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domingo, 10 de março de 2013
Gestão Ambiental Rural
Nos programas de Gestão Ambiental Rural, há algumas tarefas que precisam ser cumpridas antes de se iniciarem os estudos, pois elas têm por fim orientar e embasar as pesquisas e ações necessárias.
Definir objetivos
Como todo trabalho de Gestão, o primeiro passo é definir os objetivos a serem perseguidos. Estes podem estar relacionados ao atendimento à(s) exigência(s) de uma Norma, o desejo de obter uma certificação, como a da ISO 14.000 ou obter um crédito bancário.
Reunir dados
Definidos os objetivos, o próximo passo é a coleta de dados que possam servir como parâmetros de comparação dos estudos ambientais posteriores, entre esses, as Normas e Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA.
Procurar ajuda
Em se tratando de um tema complexo e multidisciplinar, pode ser que o Gestor sinta a necessidade de se assessorar com alguém da área rural, quando surge de imediato a imagem da Empresa Municipal de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER, ou mesmo, pesquisas na Internet.
Elaborar Plano de Ação
Sanadas as dúvidas iniciais, há que se elaborar um Plano de Ação, que deverá contemplar os estudos a serem realizados durante os levantamentos de escritório e de campo da etapa seguinte.
Durante
Durante os estudos, devemos fazer um check list de todas as variáveis técnicas e ambientais que envolvem as atividades agropecuárias.
Veja a baixo as mesmas.
SOLO
O solo é o palco das ações agropecuárias e onde, geralmente, ocorrem as maiores agressões ambientais, sejam de origem antrópica ou dos animais de criação. A maior delas é a erosão, em geral causada pelo desmatamento, falta de cobertura do solo e práticas agrícolas mal conduzidas (como o plantio morro-abaixo, p.ex.). A cobertura vegetal do solo é a maior garantia do efeito danoso do impacto das gotas de chuva e do escorrimento superficial, que provoca erosão e assoreamento; uma prática agrícola muito recomendada para isso é a cobertura morta (disposição na superfície de restos vegetais da colheita anterior). Os tratos conservacionistas que o agricultor possa dispensar ao solo agricultado são fundamentais para a sua conservação, com destaque para as curvas de nível, terraceamento, drenagem e combate às voçorocas.
ÁGUA
Dois aspectos relacionados à água sobressaem nos estudos de Gestão Rural: o da quantidade a ser utilizada na propriedade e a poluição dos mananciais disponíveis. Do volume retirado dos mananciais, a grosso modo, 70% destinam-se à Agricultura (principalmente irrigação), 20% vão para as Indústrias e apenas 10% servirão para atender às necessidades da População. Assim, a quantidade de água usada na zona rural tem um peso considerável na demanda por novas fontes e precisa ser minimizada. Por outro lado, a carência de redes públicas de esgotos, de estações de tratamento, contrastando com a enorme quantidade de animais (principalmente bois, porcos e galinhas) cujas fezes são lançadas nos córregos sem qualquer tipo de tratamento, contribuem para a poluição das águas de superfície e subterrâneas.
AR
A maior agressão à Natureza na zona rural relacionada à poluição do ar, diz respeito às queimadas. Seja das matas virgens para a abertura de novas áreas de criação/plantação, como pelo costume de por fogo nos vegetais para renovação das pastagens e colheita da cana-de-açúcar. Além da fuligem, que provoca a emissão de CO2 e problemas respiratórios, as queimadas prejudicam o solo, a visibilidade (acidentes de carro e de avião são frequentes) e até a interrupção de energia elétrica. Outros, são o mercúrio dos garimpos e as nuvens de agrotóxicos levadas pelas correntes aéreas.
PLANTAS
O manuseio das culturas agride o meio ambiente quando o agricultor se utiliza de agrotóxicos e adubos ou quando lança nos córregos o sub produto da atividade sucro alcooeira: o vinhoto. Os agrotóxicos são aplicados, muitas vezes, sem os devidos cuidados ambientais e em doses exageradas, contaminando o solo, o homem e os mananciais. Os adubos em excesso também alteram a química e a biologia do solo e enriquecem as águas com nitrogênio (N) e fósforo (P), causando a sua eutrofização. O vinhoto originado do processamento industrial da cana-de-açúcar, é um dos maiores poluentes conhecidos. Costuma ser lançado ao solo, como adubo, mas causa grande prejuízo à fauna aquática (morte de peixes), por roubar o oxigênio dissolvido na água.
ANIMAIS
A pecuária tem sido apontada, recentemente, como uma grande vilã nos agravos ao meio ambiente. Veja porque. Comparado com o homem, é considerável o volume de fezes produzido por animais de grande porte, como os bois, cavalos e assemelhados. Suínos e aves, nem tanto mas, devido ao seu elevadíssimo número, acabam tendo grande repercussão. Essas fezes, via de regra, são lançadas no solo e escorrem para os cursos d´água sem nenhum tipo de tratamento, poluindo os mananciais. Estudos recentes conduzidos em países desenvolvidos, revelaram que o arroto do boi, por força da fermentação estomacal, é rico em gás metano (CH4), um dos maiores vilões do efeito-estufa e cerca de 21 vezes mais perigoso do que o gás dióxido de carbono (CO2). O simples pisoteio das manadas bovinas é suficiente para compactar o solo, dificultando o enraizamento e provocando a erosão.
BIOMAS
Uma das maiores ameaças provocadas pela expansão atual das atividades agropecuárias, diz respeito ao desmatamento e à degradação dos principais biomas brasileiros, com destaque para a Floresta Amazônica. Desse modo, durante os estudos ambientais nas propriedades rurais, uma das maiores preocupações dos Gestores Ambientais é medir e preservar a possível área ocupada pelo bioma que ali se encontrar. A conservação desses biomas é fundamental para a manutenção da biodiversidade.
INFRA ESTRUTURA
A verificação da necessidade, da existência e da conservação da infra estrutura parcelar é muito importante para a Gestão Ambiental Rural. Dentre essas, destacam-se, as estradas vicinais, os canais e drenos e o saneamento básico.
Ações
Realizados os estudos básicos sobre as atividades agropecuárias que possam estar degradando o meio ambiente, cumpre ao Gestor Ambiental sugerir as ações que possam prevenir danos e corrigir distorções.
Entre elas, destacam-se:
PREVENTIVAS
O preparo adequado do solo é a prática agrícola mais efetiva para evitar erosão, conservar a umidade e poupar energia na zona rural. Isso envolve a aração com o implemento adequado, na profundidade correta e quando o solo se apresentar com a umidade certa. Outras práticas, como a construção de terraços; a sistematização quando se cogitar dos métodos de irrigação por superfície; a drenagem de áreas alagadas; etc, também são fundamentais.
O bom manejo da água é outra medida preventiva muito importante, pois evitará desperdício, empobrecimento do solo (lixiviação), economia de energia (no bombeamento) e menor gasto com material. No caso da irrigação, p.ex., sempre que possível, dar preferência aos métodos localizados, como micro aspersão e gotejamento.
As práticas corretas de plantio são uma terceira ação preventiva dos danos ao meio ambiente. Envolvem o plantio em nível (morro-abaixo, nunca) e a cobertura morta (restos vegetais sobre o terreno), entre outras.
CORRETIVAS
Sempre que as ações preventivas não puderem ser aplicadas, as corretivas devem mitigar o problema. Algumas delas são:
a) RAD (recuperação de áreas degradadas);
b) Reflorestamento (replantio da área com espécies nativas ou comerciais);
c) Combate às voçorocas (canais profundos abertos pelas enxurradas); e
d) Calagem (aplicação de calcário para corrigir a acidez do solo).
Revisão
Todo planejamento exige que, findo o processo, se avaliem os resultados. Assim, essa revisão pode constar das seguintes tarefas:
Observar os resultados: Aumentou a produção ? diminuiu a poluição ? por que isso ocorreu (ou não ocorreu) ? o que foi feito de errado ?
Comparar índices: Esta é outra tarefa de revisão, posterior às ações, que precisa ser feita, principalmente no que se refere à diminuição dos indicadores de poluição.
Replanejar: As etapas anteriores (resultados e índices) permitem ao Gestor Ambiental replanejar as ações, para que atinjam os resultados que delas se esperam. É o que se chama de feed back ou retro alimentação.
Fonte : Meio Ambiente Técnico e UFRRJ
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