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domingo, 9 de junho de 2013

Projeto pretende resgatar o plantio e uso de hortaliças não convencionais

Foto: Hortaliças tradicionas de volta à mesa 

EPAMIG Notícias 161: http://goo.gl/WK4Do
Globo Rural

A Embrapa desenvolve um trabalho de resgate de uma diversidade de vegetais poucos conhecidos, como jacatupé, vinagreira, azedinha, araruta, capuchinha e cará moela. O banco genético em Brasília, onde são cultivadas cerca de 40 espécies de plantas não convencionais, faz a produção de sementes e mudas que irão abastecer outros bancos regionais pelo Brasil.

Segundo dados da FAO, órgão da ONU que lida com alimentos e agricultura, desde o ano de 1900, 75% da diversidade genética das plantas foi perdida porque os produtores rurais deixaram de cultivar variedades locais, preferindo materiais de alta produtividade.

Ainda segundo a entidade, nos últimos cem anos, o número de plantas comestíveis conhecidas e utilizadas pelo homem caiu de cerca de 10 mil para 170. “É reflexo da mudança de padrão de vida. Com a urbanização e o êxodo rural, as pessoas se juntaram na cidade. Com o processo de globalização, foi ganhando mais espaço os produtos de escala comercial maior, de agricultura de larga escala.

Aquela agricultura do quintal, que não era considerada agricultura, que era comer as plantas espontâneas, essas espécies foram renegadas a um segundo plano pela sociedade como um todo”, diz Nuno Madeira, agrônomo da Embrapa.


O agrônomo Nuno Madeira coordena um banco genético com cerca de 4o espécies de plantas, que fica na Embrapa Hortaliças, em Brasília. Nuno é carioca e dessas pessoas que parecem predestinadas. Ele passou a infância morando em apartamento, mas aos dez anos já queria trabalhar com hortaliças. Foi dele a ideia de resgatar estas plantas antigas, que ele mesmo cultivava no quintal.

O banco da Embrapa é voltado para a produção de sementes e mudas que irão abastecer outros bancos regionais pelo Brasil. Em um dos bancos, em Juiz de Fora, Minas Gerais, são multiplicadas as plantas que vão para os agricultores interessados em cultivá-las. Entre elas estão algumas bem curiosas. Um dos exemplares é o jacatupé, de origem amazônica, que, provavelmente, foi levada ao estado por índios nômades.

O agricultor Maurilo Bastos cultiva uma horta com hortaliças que vinham sendo esquecidas. Uma das hortaliças que ele passou a plantar depois do projeto é conhecida como peixinho, peixinho da horta ou lambarizinho. O nome é dado pelo formato da folha e sabor. A planta, consumida à milanesa e com gosto de peixe, que é parente da sálvia, tem a folha gordinha e bem aveludada. Ele também cultiva azedinha, bertalha e capuchinha, uma florzinha com gosto de agrião.

Os técnicos da Emater Cândido Antônio Rocha da Silva e Ana Helena Camilotto deram a Maurílio a ideia do cultivo das hortaliças não convencionais. “As pessoas vão redescobrindo o uso dessas hortaliças principalmente devido a essa questão da rusticidade. Elas não são tão exigentes em termos de adubação, não são tão atacadas por pragas e doenças. É muito simples cuidar dessas hortaliças”, diz o técnico.
Toda semana, as barracas da feira de Juiz de Fora, em Minas Gerais, se enchem de hortaliças tradicionais. O consumidor se interessa, mas as hortaliças, hoje pouco conhecidas, precisam de explicação na hora da venda.

No estado há outra horta com plantas não convencionais que pertence ao Lar Divino Espírito Santo, uma casa que cuida de idosos, no município de Bom Jardim de Minas. Na hora do almoço, as voluntárias se revezam na cozinha e os idosos saboreiam a azedinha. A diretora Marileuza Aguiar e o técnico agrícola da Emater Bruno Rosa, contam que as plantas do lugar já provaram a resistência. “Com a geada, está aqui o teste final. Está tudo inteirinho, bonitinho e nada queimado”, diz Marileuza.

No sítio em Juiz de Fora, a horta de araruta tem 600 metros quadrados. Segundo os técnicos da Emater, é provavelmente o maior plantio do estado de Minas Gerais. Para uma cultura praticamente extinta na região, a pequena roça é até uma área considerável. O agricultor Assede de Oliveira, dono do sítio, começou o plantio por causa do projeto e já aumentou a área plantada.

A propriedade do produtor se tornou campo de estudo para o manejo da araruta tanto no cultivo quanto no processamento. Depois de sair do campo, a raiz é descascada, lavada e ralada. A mulher de Assede de Oliveira, a cozinheira Rita de Oliveira, e a sogra dele, dona Terezinha, preparam o polvilho de araruta em um processo artesanal.

Na cozinha, o polvilho se transforma em pratos típicos. Há quase 40 anos, Rita coleciona receitas. No caderninho escrito à mão, já tinha receitas que levavam araruta. Mas só com o projeto de resgate, a cozinheira passou a ter a matéria prima para o preparo. Além do biscoitinho, ela prepara a brevidade com polvilho de araruta. Os produtos são vendidos no mercadinho da rodoviária.

O casal Rita e Assede Oliveira ainda luta para ganhar mercado. O desafio do produtor rural é ver o produto valorizado e gerando lucro. Para eles, o resgate de tesouros antigos já é valioso

Fonte:





2 comentários:

  1. Parabens pelo blog! Visite o nosso .
    sucesso!

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    1. Obrigado Alexandre e Alana!

      Parabéns pelos blogs! Muito bom e continuarei visitando porque tem muito conteúdo.

      Abraço!

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