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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Homeopatia é alternativa a agrotóxicos




O uso da homeopatia vegetal iniciou há sete anos como uma alternativa para evitar o uso de agentes químicos em plantações.

Primeiro, o uso era em pessoas. Depois, passou para os animais. Agora, a homeopatia, que por definição significa um tratamento de doenças com agentes capazes de produzir sintomas semelhantes aos dessas doenças, está sendo usada também para a agricultura. Os resultados obtidos até o momento têm sido excelentes, pois a planta respondem rapidamente ao tratamento e tem substituído o uso de agrotóxicos nas lavouras.

De acordo com o agrônomo e professor do setor do departamento de biologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Carlos Moacir Bonato, um dos responsáveis pelo programa, o uso da homeopatia vegetal iniciou há sete anos, como uma alternativa para evitar o uso de agentes químicos em plantações. "Fizemos isso para diminuir ao máximo o impacto ambiental.

Os resultados têm se mostrado positivo e a homeopatia se transformou em uma ferramenta importante nesse trabalho. Além disso, tem ajudado a equilibrar o solo, fazendo com que os microorganismos sejam mais ativos", explica.

Bonato revela ainda que as plantas apresentaram aumento no seu crescimento, mais resistência à pragas e doenças e aumento na produção. "O produtor rural que adere à homeopatia vai ter uma lavoura mais saudável e, ao mesmo tempo, vai diminuir drasticamente os custos de produção em relação ao uso do agrotóxico comum.

Se o produtor tiver boas condições do solo, tempo, etc., ele pode conseguir um aumento de 30% a 40%. Também foi verificado um aumento no chamado óleo essencial, que trabalha como uma defesa da planta em 114%, o que nos surpreendeu bastante", afirma.

Outra vantagem apontada pelo professor ao uso de homeopatia reside no fato de que esse produto tem um impacto quase nulo na natureza. Em contrapartida, Bonato revela que os agrotóxicos, mesmo que resolvendo um determinado problema, acaba gerando outro.


"Um bom exemplo disso é o inseticida conhecido como Fipronil, que possui uma toxicidade alta. Ele resolve problemas ligados às formigas, contudo, também está ligado ao desaparecimento de abelhas. Com a homeopatia, o combate às formigas nocivas para planta não afeta em nada as abelhas. Ela também é regulamentada pela instrução normativa número 64, de 2008. Ou seja, trata-se de um procedimento legal", diz.

O professor comemora o interesse dos agricultores em saber mais sobre a homeopatia. Para melhorar, ele informa que o governo aprovou um projeto de R$ 140 mil para equipar um laboratório na UEM para desenvolver mais pesquisas. Para conseguir esse benefício, ele vai ministrar palestras para os interessados.




"Tenho viajado pelo oeste e noroeste do Paraná explicando os benefícios da homeopatia. O pessoal chega meio desconfiado, mas logo se interessam em saber como funciona. Ainda há uma certa resistência das pessoas com a homeopatia. Eu mesmo já fui um dos que não acreditavam nela.

Entretanto, grande parte da crítica é em razão do desconhecimento das pessoas, pois ela serve para humanos, animais e plantas. Se conhecessem mais, certamente mudariam de opinião", avalia. Entretanto, não basta sair aplicando homeopatia na lavoura. Para o professor, é preciso muito estudo para saber o que vai ser colocado.

"O estudo vai servir para ver qual homeopatia terá mais eficácia tanto para o solo quanto para a planta. Após isso, aí sim indicamos o que o agricultor deve utilizar", encerra.
Agricultores estão felizes com a nova técnica

Dois exemplos de produtores rurais que aderiram ao uso da homeopatia nas lavouras são Luiz Valter Hedel e Darci Betmar Tomm, ambos da cidade de Marechal Cândido Rondon. Adeptos do produto natural há quatro e três anos, respectivamente, os agricultores revelam que estão bem felizes em não utilizar mais produtos químicos nas suas lavouras e nos seus animais.

Hedel, que planta milho e feijão e possui gado leiteiro, afirma que a homeopatia tem ajudado muito tanto na produção como na economia. "Desde que comecei a usar a homeopatia, as coisas deram uma melhorada, principalmente no que se refere ao custo de produção, que baixou bastante.

Os produtos que mais costumo usar, nux vonica e arnica, custam bem menos do que um agrotóxico comum", revela. Ele diz também que nunca teve problemas com esse produto e que também apresentou melhoras na saúde por não necessitar lidar com agrotóxicos fortes.

"Começamos a notar aqui em casa que nossa saúde melhorou. Hoje, quando sinto cheiro de algum agrotóxico, já não me sinto bem. Não cheguei a ficar com problemas decorrentes do uso dos defensivos agrícolas, mas estou certo que estamos muito melhor agora", avalia.
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No caso de sua produção de leite, o agricultor usa a homeopatia a mais tempo: cinco anos. "Graças ao uso desse produto natural, as minhas vacas estão com a saúde perfeita. Eu apoio 100% a adesão à homeopatia. Produtos químicos não entram mais aqui", garante.
Para Tomm, que produz milho, soja, girassol e tem animais em sua propriedade, além da redução de custos, que segundo ele chega a 80%, a qualidade de vida pesou na hora de decidir em optar pela homeopatia. "Estou satisfeito em utilizar homeopatia na minha propriedade.

As plantas e o solo tornaram-se mais fortes e resistentes, assim como os animais. Não ficamos mais expostos a esses defensivos agrícolas, que vão acumulando coisa ruim no nosso corpo com o passar dos anos.

Nossa vida melhorou bastante desde que abolimos a presença desses materiais e acredito que vale a pena o produtor rural conhecer mais sobre a homeopatia", finaliza.


Rondon é o berço da ideia

Os trabalhos iniciais da pesquisa com homeopatia em plantas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) ocorreram no município de Marechal Cândido Rondon, oeste do Estado. Após uma ressalva inicial, os produtores rurais dessa localidade têm aderido a essa iniciativa.
Para o professor Bonato, boa parte da adesão encontra-se no fato de que os agricultores já usaram muito agrotóxico no passado e que eles necessitam de uma alternativa natural para cessar a exposição ao defensivo. "Trabalhamos com essas pessoas ‘sofridas', porque elas já não aguentam mais ter que usar esses materiais. Alguns deles, inclusive, sofrem com os efeitos de passar muito tempo em contato direto com produtos tóxicos", conta.

Bonato diz também que houve uma certa resistência e ceticismo dos produtores quanto a eficácia da homeopatia. Porém, com as palestras e a orientação necessária, eles aprendem como usar o material e obter um melhor aproveitamento disso.

O professor cita ainda alguns produtos que obtiveram um excelente resultado na agricultura. "O sulphor, a felicea, o carbo vegetables e a calcária carbônica obtiveram uma grande performance nos testes. Cada um deles têm uma aptidão certa e podem ser usados em pessoas e animais. Mas friso que é preciso fazer um estudo antes de aplicá-los", alerta.


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