Após restringir o uso de quatro tipos de agrotóxicos no País, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inicia processo de reavaliação das substâncias imidacloprido, tiametoxam, clotianidina e fipronil, apontadas em estudos e pesquisas realizadas nos últimos anos pelo instituto como nocivas às abelhas. O estudo deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema.
O desaparecimento de abelhas em várias partes do Brasil começou a ser constatado há cerca de quatro anos e foi atribuída ao uso de alguns tipos de agrotóxicos usados, principalmente, em culturas como as de algodão, soja e trigo.
Os agrotóxicos que estão sendo reavaliados pelo Ibama respondem por cerca de 10% dos inseticidas no País. O trabalho está sendo feito em parceria do instituto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Agricultura. "Vamos levar em consideração todas as variáveis que dizem respeito à saúde pública e ao impacto econômico sobre o agronegócio, sobre substitutos e ver se há resistência de pragas a esses substitutos e seus custos", explica o coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, engenheiro Márcio Rodrigues de Freitas.
"O processo de reavaliação vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada", acrescenta Freitas em entrevista à Agência Fapesp.
A decisão de reavaliar as substâncias presentes em agrotóxicos não foi baseada apenas na preocupação com a prática apícola, mas, principalmente, com os impactos sobre a produção agrícola e o meio ambiente. Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), mostra que as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das culturas e plantas. "Algumas culturas, como a do café, poderiam ter perdas de até 60% na ausência de agentes polinizadores", ressalta o engenheiro.
A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no País.
A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas.
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