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sábado, 6 de julho de 2013

Novo biossensor atrai atenção de empresas e pesquisadores



Já existem empresas e pesquisadores brasileiros interessados em produzir o biossensor inteligente de baixo custo capaz de detectar a presença de pesticida na água, no solo e em alimentos contaminados, desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria com o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP). 

Essa informação foi repassada pelo professor pesquisador do Instituto de Física da UFMT, Romildo Jerônimo Ramos, orientador da dissertação do mestrado em Física, na área de caracterização de materiais, da pós-graduanda do IFSC, Izabela Gutierrez de Arruda, que resultou no novo biossensor.

Izabela Gutierrez graduou-se em Matemática e o pesquisador recorda que decidiu direcionar a dissertação de mestrado dela para a Física Aplicada. Esse projeto foi concebido em maio de 2011. Eles utilizaram os laboratórios do Instituto de Física e do Departamento de Química, que foi cedido pelo professor Ailton Terezo. “Ficamos o mês de julho inteiro, de 2011, trancados no laboratório para construir o sensor”, diz. Ele ainda observa que a defesa de dissertação, em dezembro de 2011, foi fechada, pois havia o pedido de patente que envolve um processo demorado. Segundo ele, o pedido de registro de patente, o primeiro da UFMT em 40 anos, demorou nove meses.

Todo o trabalho foi desenvolvido nos laboratórios da UFMT com a parceira dos professores pesquisadores do Instituto de Física da USP São Carlos, Nirton Cristi Silva Vieira (co-orientador do mestrado) e Francisco Eduardo Gontijo Guimarães, que decidiram apoiar o projeto e disponibilizaram o laboratório de pesquisa do IFSC. O trabalho conjunto IFSC-USP e UFMT resultou na construção e pedido de patenteamento de um biossensor capaz de, em minutos, detectar a existência do pesticida metamidofós nos lençóis freáticos e nas grandes lavouras.

Os professores Romildo Ramos e Francisco Guimarães integram a rede do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO/Finep), composto por 42 pesquisadores doutores distribuídos em 9 Estados cobrindo as regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste do país. O INEO está concentrado em pesquisas envolvendo diferentes classes de materiais orgânicos, foto- e/ou eletroativos, nas áreas de síntese orgânica, estudo de propriedades estruturais, ópticas e elétricas, teoria de transporte em dispositivos e em estrutura eletrônica em nível molecular, processamento e possíveis aplicações dos dispositivos.
Impacto ecológico

Este biossensor foi construído exclusivamente para detectar o pesticida metamidofós, mas ele está também preparado para ser adaptado para a detecção de outros pesticidas que pertençam às classes dos organofosforados ou carbamatos, o que aumenta a sua utilidade e importância.

Esse pesticida metamidofós não esta mais sendo comercializado, desde 2012, porém seus efeitos demoram por aproximadamente 10 anos. O pesticida metamidofós não só era largamente utilizado nos trabalhos agrícolas do Estado de Mato Grosso, como também em todo o país e, por ser extraordinariamente forte, penetra facilmente no solo e, consequentemente, nos lençóis freáticos. Devido à sua composição química, este pesticida interage livremente no sistema nervoso central do ser humano, atacando-o rapidamente, causando danos irreversíveis no cérebro, podendo levar à morte.

O biossensor é de fácil construção, sendo constituído por uma película muito fina – nanométrica, onde é imobilizada a enzima acetilcolinesterase (exatamente igual à que existe no cérebro humano). Quando a enzima entra em contato com as moléculas do pesticida, sua ação é inibida, produzindo menos prótons quando comparado com a enzima sem a presença do pesticida: essa diferença de prótons é lida e mostrada num pequeno aparelho onde é introduzida essa película, acusando, assim, os índices de contaminação.
Para os pesquisadores da UFMT e do IFSC/USP, este é um daqueles trabalhos que visam diretamente o bem-estar social e de impacto ecológico. Atualmente, todas as análises referentes à contaminação por pesticidas em Mato Grosso são enviadas para São Paulo ou Rio de Janeiro.

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