Seguidores

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ex-pesquisador da CTNBio critica forma de aprovação de transgênicos

Após trabalhar quatro anos na Comissão Técnica Nacional de Biotessegurança (CTNBio), o professor Paulo Kegeyama, ex- diretor de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, afirma que a aprovação dos transgênicos no órgão é totalmente viciada em benefício das grandes empresas. Segundo ele, o sistema de maioria simples para votação dos projetos faz a biotecnologia prevalecer quase automaticamente nas avaliações.

rsz kegeyama

Como é o procedimento interno da CTNBio em relação às aprovações dos transgênicos?

O grande problema é que há um domínio na CTNBio pelas empresas. A maioria das pessoas lá é sabidamente pró biotecnologia, os transgênicos. Eles acham que o que é feito pela biotecnologia é uma tecnologia boa, então esse é o princípio. Não se preocupam muito com o conteúdo, então os processos não respeitam o mínimo do critério de rigor científico, estatísticas, das coisas formais de pesquisa. Quem vê os processos não acredita que seja para aprovar uma coisa tão importante como um transgênico. A gente via todos os erros estatísticos, processos, tudo sem nenhum rigor. Fazíamos todo um trabalho, gastava um tempo enorme, e como éramos minoria eles esperavam a gente ler o parecer e ao término já queriam votar porque sabem que têm maioria no voto. Na verdade, eles não dão importância nenhuma ao conteúdo e consideram já de antemão que sendo uma construção biotecnológica é boa por princípio. Então nunca desaprovamos nenhum processo, mesmo apontando todos os erros. Tem um monte de processos lá que eu denunciei esses erros, que seriam suficientes para não aprovar o processo. No entanto, todos foram aprovados. Se algum dia alguém resolver de fato reavaliá-los cuidadosamente e ver todas as argumentações e refutações, certamente vai ser um grande rebu. Infelizmente a maioria é pró tecnologia, não temos condições de criticar, tornando o processo totalmente falso. Sem nenhum rigor científico.

De que forma se deu essa questão da maioria, e qual o papel da CTNBio?

É porque o Ministério da Ciência e Tecnologia tem o domínio de indicar a maioria, e ele é pró biotecnologia. Infelizmente com a decisão do Congresso de passar para maioria simples, ao invés de maioria de 2/3, fez com que não houvesse nenhuma possibilidade de haver equilíbrio na discussão. Aliás, não há discussão. Então é um processo viciado de fato, de antemão sabe-se que vai ser aprovado e a empresa nem se preocupa.

A atribuição da CTNBio é aprovar os processos dos transgênicos, ela é suprema nesse tema. Como eles têm maioria, se prevalecem disso e não discutem. As empresas dominam.

Qual é o cenário na academia? Porque esses técnicos que estão na CTNBio se formaram em algum lugar... Como é essa questão da pesquisa científica?

A pesquisa também é premiada. Já que a hegemonia é pró transgênico, então todas as agências financiadoras têm a hegemonia. É uma minoria que estuda, por exemplo, fluxo gênico, contaminação e transgênico, como eu. Aqueles que são pró biotecnologia são escolhidos a dedo na academia, ao invés da biossegurança. A escolha já é dirigida, é igual ao Congresso Nacional: se tem minoria está acabado, então os ruralistas dominam.

E a informação que vai para sociedade em relação a esse contexto?

Infelizmente a mídia mais imparcial e neutra é uma minoria, pois os grandes jornais e a televisão são pró hegemonia. Nunca vão colocar essa questão em debate, é uma mídia favorável à biotecnologia. A não ser que mude esse cenário com a população querendo alimento saudável, aí é a educação da sociedade. A população tem que saber o que está sendo examinado para exigir alimento saudável, assim talvez as coisas mudem. É super importante que a sociedade se interesse e se empodere dessa informação, porque tendo informação certamente eles vão exigir alimento saudável.

Plantas Doentes Pelo Uso de Agrotóxicos







Chaboussou (1980) em sua obra – plantas doentes pelo uso de agrotóxicos mostra inúmeros trabalhos realizados por ele e outros pesquisadores onde comprova o aparecimento de muitas doenças e pragas associado ao uso de determinados agrotóxicos.

Nessa obra o pesquisador procura demonstrar que o aparecimento de muitas pragas e doenças não pode ser explicado apenas pela destruição de seus inimigos naturais como normalmente é colocado; e por analogia da mesma forma que determinadas afecções no ser humano pode ser desencadeado pelo uso determinados medicamentos em patologia vegetal o mesmo pode ocorrer em relação ao uso de agrotóxicos que podem ter uma incidência positiva no desenvolvimento de várias doenças fúngicas, viróticas e bacteriana e na multiplicação de pulgões, ácaros, lepidópteros e outros.

Tudo se passa como se, por sua ação nefasta sobre o metabolismo da planta, os agrotóxicos rompessem a sua resistência natural.
O agrotóxico – mesmo não provocando queimaduras ou fenômenos de fito toxicidade aparentes – pode mostrar-se tóxico para a planta, com todas as conseqüências que isto pode causar sobre a resistência a seus agressores, sejam eles fungos, bactérias, insetos ou mesmo vírus. (CHABOUSSOU, 1980, p.34 e 35).

terça-feira, 25 de junho de 2013

Avaliação Toxicológica e o Estabelecimento de Limites Máximos de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos

SIMP�SIO BRASILEIRO SOBRE RES�DUOS DE AGROT�XICOS EM

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cartilha da Compostagem Doméstica de Lixo



Há dez anos atrás, o último senso do IBGE realizado em 1989 mostrou que cerca de 50% do lixo coletado das casas é matéria orgânica facilmente putrecível e que poderia ser reutilizada. Como medida para reduzir a quantidade de lixo nos aterros sanitários e ajudar os cidadãos a realizarem sua própria compostagem, o Ministério do Trabalho e Desemprego desenvolveu um guia de compostagem doméstica disponível para download.


A publicação traz algumas informações imprescindíveis para realizar uma compostagem, como os materiais que podem ser utilizados:

restos de legumes, verduras, frutas e alimentos, filtros e borra de café, cascas de ovos e saquinhos de chá;
galhos de poda, palha, flores de galho e cascas de árvores (material de estrutura);
papel de cozinha, caixas para ovos e jornal; penas e cabelos; palhas secas e grama (somente em pequenas quantidades).

E o que não podem:

carne, peixe, gordura e queijo (podem atrair roedores); plantas doentes e ervas daninhas (microrganismos doentes e ervas daninhas podem se multiplicar); vidro, metais e plásticos; couro, borracha e tecidos;
verniz, restos de tinta, óleos, todo tipo de produtos químicos e restos de produtos de limpeza; cinzas de cigarro, de madeira e de carvão, inclusive de churrasco, saco e conteúdo de aspirador de pó (valores elevados de metais e poluentes orgânicos); fezes de animais domésticos, papel higiênico e fraldas (por razões de higiene).

A cartilha também explica quais os processos de compostagem, mostra o passo-a-passo de como montar uma composteira, orienta quanto a quantidade de composto a ser utilizado e de que forma ele deve ser aplicado nos jardins e hortas.

Depois de todas essas informações que tal começar com a compostagem hoje? Leia o material e se organize! Além de contribuir com a preservação do meio ambiente é uma ótima ideia para cuidar da saúde mental e física.

domingo, 23 de junho de 2013

Copa das Confederações e a Política Nacional de Resíduos Sólidos :: Revista Reciclar Já!

Copa das Confederações e a Política Nacional de Resíduos Sólidos :: Revista Reciclar Já!: "Dia 15 de junho, teve início a Copa das Confederações a exatamente 365 dias do inicio da Copa do Mundo, período em que vamos ver todo país correr para finalizar as obras de seus estádios, de infraestrutura, dentre outras.  Alguns já estão finalizados com alto padrão, possibilitando ao publico assistir as partidas com todo o conforto. Mas o que assusta é que em agosto de 2014, quase no final da Copa do Mundo passa a valer a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a lei 12.305/2010, prevista para entrar em vigor após quatro anos de sua publicação. Esse prazo foi estabelecido visando a necessidade de ajustes mais complexos dos setores privado e público, para que esses possam adequar-se"

'via Blog this'

Mel contaminado por pólen transgênico não poderá ser livremente comercializado na Europa



O Tribunal de Justiça Europeu (ECJ, na sigla em inglês) determinou esta semana que mel contendo traços de produtos geneticamente modificados deve ser considerado “alimento produzido a partir de transgênicos”, mesmo que a contaminação tenha sido acidental. A decisão abre caminho para que apicultores cujos produtos tenham sido contaminados possam pedir indenização pelos danos sofridos.

Este caso teve início quando um apicultor amador da Baviera, na Alemanha, descobriu que suas colmeias, mel e derivados haviam sido contaminados pelo pólen de lavouras experimentais de milho transgênico conduzidas pelo governo do estado na região. O caso foi levado para o tribunal estadual. Este não conseguiu chegar a um veredicto e encaminhou o processo ao Tribunal de Justiça Europeu.

De acordo com a decisão do mais alto tribunal da União Europeia, tanto o mel como alimentos que contenham mel que apresente traços de contaminação por pólen de milho transgênico não poderiam ser vendidos no bloco de 27 países sem autorização prévia.

Frédéric Vincent, porta-voz da União Europeia para defesa do consumidor, declarou que a decisão afetará as importações de mel de países como a Argentina, onde as lavouras transgênicas são amplamente disseminadas. “A Comissão evidentemente acatará a decisão do ECJ, mas teremos que analisar as 50 páginas do veredicto para assegurar seu cumprimento”, acrescentou.

José Bové, do Partido Verde e membro do Parlamento Europeu, comentou a decisão: “Este caso prova que a coexistência é uma falácia e que os cultivos transgênicos não permitem a escolha por produtos livres de transgênicos. Permitir o cultivo de lavouras geneticamente modificadas claramente leva à contaminação das lavouras não transgênicas e de outros produtos alimentares como o mel. Os apicultores não são capazes de se prevenir contra a contaminação do mel por pólen transgênico, assim como agricultores não podem se prevenir contra a contaminação de suas lavouras, e portanto são impotentes para evitar da integridade dos alimentos que produzem. A única maneira segura de prevenir isto é impedir o cultivo de transgênicos”.

Bart Staes, outro parlamentar verde da UE, declarou: “O lobby da biotecnologia sempre fala de liberdade de escolha; a questão é: liberdade para quem? (...) A Comissão Europeia deveria revisar sua legislação sobre transgênicos para levar em conta os interesses dos consumidores e produtores de alimentos, e não a indústria da biotecnologia”.

Para Mute Schimpf, da ONG Friens of the Earth Europa, a nova decisão “reescreve o livro de regras e fornece subsídios legais para a criação de medidas mais rigorosas para prevenir a contaminação” por lavouras transgênicas.

De fato, este é mais um exemplo, que vem somar-se a tantos outros, comprovando que a coexistência entre cultivos transgênicos, convencionais e orgânicos é impossível na prática. Os primeiros só podem existir em detrimento dos outros. E prevalecendo os transgênicos, perdem os agricultores, que ficam reféns da tecnologia das multinacionais, e os consumidores, que perdem o acesso a alimentos livres de contaminação.

Com informações de:

- New Scientist - Reino Unido: Honey verdict gums up GM rules, 07/09/2011.

Fonte: Alimento Puro

Notícia relacionada:


Mais sobre  o tema:

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Novo estudo associa alimentos transgénicos à leucemia



Um estudo inovador publicado no Journal of Hematology & Thromboembolic Diseases revela potenciais propriedades "leucemogénicas" dos biopesticidas modificados usados na grande maioria das culturas de alimentos transgénicos, avança o PIPOP - Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica, citando o Greenmedinfo.

Uma nova pesquisa de cientistas do Departamento de Genética e Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília, no Brasil, indica que os biopesticidas transgénicos conhecidos como Bacillus Thuringensis (Bt) podem contribuir para mutações no sangue, provocando alguns tipos de cancro no sangue, como a leucemia.

O estudo revelou que diferentes combinações binárias e de doses de toxinas Bt podem atingir células de mamíferos, em particular os glóbulos vermelhos, provocando alterações nestas células vermelhas do sangue. Além disso, as toxinas Bt suprimem a proliferação da medula óssea, criando padrões anormais de linfócitos compatíveis com os identificados em certos tipos de leucemia.

A pesquisa conclui que uma dose muito reduzida desta toxina foi capaz de induzir anemia hipocrómica em cobaias de laboratório, tendo ainda sido detectada no sangue de mulheres que não estavam grávidas, mulheres grávidas e nos seus fetos, no Canadá, cuja exposição terá sido feita através da dieta.

Os investigadores indicam que os cristais de esporos da toxina Bt geneticamente modificada para expressar individualmente os elementos Cry1Aa, Cry1Ab, Cry1Ac ou Cry2A pode causar alguns riscos hematológicos para os vertebrados, aumentando os seus efeitos tóxicos, com a exposição a longo prazo.

Perante estes resultados, a equipa de cientistas lembra que, tendo em conta o aumento do risco de exposição humana e animal a níveis significativos destas toxinas, especialmente através da dieta, a pesquisa sugere que mais estudos são necessários, a fim de esclarecer o mecanismo envolvido na hematotoxicidade encontrada em ratos, para estabelecer os riscos toxicológicos para organismos não-alvo, como os mamíferos, antes de concluir que estes agentes de controlo microbiológico são seguros para animais e humanos.

Fonte:

http://www.pop.eu.com/news/9037/26/Novo-estudo-associa-alimentos-transgenicos-a-leucemia.html

Mais sobre o tema:
http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com.br/search/label/Transg%C3%AAnicos

Estudo em MT acha agrotóxicos em leite materno

BannerFans.com




Mais informações acesse:

Contaminação de leite materno por agrotóxicos no Mato Grosso

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica


Horta em pequenos espaços


Hortas em pequeno espaço from João Siqueira da Mata


Dica:

Não tem sentido fazer uma pequena horta e utilizar adubo químico que pode ser substituído pelo orgânico e depois poderá ser feito adubações suplementares utilizando o húmus liquido.

Veja:  








Veja também:

10 dicas para montar um horta de base ecológica

Mais sobre o tema acesse:

Alternativas Urbanas aos agrotóxicos

Defensivos alternativos



Via Orgânica


Mais ...



Porque temos herbicida no nosso corpo?

No Brasil será diferente?





No exame de urina em 18 países europeus encontraram vestígios do herbicida glifosato, um estudo encomendado pela Amigos da Terra e cujos dados foram publicados hoje (1).

Estes resultados levantam sérias preocupações sobre aumento dos níveis de exposição a herbicidas à base de glifosato, herbicida de uso comum por parte dos agricultores, autoridades públicas e jardineiros em toda a Europa. Se aprovado mais culturas modificadas geneticamente na Europa, então a quantidade de glifosato aumento adicional (2).

Apesar do seu uso generalizado, actualmente há muito pouco controle da presença de glifosato em alimentos, água e no ambiente em geral. Esta é a primeira vez que é efectuado na Europa um estudo semelhante ao aparecimento do herbicida no corpo humano.

O porta-voz da Amigos da Terra Europa , David Sanchez, disse: " A maioria das pessoas estão preocupadas com a presença de herbicidas em seu corpo. Analisamos a urina de pessoas que viviam em 18 cidades espalhadas por toda a Europa e encontraram vestígios de herbicida em todos os países. Estes resultados sugerem que o glifosato estão expostas ... em nossas vidas diárias, mas não sabemos de onde vem, como é difundido no meio, e os danos que está causando à nossa saúde. "

" Este estudo destaca a negligência grave por parte de autoridades públicas em toda a Europa e indica que esse herbicida é usado excessivamente. Os governos têm de intervir para fazer um controle e fornecer medidas urgentes para reduzir seu uso. Isto inclui a rejeição de todas as formas de culturas geneticamente modificadas, o que aumenta o uso de glifosato. "

Amigos da Terra apela à União Europeia para investigar urgentemente caminho glifosato contaminação das pessoas, aumentando os níveis de vigilância no ambiente, comida e água, aprovando restrições imediatas sobre o uso de glifosato.

Amigos da Terra Europa exames laboratoriais comissionados que analisa amostras de urina de voluntários de 18 países europeus e concluiu que, em média, 44% das amostras continham glifosato. A proporção de positivo para a presença de glifosato varia entre os países, com Malta, Alemanha, Reino Unido e Polônia, que deu resultados mais positivos, e os níveis mais baixos na Macedônia e na Suíça.

Todos os voluntários que forneceram amostras de urina vivia em cidades , e nenhum deles tinha manipulado ou usado produtos com glifosato no período anterior à conclusão da análise, que foram realizadas entre março e maio de 2013.

O glifosato é usado em muitas das culturas geneticamente modificadas. Eles estão à espera de aprovação na Europa 14 novos cultivos transgênicos projetados para uso com o glifosato. A adoção dessas culturas conduziria inevitavelmente a um aumento no uso de glifosato na União Europeia.

O maior produtor de glifosato é a Monsanto , que vende sob a marca Roundup. Há duas semanas, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos anunciou que tinha encontrado desenvolvido pela Monsanto GM trigo, o trigo que não tinha sido aprovado para o cultivo em um campo no Oregon, o que levou alguns países têm restringido as importações trigo dos Estados Unidos, que arquivam processos contra a empresa.



Notas:

(1) As amostras de urina foram coletadas de voluntários da Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, França, Geórgia, Alemanha, Hungria, Letónia, Macedónia, Malta, Polônia, Espanha, Suíça, Países Baixos e os Estados Reino Unido. Das 182 amostras coletadas, 80 continham glifosato. Todas as amostras foram coletadas de pessoas que vivem em cidades, inclusive com vegetarianos e não dieta vegetariana. Não há duas amostras foram coletadas na mesma casa. As amostras foram analisadas pelo Dr. Hoppe, que tem um laboratório médico em Bremen, Alemanha.

Os resultados completos estão disponíveis neste link: " Determinação de traços de glifosato em amostras de urina humanos de 18 países da Europa " , realizado por um laboratório médico em Bremen.


Notícias abaixo

Plano de contaminantes ambientais:

comtaminantes ambientais


Veja também:

Participante de um trabalho que possibilitou a revisão bibliográfica de 359 artigos científicos sobre o impacto de diferentes herbicidas, em sua apresentação Rubens Onofre Nodari mostrou diversos estudos que relatam efeitos dos agrotóxicos. Entre eles, morte celular, alterações endócrinas, redução de espermatozóides e alterações nos gametas, além de preocupações sobre impactos neurológicos.

Brasil Pentacampeão na utilização de agrotóxicos

BannerFans.com

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Conama pretende regulamentar a entrada de micronutrientes artificiais adicionados aos fertilizantes (agrotóxicos) na produção de alimentos



Proposta do Conama aprovada com emendas na Câmara Técnica (ver texto completo) permitirá a presença de agentes tóxicos e cancerígenos em fertilizantes

19 de novembro de 2.012 - O aumento do uso de agrotóxicos nos últimos anos no Brasil não é a única ameaça que vem da agricultura em larga escala. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), estuda regulamentar a adição de resíduos industriais à produção de micronutrientes. Se aprovada, a proposta deverá significar ainda mais prejuízos ao meio ambiente e à saúde da população.

Os micronutrientes, produtos utilizados para suprir deficiências dos solos, são formulados a partir de minérios como cobre, ferro, manganês, níquel e zinco. Todos esses elementos estão presentes na natureza, mas em teor insuficiente para garantir alta produtividade à agricultura. Com isso, os micronutrientes passaram a ser elaborados industrialmente e adicionados aos fertilizantes, os chamados macronutrientes.

A partir da década de 1970, para diminuir os custos de aquisição de matéria- prima, as empresas começaram a usar, na fabricação de micronutrientes, resíduos de indústrias, como de fundição e siderurgia, onde podem ser encontrados minerais necessários para as plantas. E como o tratamento desses rejeitos custa caro, as misturas passaram a carregar diversos agentes tóxicos, como mercúrio, chumbo, cádmio, organoclorados e dioxinas.

Atualmente, não existe uma regulamentação específica sobre o uso de resíduos industriais na fabricação de micronutrientes. E é isso que o Conama pretende fazer, com a fixação de limites máximos permitidos de contaminantes tóxicos no solo.

A proposta já passou por um Grupo de Trabalho (GT), que discutiu seu conteúdo por mais de um ano. Agora o texto está na Câmara Técnica do Conselho, que terá reunião final no final de junho. Se aprovado, a expectativa é de que vá a plenária do Conama em setembro.

Saúde

Enquanto o setor industrial apóia a iniciativa, especialistas em saúde e entidades ambientalistas repudiam a tentativa de fixar padrões aceitáveis de poluentes.

O Ministério da Saúde já se posicionou contra a regulamentação proposta no Conama. Em um parecer técnico, o órgão alerta que “a literatura nacional não é conclusiva sobre o acúmulo e a dinâmica de metais pesados no sistema solo/planta, mesmo quando os mesmos são adicionados em pequenas quantidades”.

É o que reforça a médica sanitarista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Lia Giraldo. Ela explica que, por menores que sejam as quantidades de quaisquer agentes tóxicos, há um efeito cumulativo ao longo do tempo, responsável por ocasionar uma série de enfermidades.

“Quando um produto é cancerígeno ou tóxico para o sistema imunológico ou endócrino, não existe uma dose segura de exposição”, diz Lia.

Dentre os problemas que podem ser causados por esses elementos estão cânceres de pele, pulmão e fígado; enfisema pulmonar; perda da memória e da capacidade de concentração; alterações psicomotoras e neurológicas; dores musculares; envenenamento agudo; lesões hepáticas, diminuição da fertilidade feminina e aborto.

Pela proximidade com a terra, os trabalhadores rurais deverão ser os mais atingidos pela contaminação, que alcançará também os consumidores finais de água e alimentos, como lembra o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.

“Quando chove, o solo é carreado para rios, represas e águas subterrâneas então você tem implicação direta no abastecimento. E vale também para os animais, que vão se abastecer dessa água e absorver produtos químicos”, afirma.

Uma advertência para a questão veio no dossiê Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde, publicado pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) no final de abril. O documento cita a necessidade de promover a retirada de todos os agentes tóxicos, sob risco de causar prejuízos aos ecossistemas e à saúde pública.

“É importante normatizar a formulação de micronutrientes, mas só é possível cogitar o uso desses resíduos industriais com a remoção dos poluentes, e não com estabelecimento de teores aceitáveis de contaminação”, pontua o relatório.

Segurança alimentar


O Ministério Público de São Paulo, que participa das discussões no Conana, também se posicionou contra o atual texto. Segundo a promotora Karina Keiko Kamei, são necessárias garantias sobre dois aspectos: o primeiro, de que haverá a retirada total das substâncias que não sejam de interesse das plantas. Em segundo lugar, de qualificação dos órgãos estaduais para licenciar e fiscalizar os micronutrientes produzidos.

“O Ministério Público tem insistido nesses dois pontos, mas não se tem nem uma coisa, nem outra”, explica.

Um abaixo-assinado entregue ao Conama, subscrito por 200 entidades ambientalistas, contesta a regulamentação. Diante dos riscos, as organizações defendem que a proposta vete a inclusão de elementos tóxicos no produto final.

“Não pode ter falhas nisso. Por isso queremos que a resolução seja modificada”, afirma o químico e engenheiro Élio Lopes dos Santos, secretário de Meio Ambiente do Guarujá (SP).

“A vulnerabilidade da nossa sociedade frente a essa prática, se ela for desregrada, é enorme. Não havendo segurança, não há de se implementar”, defende Bocuhy.

A implementação de tecnologias para a retirada total de agentes tóxicos, destaca Karina, tem sido rechaçada pelas empresas produtoras de adubos, em função de seu alto custo. A alegação do setor é que a Portaria 49/2005, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), prevê um porcentual aceitável de agentes tóxicos nos fertilizantes agrícolas e que, portanto, não haveria a necessidade de retirar todos os poluentes.

“Eles [empresas] acham que essa Instrução Normativa é o que devem seguir. Mas essa é uma norma do Ministério da Agricultura, não é uma norma ambiental e nem de proteção à saúde”, argumenta a promotora.


Lucro

Parte dos resíduos industriais é gerada por empresas brasileiras de segmentos como a siderurgia e indústrias químicas. Outra parte é procedente de outros países – contrariando a Convenção da Basiléia, que proíbe a importação de lixo industrial, e da qual o Brasil é signatário.

Criada em 1988 e em vigor desde maio de 1992, a Convenção foi estabelecida como um meio de acabar com a destinação de materiais perigosos de países industrializados para nações em desenvolvimento ou mesmo para a Antártida e países da Europa Oriental, causando inúmeros danos ambientais, em sua maioria, irreversíveis.

“Existe a convenção da Basiléia que diz que você não pode transacionar resíduos perigosos. Então o que eles fazem: mandam para cá como se fosse minério, mas é resíduo. Pra reduzir o custo da disposição, exportam para outros países e ainda vendem, porque as firmas daqui mandam dinheiro para lá para comprar isso”, afirma Élio Lopes dos Santos.

A primeira apreensão noticiada de resíduos tóxicos industriais para a formulação de micronutrientes, motivada por denúncias da ONG Greenpeace, ocorreu no porto de Santos (SP), em 1992. A carga vinha da Inglaterra e tinha sido comprada pela Produquímica, que atua no ramo da produção de fertilizantes. Depois da descoberta, a empresa foi obrigada a enviar a carga a um aterro especial para resíduos perigosos.

Essa “reciclagem” de materiais permite vantagens a dois segmentos. O primeiro deles é o setor industrial, que precisar pagar pela disposição de seu lixo industrial em um aterro sanitário, serviço que custa caro no Brasil.

Outro beneficiado é o setor de produção de fertilizantes que, com a utilização dos resíduos industriais, economiza na compra de matérias-primas e, assim, reduz seus custos.

“Sai mais barato para todos os lados. O custo está na saúde pública, na água, no ambiente”, salienta Bocuhy.

Para Lia, se a proposta de regulamentação for aprovada como está, o Conama estará beneficiando o setor industrial em detrimento da saúde da população.

“Eles [Conama] estão fazendo uma coisa para atender o interesse da indústria que quer se ver livre dos seus resíduos contaminados. E a gente vai agravar o nosso problema de insegurança alimentar, que já existe”, adverte a médica.

Fonte: Brasil de Fato - Conama

Notícia relacionada:

Pesquisa constata elevados teores de cádmio em fertilizantes

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Aviação agrícola: O mito das aplicações seguras.



Por Darci Bergmann

NUVEM ASSASSINA

Os fabricantes de equipamentos para aplicação aérea desenvolveram dispositivos que tendem a diminuir os efeitos da deriva. Também as embalagens dos produtos, na sua maioria, são recolhidas e encaminhadas às centrais de recolhimento. Dá-se muita ênfase a esse aspecto da questão. Isso, aliado a muita publicidade, passa à opinião pública uma idéia de que as aplicações aéreas de agrotóxicos são seguras e feitas por equipes especializadas.

A legislação brasileira estabeleceu parâmetros ou normas operacionais para as aplicações aéreas de agrotóxicos. Os pilotos, assim como os técnicos responsáveis pelas empresas de aviação agrícola, recebem treinamento sobre a atividade. Conhecem a legislação pertinente. A Lei também determina que toda a aplicação aérea de agrotóxico seja precedida de planejamento operacional e se as condições meteorológicas não forem adequadas no momento da operação, esta deve ser cancelada.

Então, com tudo isso poderia se deduzir que o meio ambiente e a saúde pública estão livres dos problemas dos agrotóxicos, especialmente quando aplicados via aérea. Ledo engano. Na prática, a realidade é outra.

Uma vez que a equipe de aplicação aérea se deslocou até o local da área a ser pulverizada dificilmente ela cancela o serviço, mesmo diante de condições meteorológicas desfavoráveis.

A fiscalização a campo se torna difícil e onerosa e depende muito de ação denunciadora de vítimas do mau uso da aviação agrícola. As vítimas tem dificuldade de encaminhar queixas com provas dos danos sofridos em suas propriedades. Ocorre que as provas dependem de laudos técnicos e muitas vezes faltam recursos financeiros para custeá-los. Outras vezes, os prejudicados não querem se indispor com algum vizinho ou até não conseguem testemunhas pelos mesmos motivos.

Em reuniões comunitárias, já ouvi muitos relatos de problemas causados pelo uso de agrotóxicos, via aérea. Todos esperam alguma coisa das autoridades constituídas. Estas, por sua vez, quase sempre se omitem, por motivos vários. Alguns prefeitos, vereadores ou mesmo deputados relutam em tomar medidas, pois temem contrariar aliados políticos ligados às empresas de aviação agrícola, que tem poder econômico. Encaminhar projetos de lei às Câmaras Municipais, visando coibir situações de abuso ou de restrições de uso, via aérea, de algum agrotóxico, esbarra na argumentação de que o assunto é da alçada federal. Existe, portanto, uma brecha entre o que diz a Lei e a realidade fática.

Por isso são poucos os casos que vêm à tona e que resultam em ações judiciais. Tem-se notado que muitas vezes as partes envolvidas nessa questão fazem acertos para reparar os prejuízos financeiros. Mas os problemas ambientais decorrentes continuam e se avolumam.





Os municípios podem legislar sobre os agrotóxicos e aviação agrícola?

Nos anos de 2003 e 2004, foram realizadas duas conferências municipais sobre meio ambiente, em São Borja. Na última, com a participação de quatrocentas pessoas, foi aprovada proposta de proibição de uso, via aérea, no território do Município de São Borja, de agrotóxicos formulados com os seguintes princípios ativos: inseticida CARBOFURAN (componente do produto comercial FURADAN 100 G e outros ), herbicidas 2,4-D e CLOMAZONE (componente do GAMIT). Como Secretário Municipal do Meio Ambiente, fiquei incumbido de redigir anteprojeto de lei e encaminhá-lo ao Gabinete do Prefeito. A matéria, com ampla justificativa, foi enviada à Consultoria Jurídica, que a considerou inconstitucional, já que seria de competência da União legislar sobre o tema. Frustrou-se, assim, a expectativa de centenas de pessoas e quem sabe de milhares de outras indiretamente. Se transformada em projeto de lei, a questão abriria enorme discussão e seria uma forma de esclarecer à opinião pública sobre o uso dos agrotóxicos e suas conseqüências. Alguns municípios romperam as barreiras e tomaram medidas restritivas com relação aos agrotóxicos. O Brasil, pelo tamanho do seu território e pelas peculiaridades regionais e locais, não pode ficar restrito à tutela federal no que tange à restrição de uso de alguns agrotóxicos, especialmente via aérea.

Em decorrência de situações graves e pelas brechas da legislação federal e estadual, os municípios começam a se mobilizar. Existem situações específicas e mesmo a precariedade da fiscalização que justificam a interferência dos municípios na questão dos agrotóxicos.


Da minha experiência pessoal com aviação agrícola

Tive experiência própria com a atividade de aviação agrícola, por dois anos, no início dos anos 1980. Na época eu tinha revenda de agrotóxicos. Acompanhei à campo várias aplicações aéreas. As normas operacionais da aviação agrícola, do Ministério da Agricultura, ainda não haviam sido estabelecidas, o que veio a ocorrer em l.983, com a Portaria 009/83 e seu anexo da Secretaria de Defesa Sanitária Vegetal. Constatei que, sempre que se aumentava o volume de água por hectare, aumentava a eficiência da aplicação, desde que as condições meteorológicas fossem favoráveis.

Foram feitas aplicações aéreas com o lagarticida biológico Dipel, à base de Bacillus thuringiensis, com excelente controle de lagartas em soja. Tal produto só não fazia melhor efeito quando o volume de água era reduzido. Cheguei até imaginar que um dia teríamos uma ampla gama de produtos biológicos, sem efeitos nocivos à saúde humana e animal ou ao meio ambiente. No entanto, assisto, tantos anos depois, um desvirtuamento da atividade da aviação agrícola, quando se refere ao uso de agrotóxicos. Mesmo com toda a parafernália de equipamentos, legislação federal e o marketing das empresas que garantem eficiência, segurança, etc. a realidade é outra.

Deixo claro que não tenho objeções aos demais usos da aviação agrícola, como, por exemplo: semeadura, aplicação de fertilizantes, combate a incêndios, etc. Meu questionamento refere-se à aplicação aérea de produtos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente em geral. Mesmo que algumas empresas e pilotos tenham mais consciência nessa questão e procuram se adequar à legislação, existem fatores que extrapolam essas precauções, pelos motivos que exponho a seguir.

1- As aeronaves sobrevoam áreas bem maiores daquelas que são objeto da pulverização. Isto provoca grande turbulência no ar e as microgotas se espalham ainda mais no ambiente.


2- As pulverizações em baixo volume são realizadas sob grande pressão nos bicos, partilhando ainda mais as gotas. Isto, aliado à velocidade da aeronave, favorece a evaporação da água (veículo) e a volatilização do agrotóxico. A baixa umidade relativa do ar e as altas temperaturas agravam a situação, assim como a velocidade e direção dos ventos.

3- O vácuo formado pela aeronave provoca o arrastamento das partículas até centenas de metros após o fechamento dos bicos no final de cada tiro.

4- Quanto menor a área pulverizada, maior a contaminação ambiental, no entorno.

5- As áreas com relevo ondulado, caso das coxilhas, não permitem altura padrão sobre a cultura a ser pulverizada. Isto provoca deriva maior, quanto maior for a altura de vôo. As temperaturas das massas de ar nas áreas onduladas são diferentes nas partes mais altas e baixas e a deposição das gotas não fica homogênea.

6- Para se ter uma idéia do tamanho de uma gota, basta ver o seguinte exemplo. Se o volume de calda (água mais produto) a ser aplicado num hectare for 20 litros, teremos o seguinte:

20 = 20.000 ml; 1 hectare=10.000 m²

Ou 20.000ml/10.000m²= 2ml/m2

Vale dizer que em cada porção de 1 m² de área serão aplicados apenas 2ml de calda de agrotóxico. A divisão desse pequeno volume provoca gotas de diversos tamanhos, algumas tão pequenas que tem o aspecto de névoa. Outras são impercetíveis. Com isso tem-se uma idéia do que ocorre durante uma aplicação aérea. Imagine se as condições meteorológicas forem adversas.



Numa edição do programa Globo Rural, foi mostrado trabalho de pesquisa sobre deriva de agrotóxicos nos Estados Unidos. Com aparelhagem ultra-sensível, conseguiram detectar a presença de pequeníssimas gotas do produto a dezenas de quilômetros do local de aplicação, via aérea, em condições meteorológicas consideradas normais.

Em certa ocasião, notei clorose acentuada em folhas de cinamomo, na verdade houve o branqueamento das folhas e logo deduzi que os sintomas se referiam à ação fitotóxica de herbicida à base de CLOMAZONE (GAMIT).


Depois constatei que foi feita aplicação aérea com esse produto em lavoura de arroz situada a quase três mil metros do local onde havia observado os danos. Não havia outra lavoura nas imediações. As correntes de ar levaram o produto a longa distância. Era um dia de calor, mas os ventos eram normais. Talvez o leitor se surpreenda e há quem queira contestar o que já foi presenciado por mim.

Em épocas de aplicação de herbicida, o ir e vir de aeronaves agrícolas sobre um mesmo local, mesmo sem estar aplicando o produto, pode provocar ação fitotóxica. Isto é perceptível na primavera, nos dias quentes, quando as folhas novas das árvores caducifólias, ficam deformadas. Nessa época inicia a aplicação de herbicidas nas lavouras de arroz aqui na região. São freqüentes os relatos sobre isso. Ocorre que podem estar ocorrendo pequenos vazamentos de calda, quase imperceptíveis. Também é possível a volatilização do produto, especialmente em dias de muito calor.

A pressão exercida dentro do tanque força a saída do produto volatilizado pelos bicos de pulverização. Tal possibilidade ficou demonstrada com outro fato que presenciei. Um pulverizador do tipo costal, de 20 litros, vazio e que havia sido usado para aplicação de herbicida, foi deixado no sol próximo a plantas de vaso. Horas depois, as plantas apresentaram folhas murchas num raio de quase três metros a partir do pulverizador costal.

No dia seguinte algumas folhas estavam cloróticas e uma planta secou completamente dias depois. Sabe-se, por exemplo, que os herbicidas à base de 2,4-D são altamente voláteis e causam grandes danos nas plantas denominadas popularmente como de “folhas largas”, diferentes das gramíneas. Embora as restrições de uso, o 2,4-D ainda é aplicado via aérea, como pude comprovar em perícias judiciais.


Alguns casos reais de deriva de agrotóxicos


A soja transgênica foi saudada como um grande avanço. Realmente, à primeira vista, parecia resolver um problema sério que é a infestação da lavoura pelos inços. A aplicação de herbicida à base de glifosato permite o controle das invasoras em estágio avançado dentro do cultivo. Mas todo o remédio químico certamente tem efeitos colaterais e não deve ser apregoado como a única solução. Não vou me ater a efeitos de longo prazo, desconhecidos e que não posso comprovar. Mas vou me referir a fatos já constatados. Via terrestre o uso sem critérios de glifosato está dizimando a vegetação marginal das lavouras e aquela protetora das encostas ou taludes das estradas.

Com isso, aumenta a erosão do solo por falta da forração vegetal. No que se refere à aplicação aérea, o problema é similar, com uma agravante: a deriva atinge outras culturas suscetíveis ao glifosato mesmo a centenas ou milhares de metros. Atuei como perito numa ação judicial, onde a parte autora pediu indenização por danos em lavoura de arroz provocados pelo herbicida glifosato usado em lavoura de soja transgênica. A maior parte do herbicida na soja havia sido feita com aeronave. Com ventos de 14 Km/H e no sentido da lavoura de arroz, a deriva levou o glifosato a centenas de metros, em quantidade suficiente para liquidar uma parcela de arroz germinado a poucos dias.


Mais sobre o tema:


Estudo mostra resistência crescente de pragas a plantios transgênicos



Cartunista Eugênio Neves.

Mais espécies de pragas estão se tornando resistentes aos tipos mais populares de cultivos transgênicos repelentes de insetos, exceto em regiões onde os fazendeiros seguem os conselhos dos especialistas.

Um estudo publicado na edição de segunda-feira na revista Nature Biotechnology aborda um aspecto importante dos chamados milho e algodão Bt - plantas que carregam um gene cuja finalidade é exalarem uma bactéria denominada 'Bacillus thuringiensis', tóxica para os insetos.

Cientistas franceses e americanos analisaram as descobertas de 77 estudos realizados em oito países de cinco continentes, a partir de dados de monitoramentos de campo.

Das 13 principais espécies de pragas examinadas, cinco eram resistentes em 2011, em comparação com apenas uma em 2005, afirmaram. O marco de referência foi uma resistência em mais de 50% dos insetos em uma área determinada.

Das cinco espécies, três eram pragas de algodão e duas, de milho.

Três dos cinco casos de resistência foram registrados nos Estados Unidos, que respondem por menos da metade dos cultivos de Bt, enquanto os outros foram encontrados em África do Sul e Índia.

Os autores disseram ter descoberto um caso de resistência precoce, em menos de 50% dos insetos, em outra praga de algodão americana. Houve "sinais de alerta" precoces (1% de resistência ou menos) em outras quatro pragas de algodão e milho em China, Estados Unidos e Filipinas.

Os cientistas encontraram grandes diferenças na velocidade com que se desenvolveu a resistência Bt. Em um caso, levou dois anos para os primeiros sinais aparecerem. Em outros, os cultivos Bt permaneceram tão eficientes em 2011 como eram 15 anos atrás.

O que fez a diferença foi que os fazendeiros separaram "refúgios" suficientes de cultivos não Bt, afirmaram os autores do estudo.

A ideia por trás deste refúgio vem da biologia evolutiva. Os genes que conferem resistência são recessivos, o que significa que os insetos podem sobreviver em plantas Bt só se tiverem duas cópias de um gene resistente, uma de cada progenitor.

Plantar refúgios perto de cultivos Bt reduz as chances de dois insetos resistentes copularem e passarem o duplo gene para seus descendentes.

"Modelos de computador mostraram que os refúgios devem ser bons para retardar a resistência", afirmou o co-autor do estudo Yves Carriere, entomologista da Universidade do Arisona, em Tucson, em um comunicado.

A evidência prática disto é demonstrada no caso de uma praga do algodoeiro denominada lagarta rosada ('Pectinophora gossypiella'), explicou seu colega, Bruce Tabashnik.

Os cultivos Bt no sudoeste dos Estados Unidos, onde os fazendeiros trabalham junto com cientistas para projetar uma estratégia de refúgio, não têm problema de resistência.

Na Índia, no entanto, as lagartas rosadas se tornaram resistentes no prazo de seis anos, simplesmente porque os fazendeiros não seguem as diretrizes ou obtêm aconselhamento.

Os cientistas alertam que a resistência a cultivos Bt é mera questão de tempo, pois todas as pragas acabam, eventualmente, se adaptando à ameaça que enfrentam. Mas os refúgios foram feitos para retardá-la.

Só em 2011, 66 milhões de hectares de terra foram cultivadas com plantios Bt.

Naquele ano, o milho Bt respondeu por 67% do milho plantado nos Estados Unidos e o algodão Bt entre 79% e 95% do algodão cultivado em Estados Unidos, Austrália, China e Índia.

Os plantios transgênicos encontram oposição na Europa e em outras partes do mundo, onde ambientalistas afirmam que são uma ameaça potencial à saúde humana e ao meio ambiente.


Mais sobre o tema:


terça-feira, 11 de junho de 2013

Roundup da Monsanto, novo estudo estabelece ligações ao autismo, mal de Parkinson e Alzheimer

argentina dominou soja GM pulverizada 53 milhões de litros ano roundup


O glifosato é um componente principal do herbicida Roundup da Monsanto. O glifosato foi fabricado pela Monsanto e é um dos herbicidas mais amplamente utilizados em todo o mundo. Uma série de estudos científicos em torno glifosato lançaram luz sobre os seus efeitos no organismo humano. É responsável por desencadear problemas de saúde como distúrbios gastrointestinais, diabetes, doenças cardíacas, obesidade, mal de Parkinson e doença de Alzheimer.

Quando você ingerir Glifosato, que está na essência alterar a química do seu corpo. É completamente não-natural e o corpo não entrar em ressonância com ele. P450 (CYP) é o caminho do gene interrompido quando o corpo tem de glifosato ( 3 ). P450 cria enzimas que auxiliam na formação de moléculas em células, bem como decompondo-os. Enzimas CYP são abundantes e têm muitas funções importantes. Eles são responsáveis ​​pela desintoxicação xenobióticos do corpo, coisas como os vários produtos químicos encontrados em pesticidas, medicamentos e substâncias cancerígenas. O glifosato inibe as enzimas CYP. A via CYP é fundamental para, funcionamento normal e natural de vários sistemas biológicos dentro de nossos corpos. Porque os seres humanos that've sido expostos ao glifosato têm uma queda nos níveis de aminoácido triptofano, eles não têm a necessária sinalização activa do neurotransmissor serotonina, que está associado com o ganho de peso, depressão e doença de Alzheimer.
Obviamente, a composição química atrás glifosato é conhecido pela Monsanto. O fato de que atrapalha o caminho do gene CYP, as enzimas que desempenham um papel importante na desintoxicação do corpo é algo que pode facilmente contribuir para doenças e enfermidades. Eu me pergunto se isso tem uma correlação direta com a indústria farmacêutica, possivelmente? Os mesmos grandes instituições financeiras que possuem grandes empresas de biotecnologia e de alimentos também possuem a maior parte das grandes empresas farmacêuticas. Eu não sei como as pessoas pensam que é uma conspiração para pensar que a nossa indústria de alimentos é projetado para nos fazer mal. A grande mídia sempre vai promover OGM e Roundup, bem como enfatizar a sua segurança. Isso não poderia estar mais longe da verdade, eles danificam seu DNA e genoma de RNA, e não apenas para o lucro, mas para a experimentação e controle. Fidelity Investments, State Street Corporation, JP Morgan Chase e The Vanguard Group parecem possuir todas as grandes empresas de alimentos e empresas farmacêuticas ( 1 ) ( 2 ).

Não faz muito tempo uma vez, um gene viral oculto também foi descoberta em cultivos transgênicos. Autoridade de Segurança Alimentar Europeia (EFSA), os pesquisadores descobriram um gene viral previamente desconhecido, que é conhecido como "Gene VI." É encontrado em lavouras transgênicas mais proeminentes, e pode atrapalhar as funções biológicas dentro de organismos vivos. Você pode ler mais sobre isso aqui . Não só temos grandes problemas com Roundup, também temos grandes problemas com as culturas de OGM que são pulverizadas com o Roundup. Nós damos muito poder sobre a essas empresas, pertencentes a grandes instituições financeiras, e eles ditam claramente a política do governo, você pode ler mais sobre isso aqui . Nós vimos evidência desse recentemente, quando Obama assinou a lei de protecção de Monsanto.


Meios de comunicação alternativos estão trabalhando juntos para compartilhar informações em todo o mundo. Podemos facilmente aceitar algo que não sabe nada sobre, e colocar a nossa confiança nas corporações e governos que pensamos que estamos aqui para servir os nossos interesses. Só é preciso um pouco de questionamento crítico e de investigação para descobrir a verdade por trás de nossa indústria de alimentos. Criar consciência é fundamental que as pessoas possam fazer as melhores escolhas em sua vida!

Este estudo foi realizado por Anthony Samsel e Stephanie Seneff. Stephanie Seneff é um cientista de pesquisa sênior em Ciência da Computação do MIT eo Laboratório de Inteligência Artificial. Recebeu o grau de bacharel em Biofísica em 1968, o MS e graus de EE em Engenharia Elétrica em 1980, eo grau de doutorado em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação em 1985, todos da MIT. Ela já publicou mais de 170 artigos arbitrados sobre estes temas, e foi convidado para dar palestras em várias conferências internacionais. Ela também orientou Mestrado numerosos e teses de doutoramento no MIT. Se você tem alguma dúvida sobre o papel do glifosato no organismo humano, você pode contatá-la em seneff@csail.mit.edu.

Fontes:










Fonte onde foi tirada a matéria:


Mais artigos sobre o glifosato:




Em pratos limpos » Monsanto reivindica patente sobre a carne

Em pratos limpos » Monsanto reivindica patente sobre a carne: "As empresas multinacionais de sementes perseguem uma estratégia coerente para tomar o controle dos recursos básicos da produção de alimentos. Uma pesquisa realizada recentemente mostra que não somente as plantas transgênicas mas, cada vez mais, métodos de cultivo de plantas convencionais estão no centro de interesse dos monopólios de patentes: os pedidos de patentes internacionais neste âmbito aumentaram consideravelmente, tendo dobrado entre o final de 2007 e o final de 2009. As empresas que lideram os pedidos destas patentes são a Monsanto, a Syngenta e a Dupont."

'via Blog this'

Gene escondido em transgênicos pode ser tóxico para humanos | Portal Orgânico

Gene escondido em transgênicos pode ser tóxico para humanos | Portal Orgânico:

'via Blog this'

segunda-feira, 10 de junho de 2013

ESPANHOL É AMEAÇADO DE MORTE POR INVENTAR LÂMPADA QUE DURA 100 ANOS

Benito_Muros_lampada_nao_queima

Uma lâmpada fluorescente dura cerca de 10 mil horas. São mais de 416 dias de uso direto, pouco mais de um ano. Bastante tempo, certo? Imagine, no entanto, se existisse uma lâmpada que durasse 100 anos. Quer dizer, não imagine, não. Essa lâmpada existe (veja vídeo abaixo). Pelo menos é o que diz Benito Muros, espanhol que diz estar sendo ameaçado de morte por causa de sua criação.

Muros é o presidente de um movimento chamando Sem Obsolescência Programada (SOP) e diz que, não só lâmpadas, mas muitos outros objetos de nosso dia a dia poderiam durar muito mais. Na verdade, existe uma teoria - a da Obsolescência Programada - de que muitos fabricantes desenvolvem produtos de curta durabilidade para obrigar os consumidores a adquirir novos produtos de forma acelerada e sem uma necessidade real. Segundo o espanhol, fazem parte dessa lista de itens como baterias de celular, computadores, geladeiras e televisões. “Não há nada para se fazer além de comprar outra”, disse ele em entrevista ao jornal espanhol El Economista.

Para saber mais:



Segundo ele, algumas peças essenciais para eletrodomésticos, por exemplo, são colocadas propositalmente próximas das partes que mais aquecem no objeto, diminuindo seu tempo de vida. Soma-se a isso, o uso de materiais de menor qualidade.

As lâmpadas e a causa de Muros e da SOP querem desenvolver um novo conceito empresarial, baseado no desenvolvimento de produtos que não caduquem. Quem não lembra daquela máquina de lavar da casa da avó que durou a vida inteira? Ou a geladeira que está na família há anos e nunca deu problema? "Deixaram de fabricar, porque duravam demais. Hoje, por exemplo, temos uma lâmpada que está acesa a 111 anos em um parque de bombeiros de Livermore [California]. Foi então que surgiu a ideia de criar, junto com outros engenheiros, uma linha de iluminação que dure toda a vida", disse ele à publicação.

Além de terem mais tempo de vida, as lâmpadas, desenvolvidas com a Oep Electrics, gasta 70% menos energia que as fluorescentes. Além disso, não queima ao ser acesa e apagada várias vezes seguidas. A OEP garante dez mil comutações diárias.

No entanto, Muros diz que a descoberta também gerou ameaças. O espanhol chegou a apresentar um recado à polícia que dizia: "senhor Muros, você não pode colocar seus sistemas de iluminação no mercado. Você e sua família serão aniquilados”, diz. Apesar disso, ele conta que não se sentiu ameaçado e que irá continuar defendendo a SOP.

Veja o vídeo:



domingo, 9 de junho de 2013

Aspectos de Prevenção e Controle de Acidentes no Trabalho com Agrotóxicos


Projeto pretende resgatar o plantio e uso de hortaliças não convencionais

Foto: Hortaliças tradicionas de volta à mesa 

EPAMIG Notícias 161: http://goo.gl/WK4Do
Globo Rural

A Embrapa desenvolve um trabalho de resgate de uma diversidade de vegetais poucos conhecidos, como jacatupé, vinagreira, azedinha, araruta, capuchinha e cará moela. O banco genético em Brasília, onde são cultivadas cerca de 40 espécies de plantas não convencionais, faz a produção de sementes e mudas que irão abastecer outros bancos regionais pelo Brasil.

Segundo dados da FAO, órgão da ONU que lida com alimentos e agricultura, desde o ano de 1900, 75% da diversidade genética das plantas foi perdida porque os produtores rurais deixaram de cultivar variedades locais, preferindo materiais de alta produtividade.

Ainda segundo a entidade, nos últimos cem anos, o número de plantas comestíveis conhecidas e utilizadas pelo homem caiu de cerca de 10 mil para 170. “É reflexo da mudança de padrão de vida. Com a urbanização e o êxodo rural, as pessoas se juntaram na cidade. Com o processo de globalização, foi ganhando mais espaço os produtos de escala comercial maior, de agricultura de larga escala.

Aquela agricultura do quintal, que não era considerada agricultura, que era comer as plantas espontâneas, essas espécies foram renegadas a um segundo plano pela sociedade como um todo”, diz Nuno Madeira, agrônomo da Embrapa.


O agrônomo Nuno Madeira coordena um banco genético com cerca de 4o espécies de plantas, que fica na Embrapa Hortaliças, em Brasília. Nuno é carioca e dessas pessoas que parecem predestinadas. Ele passou a infância morando em apartamento, mas aos dez anos já queria trabalhar com hortaliças. Foi dele a ideia de resgatar estas plantas antigas, que ele mesmo cultivava no quintal.

O banco da Embrapa é voltado para a produção de sementes e mudas que irão abastecer outros bancos regionais pelo Brasil. Em um dos bancos, em Juiz de Fora, Minas Gerais, são multiplicadas as plantas que vão para os agricultores interessados em cultivá-las. Entre elas estão algumas bem curiosas. Um dos exemplares é o jacatupé, de origem amazônica, que, provavelmente, foi levada ao estado por índios nômades.

O agricultor Maurilo Bastos cultiva uma horta com hortaliças que vinham sendo esquecidas. Uma das hortaliças que ele passou a plantar depois do projeto é conhecida como peixinho, peixinho da horta ou lambarizinho. O nome é dado pelo formato da folha e sabor. A planta, consumida à milanesa e com gosto de peixe, que é parente da sálvia, tem a folha gordinha e bem aveludada. Ele também cultiva azedinha, bertalha e capuchinha, uma florzinha com gosto de agrião.

Os técnicos da Emater Cândido Antônio Rocha da Silva e Ana Helena Camilotto deram a Maurílio a ideia do cultivo das hortaliças não convencionais. “As pessoas vão redescobrindo o uso dessas hortaliças principalmente devido a essa questão da rusticidade. Elas não são tão exigentes em termos de adubação, não são tão atacadas por pragas e doenças. É muito simples cuidar dessas hortaliças”, diz o técnico.
Toda semana, as barracas da feira de Juiz de Fora, em Minas Gerais, se enchem de hortaliças tradicionais. O consumidor se interessa, mas as hortaliças, hoje pouco conhecidas, precisam de explicação na hora da venda.

No estado há outra horta com plantas não convencionais que pertence ao Lar Divino Espírito Santo, uma casa que cuida de idosos, no município de Bom Jardim de Minas. Na hora do almoço, as voluntárias se revezam na cozinha e os idosos saboreiam a azedinha. A diretora Marileuza Aguiar e o técnico agrícola da Emater Bruno Rosa, contam que as plantas do lugar já provaram a resistência. “Com a geada, está aqui o teste final. Está tudo inteirinho, bonitinho e nada queimado”, diz Marileuza.

No sítio em Juiz de Fora, a horta de araruta tem 600 metros quadrados. Segundo os técnicos da Emater, é provavelmente o maior plantio do estado de Minas Gerais. Para uma cultura praticamente extinta na região, a pequena roça é até uma área considerável. O agricultor Assede de Oliveira, dono do sítio, começou o plantio por causa do projeto e já aumentou a área plantada.

A propriedade do produtor se tornou campo de estudo para o manejo da araruta tanto no cultivo quanto no processamento. Depois de sair do campo, a raiz é descascada, lavada e ralada. A mulher de Assede de Oliveira, a cozinheira Rita de Oliveira, e a sogra dele, dona Terezinha, preparam o polvilho de araruta em um processo artesanal.

Na cozinha, o polvilho se transforma em pratos típicos. Há quase 40 anos, Rita coleciona receitas. No caderninho escrito à mão, já tinha receitas que levavam araruta. Mas só com o projeto de resgate, a cozinheira passou a ter a matéria prima para o preparo. Além do biscoitinho, ela prepara a brevidade com polvilho de araruta. Os produtos são vendidos no mercadinho da rodoviária.

O casal Rita e Assede Oliveira ainda luta para ganhar mercado. O desafio do produtor rural é ver o produto valorizado e gerando lucro. Para eles, o resgate de tesouros antigos já é valioso

Fonte:





sexta-feira, 7 de junho de 2013

Estudo sugere ligação entre exposição a agrotóxicos e desenvolvimento de diabetes tipo 2.


Pesticidas, comida-lixo, diabetes e Alzheimer
Pesticidas, comida-lixo, diabetes e Alzheimer

Estudo sugere ligação entre exposição a agrotóxicos e desenvolvimento de diabetes tipo 2. Em sua coluna de março, o biólogo Jean Remy Guimarães comenta a pesquisa e evidências crescentes das relações estreitas entre essas substâncias e doenças crônicas.



A relação epidemiológica entre o uso de pesticidas e a crescente incidência de males como câncer, problemas hormonais e reprodutivos, entre outros, é cada vez mais clara. Mas novos estudos têm apontado uma nova e incômoda conexão, desta vez entre pesticidas e diabetes tipo 2, o que poderia explicar, ao menos parcialmente, as proporções epidêmicas que essa doença vem assumindo em escala global.

A edição de janeiro da Environmental Research traz um estudo de Arrebola e colaboradores, da Universidade de Granada, Espanha, que é, ironicamente, uma bomba. A equipe dosou resíduos de diversos pesticidas no tecido adiposo de 386 pacientes adultos em dois hospitais do sul do país e concluiu que os pacientes com maiores níveis de DDE (um produto da degradação do DDT) tinham quatro vezes mais probabilidade de ter diabetes tipo 2.

Os autores observaram ainda que um dos componentes do popular pesticida Lindano também favorece o surgimento do diabetes tipo 2. A relação direta observada entre os níveis de poluentes orgânicos persistentes e o desenvolvimento de diabetes era independente da idade, sexo ou peso corporal do paciente.

Segundo os pesquisadores, o acúmulo desses poluentes lipofílicos na gordura corporal poderia explicar por que os obesos têm maior tendência a desenvolver diabetes. Não se sabe ao certo o mecanismo envolvido, mas os autores sugerem que os pesticidas provocam uma reação imunológica em receptores de estrogênio envolvidos no metabolismo dos açúcares.

As autoridades de saúde estimam que, em 2030, cerca de 4,5% da população mundial será diabética. Atualmente, cerca de 346 milhões de pessoas sofrem da doença, enquanto 35 milhões são acometidos pelo Alzheimer. As duas condições geram muito sofrimento e elevado custo social.


Correlações perturbadoras
Se você já estava se perguntando o que diabetes têm a ver com meio ambiente, a menção ao Alzheimer talvez aumente a confusão.

Mas, justamente, diabetes, Alzheimer e obesidade estão aumentando exponencialmente e com correlações perturbadoras entre elas. Da mesma forma, a disseminação da junk-food (comida-lixo) e da agricultura industrial regada a pesticidas que a sustenta andam juntas.

Ok, pesticidas/junk-food e obesidade/diabetes já são binômios quase familiares para aqueles que leem as magras seções de ciência da grande imprensa, mas a insistência do Alzheimer em se meter em estatísticas onde não foi chamado já intrigava os cientistas há algum tempo, a ponto de esses começarem a buscar uma relação causal entre essa doença, o diabetes e a obesidade.
Kit diabetes
Mas... e se o Alzheimer fosse, como o diabetes, uma doença metabólica, associada ao (des)desequilíbrio hormonal e, portanto, induzível por pesticidas?

Já se sabia que há uma forte associação entre diabetes, obesidade, dieta, demência e Alzheimer. Pessoas que sofrem de diabetes têm probabilidade 2 a 3 vezes maior de desenvolver Alzheimer do que a média da população. A conexão obesidade-Alzheimer é menos estudada, mas sabe-se que a obesidade em idade madura predispõe ao Alzheimer e que uma vida ativa e dieta saudável reduzem a ocorrência de demência.

Mas... e se o Alzheimer fosse, como o diabetes, uma doença metabólica, associada ao (des)desequilíbrio hormonal e, portanto, induzível por pesticidas, entre outros disruptores endócrinos? Isto poderia explicar as correlações observadas. As evidências nesse sentido são tantas que muitos especialistas já defendem que o Alzheimer seja considerado como um diabetes tipo 3, pois vários estudos sugerem que o Alzheimer seria uma consequência de perturbações na resposta do cérebro à insulina.

Esta, além de regular o metabolismo do açúcar, tem papel bem definido na química cerebral, modulando a troca de sinais entre neurônios e atuando no aprendizado e na memória, bem como na manutenção dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro.


Tomografia de um cérebro humano com Alzheimer. Pessoas que sofrem de diabetes têm maior probabilidade de desenvolver a condição. Especialistas defendem, inclusive, que o Alzheimer seja considerado um diabetes tipo 3, pois há evidências de que seria uma consequência de perturbações na resposta do cérebro à insulina. (imagem: NHI/ Wikimedia Commons)
Eu achava que o sistema hormonal funcionava, por analogia, como uma orquestra em que o som produzido por um instrumento influencia o som de todos os outros, e vice-versa. Já era complicado o bastante, mas escrever esta coluna me ensinou que a imagem mais correta seria a da mesma orquestra, mas com cada músico tocando vários instrumentos ao mesmo tempo, e todos os sons se influenciando mutuamente. Agora imagine se colocarmos pó-de-mico na gola dos músicos... É o que ocorre quando um disruptor endócrino é absorvido por inalação, ingestão ou via cutânea.

Portanto, se você achava que por ser um urbanoide não-obeso, que gasta boas quantias em alimentos orgânicos, você estaria a salvo, pode tirar o cavalinho da chuva: os pesticidas são apenas uma das várias categorias de disruptores endócrinos, e a dieta é apenas uma das vias de exposição aos pesticidas.


Equacionando prós e contras

E a junk-food, onde entra nisso tudo? O X-tudo com fritas e o rodízio de salgadinhos já era apontado como fator de desenvolvimento de Alzheimer devido à redução de irrigação sanguínea causada pelo colesterol e aumento da pressão sanguínea, mas os estudos mais recentes sugerem que alimentos com muito açúcar e gordura podem danificar o cérebro por interromper seu suprimento de insulina.

Cachorro-quente
Naturalmente, como sempre, mais estudos são necessários etc. etc., mas se as relações causais aqui descritas forem confirmadas, será uma ótima notícia. É uma esperança de melhores tratamentos para os que já sofrem com esses males e de melhores prognósticos para os ilesos até aqui.

É também um exemplo que gera reflexão sobre o custo/benefício do modo de vida que adotamos. Sim, a tecnologia nos permite viver com mais conforto e por mais tempo, mas também nos rouba qualidade de vida.

De que adianta termos Viagras e cia. se não lembrarmos mais para que serve uma ereção, nem quem é aquela pessoa idosa dormindo ao nosso lado? Quantos hectares de soja, arroz ou milho são necessários para bancar um ano de tratamento de um diabético ou uma vítima de Alzheimer?

Somando esses e outros custos, ambientais e de saúde, podemos talvez acabar concluindo que o modelo de agricultura industrial vigente gera prejuízos que engolem seus ganhos de produtividade e ainda deixam uma conta pendurada.

O modelo de agricultura industrial vigente gera prejuízos que engolem seus ganhos de produtividade e ainda deixam uma conta pendurada
Estudos como os aqui relatados nos dão pistas importantes de como equacionar tudo isso e tornam mais premente a discussão do tema.

Por último, mas não menos importante, cada novo estudo apontando efeitos negativos de pesticidas – ou qualquer outra substância sujeita à regulamentação – desmoraliza um pouco mais os órgãos que autorizaram sua produção e uso e não monitoraram seus efeitos.

Acredite se quiser, mas a liberação é baseada em testes de até 60 dias com animais de laboratório. Quem realiza esses testes? O próprio fabricante, ou alguém que ele contratou para isso.

Mas relaxe, está tudo dominado.


Jean Remy Davée Guimarães
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Publicado originalmente em : Ciência Hoje