O controle biológico da plantação de soja, na região de Londrina, está vencendo um dos maiores riscos para a safra 2013/14: a lagarta Helicoverpa armigera, que já fez parte dos Estados da Bahia e do Mato Grosso do Sul decretarem emergência fitossanitária. O programa Plante seu Futuro, lançado recentemente pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) visando a utilização de boas práticas no campo, está conseguindo controlar o aparecimento da lagarta na região de Londrina sem a utilização de agrotóxicos. Uma ação da Emater realizada ontem, em uma propriedade de referência na Bratislava, em Cambé, mostrou que é possível evitar que a praga se alastre pelo Paraná de uma forma simples e econômica.
Segundo o agrônomo Alcides Bodnar, da Emater, cinco propriedades de agricultores familiares são monitoradas pelo menos uma vez por semana. Nessas áreas, os técnicos verificam a incidência de pragas e doenças, nível de danos, percentagem de desfolha e – em conjunto com o produtor – decidem se há necessidade de aplicação de agrotóxicos. “Na safra passada, fizemos a soltura das vespinhas [Tricograma pretiossum] que parasita os ovos de mariposas das lagartas que atacam a soja e não foi preciso nenhuma aplicação de agrotóxico nessa área”, aponta.
Segundo Bodnar, a Helicoverpa foi encontrada nesta safra, nas plantações implantadas a partir do dia 10 de outubro, com dez dias de germinação. “Porém, estavam em baixa população e optamos por não fazer aplicação de defensivo. Para nossa surpresa, 20 dias depois não foram mais encontradas. Segundo a Embrapa, a maioria dos exemplares que foi encaminhada para a análise estava parasitada”, conta. Ele lembra que o Paraná tem muitos inimigos naturais da lagarta e, portanto, o produtor precisa ter cuidado com as aplicações. “O agrotóxico mata a lagarta, mas também mata seus inimigos naturais, o que pode prejudicar mais para frente”, alerta. O monitoramento e o controle biológico são suficientes para evitar as pragas. “Nessa área de Cambé, por exemplo, a média é de seis aplicações de agrotóxicos por safra, o que traz custos e poluição.”
O produtor Roberto Schulz, 56 anos, proprietário de uma área de 17 hectares na Bratislava, vem seguindo as orientações dos técnicos da Emater à risca. Na safra passada, ele não fez nenhuma aplicação para lagarta e apenas uma para percevejo. “Antes, eu colhia uma média de 120-135 sacas por alqueire. Na safra passada, foram 186 por alqueire, com áreas que alcançaram 219 sacas”, conta. A média da região é de 135 sacas por alqueire.
Já o produtor Pedro Tofalini, 69 anos, vai fazer o controle biológico com a vespinha pela primeira vez. “No ano passado, apliquei agrotóxico. Mas é caro e ruim. O custo chega a um saco de soja por alqueire e o retorno não é bom.”
Lagarta ataca em vários Estados
Segundo a assessoria de imprensa da Embrapa Soja, a ocorrência de lagartas do gênero Helicoverpa armigera no Brasil foi observada a partir da safra 2012/13 em níveis populacionais nunca antes registrados, causando prejuízos econômicos principalmente nas culturas de algodão, soja e milho. Na safra 2013/14, já há relatos em vários estados brasileiros, inclusive no Paraná, onde a lagarta foi identificada nas principais regiões produtoras de soja, mas sempre com infestações em baixos níveis populacionais.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, um estudo da Embrapa para acompanhamento da evolução da Helicoverpa armigera no campo mostra que inimigos naturais estão agindo no controle da nova praga. O monitoramento e o controle biológico estão sendo indicados.
Mais informações:
helicoverpa tem tratamento biológico,
ResponderExcluir