UNRC), declarou depois de oito anos de pesquisa e quinze publicações científicas, entre elas a "La genotoxicidad del glifosato evaluada por el ensayo cometa y pruebas citogenéticas", na revista científica Toxicologia Ambiental e Farmacologia, da Holanda, que os agrotóxicos causam alterações genéticas e aumentam as probabilidades de contrair câncer, sofrer abortos espontâneos e nascimentos com malformações. 

Os estudos foram confirmados em pessoas e animais. Entre os venenos mais recorrentes estão o glifosato, endosulfam, atrazina, clorpirifos e cipermetrina. 

Em diversas pesquisas confirmamos alterações genéticas em pessoas expostas a agrotóxicos. A alteração cromossômica que vimos, indica quem tem mais risco de sofrer de câncer, a médio e longo prazo

Assim como outras doenças cardiovasculares, malformações, abortos", explicou Fernando Mañas, doutor em Ciências Biológicas e parte da equipe da UNRC, em entrevista para o Página/12, da Argentina.

domingo, 19 de outubro de 2014

O uso de pesticidas por agricultores, ligados a altas taxas de depressão, suicídios



Testes com animais demonstram alteração no funcionamento de células nervosas; estudos nos EUA, na China e no Brasil também sugerem aumento no risco de depressão em seres humanos
viso de toxicidade por uso de pesticidas: doenças mentais, depressão e suicídios de agricultores podem estar relacionados aos produtos químicos

Em sua fazenda no estado do Iowa, nos Estados Unidos, Matt Peters trabalhava do nascer ao pôr do sol plantando 1500 acres com sementes tratadas com pesticidas. "Sempre me preocupava com ele nas primaveras", diz a esposa Ginnie, "e me sentia aliviada quando ele terminava o trabalho". Em 2011, o marido "calmo, racional e carinhoso" se tornou subitamente deprimido e agitado. 

"Ele me disse: 'Eu me sinto paralisado'", conta. "Ele não conseguia dormir ou pensar. Do nada, ficou deprimido".

Matt, aos 55, tirou sua própria vida. Ninguém sabe o que engatilhou sua mudança súbita de humor e comportamento.

Matt Peters deixou para trás sua esposa, Ginnie, e dois filhos
Mas, desde a morte do marido, Ginnie se lançou em uma missão para não apenas conscientizar as pessoas sobre o suicídio em famílias de agricultores, como também para chamar atenção para as crescentes evidências de que os pesticidas podem alterar a saúde mental dos agricultores.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Impacto de remédios na natureza faz peixes machos ficarem femininos

Características femininas em peixes machos foram notadas pela primeira vez nos anos 90
Características femininas em peixes machos foram notadas pela primeira vez nos anos 90



Nós, seres humanos, tomamos paracetamol para dor de cabeça, contraceptivos para evitar a gravidez e Prozac para a depressão.


Mas para onde vão os resíduos destas substâncias uma vez cumprida a sua função?


O corpo humano elimina muitos dos medicamentos que ingerimos através da urina. A urina vai para os esgotos e, depois de atravessar um sistema imperfeito de purificação, os resíduos desembocam nos rios que alimentam o planeta.


Embora as concentrações de drogas na água sejam baixas, as consequências destas para os ecossistemas não deixam de ser preocupantes: desde peixes machos que adquirem características femininas até aves selvagens que perdem a vontade de comer, além de populações inteiras de peixes e outros organismos aquáticos dizimadas.

Diversos estudos sobre o impacto da poluição farmacêutica sobre a vida selvagem apontam que o uso crescente de drogas projetadas para serem biologicamente ativas em baixas doses pode estar causando uma crise global da vida selvagem.

"As populações de muitas espécies que vivem em paisagens alteradas pelo homem estão encolhendo por razões que não podemos explicar completamente", disse a pesquisadora Kathryn Arnold, da Universidade de York, na Inglaterra.

"Acreditamos que é hora de explorar novas áreas, como a poluição farmacêutica."

Machos femininos

Para os seres humanos, no entanto, a presença de drogas em baixa concentração na água não é um problema: seria necessário tomar entre 10 milhões e 20 milhões de litros de água da torneira para ingerir medicação suficiente para, digamos, aliviar uma dor de cabeça.

No caso dos peixes, a história é outra.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Após oito anos de pesquisas, relatório confirma vinculação glifosato/câncer



Oito anos de pesquisa, quinze publicações científicas e uma certeza: os agrotóxicos causam alterações genéticas e aumentam as probabilidades de contrair câncer, sofrer abortos espontâneos e nascimentos com malformações. A declaração vem do Grupo de Genética e Mutagêneses Ambiental (GEMA), pesquisadores da Universidade Nacional de Río Cuarto (UNRC), que confirmaram com estudos em pessoas e animais, as consequências sanitárias do modelo agropecuário. Glifosato, endosulfam, atrazina, clorpirifos e cipermetrina são alguns dos agrotóxicos prejudiciais. “A vinculação entre alteração genética e câncer é clara”, reafirmou Fernando Mañas, pesquisador da UNRC.

“La genotoxicidad del glifosato evaluada por el ensayo cometa y pruebas citogenéticas” é o título que leva a pesquisa publicada na revista científica Toxicologia Ambiental e Farmacologia (da Holanda). O trabalho descreve o efeito genotóxico (o efeito sobre o material genético) do glifosato sobre células humanas e ratos, que, inclusive, confirmaram alterações genéticas em células humanas com doses de glifosato em concentrações até vinte vezes inferiores às utilizadas nas pulverizações em campo.

Outra pesquisa se chama “Genotoxicidad del AMPA (metabolito ambiental del glifosato), evaluada por el ensayo cometa y pruebas citogenéticas”. Publicada na revista Ecotoxicologia e Segurança Ambiental (dos EUA). O AMPA é o principal produto da degradação do glifosato (o herbicida se transforma, principalmente, pela ação de enzimas bacterianas do solo, na AMPA). Confirmaram que o AMPA aumentou a alteração no DNA de em culturas celulares e em cromossomos em culturas de sangue humano. “O AMPA demonstrou ter tanta ou maior capacidade genotóxica que sua molécula parental, o glifosato”, afirma a pesquisa da universidade pública.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Além de desertificação, São Paulo tem água de subsolo contaminada

por Júlio Ottoboni*


São Paulo e parte dos Estados do Sul e Sudeste do país podem entrar tanto num ciclo de desertificação como de extermínio de suas reservas hídricas existentes no subsolo. A influência das queimadas e do desmatamento amazônico no ciclo das chuvas nas porções mais ao sul do país alarma tanto os cientistas tanto quanto aos níveis de contaminação das águas potáveis existentes. 

 Com o volume de águas de superfície em diminuição considerável, as reservas subterrâneas estão em boa parte comprometidas. Seja por contaminação por esgoto, pesticidas ou mesmo pela falta de potabilidade. Há estudos sobre o uso a exaustão desses recursos em regiões onde o aquífero tem uma distribuição demasiadamente irregular.

 Desde 1998, pesquisadores da USP e outras entidades alertam para a exploração demasiada e sem critérios das águas subterrâneas, principalmente na agricultura. No trecho paulista, o Aquífero Guarani é explorado por mais de 1000 poços e isso ocorre numa faixa no sentido sudoeste-nordeste. Já a área de recarga ocupa cerca de 17.000 Km², onde se encontram a maior parte dos poços e grande parte dos problemas de contaminação.

 Há 13 anos um grupo de cientistas do Centro de Pesquisas de Água Subterrânea (Cepas) do Instituto de Geociências da USP pesquisa quanto a presença de Nitrato nas águas subterrâneas. Os estudos mostram uma crescente contaminação por esgoto urbano em diversas cidades paulistas. Esse elemento químico surge em processos de decomposição bacteriológica de matéria orgânica presente nos dejetos. 

 “Em locais onde não há saneamento, a contaminação ocorre pelas fossas sépticas e negras, já nas áreas com redes de esgoto o problema são os vazamentos. As redes são antigas e não passam por manutenção periódica. 
A presença do nitrato em áreas urbanas com rede de esgoto não era esperada de forma tão intensa”, afirma o professor da USP Ricardo Hirata.

 O nitrato é cancerígeno e pode desenvolver diversas doenças, principalmente síndromes em crianças. São Paulo tem uma grande dependência da água subterrânea.

 Segundo a pesquisa da USP, cerca de 75% das cidades paulistas têm o abastecimento público total ou parcial feito por águas de aquíferos. 

 “No Estado de São Paulo, quase 60% dos poços tubulares são ilegais, ou seja, não têm controle por parte do estado, com possibilidades de terem problemas de qualidade de suas águas.

 Isso significa que a população pode estar ingerindo água degradada por nitrato ou outros contaminantes e não saber”, alerta o professor da USP.

 Além do problema da recarga, dificultado pela falta de chuvas, descontaminar a água com nitrato é algo caro e algumas situações inviável. Para agravar o quadro, há uma redução drástica da água de subsolo em diversas regiões. 

A supressão das matas ciliares que recobrem as bacias tem forte impacto sobre a qualidade da água, encarecendo em cerca de 100 vezes o seu tratamento. O alerta para as péssimas condições das águas, tanto de superfície como de subsolo, foi feito também pelo pesquisador José Galizia Tundisi, do Instituto Internacional de Ecologia (IIE).
 Segundo ele, em áreas com floresta contígua a cursos d’água que estão protegida, com algumas gotas de cloro por litro se tem água para consumo humano. “ Já em locais com vegetação degradada é preciso usar coagulantes, corretores de pH, flúor, oxidantes, desinfetantes, algicidas e substâncias para remover o gosto e o odor. 

Todo o serviço de filtragem prestado pela floresta precisa ser substituído por um sistema artificial e o custo passa de R$ 2 a R$ 3 a cada mil metros cúbicos para R$ 200 a R$ 300.

 Essa conta precisa ser relacionada com os custos do desmatamento”, afirmou. Quando a cobertura vegetal na bacia hidrográfica é adequada existe uma quantidade maior de água, por processos naturais, essa retorna para a atmosfera e favorece a precipitação. 

O escoamento da água das chuvas é mais lento, favorecendo a recarga e minimiza a erosão.

 A vegetação funciona como um filtro natural e ajuda a infiltrar a água no solo. “Em solos desnudos, o processo de drenagem da água da chuva ocorre de forma muito mais rápida e há uma perda considerável da superfície do solo, que tem como destino os corpos d’água. 


Essa matéria orgânica em suspensão altera completamente as características químicas da água, tanto a de superfície como a subterrânea”, explicou Tundisi. * Júlio Ottoboni é jornalista diplomado e pós-graduado em jornalismo científico.

Fonte: Envolverde

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Entenda o perigo dos inseticidas para a saúde das crianças

Lydia Cintra




Mosquitos e baratas incomodam muita gente. Por isso, produtos “milagrosos” e potentes, que prometem acabar com os bichinhos em uma aplicação, são naturalmente relacionados à proteção.

 As propagandas ajudam: os insetos vão embora e a família fica bem protegida…

O que a indústria não fala, no entanto, é que a exposição a componentes que fazem parte da fórmula destes venenos têm sido apontados por diversos estudos como a causa de problemas de saúde em crianças e adultos, dentre eles câncer.

De acordo com o livro “Agrotóxicos no Brasil – um guia para ação em defesa da vida”, de Flavia Londres, os inseticidas domésticos são fabricados com os mesmos princípios ativos dos agrotóxicos. No entanto, eles não dependem da aprovação dos órgãos de agricultura e meio ambiente. O registro fica por conta apenas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – motivo pelo qual escapam de ser classificados e fiscalizados como agrotóxicos.

Para Silvia Regina Brandalise, oncohematologista pediátrica, a exposição da população a esse tipo de produto é alarmante. “Não temos noção do tamanho do nosso inimigo”, ponderou a médica sobre os produtos com derivados de benzeno, como os inseticidas.

A médica foi uma das palestrantes do seminário “Os Agrotóxicos, seus Impactos na Saúde e as Alternativas Agroecológicas no Município de São Paulo”, que aconteceu na capital paulista no dia 15 de abril.


Problemas

Existe, segundo Brandalise, uma estreita relação entre diversos tipos de leucemia infantil, que aparecem principalmente nos primeiros anos de vida, e o uso de inseticidas. Quando o produto é aplicado, ele vai para o solo. A criança, que vive no chão e coloca a mão e outros objetos na boca, fica super exposta a substâncias tóxicas.

Um das grandes preocupações de quem estuda o assunto, no entanto, é o contato da criança ainda na barriga da mãe. “Uma quantidade pode ser pequena para um adulto, mas quando chega a um feto ou na criança durante a gestação é uma quantidade enorme, porque ela não consegue metabolizar”.
Pesquisas já detectaram a presença de inseticidas no leite materno e altos níveis de pesticidas (o inseticida é um tipo de pesticida) no mecônio (a primeira evacuação da criança), relacionados com exposição materna a algumas substâncias.

Algumas alterações moleculares decorrentes do contato com esses produtos também são responsáveis pela teratogênese, a má formação. No estado de SP, o óbito no primeiro ano de vida por má formação corresponde a 28% do total. “Nós estamos vivendo em um universo que está conspirando a favor do câncer, conspirando a favor das má-formações”, disse.

Outros fatores que estão ligados ao desenvolvimento de câncer nas crianças são o uso de hormônios na gravidez, contaminação com metais pesados, infecções e alterações genéticas.

Prevenção


Alertar contra o uso de inseticidas passa principalmente pela educação. “Somente por meio de conhecimento e educação as famílias vão tomar maior consciência sobre o risco que elas estão correndo”, defendeu a especialista, que deixou clara a importância de abolir (ou pelo menos diminuir) o uso de pesticidas para finalidades residenciais, escolas e creches.

E concluiu: “As necessidades e aspirações das crianças estão acima de ideologias e culturas, pois são as mesmas em qualquer sociedade. Elas podem ser uma força unificadora que ajuda adversários a respeitar uma ética comum”.

Assista ao vídeo completo da apresentação (11 minutos) abaixo:




sábado, 23 de agosto de 2014

Dia de Campo na TV - Fazendinha agroecológica : 20 anos produzindo sustentabilidade



O Sistema Integrado de Pesquisa em Produção Agroecológica (SIPA), mais conhecido como Fazendinha Agroecológica Km 47, foi criado em 1993. É uma parceria entre a Embrapa, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Pesagro-Rio.

Localizada na Baixada Fluminense, a Fazendinha tem 70 hectares de área destinados à pesquisa, ao ensino e à transferência de tecnologias em agricultura orgânica.

 As experiências realizadas, hoje divididas em oito linhas temáticas, objetivam o desenvolvimento de sistemas de produção diversificados, integrando a pecuária e cultivos variados, sem o uso de agrotóxicos. O cultivo obedece aos princípios e normas vigentes na agricultura orgânica.

O manejo ecológico de pragas e doenças também tem sido enfatizado a partir de estudos envolvendo o uso de caldas fitossanitárias alternativas e biofertilizantes líquidos, agentes biológicos de controle e controle biológico por conservação de inimigos naturais.

Produção: Embrapa Informação Tecnológica e Embrapa Agrobiologia
Responsável pelo conteúdo técnico: José Antônio Espindola - pesquisador
Produção e Roteiro: Ana Lúcia Ferreira- Jornalista
Cinegrafista: Rogério Monteiro e José Alves Tristão
Editor de imagem: Sérgio Figueiredo
Editor de arte: Joniel Sergio
Contatos: (21) 3441 1596
cnpat.sac@embrapa.br
www.cnpat.embrapa.br

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Embrapa alerta que milho RR pode virar planta daninha na soja

Yve Leíse - Milho voluntário RR em lavoura de soja
Milho voluntário RR em lavoura de soja Foto: Yve Leíse
FONTE: EMBRAPA

As áreas agrícolas que adotaram nessa safra o sistema de produção que tem a soja seguida do milho safrinha RR terão um novo desafio, que é o de controlar a presença de milho voluntário RR.

O problema ocorre pela impossibilidade de se controlar as plantas de milho com o herbicida glifosato, porque tanto a soja quanto o milho RR são resistentes a este herbicida.

"Aqueles grãos de milho RR que sobrarem da colheita poderão germinar e se comportar como uma planta daninha para a cultura da soja", alerta o pesquisador Fernando Adegas.

De acordo com Adegas, o poder de competição do milho voluntário é bastante elevado e pode causar redução de produtividade na soja. 

"Se houver duas ou três plantas por metro quadrado, o milho pode reduzir em até 50% a produtividade da soja", confirma o pesquisador.

 Para quando ocorrer o problema, a indicação de Adegas é a de que os produtores controlem o milho com um herbicida que tenha um mecanismo de ação diferente do glifosato.

 "O ideal é fazer o controle antes da semeadura ou logo após a emergência da soja, quando as plantas do milho estão pequenas", explica. Segundo Adegas, os graminicidas são uma alternativa para o controle de milho RR em lavouras de soja. 

No entanto, o pesquisador alerta que essa operação de controle, pode ter um custo mais elevado do que o controle de todo o complexo de plantas daninhas da soja, que normalmente utiliza o glifosato.

 "Outra opção de manejo é a utilização o método mecânico, ou seja, capinar as plantas de milho, quando estiverem pequenas", explica.

No Brasil, muitas regiões produtoras de grãos adotam o sistema de produção que engloba a soja, o milho e o algodão.

 "Com o aumento na utilização de cultivares RR, o problema de manejo das plantas voluntárias tende a ser cada vez mais complexo no Brasil", pensa Adegas. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, como há neve no inverno, a tecnologia RR não apresenta, de forma agravada, esse problema, assim como na Argentina, onde não há tradição de cultivo subsequente.

 "Por isso, precisamos desenvolver mais conhecimento para as nossas condições, visando ter respostas adequadas para os produtores brasileiros", pondera.

Veja abaixo, uma entrevista com o pesquisador:





quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Abelhas vigiadas

Zangão da espécie Apis mellifera africanizada com microssensor colado no tórax
Zangão da espécie Apis mellifera africanizada com microssensor colado no tórax
DINORAH ERENO | Edição 221 - Julho de 2014

A população de abelhas registra um expressivo declínio em vários países, inclusive no Brasil. Em agosto do ano passado, a revista Time trazia na capa um alerta para o risco de desaparecimento das abelhas melíferas, com a chamada “O mundo sem abelhas” e o alerta: 

“O preço que pagaremos se não descobrirmos o que está matando as melíferas”.


Veja também: 7 motivos pelos quais você deveria se importar com as abelhas


 O desaparecimento das fabricantes de mel preocupa não só pela ameaça à existência desse produto, mas também porque as abelhas têm chamado a atenção principalmente pelo importante papel que representam na produção de alimentos.

 Não é para menos. Elas são responsáveis por 70% da polinização dos vegetais consumidos no mundo ao transportar o pólen de uma flor para outra, que resulta na fecundação das flores

. Algumas culturas, como as amêndoas produzidas e exportadas para o mundo inteiro pelos Estados Unidos, dependem exclusivamente desses insetos na polinização e produção de frutos. A maçã, o melão e a castanha-do-pará, para citar alguns exemplos, também são dependentes de polinizadores.

Entre as prováveis causas para o desaparecimento das abelhas estão os componentes químicos presentes nos neonicotinoides, classe de defensivos agrícolas amplamente utilizados no mundo. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Planta com cheiro substitui agrotóxico para combater pragas em morango e tomate

Roberto Custódio / Jornal de Londrina / O doutorando Mateus Carvalho comprovou a redução de 70% na incidência de mosca branca em meio à plantação de tomate
O doutorando Mateus Carvalho comprovou a redução de 70% na incidência de mosca branca em meio à plantação de tomate

O cultivo de frutas e hortaliças em consórcio com outros alimentos pode ser um método bastante eficaz no combate de pragas e doenças na agricultura. É o que constataram pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Eles escolheram o tomate e o morango – dois dos alimentos mais suscetíveis a pragas e, portanto, ao uso de agrotóxicos – para mostrar como técnicas alternativas podem ajudar a repelir insetos de forma natural. Os métodos deram certo e já estão sendo utilizados por produtores orgânicos da região Norte do estado.

Em um dos experimentos, o mestrando do programa de pós-graduação em Agronomia Fernando Hata utilizou o plantio de alho com o morango para afastar o ácaro rajado. A praga, que causa o apodrecimento das folhas da planta, foi repelida pelo cheiro forte do alho. 

“Podemos diminuir em até 50% a população de ácaro com o plantio do alho próximo ao morango. Isso reduz bastante o uso de veneno, se o agricultor tiver uma produção convencional”, comenta o pesquisador.

Hata assinala que, no caso do produtor orgânico, a técnica também propicia um controle melhor sem o uso de agrotóxicos. A alternativa já é empregada por produtores de Pinhalão e Jandaia do Sul.

Ervas

O doutorando Mateus Gimenez Carvalho, por sua vez, plantou coentro e manjericão entre mudas de tomate. O resultado foi uma repelência natural à mosca branca, praga que transmite um vírus que afeta o desenvolvimento da planta. 

Assim como na outra pesquisa foi o odor liberado pelas plantas cultivadas em consórcio que espantou as moscas. Agora, Carvalho busca uma maneira de afastar outro inimigo dos agricultores – a traça do tomateiro. “Essas [mosca branca e traça] são duas pragas que causam muitos danos ao tomate. Quero me aperfeiçoar nesta pesquisa”, salienta.

O estudante observa que o experimento já realizado ajuda a reduzir em até 70% a mosca branca na produção. Além disso, a contribuição com o meio ambiente é garantida a partir da diminuição no uso de agrotóxicos, prática cada vez mais comum nesse tipo de cultura.

 “Tem produtor que aplica de duas a três vezes por semana agrotóxicos no tomate, ainda mais quando se cultiva em época de muito calor. A praga cria até resistência e tudo chega ao consumidor final”, alerta.

Quem aderiu à estratégia de Carvalho já relata benefícios. “A técnica ameniza bastante as pragas. Só usamos inseticida em último caso”, afirma Almir Almeida Ramos, que administra uma propriedade rural de Londrina. A plantação de tomate do local passou a contar com coentro desde a última safra.

* * * * *

Estratégia abre espaço para renda extra

Foi na propriedade do agricultor Lauro Wittmann, 52 anos, de Jandaia do Sul, que o pesquisador Fernando Hata viu pela primeira vez o plantio de morango em consórcio com alho.

 Na época, Wittmann já observava os benefícios da iniciativa no controle de praga e o pesquisador percebeu que a estratégia precisava ser mais bem estudada. “O plantio era sem muita certeza de que daria certo”, lembra Hata.

É por experiência própria, no entanto, que o produtor de morangos conta como o alho é útil para repelir o ácaro rajado. Agricultores conhecidos dele chegaram a tentar usar ervas, como o manjericão, no controle de pragas do morango, mas o resultado não foi semelhante.

 “As plantas faziam sombras no morango e atrapalhavam o cultivo. Com o alho, não. É algo que não compete com o morango e acaba sendo mais uma fonte de renda”, diz Wittmann. Ele abriu mão do uso de agrotóxicos em sua produção desde 1999 e comercializa o alho produzido com o morango em feiras orgânicas da região.

Iniciativa

Fazenda Escola testa mais métodos e plantas

Criar condições para que inimigos naturais das pragas surjam para controlá-las também pode ser uma alternativa para eliminar o uso de agrotóxicos na agricultura.

 Pesquisador na área de controle biológico conservacionista, o professor de Agronomia Ayres de Oliveira Menezes Júnior, também da Universidade Estadual de Londrina, explica que a estratégia consiste na preservação da diversidade ecológica existente nas áreas naturais. “Se isso for conservado [a natureza], o produtor vai observar que os inimigos naturais das pragas farão o controle.

 Mas ele precisa ter consciência disso para aproveitar estes benefícios”, afirma o pesquisador.Outra forma equilibrada ecologicamente de substituir a aplicação de veneno nas plantações é o cultivo paralelo de plantas com outras aptidões, como o apresentado na pesquisa do morango e tomate. 

Mas o produtor, salienta o professor, pode ir além, usando girassol, mamona e trigo sarraceno, por exemplo, para atrair inimigos naturais das pragas que atingem a cultura principal. Na Fazenda Escola da UEL, a estratégia é utilizada em meio ao plantio de soja e de milho. 

O trigo sarraceno atrai joaninhas que ajudam a combater pulgões do milho. Já a mamona atrai vespas que se alimentam, por sua vez, de lagartas que atacam a soja. 

O professor do Departamento de Agronomia da UEL e orientador das pesquisas envolvendo morango e tomate, Maurício Ventura, observa que outra vantagem da pesquisa é a possibilidade de evitar o manuseio e aplicação de agrotóxicos, a partir destas estratégias. 

Isso, destaca ele, ajuda a garantir mais saúde ao agricultor e ao consumidor final do produto.