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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O Roundup, o câncer e o crime do “colarinho verde”




É surpreendente como, diante da expansão do cultivo da soja transgênica, vem sendo construída uma imagem positiva do herbicida Roundup e de seu ingrediente ativo, o glifosato. Em recente pesquisa de campo realizada com agricultores no Rio Grande do Sul, chamam a atenção a forma como o agrotóxico vem sendo considerado pelas pessoas que estão em contato direto com o produto e, sobretudo, os argumentos que estão sendo difundidos com a clara intenção de amenizar seus possíveis efeitos à saúde e ao meio ambiente.
ORIGEM DA IMAGEM: Folha Regional
A opinião difundida é de que o glifosato seria menos prejudicial em comparação aos herbicidas anteriormente utilizados. Este é um dos principais argumentos criados pela Monsanto para propagandear as vantagens da soja transgênica, baseado na classificação toxicológica do produto no Brasil como “faixa verde”, a classe IV. Na linguagem dos agricultores entrevistados, o Roundup chega a ser caracterizado como não sendo tóxico ou como o “bom veneno”. Há agricultores que afirmam ter ingerido, acidentalmente, o produto e que as conseqüências teriam sido “apenas” vômito e diarréia.

 Alguns entrevistados relataram que agrônomos e técnicos agrícolas lhes garantiram que o Roundup não é tóxico e que poderia ser, inclusive, ingerido pelo ser humano sem maiores conseqüências à saúde. Outros afirmam ter presenciado demonstrações provando que o Roundup não é tóxico a vertebrados: vendedores do produto teriam despejado o produto em um balde contendo água e pequenos peixes e o resultado teria sido positivo, ou seja, os peixes continuaram vivos.

Mais absurdos, porém, são os relatos de agricultores explicando como aprenderam a produzir soja transgênica na sua propriedade. Dois procedimentos são relatados: a) despejar o Roundup em um recipiente com soja até cobrir toda a semente, misturar bem e deixar por um dia, até que a semente “convencional” se transforme em semente “transgênica”; b) aplicar uma superdose de Roundup sobre a soja, quando as plantas estão pequenas, com o objetivo de “acostumá-las desde cedo” ao herbicida. Curioso também é ouvir que haveriam agricultores vizinhos comprando essa soja, acreditando na forma “caseira” de produzir semente de soja “transgênica”. Outro relato curioso é com relação ao “ritual de queima de enxadas”, conduzido por vendedores de Roundup e soja transgênica. Os agricultores são convidados para uma exposição sobre as vantagens da soja transgênica e devem trazer uma enxada para o encontro, onde, após farta comida e bebida patrocinada pelo vendedor, ocorre uma queima simbólica das enxadas, das quais os agricultores estariam livres, pois elas seriam desnecessárias com o advento do Roundup e a possibilidade de usá-lo em pós-emergência para o combate dos inços em combinação com a soja transgênica.

domingo, 22 de dezembro de 2013

O glifosato nosso de cada dia nos dai hoje...

Ronaldo Santos de Freitas Engenheiro Agrônomo, Técnico em Educação Não-Formal – FASE/MT

O herbicida glifosato, comumentemente conhecido como “mata-mato”, é o agrotóxico mais comercializado no mundo. Ele possui ação sistêmica, ou seja, ao ser aplicado nas folhas das plantas este pode ser translocado até as raízes; além disso, possui uma outra ação chamada não seletiva, pois aplicado em doses adequadas levará qualquer planta à morte, menos plantas transgênicas.
Em bioquímica estuda-se que o glifosato atua sobre as plantas inibindo a ação da enzima 5-enolpiruvil shiquimato-3-fosfato ácido sintetase (EPSP). As enzimas são catalisadores biológicos, tendo a função de facilitar as reações químicas. A inibição da atuação da enzima EPSP compromete a síntese biológica de alguns aminoácidos essenciais para o crescimento e sobrevivência de muitas plantas, além de comprometer a síntese de clorofila. O glifosato causa a alteração da estrutura celular das plantas levando a danos celulares irreversíveis, causando a morte das plantas.

Em plantas geneticamente modificadas, como por exemplo, a soja transgênica, a indústria introduziu a proteína CP4, extraída de uma bactéria do gênero Agrobacterium freqüentemente encontrada nos solos tropicais. A proteína CP4 introduzida na soja tem a função de conferir à planta tolerância em relação à ação do glifosato.

Governo lança a campanha Brasil Orgânico e Sustentável para a Copa do Mundo




A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, lançou neste mês a campanha “Brasil Orgânico e Sustentável para a Copa do Mundo de 2014”. A campanha busca incentivar a comercialização e o consumo de produtos orgânicos e da agricultura familiar nas 12 cidades-sede da Copa por meio do aumento de oportunidades para que cooperativas divulguem e vendam seus produtos no megaevento.

– Depois de fazermos um grande trabalho na Rio+20 juntando os aspectos econômico, social e ambiental, queremos repetir isso na Copa, que é a ocasião para discutir o consumo sustentável. Queremos incentivar o consumo dos produtos orgânicos e fortalecer nossas cadeias agroecológicas. A Copa é a oportunidade para avançar a agenda da sustentabilidade – disse a ministra.

Segundo o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos, as atividades de incentivo ao consumo consciente vão começar no início de 2014 com o setor privado, as cooperativas e as organizações de pequenos produtores.

– Queremos aproximar oferta e demanda. Vamos ter quiosques e seminários nas 12 cidades-sede, e empresas que aderiram à campanha vão comercializar os produtos em pontos de venda, além de uma série de atividades de divulgação dos produtos orgânicos e da agricultura familiar e que tenham o selo do comércio justo – afirmou.

A iniciativa é coordenada pelo MDS e tem como parceiros os Ministérios de Desenvolvimento Agrário, do Esporte e do Turismo, além do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Associação Brasil Orgânico e Sustentável (Abrasos).


Fonte:Rural br

Desenvolvimento Sustentável - Vídeo de Educação Ambiental






Colaboração: Eliane Carvalho.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Revista retira artigo que mostrou impactos de milho da Monsanto, mas estudo continua cientificamente válido


Em setembro de 2012 a revista científica Food and Chemical Toxicology publicou o artigo “Long term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant genetically modified maize”, do pesquisador francês Gilles-Eric Séralini e sua equipe, relatando dados de experimentos de laboratório conduzidos ao longo de dois anos para testar os efeitos de longo prazo do milho transgênico da Monsanto NK 603 e do glifosato, o herbicida utilizado em associação com o milho modificado.

Para relembrar clique AQUI

O estudo, que foi realizado com 200 ratos de laboratório, revelou uma mortalidade mais alta e mais frequente associada tanto ao consumo do milho transgênico, como do glifosato, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepato-renais.

A revista em que o artigo foi publicado é, internacionalmente, das mais conceituadas do ramo. Para serem aceitos e publicados os estudos passam, necessariamente, por rigorosa avaliação de outros cientistas – a chamada “revisão por pares”.

Como seria de se esperar, após a publicação da pesquisa, que teve grande repercussão internacional, seguiu-se uma saraivada de críticas articulada pelas empresas e cientistas defensores da biotecnologia. As críticas foram todas respondidas pela equipe que realizou o estudo, que também disponibilizou à revista todos os dados adicionais solicitados após a publicação.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Produção orgânica de leite









Agronegócio quer comissão de fachada para facilitar entrada de novos agrotóxicos


Por José Coutinho Júnior Da Página do MST

O governo brasileiro pretende criar uma comissão técnica para analisar e registrar novos agrotóxicos.

A medida ocorre por pressão dos setores do agronegócio, principalmente das grandes empresas que lucram com a venda desses produtos no país e da bancada ruralista.

Atualmente, a avaliação de agrotóxicos ocorre em conjunto: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) avalia a eficiência agronômica do produto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os efeitos à saúde humana e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) os impactos ambientais.

A tentativa de criar uma comissão única, segundo Luiz Cláudio Meirelles, ex-diretor da Anvisa - demitido da instituição após denunciar um esquema de fraude -, é antiga.

“Quando cheguei à Anvisa já existia uma pressão muito grande em criar uma comissão única que fizesse as avaliações toxicológicas, contratando para isso laboratórios privados e retirando o papel do Estado. É uma forma de enfraquecer a legislação do país sobre agrotóxicos, que gera uma série de incômodos às empresas”.

O principal argumento utilizado pelo setor para a criação da comissão é a morosidade da Anvisa. No entanto, esse discurso não leva em conta o sucateamento da Anvisa e seus poucos técnicos: há apenas 20 funcionários contratados para dar conta do registro e da fiscalização dos agrotóxicos.

Para efeito de comparação, a agência que realiza o mesmo trabalho nos Estados Unidos, segundo maior consumidor de agrotóxicos no mundo, tem cerca de 700 funcionários.

Nova Comissão

Segundo o jornal Valor Econômico, duas propostas foram apresentadas no congresso para a criação de uma comissão. Uma foi encaminhada pelas empresas do setor, que sugere a criação da CTNAgro, com 13 membros e subordinada à Casa Civil.

A outra, encaminhada pela bancada ruralista, sugere a criação da CTNFito, composta por 16 membros e com um prazo de até 90 dias - após a data da entrega do processo pelas empresas - para se posicionar em relação à aprovação ou não do registro de um determinado agrotóxico.

Ao retirar a responsabilidade da Anvisa e Ibama, essas comissões podem abrir brechas para a aprovação de produtos que comprovadamente causam mal à saúde, levando em conta apenas o lucro das empresas que produzem e vendem agrotóxicos.

“Ao lidar com substâncias perigosas, o Estado tem que estar presente o tempo todo, não é algo que você possa dizer que é autoregulável ou deixar nas mãos de terceiros”, pondera Luiz.

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), o mercado brasileiro de agrotóxicos movimentou US$ 9,7 bilhões em 2012 no Brasil.


As vendas desses produtos aumentaram mais de 72% entre 2006 e 2012 - de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas país. Somos o país que mais consome agrotóxicos no mundo: cerca de 20% de todo consumo mundial de venenos é despejado na nossa agricultura.

“O grande interesse por trás dessas comissões é o lucro, que é capitalizado e o prejuízo, socializado. Estamos falando do maior mercado de agrotóxicos do mundo, e quem já lucra quer ganhar mais. Essas empresas faturam bilhões de dólares, tem a capacidade de influenciar governos, e tem tentáculos no Judiciário e no Legislativo”, ressalta Fernando Carneiro, representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Apenas fachada

A estrutura de ambas as comissões a serem criadas se assemelham muito à CTNBio, a atual comissão responsável pela liberação de produtos transgênicos. Por esse motivo, há a preocupação de que uma nova comissão sirva apenas a interesses particulares.

“A CTNBio nunca negou um pedido de registro de patente de semente transgênica, o que é um absurdo, pois temos relatos de outros países sobre o perigo de contaminação genética que a liberação de transgênicos pode causar”, afirma Cléber Folgado, da Campanha Nacional contra os Agrotóxicos e pela Vida.

Os impactos na saúde da população brasileira por conta do uso de agrotóxicos já são sentidos. Dados da Anvisa mostram que a cada dólar gasto com o uso de agrotóxicos, outros US$ 1,28 são gastos no Sistema Único de Saúde (SUS) com o atendimento de trabalhadores intoxicados.

Além disso, cerca de 30% dos alimentos consumidos pelos brasileiros apresentam resíduos de agrotóxicos acima dos limites permitidos ou não registrados no país. Cerca de outros 40% apresentam resíduos dentro dos limites permitidos – o que, segundo a Anvisa, não significa que sejam seguros para consumo.

As vitórias da Bancada Ruralista

Nos últimos anos, a bancada ruralista vem obtendo diversas vitórias para os grandes produtores e empresas do agronegócio no congresso, em detrimento dos direitos dos camponeses, povos originários e da sociedade como um todo.

Só para citar alguns exemplos, pode-se destacar a aprovação do Novo Código Florestal, a rediscussão do conceito de trabalho escravo, o sucateamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

Especialistas na área apontam o fortalecimento desse setor na opção do governo em apostar no agronegócio como modelo de desenvolvimento. Prova disso são os investimentos públicos em 2013. Enquanto a parcela destinada ao agronegócio girou em torno de R$ 154 bilhões, a agricultura familiar recebeu apenas R$ 24 bilhões.

Folgado relembra outro ponto que explica essa movimentação forte da bancada, “já que grande parte desses políticos tem suas campanhas financiadas por empresas nacionais, transnacionais e fazendeiros”.

Para ele, esses parlamentares são “fantoches para fortalecer o agronegócio, e infelizmente com consentimento do governo. Percebemos que a presidenta Dilma tem optado por favorecer esses setores em detrimento dos problemas que podem ocorrer”, critica.

Um exemplo dessa escolha do governo é a Medida Provisória 619/2013, que dá ao Ministério da Agricultura o poder de declarar estado de emergência em áreas com pragas e, à revelia da Anvisa e Ibama, importar, produzir, distribuir e comercializar agrotóxicos não registrados ou até mesmo proibidos no país.

A medida foi criada para permitir a utilização do benzoato de emamectina para o controle da lagarta Helicoverpa armigera. Segundo o próprio MAPA, a população dessa lagarta explodiu como consequência da difusão das lavouras transgênicas Bt, que produzem toxinas com o objetivo de matar as pragas que delas se alimentam; no entanto, as toxinas não eram específicas para combater a Helicoverpa armigera, que resistiu e se tornou uma ameaça.

Para Fernando, essa medida mostra o efeito que a criação de uma comissão única pode ter no Brasil. “A Anvisa havia solicitado para que esse produto não fosse liberado, por ser neurotóxico em pequenas, médias ou altas doses. No entanto, temos um produto pulverizado por todo o país que pode causar malformações”, observa.

Nesse sentido, Fernando aponta o perigo de vermos, daqui uma ou duas décadas, malformações de toda a ordem por conta desses produtos liberados. “Teremos casos similares ao ocorrido no Vietnã, quando os americanos jogaram diversos produtos químicos na população, e as crianças nascem até hoje com problemas. No Brasil isso vai começar a acontecer”.

Como frear esse processo?

Fernando acredita que a única maneira de frear esse processo é o diálogo entre as organizações e movimentos sociais com a sociedade, mostrando os perigos que uma comissão como a CTNAgro podem causar.

“Temos que discutir o que acontece na base da sociedade. Por exemplo, não chega à sociedade a informação de que o Brasil tem liberado venenos sem a correta avaliação, já que a mídia também tem o agronegócio como um grande financiador. Outra questão é pressionar o Estado para que ele cumpra a constituição e proteja a saúde e o meio ambiente”, diz.

Folgado completa ao dizer que não podemos ficar apenas no denuncismo. “Temos que visibilizar à sociedade as experiências já existentes de alternativas ao agronegócio. Temos experiências de produção agroecologica, com alimentos saudáveis, a baixo custo, mas a sociedade não conhece”.

Ele ainda explica que há dois modelos em disputa no campo brasileiro, “e por isso a sociedade e movimentos devem se organizar para ampliar essa luta, somando-se aos trabalhadores da cidade. Os problemas existentes hoje no campo, não são mais só dos camponeses e agricultores familiares, eles dizem respeito ao conjunto da sociedade” afirma.

Fonte: MST

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Milho resistente a herbicida causa problema em lavouras de soja de MT


Do Globo Rural



Milho nasce de grãos que caíram no solo durante a colheita da safrinha.

Alto custo para destruir plantas invasoras prejudica agricultores.

Os produtores de soja de Mato Grosso estão enfrentando um sério problema: pés de milho estão crescendo no meio das lavouras. O controle fica mais difícil pelo fato de as plantas serem transgênicas.
No meio da lavoura de soja, um pé de milho. Aliás, um apenas não, tem milho para perder a conta e preocupar muitos agricultores de Mato Grosso.

"Virou uma dor de cabeça isso. A gente está convivendo com essas aplicações de herbicidas para matar milho no meio da soja”, diz o produtor Jader de Bortoli.

O milho que brota nas áreas de soja nasce dos grãos que caem no solo durante a colheita da safrinha. Hoje, muitos agricultores usam uma variedade transgênica conhecida como “RR”, que significa roundup read. Esse é o nome de um herbicida usado para limpar a lavoura de ervas invasoras e que tem como princípio ativo o glifosato.

O milho RR é resistente a este produto, ou seja, quando o agricultor aplica o glifosato nas lavouras de soja, que agora crescem no campo, o milho invasor não morre. O resultado é uma infestação de milho e um alto custo para destruí-lo.

O agricultor Jader de Bortoli está sentindo no bolso o problema. "Tinha programado duas aplicações, mas tive que fazer a terceira. Faltou ainda produto, tive que comprar mais. Não esperava que ia sair tanto milho assim, não", lamenta.

O problema não acontece apenas nas áreas que estavam semeadas com milho RR durante a safrinha. Em uma área que estava ocupada com o milho convencional antes de receber as sementes de soja, em alguns pontos da lavoura, a impressão que se tem é de que se está em um milharal.

O agrônomo e consultor técnico Cláudio Gonçalves explica que o milho tem alta capacidade de cruzamento e que plantas transgênicas devem ter se cruzado com as convencionais, gerando plantas resistentes ao glifosato e provocando a infestação nas lavouras.

Além da despesa extra para fazer o controle, o milho compete com a soja por nutrientes do solo, água e luz e, por isso, pode prejudicar a produtividade da lavoura.

Fonte: G1 Agronegócios

Nuvens de Veneno




O filme “Nuvens de Veneno”, do cineasta e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beto Novaes, reafirma Mato Grosso como campeão nacional em uso de venenos agrícolas, principalmente no plantio de grãos.


Em 25 minutos, o documentário mostra os riscos da cultura do agrotóxico para quem pulveriza as lavouras e para quem come os alimentos.

O filme foi lançado em Cuiabá, em um evento na Escola de Saúde Pública, que abordou a saúde do trabalhador da cidade e do campo em Mato Grosso.

Trata-se do I º Seminário de Educação Permanente para a Vigilância em Saúde do Trabalhador: Desafios e Perspectivas E XIV Seminário de Segurança e Saúde do Trabalhador do Estado de Mato Grosso – V Encontro dos Técnicos em Segurança do Trabalho. De 21 a 23 de agosto.

É um evento governamental, mas articula também sindicatos patronais e de trabalhadores, para buscarem saídas possíveis, contra o adoecimento daqueles que atuam não só em lavouras, mas em outras atividades comerciais típicas da zona rural, como madeireiras, e em empregos urbanos, como frigoríficos.

A pulverização de venenos é tão perniciosa que afeta até leite materno e a água que bebemos, conforme vem falando insistentemente o professor Wanderlei Pignati, da Saúde Coletiva da UFMT. Veja essa entrevista com ele.

Os focos principais desse encontro foram os braçais do agronegócio e das grandes obras da Copa.

“Esse trabalhador adoentado cai na rede pública de saúde. Se a gente consegue evitar que ele adoeça, isso também desafoga o SUS”, explica a pedagoga e mestranda em vigilância e saúde do trabalhador, Carmen Machado, da organização do seminário.

Esteve presente no evento o pesquisador Carlos Gomez Mimayo, referência nacional e internacional em saúde do trabalhador.

Fonte: http://centroburnier.com.br/wordpress/?p=6713

domingo, 15 de dezembro de 2013

Controle biológico vence lagarta que ataca soja na região de Londrina

O controle biológico da plantação de soja, na região de Londrina, está vencendo um dos maiores riscos para a safra 2013/14: a lagarta Helicoverpa armigera, que já fez parte dos Estados da Bahia e do Mato Grosso do Sul decretarem emergência fitossanitária. O programa Plante seu Futuro, lançado recentemente pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) visando a utilização de boas práticas no campo, está conseguindo controlar o aparecimento da lagarta na região de Londrina sem a utilização de agrotóxicos. Uma ação da Emater realizada ontem, em uma propriedade de referência na Bratislava, em Cambé, mostrou que é possível evitar que a praga se alastre pelo Paraná de uma forma simples e econômica.

Telma Elorza/JL / Propriedades são monitoradas pelo menos uma vez por semana

Segundo o agrônomo Alcides Bodnar, da Emater, cinco propriedades de agricultores familiares são monitoradas pelo menos uma vez por semana. Nessas áreas, os técnicos verificam a incidência de pragas e doenças, nível de danos, percentagem de desfolha e – em conjunto com o produtor – decidem se há necessidade de aplicação de agrotóxicos. “Na safra passada, fizemos a soltura das vespinhas [Tricograma pretiossum] que parasita os ovos de mariposas das lagartas que atacam a soja e não foi preciso nenhuma aplicação de agrotóxico nessa área”, aponta.

Segundo Bodnar, a Helicoverpa foi encontrada nesta safra, nas plantações implantadas a partir do dia 10 de outubro, com dez dias de germinação. “Porém, estavam em baixa população e optamos por não fazer aplicação de defensivo. Para nossa surpresa, 20 dias depois não foram mais encontradas. Segundo a Embrapa, a maioria dos exemplares que foi encaminhada para a análise estava parasitada”, conta. Ele lembra que o Paraná tem muitos inimigos naturais da lagarta e, portanto, o produtor precisa ter cuidado com as aplicações. “O agrotóxico mata a lagarta, mas também mata seus inimigos naturais, o que pode prejudicar mais para frente”, alerta. O monitoramento e o controle biológico são suficientes para evitar as pragas. “Nessa área de Cambé, por exemplo, a média é de seis aplicações de agrotóxicos por safra, o que traz custos e poluição.”

O produtor Roberto Schulz, 56 anos, proprietário de uma área de 17 hectares na Bratislava, vem seguindo as orientações dos técnicos da Emater à risca. Na safra passada, ele não fez nenhuma aplicação para lagarta e apenas uma para percevejo. “Antes, eu colhia uma média de 120-135 sacas por alqueire. Na safra passada, foram 186 por alqueire, com áreas que alcançaram 219 sacas”, conta. A média da região é de 135 sacas por alqueire.

Já o produtor Pedro Tofalini, 69 anos, vai fazer o controle biológico com a vespinha pela primeira vez. “No ano passado, apliquei agrotóxico. Mas é caro e ruim. O custo chega a um saco de soja por alqueire e o retorno não é bom.”

Lagarta ataca em vários Estados

Segundo a assessoria de imprensa da Embrapa Soja, a ocorrência de lagartas do gênero Helicoverpa armigera no Brasil foi observada a partir da safra 2012/13 em níveis populacionais nunca antes registrados, causando prejuízos econômicos principalmente nas culturas de algodão, soja e milho. Na safra 2013/14, já há relatos em vários estados brasileiros, inclusive no Paraná, onde a lagarta foi identificada nas principais regiões produtoras de soja, mas sempre com infestações em baixos níveis populacionais.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, um estudo da Embrapa para acompanhamento da evolução da Helicoverpa armigera no campo mostra que inimigos naturais estão agindo no controle da nova praga. O monitoramento e o controle biológico estão sendo indicados.


 Mais informações:



podem ser obtidas no site www.cnpso.embrapa.br/helicoverpa/.

Fonte: Jornal de Londrina

Para evitar o sumiço das abelhas

Considerados indicadores de qualidade ambiental, insetos polinizadores sofrem ameaças diversas, de agrotóxicos ao desmatamento



Roberto Custódio/ Jornal de Londrina / Professor Oilton Macieira, da UEL: algumas espécies de abelha já desapareceram
Professor Oilton Macieira, da UEL: algumas espécies de abelha já desapareceram
Embora a maioria das pessoas as vejam simplesmente como fabricantes de mel, as abelhas são, provavelmente, o inseto mais importante para a vida na Terra. Segundo estudos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), são elas as responsáveis pela polinização de, pelo menos, 70% das culturas, o que corresponde a 90% da oferta global de alimentos. Exatamente por isso, o desaparecimento repentino e ainda não explicado de abelhas no mundo durante os últimos anos tem preocupado especialistas. Enquanto na Europa o Greenpeace lançou uma campanha com o objetivo de protegê-las, no Brasil o assunto vem sendo discutido pela Confederação Brasileira de Apicultores (CBA), que pede a criação de leis que satisfaçam acordos internacionais de proteção aos polinizadores.

O presidente da CBA e da câmara setorial do mel em Brasília, José Cunha, recorda que o assunto foi debatido na Câmara Federal, no início de julho, por instituições, fabricantes, apicultores e pesquisadores. “Cada um defendeu seus interesses. Nosso objetivo é dar suporte para a comissão votar leis que satisfaçam acordos que o Brasil tem perante aFAO.” Cunha explica que o Brasil é um dos países que mais recebeu recursos para um projeto de polinizadores da FAO – segundo ele, são sete projetos em curso, um em cada bioma nacional. Ainda assim, o país está atrasado em questões como uso de agrotóxicos, substâncias que, comprovadamente, causam desorientação nas abelhas. “Elas saem para coletar néctar e não voltam.”

Inseticidas


Em abril, a União Europeia anunciou que três inseticidas mortais para as abelhas serão proibidos nos países membros durante dois anos, a partir deste mês. No Brasil, embora admita efeitos de agrotóxicos sobre as abelhas, o Ibama recuou. “Se lá não pode, por que vender no Brasil e na África? A alternativa que encontraram lá queremos para nós também”, ressalta Cunha. Segundo ele, o desaparecimento de abelhas, que atingiu os Estados Unidos, em 2006, está às portas do Brasil.

As áreas mais ameaçadas são as de monocultura de cana-de-açúcar, com aplicação aérea de agrotóxicos, as de citricultura e as do cerrado, onde as semeadeiras de ar comprimido deixam partículas suspensas no ar. “Esses agrotóxicos são sistêmicos. A planta se desenvolve e o produto tóxico vai para seiva, pólen, néctar, ficando no solo por até cinco anos. Mesmo na rotação de culturas continua presente, atingindo o lençol freático. Os polinizadores estão pagando um preço muito alto, é um passivo ambiental ainda incalculável.”

Projeto quer introduzir espécies nativas em produção de frutas


Além do prejuízo causado pelo desmatamento para avanço das áreas agrícolas, as abelhas indígenas sem ferrão – espécies nativas do Brasil – sofrem com a invasão das abelhas africanizadas e europeias, mais interessantes comercialmente por produzirem maior quantidade de mel. “As espécies africanas e europeias foram introduzidas no país na década de 1950 e se tornaram um fator de risco para as nativas porque são invasoras que tomam o nicho ecológico. Temos algumas espécies desaparecidas, mas não dá para falar em extinção ainda”, explica o professor de fisiologia e entomologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Oilton Macieira.

De acordo com o professor, as abelhas indígenas são importantes porque fazem o trabalho de polinização das plantas, oferecendo um risco muito menor ao ser humano. “No Japão, por exemplo, estufas gigantes, do tamanho de campos de futebol, são utilizadas para polinização com essas abelhas. A agricultura orgânica no Brasil está começando a ver as coisas dessa forma também, usando caixas de abelha em estufas onde não houve uso de agrotóxicos,” diz Macieira.

O número de espécies de abelhas indígenas no Paraná não é conhecido, mas estudos localizados encontraram 14 delas em Têlemaco Borba, nos Campos Gerais, e 16 em uma reserva ecológica no Norte do estado. Para preservá-las, Macieira e outros professores da UEL estão desenvolvendo um projeto para incentivar a introdução dessas espécies em propriedades que trabalham com apicultura.

Atualmente, o projeto está na fase de duplicação de ninhos. Posteriormente, produtores de frutas serão procurados pela equipe. “Estamos tentando conscientizar os produtores a terem caixas de abelha”, explica o professor.


Brasil exporta 25 mil toneladas de mel por ano


Atualmente, o Brasil conta com 350 mil apicultores. Se forem contados os grupos familiares envolvidos com insumos para a produção anual de 50 mil toneladas de mel, a CBA calcula que esse número suba para um milhão de pessoas. Décimo primeiro no ranking mundial em produtividade de mel, o Brasil é o 5º maior exportador, com 25 mil toneladas ao ano. “Temos potencial para melhorar esse ranking, esperamos que isso ocorra”, afirma José Cunha.

Dados numéricos sobre a diminuição no número de abelhas no mundo são difíceis de ser encontrados. Um levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de 2007, reprodu­­zido em relatório da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) aponta que, enquanto a produção de mel no mundo subiu de 1.377 mil toneladas em 2004 para 1.384 em 2005, a produção caiu no Brasil no mesmo período, indo de 32 mil toneladas para 25 mil toneladas. Da acordo com a Seab, de 2000 para 2005 a produção mundial de mel cresceu 10,81%, porém alguns países, como Argentina, Estados Unidos, México e Canadá, experimentaram retração de produção.

Distúrbio

Desaparecimento de colônias preocupou Santa Catarina

No Brasil, o distúrbio do colapso das colônias – nome dado ao desaparecimento em massa de abelhas iniciado nos EUA, em 2006 – preocupou apicultores e fruticultores de Santa Catarina entre os anos de 2010 e 2011. Na ocasião, estima-se que, das 100 mil colmeias usadas para a polinização dos pomares, pelo menos 40% foram perdidas. O dado é alarmante, levando-se em consideração que 90% da produção de maçã no estado depende diretamente das abelhas, que transportam o pólen para promover a fecundação.

“Em 2011, a situação chegou ao limite, faltando abelha para levar para dentro dos pomares. Fora isso, a diminuição delas no ambiente natural prejudicou o serviço de polinização gratuito na natureza, levando à redução significativa de espécies vegetais em longo prazo. Menosprezamos o serviço ecológico que as abelhas nos prestam”, defende Afonso Inácio Orth, professor do departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Segundo Orth, as causas da diminuição de abelhas em Santa Catarina ainda não foram totalmente explicadas, mas existem suspeitas de problemas patológicos, ou seja, da presença de ácaros ou protozoários. O comportamento climático, acrescenta o professor, também tem relação com a vida das abelhas. “No ano passado, quase não houve perda. Tivemos um inverno relativamente seco, praticamente não choveu, talvez isso facilitou. Como o problema diminuiu, não temos um levantamento extensivo deste ano, não estamos mais acompanhando tão diretamente.”

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Estudo aponta descontrole com inseticidas

" A notícia abaixo, é um dos reflexos, do desmonte da assistência técnica oficial, e o grande déficit de extensionista, fazendo com que muitas vezes, o agricultor fique apenas nas mão de vendedores, que não tem interesse em técnicas como manejo integrado de pragas e doenças - que levam a a redução de agrotóxicos, e o resultado é já conhecemos; o Brasil se tornou o número 1, no uso de agrotóxicos, com todas suas consequências para o consumidor, agricultor e meio ambiente e ao invés dos políticos e governos, estar preocupados com isso, estão preocupados em mudar as regras, e facilitar ainda mais o registros de novos agrotóxicos e retirar a Anvisa, a responsabilidade pelas avaliações de defensivos."

Por Mauro Zafalon


Parte dos produtores está deixando para trás as boas práticas de combate ao percevejo, um inseto que ataca as vagens da soja.

Referência mundial na década de 1980 por boas práticas no combate ao percevejo e redução no número de aplicações de inseticidas, o país volta a elevar o número de pulverizações.

Nos anos 1980, o produtor se destacou ao utilizar o chamado "Manejo Integrado de Pragas", quando reduziu as aplicações de inseticidas de cinco para duas vezes. Agora, as aplicações chegam a até sete por safra.

Os dados fazem parte de estudo feito pela Embrapa Soja em áreas de produtores da cooperativa Coamo. O estudo, feito em lavouras de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, mostra um descontrole nas aplicações de inseticidas no campo.

O resultado traz preocupações tanto econômicas como ambientais. A empresa constatou que os produtores que ainda se utilizam de boas práticas para o controle das pragas necessitam de apenas duas aplicações por safra.

O estudo constatou ainda que é comum a aplicação preventiva de inseticida. "Essas aplicações não resultam em benefícios para a produtividade ou qualidade dos grãos, além de não reduzir a intensidade do ataque da praga na fase crítica da soja", diz Samuel Roggia, pesquisador da Embrapa e um dos responsáveis pela pesquisa.

Daniel Ricardo Sosa-Gomez, da Embrapa Soja, diz que a aplicação de inseticidas antes do período crítico do ataque dos percevejos elimina os inimigos naturais da praga, favorece o desenvolvimento de insetos resistentes, além de elevar custos.

Esse manejo inadequado por parte do produtor no combate às pragas permite, ainda, o aparecimento de outras espécies que antes eram consideradas secundárias, como lagartas e ácaros.

Roggia diz que a pesquisa apontou que o monitoramento das lavouras dever ser o subsídio básico para o controle da praga. "Há a necessidade do uso de amostragens para o momento correto das aplicações", diz ele.

Para a pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann Campo, da Embrapa Soja, apesar desse certo descontrole no combate à praga, há informações disponíveis para o produtor reverter esse quadro.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Agrotóxico usado na cana mata dois milhões de abelhas, dizem apicultores

Produtores de mel contabilizam prejuízos por venenos em Gavião Peixoto.
Ano passado morreram mais de um milhão de insetos pelo mesmo motivo.


Enquanto isso, segue no congresso, projeto que facilita registro de novos agrotóxicos do senador Ruben Figueiró (PSDB-Mato Grosso do Sul). O projeto de Lei PLS 209/13 fixa em 180 dias o prazo máximo para a liberação de novos defensivos agrícolas no mercado, projeto esse, que é para atender uma das principais queixas das empresas de agrotóxicos.

Nos países desenvolvidos, esse prazo chega, a 4 anos.

Recentemente também foi veiculada a seguinte notícia:

A Comissão de Agricultura aprovou proposta que libera a pulverização aérea de quatro substâncias proibidas pelo Ibama por suspeita de afastar abelhas. O relator do projeto diz que não há provas.

Os autores do projeto, Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) e Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), consideram,no entanto, que não há estudos no Brasil que comprovem o risco iminente à flora, à fauna ou a seres humanos com o uso desses agrotóxicos

Então como é que fica a notícia abaixo? E essa DAQUI?

PARA QUEM OS POLÍTICOS ESTÃO LEGISLANDO?



Do G1 São Carlos e Araraquara
Produtores de mel culpam venenos por prejuízos em Gavião Peixoto,SP (Foto: Reginaldo dos Santos/EPTV)
Produtores de mel culpam venenos por prejuízos em Gavião Peixoto,SP (Foto: Reginaldo dos Santos/EPTV)
Os produtores de mel de Gavião Peixoto (SP) contabilizam os prejuízos depois que mais de dois milhões de abelhas morreram nas últimas semanas. Os apicultores acreditam que a mortandade tenha sido causada pela aplicação indiscriminada de agrotóxicos por parte dos produtores de cana-de-açúcar e de laranja. Segundo o Ibama, a pulverização aérea com algumas substâncias é proibida.

Mesmo assim, o problema não pôde ser evitado. Para o apicultor José Luiz Santos, o prejuízo estimado é de R$ 15 mil. “Eu tinha 30 colmeias. A expectativa era produzir mais uma tonelada de mel por ano, mas perdi tudo”, lamentou.

O caso foi denunciado para o Ministério da Agricultura e Meio Ambiente de Gavião Peixoto, que já coletou amostras para análise. Os apicultores suspeitam que as abelhas morreram por causa do uso de veneno na região. Principalmente quando é aplicado por aeronaves.

Todos os produtores rurais registraram boletim de ocorrência. “Estou aguardando o resultado da análise para ver se comprova se é o mesmo tipo de veneno. Tem que resolver, se não, não tem como trabalhar mais”, ressaltou o apicultor Valentim Donizete.


Recorrente

Toda a estrutura será jogada fora por causa de agrotóxico (Foto: Reginaldo dos Santos/EPTV)
Toda a estrutura será jogada fora por causa de
agrotóxico (Foto: Reginaldo dos Santos/EPTV)
Além do prejuízo gerado este ano, os produtores também acumulam o prejuízo do ano passado, quando perderam dezenas de colmeias e mais de um milhão de abelhas morreram. Na época, um laudo constatou a presença de um inseticida usado para combater cupins em canaviais.

Este ano sobraram apenas algumas abelhas. Mas, toda a estrutura será jogada fora. “É preciso se desfazer, porque se colocar outro enxame no mesmo lugar, as abelhas vão morrer, pois o agrotóxico continua reagindo durante cinco anos”, justificou Donizete.

Sem controle

Segundo o pesquisador do instituto de biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, Osmar Malaspina, o uso de agrotóxicos aplicados sem controle mata as colmeias. “Os agricultores têm aumentado as aplicações, como por exemplo, nos pomares de laranja, para controlar as pragas. No caso da cana-de-açúcar o aumento ocorre também porque as pragas não podem ser mais combatidas com a queima”, explicou.

A pulverização aérea também é um problema. “Conseguimos mostrar que a grande mortandade de abelhas estava relacionada à aplicação de agrotóxicos. Esse tipo de pulverização aérea foi suspensa por um tempo, mas este ano está sendo rediscutida se vai ser mantida ou se o Ibama vai liberar essa aplicação aérea”, disse Malaspina
.
Fiscalização


O Ibama informou que proibiu a pulverização aérea com algumas substâncias. Já o escritório de Defesa Agropecuária afirmou que faz fiscalizações e que ainda não foi informado oficialmente sobre a mortandade das abelhas.

A federação que representa os agricultores não respondeu sobre o uso indevido de agrotóxicos. O laudo sobre a causa da morte deve sair na semana que vem.

Publicado Originalmente: G1 São Carlos e Araraquara

Veja também:

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Por que salvar as abelhas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Saneamento Básico Rural - 3 parte prática

A Embrapa Instrumentação  promoveu, pela primeira vez para o público externo, um Curso de Saneamento Básico Rural, com destaque para a divulgação de fundamentos da Fossa Séptica Biodigestora, do Clorador Embrapa e do Jardim Filtrante.

Tive a oportunidade de participar do curso, e segue abaixo, alguns registros que fiz - que sintetiza a parte prática do curso.

Para quem quer aprofundar, abaixo dos vídeos, deixe dois links, que dão acesso a fundamentação teórica do curso.













Veja também:

Saneamento Básico Rural - parte 2

Saneamento Básico Rural - parte 1

Mais informações: EMBRAPA

Saneamento Básico Rural - 2














Veja também:

Saneamento Básico Rural - parte 1

Saneamento Básico Rural - parte 3

Saneamento Básico Rural - Fundamentação teórica 1






















segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Por que salvar as abelhas


Recentemente, esse blog, reproduziu a notícia abaixo:

A Comissão de Agricultura aprovou proposta que libera a pulverização aérea de quatro substâncias proibidas pelo Ibama por suspeita de afastar abelhas. O relator do projeto diz que não há provas.

Os autores do projeto, Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) e Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), consideram,no entanto, que não há estudos
no Brasil que comprovem o risco iminente à flora, à fauna ou a seres humanos com o uso desses agrotóxicos.
Essa notícia pode ser verificada AQUI

Quem paga a conta?

Por que salvar as abelhas ?

Elas são responsáveis por um terço de tudo o que comemos, mas estão sendo dizimadas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, abatidas por nuvens de agrotóxicos


Sergio Trevisan, apicultor da região de Araraquara, no interior de São Paulo, testemunhou a morte de todas as abelhas de suas 500 colmeias. Com elas, produzia 15 toneladas ao ano de mel e própolis. No apiário da família de Rodrigo Parisi, em Brotas (SP), foram 300 colmeias extintas praticamente de uma vez só. Essas duas histórias aparecem diluídas nos levantamentos de um grupo de estudos da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Eles apontam que cerca de 10 a 20 mil colmeias sumiram no Estado de São Paulo entre 2008 e 2010. No restante do Brasil, acredita-se que as perdas de colmeias sejam em torno de 20% ao ano.
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OPERÁRIA
O trabalho de polinização das abelhas rende anualmente uma
quantidade de alimentos avaliada em 153 milhões de euros

O problema não é apenas brasileiro. Depois de assistir ao sumiço de 31% de suas abelhas no último inverno, os Estados Unidos até batizaram o fenômeno: distúrbio do colapso das colônias. Tudo indica que a mortandade dessas abelhas esteja relacionada ao uso de pesticidas da categoria dos neonicotinoides, utilizados na agricultura. Em grandes áreas, a aplicação é realizada por aviões. A substância chega até as abelhas de duas formas: diretamente pelo ar, o que as mata instantaneamente, ou pela contaminação das flores, o que atinge o sistema nervoso delas e as desorienta, a ponto de morrerem sem encontrar o caminho de volta à colmeia.
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Para pôr um fim à matança, países da União Europeia determinaram a suspensão do uso desses pesticidas por dois anos, começando em julho próximo. No Brasil, o Ibama suspendeu, em meados de 2012, a pulverização aérea desses pesticidas enquanto um estudo sobre a relação entre morte das abelhas e neonicotinoides não fosse finalizado, o que deve ocorrer até o fim deste ano. “Até o momento, há indícios fortes do fenômeno. Já levantamos mais de 100 casos, do Piauí ao Rio Grande do Sul”, conta o coordenador geral de Avaliação de Uso de Substâncias Químicas do Ibama, Márcio Freitas. A pressão dos agricultores foi grande e o instituto recuou, restringindo o uso dos pesticidas apenas em épocas de floradas.
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Não é apenas a saúde financeira dos apicultores que sofre com a morte das abelhas. A ausência delas afeta todos os seres que se alimentam de vegetais. Esses insetos são os mais eficientes polinizadores da natureza. Com seu trabalho, respondem por um terço de tudo o que comemos. Para explicitar o tamanho do problema, um supermercado americano removeu de suas prateleiras todos os produtos que dependem da polinização das abelhas para serem cultivados. A imagem deixa claro que, ao salvarmos as abelhas, estamos trabalhando na preservação da nossa própria espécie.

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Fotos: Nathan Griffith/Corbis; Prnewsfoto/WholeFoods Market

Retirado da página :  ISTOÉ Independente



Para aprofundar sobre o tema acesse:






domingo, 1 de dezembro de 2013

Proibidos, falsificados e perigosos


Enquanto isso, segue no congresso, projeto que  facilita registro de novos agrotóxicos  do senador Ruben Figueiró (PSDB-Mato Grosso do Sul). O projeto de Lei PLS 209/13 fixa em 180 dias o prazo máximo para a liberação de novos defensivos agrícolas no mercado, projeto esse, que é para atender uma das principais queixas das empresas de agrotóxicos. Nos países desenvolvidos, esse prazo chega, a 4 anos.

Abaixo, temos Reportagem especial de Zero Hora apresenta os números dos agrotóxicos no Rio Grande do Sul e os riscos que eles podem trazer à saúde dos consumidores gaúchos.

Como podemos ver, o mercado de agrotóxicos, segue totalmente descontrolados ,onde a todo momento a lei é driblada e a falta de regulamentação, facilita o comércio irregular, e milhares de intoxicações são registradas anualmente e resíduos, cada vez mais presentes nos alimentos, e no meio ambiente como todo, e além do mais, esse descontrole, faz surgir mais pragas, que por sua vez, exigirá mais agrotóxicos.

Esse blog, também reproduziu, a série Série Viúvas do Veneno 1 - Silêncio e dor se multiplicam nos campos brasileiros, publicado pelo Diário do Nordeste, que mostra que em outras regiões do Brasil, a realidade não é diferente e pode ser até pior.


O  Governo Brasileiro, ao invés de dar uma resposta a sociedade,  em relação ao uso abusivo de agrotóxicos,  como podemos observar esta fazendo o contrário, esta sensível ao reclame das empresas de agrotóxicos.



 
Segundo maior consumidor de agrotóxicos do mundo, o Brasil elevou em 650% suas taxas de importação dos produtos químicos nos últimos dez anos.


Caio Cigana


(Reprodução/reprodução)

Em alta

Crescimento desproporcional

Em cinco anos, venda de defensivos aumentou três vezes mais que área plantada no país, segundo IBGE

A venda descontrolada de agrotóxicos ganhou na internet um novo canal para driblar a lei, dificultando a fiscalização e ampliando o risco à saúde de consumidores e agricultores. A novidade agrava um cenário em que uso exagerado dos químicos na lavoura - o consumo cresceu muito acima da área plantada -, contaminação da água e dificuldade de identificar eventuais excessos de veneno nos alimentos que chegam à mesa se combinam para elevar o perigo escondido nos alimentos.

Zero Hora flagrou a venda ilegal de agrotóxicos pela internet. A reportagem negociou a compra e a entrega de três produtos com comercialização e uso proibidos no Estado, apresentando-se como agricultor ou dono de agropecuária em e-mails e ligações telefônicas gravadas. Questionado sobre o risco de a carga de ser apreendida, o vendedor, que se identifica como Mauricio, não mostra receio com a venda ilegal:

Veja Também:
(Ricardo Duarte/Agencia RBS)


(Reprodução/Zero Hora)

Vilões da mesa

Os três alimentos com a maior incidência de resíduos de agrotóxicos


- Se eles (a fiscalização) travar (sic), o pessoal dá um jeito de recolher a mercadoria, mas se passar entrega tranquilo - garante.

Sem regras, a negociação online de defensivos aumenta a brecha para irregularidades que vão de crimes ambientais a infrações mais graves, como derrame de produtos falsificados, contrabandeados e roubados. No Estado, a venda pela internet permite que agricultores e donos de lojas negociem herbicidas e inseticidas proibidos por terem sido banidos em seus países de origem devido ao alto teor tóxico e ao perigo à saúde e ao ambiente. Gramoxone 200 e Gramocil são feitos à base de paraquat, princípio ativo que, apenas entre 2005 e 2011, causou 165 envenenamentos e 35 mortes conforme registros do Centro de Informações Toxicológicas (CIT) do Estado.

Outro produto proibido é o Mertin 400. Mesmo alertados de que o produto era proibido no Rio Grande do Sul, vendedores confirmam a entrega no Estado. A multinacional Syngenta, fabricante dos três produtos, tenta liberar esses agrotóxicos na Justiça gaúcha.

Flagrante detecta produtos ilegais e sem origem

No dia 14 de novembro, a partir das investigações de ZH, fiscais da Secretaria da Agricultura deram uma batida em uma agropecuária de Venâncio Aires citada por um dos vendedores como cliente antigo. Além de o estabelecimento sequer ter licença para vender agrotóxicos, foram encontrados produtos proibidos, sem registro no Ministério da Agricultura (Mapa) e sem origem comprovada.


(Ronaldo Bernardi/Agencia RBS)
Operação de Secretaria da Agricultura encontrou agrotóxicos proibidos, sem registro no Ministério da Agricultura

chefe da divisão de fiscalização de agrotóxicos do Mapa, Álvaro Ávila, ressalva que a comercialização de defensivos pela internet, apesar de não ter regulamentação, não é proibida - desde que obedeça a lei. O problema é que, mesmo quando fungicidas, herbicidas e inseticidas são legais, em regra as vendas são feitas por empresas sem licença para comercializar venenos agrícolas.