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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Altos níveis de herbicida são encontrados em 14 cervejas populares da Alemanha

Os testes foram realizados pelo Instituto Ambiental de Munique que relevou a presença de glifosato em níveis até 300 vezes superiores ao permitido na água potável.

As 14 marcas de cervejas alemãs que, de acordo com os testes realizados pelo Instituto Ambiental de Munique, contém traços do herbicida. Foto: Divulgação.

Além de lúpulo, malte, fermento e água, ingredientes permitidos pela célebre Lei de Pureza da Baviera, que remonta a 1516, um quinto elemento foi encontrado nas cervejas alemãs. Testes conduzidos pelo Instituto Ambiental de Munique, na Alemanha, e divulgados nesta quinta-feira (25), encontraram traços de glifosato, o herbicida mais utilizado no mundo e largamente empregado também no Brasil em lavouras de soja, em 14 populares marcas do país.

Algumas delas inclusive são vendidas no Brasil. As informações são da agência alemã Deutsche Welle.


A quantidade varia de 0,46 a 29,74 microgramas por litro, ou seja, até 300 vezes o nível máximo de herbicida permitido na água potável, que é de 0,1 micrograma por litro.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou em 20 de março de 2015 na prestigiosa revista The Lancet Oncology um estudo sobre o Roundup, herbicida à base de glifosato produzido pela Monsanto, que tem o potencial de causar câncer em humanos.

Contudo, o Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BfR), órgão responsável por examinar potenciais ameaças à saúde pública, afirmou que os níveis detectados não representam riscos à saúde humana, segundo o que se sabe até o momento sobre o agente químico é que seria necessário ingerir mil litros de cerveja por dia para que o produto oferecesse riscos à saúde de um adulto. (*)



A presença de glifosato na cerveja se explica, pois o produto químico é aplicado nas lavouras de trigo e cevada. O instituto pediu às cervejarias que realizem testes nos ingredientes que utilizam. A Associação dos Agricultores da Alemanha (DBV) rebateu às críticas afirmando que cerca da metade da cevada consumida no país é importada de outros países onde as exigências para a aplicação de glifosato são menos rígidas, já que na Alemanha o uso do herbicida não é permitido.

Confira as cervejas avaliadas e a quantidade encontrada do herbicida

Krombacher Pils (2,99 microgramas (μg) por litro)
Oettinger Pils (3,86 μg/l)
Bitburger Pils (0,55 μg/l)
Veltins Pilsener (5,78 μg/l)
Beck’s Pils (0,50 μg/l)
Paulaner Weissbier (0,66 μg/l)
Warsteiner Pils (20,73 μg/l)
Hasseröder Pils (29,74 μg/l)
Radeberger Pilsner (12,01 μg/l)
Erdinger Weissbier (2,92 μg/l)
Augustiner Helles (0,46 μg/l)
Franziskaner Weissbier (0,49 μg/l)
König Pilsener (3,35 μg/l)
Jever Pils (23,04 μg/l)

(*) Nota do Blogue:



Esse limite de segurança é questionado por especialista e especialmente se o produto tiver ação hormonal, ou seja, se for um disruptor endócrino, não há limite seguro para ingestão dessas substâncias.

Vamos recordar que o glifosato é um desregulador endócrino, veja:

Glifosato como desregulador endócrino químico



Segue abaixo alguns questionamentos:

Questionamento feito pela Associação Brasileira de Saúde coletiva – ABRASCO.

A avaliação dos impactos dos agrotóxicos na saúde decorrente do consumo de alimentos produzidos com a utilização de agrotóxicos é realizada fundamentalmente com base em estudos experimentais animais, nos quais o principal indicador é a ingestão diária aceitável - IDA. Parte-se da crença de que o organismo humano pode ingerir inalar ou absorver certa quantidade diária, sem que isso tenha consequência para sua saúde. O IDA deriva de outro conceito a dose letal de 50% de morte de cobaias expostas (DL50). Trata-se de um indicador de toxicidade que significa que a metade da população de cobaias no estudo morre ao ser submetido a uma determinada concentração de agrotóxico. Mediante uma abstração matemática, esse número é extrapolado para os humanos. Assim se busca um valor aceitável de exposição humana. Esses indicadores não têm sustentabilidade científica quando queremos tratar de proteção da saúde. Trata-se na realidade de uma forma reducionista do uso da toxicologia para sustentar o uso de veneno, criando álibis cientificistas para dificultar o entendimento da determinação das intoxicações humanas especialmente as crônicas, decorrentes das exposições combinadas, por baixas doses e de longa duração (Carneiro, 2012, pág 47).

No Seminário de Enfrentamento aos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Ambiente, Karen Friedrich, pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde também questionou o limite de ingestão diária permitida de agrotóxicos:

(...) a ingestão diária aceitável de agrotóxicos nos alimentos segue um modelo linear de dose e efeito, mas esse paradigma é rompido pelos carcinógenos genotóxicos presentes no defensivo agrícola, para os quais não existe limite seguro. Segundo Karen, estudos recentes têm comprovado que a exposição humana a baixas doses de agrotóxicos causa desregulação endócrina e imunotoxidade. A desregulação endócrina gera efeitos como alterações nas funções hormonais, responsáveis pelos processos neurocomportamentais, reprodutivos, nas funções cardiovasculares, renais, intestinais, neurológicas e imunológicas. No caso da imunotoxidade, disse ela, podem ocorrer reações alérgicas e de hipersensibilidade ou imunossupressão, tornando as pessoas mais suscetíveis ao aparecimento de tumores ou à infecção por patógenos. Os períodos mais críticos são o pré-natal e pós-natal, quando se desenvolvem o sistema nervoso, endócrino e imunológico (Informe ENSP, 2012).

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